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História O Peso da Coroa - Capítulo 3 - A conversa


Escrita por: LyraRocha

Notas do Autor


Oi gente, segue a atualização normalmente como prometido apesar da cena extra que postei.

Na foto nossa Grande e Poderosa Rainha Eadlyn...

Boa Leitura...

Capítulo 4 - Capítulo 3 - A conversa


Fanfic / Fanfiction O Peso da Coroa - Capítulo 3 - A conversa

Ruídos.... som de batidas....ouço tudo tão distante...

Agora está cada vez mais algo. Que raios de barulho é esse? Minha cabeça lateja, foi muito difícil dormir essa noite com tantas preocupações em mente. Escuto o barulho de novo e parece que ouço uma voz ao fundo. "Ashya, Ashya". Tento abrir os meus olhos mas o sono não me deixa, a impressão que tenho é que não dormi nem 1 hora completa, minhas pálpebras estão pregadas, faço um esforço enorme para abrir meus olhos, mas não consigo.

"Aysha, abra essa porta agora!" – a voz fala mais alto batendo a porta novamente.

- Calma, estou indo – digo sonolenta virando meu corpo para o lado e imergindo em um sono profundo novamente. O sono da manhã definitivamente é o melhor de todos...

- Aaaahrg! - Grito levantando em um ímpeto assutada. Água! Gelado! Estou me afogando! Sinto o líquido escorrer por todo o meu rosto. O que é isso????

- Você enlouqueceu? Tem uma inundação no meu quarto ou o quê?! Tem água por cada orifício do meu rosto! – falo desesperada, tossindo, e assoando meu nariz ao mesmo tempo. – Você está louca mãe? Isso é jeito de me acordar? Jogando um punhado de água em mim? E como que você entrou no meu quarto?

- Aysha querida, não é porque sou sua mãe que deixo de ter meu título de Rainha, deveria ter mais respeito por mim antes de me chamar de louca, até porque, se sou louca você também é, sabe como são as coisas, a ciência diz que as características são herdadas pela genética. – falou ela rindo presunçosamente para mim. Ódio mortal, é o que sinto neste exato momento. Rolo os olhos irritada.

- E respondendo a sua outra pergunta, você não levantou para tomar café comigo e com seu pai então ficamos preocupados. Pedimos Lilly para ver o que aconteceu e ela disse que sua porta estava trancada e não conseguiu te chamar. Falando nisso, quantas vezes já te disse para não trancar a porta filha? Os tempos são outros mas nunca sabemos o que pode acontecer dentro do palácio, em uma emergência pode ser preciso retirar você as pressas e você estará aí hibernando em um sono profundo.

- Pelo menos se eu morrer, vou morrer dormindo. Quer coisa melhor? Partir para o paraíso sem sofrimento? – falei rindo ironicamente enquanto enxugava meu rosto e meus cabelos da inundação que eu acabara de sofrer.

- Nem brinque com uma coisa dessa, está ouvindo Aysha! Não ouse repetir isso nunca mais. Já tivemos mortes demais nesse palácio. – disse ela abruptamente, mudando totalmente sua postura e com os olhos já marejados. Às vezes eu me esquecia que minha mãe não lidava com a morte muito bem. Mas o que eu podia fazer se ela não se abria comigo? Claro que eu esqueceria, eu lido com as coisas diferente dela.

- Desculpa mãe, me esqueci que não gosta desse tipo de brincadeira, mas pudera né, se você não fala comigo os motivos de restringir um pequeno gracejo como esse, que para mim é tão bobo, como vou saber o peso que ele pode ter para você? – Por um instante vi a minha mãe que se mostra a pessoa tão destemida e forte perante todos, entrar numa linha frágil e tênue de mulher sofrida. Ela nada dizia, mas seus olhos mostravam que havia muito mais ali, eram lembranças de algo difícil, memórias que se ela pudesse, esqueceria com certeza. Já havia presenciado antes, mas esses momentos são tão raros que as vezes até eu acredito que a Rainha Eadlyn não é tão forte assim. Ela sempre quer mostrar a todos o quão poderosa é e como não há ninguém maior do que ela em lugar nenhum. Quer exalar uma supremacia sobrepoderosa, mas eu sei que não é totalmente assim. Minha mãe realmente é uma mulher forte, corajosa e decidida, mas sofre guardando coisas só para si e colocando todos os outros a sua frente, seja meu pai, eu ou o povo. Ela sempre quer o melhor para nós e penso que todos os sacrifícios que ela já tenha passado na sua vida foi um prol de um bem muito maior, Illéa. Basta saber se um dia eu irei conhecer não só a visão da Grande Rainha, mas a vida inteira e completa da minha mãe.

