Sehun pov’s
- Você não vai acreditar. – Chanyeol fala assim que adentra nossa ala de forma eufórica.
- Não me venha com fofocas a essa hora. – Kyungsoo bufa. Esse, com certeza não está num bom dia hoje. – Tenho muito trabalho pra fazer e Sehun já me atrasa o suficiente.
- Não é fofoca. – o outro puxa uma cadeira e se senta próximo ao balcão onde Kyungsoo organiza alguns prontuários. – É notícia quente.
Foco nos dois. Chanyeol sempre vem aqui quando alguma coisa está acontecendo. E, geralmente são esses acontecimentos que tiram as melhores risadas de minha parte.
- Não quero saber. – Do fala com uma carranca. – É impressionante isso. O numero de crianças aqui aumenta e você continua sem trabalho pra fazer.
- Sou especializado em acompanhar a gravidez e realizar os partos. – o Orelhudo diz com um sorriso. – Até onde eu sei, as crianças são responsabilidade dos pediatras.
- Pediatras esses que estão tentando trabalhar, então se puder dar licença. – Soo aponta para a porta.
- Não me expulse daqui. – Park cruza os braços. – Eu venho te contar os ocorridos do dia, mas você é tão ingrato.
- Você vem aqui atiçar a curiosidade do Sehun. – olha para mim. - Toda vez que termina de contar uma das suas notícias quentes ele desaparece daqui e eu tenho que me virar em mil.
- Não posso fazer nada. – Chanyeol faz pouco caso.
- Conta logo então.
- É o seguinte. – arruma a postura sobre a cadeira. – Ouvi as enfermeiras comentando sobre um fuzuê que está rolando lá na emergência.
- Que fuzuê? – pergunto curioso e Park sorri triunfante.
- Tem uma garota lá fazendo uma confusão. – continua. – Parece que o namorado, parceiro, não sei. Alguém levou um tiro e ela não está deixando os médicos fazerem o atendimento.
- Sério? – me surpreendo pelo tom preocupado de Kyungsoo. – Coitada.
- Pois é. – Chanyeol concorda com a cabeça. – Mas ela tá fazendo um escândalo, tipo, uma gritaria. Cheguei a pensar que estava sob efeitos de substâncias psicoativas, mas parece que é gente da policia.
- Se já terminou, pode se retirar. – Kyungsoo me encara mortalmente. – E você nem pense em sair daqui.
- Eu vou rapidinho. – digo.
- Se sair dessa sala eu vou te colocar em dez plantões seguidos. – cerra os olhos.
- Tudo bem. – dou de ombros e corro para a porta. – Não é com se eu fosse conseguir ficar dez dias sem dormir mesmo.
***
Chanyeol tinha razão quando disse que era um escândalo, eu nem cheguei à sala onde a tal garota está, mas já consigo ouvir os gritos dela.
Aproximo-me da porta e pouco a pouco vou tendo a visão das pessoas lá dentro: um cara deitado em uma maca, enfermeiras e médicos tentando se aproximar dele e a louca os impedindo.
Não dou muita importância para o que ela diz. Estico-me o máximo que consigo para ver o rosto da vítima, mas volto minha atenção a ela quando escuto meu nome sair de sua boca:
- Sehun. – arregalo os olhos. – Me ajuda.
- A conhece? – um dos médicos me pergunta.
- É uma colega. – respondo um pouco envergonhado.
- Pode tira-la daqui? – seu tom é sério. – O parceiro levou um tiro no ombro, mas ela não nos deixa chegar perto.
Engulo em seco e encaro a Cruella mais uma vez. Olhos vermelhos, bochechas molhadas.
- S/n. – a chamo. – Vem aqui.
- Não posso abandona-lo. – murmura.
- Por favor. – suspiro. – Ele pode ficar pior se continuar desse jeito. Venha comigo.
