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História O Peru de Natal - O Grande Luto


Escrita por: Kac2006

Capítulo 1 - O Grande Luto


Esse foi o nosso primeiro natal em família, após a morte do meu pai, que aconteceu há cinco meses antes. Foi uma consequência decisiva para a alegria da família, pois sempre fôramos uma família feliz, em um sentido diferente de felicidade. Mas o meu pai sempre estragava o Natal com suas emoções totalmente ranzinzas e ignorantes, mas fazia parte da família, então não podíamos excluí-lo das celebrações. 

Mas quando ele morreu, ficamos muito tristes, pois por mais que ele fosse rabugento, ele nos divertia um pouco, ele era da família. E quando víamos o Natal chegar, as memórias dele consumia as nossas mentes, fazendo o nosso luto durar mais tempo do que o esperado. Uma vez minha mãe sugeriu que víssemos um filme no cinema, mas como que iríamos ao cinema de luto? mas o meu instinto de filho não quis, por pensar que iríamos aborrecer o morto. 

Foi por isso que eu nasci, então eu fiz uma das minhas conhecidas “loucuras”. Essa foi de longe a minha maior conquista no ambiente familiar, Desde sempre eu fazia uma coisa diferente a cada ano, e depois de fazer muitas dessas coisas, fiquei conhecido como “louco” pela minha família. Os meus pais sempre tiveram tristeza quando os perguntavam se eu era o vosso filho, pois todos os outros filhos eram normais, apenas eu que tinha essas rebeldias, porém foi isso que me salvou, eu podia fazer o que quisesse que ninguém ligava, pois eu era “louco”. 

Era um costume a família sempre fazer a ceia de Natal, porém quando se pensa em ceia já se imagina: meu pai e suas castanhas, figos, passas, depois da missa do galo. Todo mundo cheio de amêndoas (brigando pelo quebra-nozes) mas nos abraçávamos e íamos dormir, e foi um dos dias que eu fiz uma das minhas “loucuras”. 

-Bom, no Natal, não quero comer peru. 

Gerou um espanto que ninguém imaginava, minha tia solteira e santa, falou que estávamos errados e devíamos comemorar, pois era o aniversário de Jesus. 

-Mas quem vai comemorar Natal de luto, nós só comíamos quando meu pai estava vivo, não quero desrespeitá-lo, sua velha louca. 

-Meu filho, não fale assim... 

- Falo sim, e ninguém vai me impedir.  

Após a morte do pai de Johan, a família está enfrentando um momento difícil. Johan está lidando com uma mistura de emoções, desde a tristeza profunda até a raiva pela perda. Ele se isola em seu quarto, ignorando sua comida favorita o Peru de Natal que estava sendo preparado por sua tia e recusando-se a interagir com os outros membros da família. 

Enquanto isso, sua mãe tenta confortá-lo, mas Johan está se negando a aceitar qualquer tipo de conforto. Ele se sente perdido e sem rumo, incapaz de encontrar uma maneira de lidar com a dor da perda. À medida que os dias passam, Johan começa a refletir sobre sua relação com seu pai e os momentos felizes que compartilharam juntos. 

No entanto, a presença constante de sua família ao redor da casa começa a incomodá-lo. Ele se sente sufocado pela tristeza que flutua sobre a casa e deseja por um momento de solidão para processar seus sentimentos. Por outro lado, suas tias tentam trazer um pouco de normalidade à vida de Johan, preparando o Peru de Natal e oferecendo o para Johan que não tem vontade nenhuma de comer aquele Peru de Natal.

  Não senhora, corte inteiro! Só eu como tudo isso! 

Era uma falsidade. O amor familiar que ardia dentro de mim era tão intenso que eu sacrificaria minha própria alimentação para garantir que os outros quatro membros da família se alimentassem em abundância. E todos estavam sintonizados na mesma frequência. Aquela refeição compartilhada, especialmente o peru, despertava em cada um de nós sentimentos que a rotina havia enterrado, como o amor e a devoção entre mãe e filhos. Peço perdão a Deus, mas não consigo deixar de pensar em Jesus. Naquela modesta casa de classe média, estava ocorrendo um verdadeiro milagre, digno do mais sagrado Natal. O peito do peru foi cortado em fatias generosas, como se fosse transformado por uma intervenção divina. 

– Eu que sirvo! 