- Você não precisa saber de nada Aysha, sabe porquê? Porque não há nada para você saber, nada que você precise saber. – Falou colocando novamente a máscara de rainha poderosa que só ela tinha. – E não foi para falar de trivialidades que eu vim aqui. Precisava de você no café da manhã porque seu pai e eu temos algo bem sério para lhe falar. – Disse de uma forma imponente , séria e dura.

Petrifiquei. Por um instante havia me esquecido da loucura de ontem a noite. Meu Deus. Era uma vez uma princesa que se chamava Aysha , a única herdeira de Illéa, foi decapitada a mando da Rainha e o trono foi passado para a família mais próxima, já que não tinha outros herdeiros. Fim da história. Já estava até vendo os livros de história escolares contando como chegou o fim da dinastia Schreave. Pensa rápido Aysha. Inventar uma grande mentira ou falar tudo de uma vez? Mentir não era uma boa opção. Minha mãe poderia ser a mestre em me esconder as coisas, eu daria o troco e sobreviveria, mas meu pai, com certeza, ficaria bem decepcionado. Ele era meu tudo, meu pai, amigo, conselheiro, se não fosse casado com minha mãe com certeza eu iria querer ele como marido. Um partidão. Ri internamente lembrando o quanto meu pai era cobiçado nos bailes reais, porém com minha mãe ao seu lado, nenhuma mulher teria coragem de arriscar. Todavia, não há como não perceber os olhares que ele recebe mesmo de longe. Volta o foco Aysha.

- Desculpa mãe, eu prometo, foi a última vez, eu nunca mais faço isso, sei os riscos que isso implica, mas eu juro que vou concertar, eu serei uma boa menina e a princesa que você deseja que eu seja, mas por favor, não me tire da faculdade. É a única coisa que te peço mãe. Deixe de ser rainha por um instante e pense como mãe. Minha faculdade será boa para minha experiência e todo conhecimento obtido será refletido no meu desempenho real. Pelo amor de Deus mãe, não faz isso comigo, me perdoa. – Falei rápido e até meio atropelado, as lágrimas já se acumulando nos meus olhos, mas segurei o máximo que pude, tinha que mostrar que era tão forte quanto ela, apesar da escolha ruim que havia feito ontem a noite.

- Do que está falando Aysha? – perguntou ela com um olhar confuso e intrigado para mim – Aysha, o que você aprontou ? É melhor me dizer logo, não acredito que vou ter problemas com você novamente! Anda logo, me diz o que aconteceu.

E por um instante quem ficou confusa agora fui eu. Como assim ela estava perguntando o que eu tinha aprontado? Ela não sabia então? Jesus, que mancada. Mas se não era isso que ela queria falar sério comigo o que era então?

- Espera, do que você está falando? – retruquei.

- Aysha Schreave, não brinque comigo. Essas suas desculpas corridas e imploração pela permanência na faculdade, nada disso foi da boca para fora. Você fez alguma coisa e eu quero saber imediatamente.

Se ela não sabia não seria eu que iria contar. Uma coisa era ela saber e eu ter que confessar a minha versão das coisas, outra era ela nem imaginar e eu jogar a bomba no seu colo. Não mesmo. Além do que, por mais que eu tenha perdido a minha noite do sono pensando no que poderia amenizar a minha situação, não encontrei nada que fosse plausível. Precisava de mais tempo para preparar o terreno.