Seus olhos encontram os meus e aos poucos ela se distancia da maca, então me dou conta do porque ela está tão de desesperada. Kwon Jaehoon é o cara baleado.
Sou pego de surpresa quando ela me abraça.
- Foi minha culpa. – diz chorosa e a única coisa que consigo fazer é envolvê-la com meus braços.
- Vai ficar tudo bem. – dou tapinhas em suas costas. – Vamos. Você precisa se acalmar.
- Estou bem. – funga e se afasta de mim.
- Não seja teimosa. Aproveite o meu lado bom. – pego sua mão e a puxo pelo corredor em direção ao elevador. – Não vai ser capaz de vê-lo muitas vezes.
***
- Quantas crianças. – fala boquiaberta. Está ocupando a cadeira de Chanyeol, que por um milagre, não está aqui. – Como vocês dão conta disso tudo?
Achei que Kyungsoo ia ficar uma fera quando visse S/n, mas acho que ele percebeu o atual estado emocional dela.
- Vocês não. – Soo responde. – Sehun só faz alguma coisa quando tem vontade.
- É bem a cara dele mesmo. – ela fala rindo.
- Eu estou aqui sabiam? – faço uma careta.
- Não ligamos. – Kyung dá de ombros. – Como se conheceram?
- No casamento do meu amigo. – Cruella suspira. – Éramos parceiros.
- Tenho dó de você. – Kyungsoo murmura.
- Não foi de tudo o pior. – ela fala nostálgica. – Ele ficou com uma cara de porta durante a cerimonia inteira, mas depois me levou pra casa.
- Nossa, o mundo tem salvação. – a garota gargalha e eu encaro meu colega de trabalho indignado.
- Tem certeza de que não quer dar uma passadinha na sala de Johnny? – pergunto mais uma vez. – Ele é psiquiatra.
- Já disse que estou bem. – bufa. – Só estava nervosa.
- Minha namorada é psicóloga. – Do fala. – Pode procura-la se quiser.
- Estou de boa. – sorri. – Mas obrigada.
- Você é uma garota legal. – engasgo com o comentário. – Acho que é a primeira pessoa que eu gosto de receber no meu local de trabalho.
- Me sinto honrada então. – ela faz uma reverência. – Aqui parece ser bem calmo. De primeira não acreditei que Sehun trabalhasse num lugar assim.
- Eu também não levei a sério você trabalhar na polícia. – digo emburrado.
- Ninguém leva.
- Conseguiu descobrir quem era? – Chanyeol entra ofegante. – Ouvi dizer que foi você quem resolveu o problema com a surtada lá em baixo.
Paralisa quando bate os olhos em S/n.
- Olá. – sorri de nervoso.
- Oi.
- Sou Chanyeol. – estende a mão.
- Sou a Surtada lá de baixo. – devolve o aperto. – Mas pode me chamar de S/n.
- É um prazer te conhecer. – coça a nuca.
- Não sei se posso dizer o mesmo. – um sorrisinho debochado brota nos lábios da garota.
- Ele é o obstetra. – Kyungsoo fala depois de um tempo.
- Obstetra? – ela me encara. – Aquele obstetra?
Ok. O arrependimento de ter lhe contado toda a história de sete meses atrás pesa em meus ombros. Eu não ia falar nada, mas depois que Youngho comentou durante o jantar, ela se achou no direito de me mandar uma mensagem dois dias depois perguntando e eu, como o bom fofoqueiro que sou, não poupei um mero detalhe.
- Já ouviu sobre mim? – Park pergunta.
- Quem sabe. – levanta. – Eu vou indo agora.
- Quer que eu lhe acompanhe? – saio de trás do balcão.
- Não precisa. – reverencia mais uma vez. – Depois conversamos sobre aquilo lá. Até mais.
Some porta afora e eu continuo a encarar o nada, tentando descobrir o que é o incômodo que estou sentindo e por que ele apareceu depois que S/n me abraçou.
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