"É realmente incrível", pois por que eu deveria servir, quando sempre foi mamãe quem serviu nesta casa! Entre risadas, os grandes pratos repletos foram entregues a mim e comecei uma distribuição corajosa, enquanto instruía meu irmão a servir a cerveja. Rapidamente garanti para mim uma parte generosa da "crosta", repleta de gordura e suculência no prato. Em seguida, fatias abundantes de carne branca. A voz autoritária de mamãe ecoou pelo espaço tenso, enquanto todos esperavam ansiosamente por sua porção do peru: 

 –Se lembre de seus manos, Johan! 

Quem diria que ela poderia imaginar, coitada! Que aquele era o prato dela, o da Mãe, da minha amiga sofrida, que conhecia a Rose, que conhecia os meus erros, a quem eu só lembrava de comunicar o que causava dor! O prato se tornou sublime. 

-Mamãe, este é o seu! Por favor, não passe adiante!

 Foi então que ela não conseguiu conter tanta emoção e começou a chorar. Minha tia, percebendo que o novo prato sublime seria o dela, também se juntou às lágrimas. Minha irmã, que nunca viu uma lágrima sem começar a chorar também, se deixou levar pela emoção. Então comecei a desferir uma série de insultos para evitar chorar também, afinal, eu tinha dezenove anos... Que família tola que chorava ao ver um peru! Coisas assim. Todos tentavam sorrir, mas agora a alegria parecia impossível. O choro evocara, por associação, a indesejável imagem do meu pai falecido. Meu pai, com sua presença sombria, veio para arruinar para sempre o nosso Natal, fiquei irritado. 

 Bem, começamos a comer em silêncio, sombrios, e o peru estava perfeito. A carne macia, de uma textura delicada, flutuava deliciosamente entre os sabores das farofas e do presunto, ocasionalmente perturbada e desejada novamente, pela intervenção mais vigorosa da ameixa preta e dos pedacinhos de nozes. Mas o pai ali sentado, imponente, incompleto, uma reprovação, uma ferida, uma ausência. E o peru, tão delicioso, finalmente mostrava à mãe que o peru era de fato um manjar digno do Menino Jesus.

 Uma batalha silenciosa começou entre o peru e a figura do pai. Pensei que elogiar o peru era fortalecê-lo na luta e, é claro, tomei decididamente o partido do peru. Mas os mortos têm maneiras sorrateiras, muito hipócritas de vencer: mal elogiei o peru e a imagem do pai cresceu vitoriosa, insuportavelmente opressora. 

-Só falta seu pai... 

 Eu mal conseguia comer, nem podia mais apreciar aquele peru perfeito, tão envolvido estava na luta entre os dois mortos. Cheguei a odiar meu pai. E não sei que inspiração repentina me tornou hipócrita e diplomático. Naquele momento que hoje me parece crucial para nossa família, fingi, entristecido: 

-É verdade... Mas papai, que sempre quis o nosso bem, que trabalhou tanto por nós, papai lá no céu deve estar feliz... (hesitei, mas decidi não mencionar mais o peru) feliz em nos ver todos reunidos em família. 

 E todos principiaram muito calmos ,falando de papai,a imagem virou uma estrelinha brilhante no céu ,agora todos se embrulharam e tristeza e dor ,ao lembrar de papai ,que fora muito bom ,sempre se sacrificava tanto por nós ,fora um santo que "vocês meu filhos nunca poderão pagar o que devem ao seu pai ",um santo.Papai virara santo,uma contemplação agradável ,uma inestorvável estrelinha do céu .Não prejudicava mais ninguém ,puro objeto de contemplação suave. 

Minha mãe ,minha tia nós ,todos alagados de tristeza .Ia escrever "tormento" mas não era só isso não ,era um tormento maiúsculo ,uma mistura ao ver o desprezo de alguns parentes e a real tristeza de outros,eu apenas conseguia pensar que teria de passar todos os natais de minha vida ,destinado a sofrer pela morte de um dos meus maiores bens. 

Mamãe estava perdida em prantos ,e mergulhada na imensidão de tristeza e lágrimas ,mas não a julguei ,uma vez que eu me continha para não expressar vulnerabilidade. 

Fomos para a sala ,voltamos para o quarto ,fomos ao quintal,mas nada adiantava ,eu conseguia sentir a tristeza no ar,os sentimentos ruins ,já eram palpáveis,fomos dormir,entretanto acordei em meio a madrugada ,e olhando pela janela o tilintar das estrelas e os zunidos do vento,eu só conseguia pensar em uma frase : 

-Porque você se foi ?



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