- Oras mãe, estou falando da questão da porta que você acabou de me jogar um balde de água ou a senhora já se esqueceu? Estou te pedindo perdão e digo mais, não vou fazer isso novamente, sei o risco que é se manter trancada caso seja necessário uma fuga pelos esconderijos secretos em meio a uma invasão ou mesmo para a entrada dos guardas me protegerem. Fora que, se os esconderijos forem invadidos e meu quarto estiver trancado, seria o fim. – Falo lembrando de todas as aulas de emergência que já tive e quantas vezes isso já foi repetido para mim. Mas poxa, eu era uma moça jovem e gostava de privacidade, o mínimo que poderia ter disso dentro de um castelo repleto de serviçais entrando e saindo, era trancar meu quarto para ter paz.

Minha mãe me olha intrigada. Se a conheço bem, essa desculpa não vai colar, mas Rainha soberana como ela é, não vai me forçar, vai esperar eu morrer pela minha própria forca. Essa é minha mãe. Mais esperta impossível .

- Você sabe que eu não gosto que minta para mim né Aysha, e sabe muito bem que se tiver saído dos trilhos o que pode te acarretar. Eu fui bem clara quando consenti que fosse fazer faculdade como uma estudante normal da forma que queria. A senhorita estudaria , obteria conhecimento, mas nunca deixaria seu porte de princesa para tráz. Não se deixa a coroa Aysha, a coroa é que deixa você. Lembre-se disso. Não se pode fugir daquilo que foi destinada a herdar. Eu acredito em você, mas você precisa acreditar em si mesmo e se dar uma chance também.

"Sei o que pensa filha, você acha que a coroa é apenas um peso, um fardo que estamos destinados a carregar. Por um lado você está certa, realmente temos que abdicar muitas coisas e até a nossa própria vida por ela. Nem sempre as escolhas que queríamos fazer são a que realmente devemos fazer, e isso não é fácil. Perdas, dores, abdicações, aflições, tudo isso é inevitável em algum momento da nossa vida, mas, por outro lado, há muita gratificação. Todo poder que temos nas mãos pode converter-se aos outros, fazer o nosso país crescer, podemos fazer coisas que ninguém mais pode Aysha, podemos transformar vidas. Você não consegue enxergar como isso é importante?"

- Na maior parte das vezes eu só queria ser invisível mãe, ser eu mesma. Eu não posso me dar ao luxo de errar , você tem noção de como isso é degastante? Eu sei que me autorizou a fazer a faculdade e isso é uma forma até para que eu possa respirar novos ares um pouco, mas nada muda o fato de como as pessoas olham ou esperam algo de mim. Elas me vigiam como se o primeiro passo que eu der em falso fosse o motivo para ser jogada de algum penhasco com a placa de vergonha eterna. – Desabafei já cansada de tudo. – Você fala como se parecesse tão fácil, como se tudo isso de negativo que disse não te atingisse de forma alguma. Como se essa coroa tivesse algo tão bom que isentasse tudo de ruim que ela pode trazer. Como pode falar tranquilamente se eu sei que não é totalmente verdade? Não é fácil assim como você tenta demonstrar ser. Não sei como consegue.

- Aysha querida – com apenas essas duas palavras eu vi o amor maternal que ela tentava transmitir, como se ela quisesse me passar seus sentimentos e tudo que estava na sua cabeça com apenas um olhar – eu tenho sim, muita noção, de como é desgastante, difícil e tudo mais que queira dizer. Só eu sei o que passei para chegar até aqui. Um dia talvez você entenda, talvez um dia você saiba por si só, ou mesmo, eu conte a você. Então, se eu estou dizendo que vale a pena , é porque sim, vale. Chega um momento que seria muito egoísmo da nossa parte simplesmente abandonar todo o povo por um sentimento que é só seu. Um dia você vai entender filha, só espero que chegue logo esse dia. Você pode até achar que não está preparada para o cargo, mas para isso chegará o momento certo. O que não pode acontecer é você querer deixar a coroa para viver sua própria vida e caprichos quando tantos esperam de nós. Quando você aprender a usufruir do que é seu, descobrir todas as vantagens e tudo que pode fazer, tenho certeza que esquecerá até de si própria para um bem muito maior, afinal, você não é apenas uma Schreave, você também uma Singer. Está no nosso sangue.

Minha mãe se levantou e caminhou-se até a porta do meu quarto me deixando inundada com meus próprios pensamentos. Antes de sair ela virou-se e completou.

- Ah, seu pai e eu ainda precisamos conversar com você. Se arrume e desça que te aguardaremos no Salão Real. - e com isso saiu e fechou a porta novamente.

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Desci as escadas rumo ao Salão. Já havia me arrumado e com a ajuda de Lilly, minha criada, eu pude dar um jeito nas minhas olheiras negras da noite mal dormida. Ao chegar, logo avistei meu pai sentado na poltrona com aquele ar calmo e tranquilo que só ele poderia transmitir.

- Oi paizinho, bom dia! – Chego e dou um abraço nele e um beijo em sua bochecha.

- Vejo que alguém acordou animada, posso saber o motivo?

- Animada, há-há, que engraçado pai. Se eu não soubesse que minha mãe conta tudo relacionado a mim para o senhor ou que com certeza ouviu meus gritos aqui debaixo, eu até acreditaria que você não está sendo irônico comigo. Mas como te conheço muito bem, tenho certeza que só está blefando com minha cara. – falei me divertindo com ele.

- Ok. Me pegou. Sua mãe já me contou do jeito inovador que precisou para te acordar, mas realmente, ainda que ela não contasse, nem seria necessário. Creio que toda Angeles conseguiu ouvir seus berros. – riu da minha cara.

- Muito engraçadinho pai. Muito legal você. - revirei os olhos.

- Sou mesmo, obrigado filhota. Agora, aproveita o meu bom humor e me conta o que a senhorita aprontou porque já que sabe que sua mãe me conta tudo, já deve imaginar que ela relatou seu surto de desculpas no quarto quando ela disse que precisávamos conversar com você.

É claro que ele não iria deixar passar essa. Ao contrário da minha mãe , o meu pai não queria me pegar em alguma cilada, ele simplesmente me perguntava com a maior calma do mundo e quando eu mal percebia, já havia contado até os meus segredos mais sujos, se é que isso é possível.

- Porque eu suspeitei que essa pergunta viria cedo? – ri olhando para meu pai e me assentando no sofá ao lado dele. – Não é nada demais pai, pode ficar tranquilo. Eu só quis dar uma fugida, espairecer, curtir, coisas que jovens de 19 anos fazem sabe? Eles gostam de se entreter.

- Aysha, você sabe que eu nunca te castiguei ou briguei com você por querer aproveitar sua juventude, mas você sabe que não posso deixar de te alertar dos perigos né? Por mais que você dê seus jeitos para fugir, ser reconhecida nesses locais, além de ser matéria de impressa para um ano inteiro, pode trazer riscos. Você é uma pessoa importante filha, não é só de gente boa que é feito o mundo, infelizmente. – Disse ele com aquele tom conselheiro que sempre tinha, mas ao contrário do que se possa pensar, em suas falas eu nunca sentia acusação, era como se ele sempre me compreendesse, por isso eu sentia a liberdade de contar tudo que eu fazia.

- Eu sei pai, eu sei. Mas eu precisava desse momento. A faculdade está em reta final e tem sido muito puxado os estudos. Uma hora essa minha fase vai acabar e eu não vou ter mais desculpas para poder me relacionar com outras pessoas e a mamãe vai me puxar de vez para minhas atribuições reais. Eu preciso aproveitar meus últimos momentos. – falei com pesar lembrando que no final do ano era minha formatura e minha vida social iria acabar de uma vez por todas.

- Entendo filha, mas mesmo assim, tenha cuidado. Acho que seria melhor você começar a diminuir essas saídas aos poucos para já ir se habituando e quem sabe começar fazer uma ou outra coisa que sua mãe quer que você faça. Você vai perceber que nem é tão ruim quanto pensa.

- Talvez pai, talvez. Vamos ver. Estou tranquila em relação as minhas saídas, só houve uma coisa que me deixou preocupada. Lembra do Thomas?

- O Illéa , filho do Prefeito charlatão? – Vi que sua expressão fechou. Definitivamente esse sobrenome não era mais bem vindo em minha família.

- Ele mesmo. Quando estava na boate ele de alguma forma me reconheceu e veio falar comigo. – disse me lembrando da última frase que o Thomas me falou.

- Sério? E como foi que isso aconteceu? Ele falou com você do nada? - perguntou alarmado.

Lembrei da dança que tivemos e que por um lapso se estendeu para três músicas. Acho que esses detalhes eu não precisava externar para meu pai.

- Não foi bem do nada. Ele começou puxar assunto, por alguns momentos eu achei que era esses interesses baratos que rolam nesses lugares sabe? Quando o homem bebe, fica no clima da música e quer pegar alguém. – Tentei explicar e dito isso meu pai gargalhou. Arqueei a sobrancelha em uma expressão confusa frente a seu ataque de risos. – Não estou entendendo as risadas. Falei alguma piada pai?

- Piada? – disse cessando um pouco o riso e enxugando as lágrimas – Não sei se posso dizer que é uma piada, mas pelo menos é um tanto irônico, logo o filho do Illéa, nosso inimigo na corte, se interessar pela minha bela filha. Você é linda minha menina e claro que chove homens aos seus pés, mas imagina só, o rosto pálido do Marcus se um dia o Thomas comunicasse a ele o interesse por você, logo a princesa. – E voltou a rir como se tivesse contado a piada mais imbatível do mundo.

- Ficou louco? Moro em um algum tipo de manicômio e não sei? Não é nada disso. – Falei alto categoricamente e surpresa por seus pensamentos. – Eu disse que eu pensei que fosse isso pai, pensei que era algum interesse barato de boate, mas não era. O Thomas não tem nenhum fascínio pela minha pessoa e ainda que tivesse eu NUNCA me relacionaria com um alguém presunçoso como ele. Ou você se esqueceu de tudo que aquela família fez com a gente? Todos os discursos malditos? - falei irritada.

- Claro que não filhota. Mas, que eu gostaria muito de ver a cara daquele Marcus numa situação dessa, isso sim. Enfim, de qualquer forma, esse Thomas se aproximou de você mesmo toda disfarçada, isso só mostra o quanto você é linda originalmente ou não. – Falou ele e senti-me corar. Meu pai sempre me fez sentir como a pessoa mais bonita do universo, depois da minha mãe, claro.

- Para pai, nem é nada disso, nem sei se ele se aproximou por um repentino interesse. Talvez ele já tinha percebido quem eu era o tempo todo. Só quis fazer hora com minha cara disfarçando até finalmente revelar a verdade.

- É, talvez. Mas você também não sabe. Pare de se menosprezar. De qualquer forma eu quero saber o que ele queria. O que ele disse ?

-Ah, nós estávamos em uma conversa até que ele citou a palavra princesa e disse que me reconheceu. Fiquei tão assustada no momento que eu não soube como agir. Eu nunca fui descoberta pai, eu treino muito bem meu disfarce em casa justamente para não dar margem para ninguém nem suspeitar de mim. Fiquei em choque na hora, só consegui fugir e vir embora de uma vez.

- Isso só mostra que de algum jeito ele estava mesmo interessado em você heim. – disse rindo novamente. Olhei para ele com meu olhar de indignação e revirei os olhos – O que? Não falei nada de mais filha. Falei que ele estava interessado, não quer dizer que seja romanticamente. Você que já está pensando nestas coisas está vendo? – riu novamente. Com toda a certeza meu pai deveria ganhar o prêmio de pai engraçadinho do ano. Se eu não estivesse tão irritada com o fato dele estar insinuando qualquer tipo de romance, interesse, ou seja lá o que for, com o Thomas, eu teria rido também.

Um segundo depois, parou de rir e ajeitou uma postura séria. Olhou para mim , pensando alguma coisa que não consegui decifrar.

- Filha, se isso não está nos jornais hoje, nos resta duas opções. Ou ele está guardando essa informação para tramar algo contra você, suborno ou coisa do tipo. Ou então ele simplesmente não quer te delatar, não sei o porquê. Talvez os genes do mal do Marcus não tenham passado para seu filho.

- Não sei pai. Esse é justamente meu medo. Não sei o que ele quis. Talvez só me provocar mesmo. É o que eu espero. Enquanto não sabemos vamos aguardar.

Neste instante minha mãe adentrou no salão com sua áurea real. Ela estava estonteante como sempre. Seu cabelos negros amarrados em um coque e uma maquiagem leve pois não precisava de muito para ficar linda. Nem parecia que já era mãe de uma jovem de 19 anos, seus traços ainda eram joviais. Minha mãe era perfeita.

- Vejo que já colocou a conversa em dia com seu pai Aysha – disse ela se aproximando dele. Deu um selinho e sentou-se ao seu lado. Você já contou a ela Erik? – perguntou virando-se para meu pai.

- Me contou o que? – perguntei confusa.

- Ainda não Eady – respondeu meu pai devolvendo o selinho a minha mãe. – Achei melhor falarmos juntos.

- Erik, Erik, sempre mimando a nossa filha. Eu te conheço muito bem e sei do coração mole que tem. – riu olhando para ele. Seus olhos sempre transbordavam uma alegria imensa quando estava juntos, como se a sua presença a fizesse esquecer qualquer coisa ruim que tivesse passado, como se fosse o seu salvador. – Você só não falou sozinho porque sabe que sou mais dura e precisa da minha ajuda para ter conversas sérias com a Aysha.

- Você sempre sabe de tudo meu bem. – Respondeu meu pai com um sorriso de orelha a orelha – Você sabe que Aysha me dobraria facilmente. Eu preciso de você sempre. – Deu outro selinho nela.

- Dá para vocês pararem com a melação por favor e poderiam me dizer o que tanto querem conversar comigo que meu pai não consegue nem falar sozinho? – Comecei a me preocupar. Já estava mais tranquila por descobrir que a conversa não seria nada relacionado a ontem a noite, mas meus pais falando assim já estava começando a me assustar.

- Filha, você sabe em que estação estamos? – perguntou minha mãe.

- Primavera – respondi prontamente.

- Então, como deve saber, a primavera sempre foi uma estação especial para nós.

- Óbvio que sei. Como esquecer do Famoso Baile Real de Primavera, orquestrado pelo grande Império de Illéa. Se nem os outros reinos esquecem e fazem questão de vir, não serei eu que esquecerei.

- Ótimo. – Continuou minha mãe – O baile além de ser importantíssimo para a história da nossa família, hoje, é um evento muito aguardado em todos os reinos. A vinda dos principais governantes do mundo nos dá a oportunidade de aprimorar nosso relacionamento internacional e manter as políticas de boas vizinhanças. Faz algum tempo que não há ataques e a paz tem se ponderado em meio aos reinos. Não vou te dizer que as relações internacionais estão perfeitas filha, muito pelo contrário. Há uns 5 anos alguns países têm se mostrado desconfortáveis e algumas intrigas estão havendo  entre si, temo que o tempo de paz esteja se findando. Por isso o evento deste ano tem como objetivo também estreitar estes laços novamente. Seus avós lutaram muito por isso e eu também. Foi muito difícil chegar ao tempo de paz entre os reinos ou até mesmo dentro do nosso país e não vai ser por mesquinharias de um ou de outro que vamos deixar isso acabar. – Disse ela pensativa e determinada. Minha mãe realmente nasceu para reinar, era claro a destreza que possuía.

- Ok, mas aonde eu me encaixo nessa história? Duvido que esteja me passando essas informações tranquilamente por nada ou só para me informar. – Falei já impaciente. Minha mãe não costumava me contar detalhes sobre os problemas do reino. Parte porque eu mesma não me interessava e outra porque se havia algum segredo embutido, ela faria questão de me deixar por fora.

- Sempre apressada né Ash, não é a toa que nasceu prematura. Já que você cortou o belo discurso que eu fazia, vou chegar logo ao ponto principal. – Revirou os olhos e se virou completamente para mim com um olhar sério, como se o que fosse falar algo de extrema importância e gravidade.

– Seu pai e eu conversamos muito durante essa semana e cremos que já é a hora de você assumir certas responsabilidades por aqui. Com isso chegamos a seguinte conclusão.

E foi quando a frase seguinte saiu que meu teto desabou. Responsabilidade demais, pressão demais...

- Queremos que você organize o Baile de Primavera deste ano. – falaram uníssonos.

 


Notas Finais


Neste capítulo foi introduzido mais do Erik e da Eadlyn, já dá para conhecê-los mais e ver um pouco da personalidade de cada um né? Rs

E esse Baile de Primavera heim? O que acham que a Aysha vai fazer?

Só digo uma coisa...esse baile promete....

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Beijos e até semana que vem...


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