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História O Pianista - Saint Seiya Fanfic - "O Amor não vê com os olhos..."


Escrita por: Rosenrot9 e Hamal_

Notas do Autor


Olá amados.

Atrasamos? Sim, mas em compensação trago vcs esse cap tão aguardado.

ATENÇÃO:

Imagem censurada para se adequar as normas do site. Link para a imagem inteira nas notas finais.

Capítulo 22 - "O Amor não vê com os olhos..."


Fanfic / Fanfiction O Pianista - Saint Seiya Fanfic - "O Amor não vê com os olhos..."

“O Amor não vê com os olhos, mas com a mente; por isso é alado, e cego, e tão potente.”

A menção do Amor na visão de Helena, no primeiro Ato da Cena 1 de Sonho de uma Noite de Verão, de William Shakespeare, nunca fizera tanto sentido para Mu nesta hora, e livre de quaisquer eufemismos; ele agora tinha essa ideia no mais literal sentido de seu significado, pois que o amor não se enxerga, o amor se sente. Se sente no coração turbulento dentro do peito. Na boca que queima em volúpia... Se sente nos toques suaves das mãos de veludo que só havia visto manejarem com igual devoção as teclas do piano.

Sobre o edredom macio de seda branca os dois corpos enamorados regiam uma composição de beijos, toques e doces carícias, compondo um arranjo perfeitamente harmônico.

Como o maestro daquela orquestra, Shaka deslizava ambas as mãos pelo torso robusto de Mu, tateando cada detalhe precioso que seus dedos hábeis encontravam. Uma pequena cicatriz do lado esquerdo da cintura. Um relevo discreto na parte interna do braço direto. Uma tatuagem, talvez. Se lembraria de perguntar depois; até que, consumido em volúpia, tentou lhe tirar a camisa num movimento frenético e atrapalhado, o qual foi gentilmente interrompido.

— Shii... — fez o cineasta, segurando no rosto quente do pianista com ambas as mãos. Por um momento perdeu-se completamente naquela face incendiada, nas pequeninas sardas em seu nariz, nas sobrancelhas loiras finas, naqueles cílios longos e macios que lhe faziam lembrar dos campos de trigo, quando estes eram iluminados pelo sol e criavam a ilusão de um grande tapete felpudo dourado; na boca vermelha de morango suculento. — Calma. Não precisamos ter pressa, meu amor.

— Mu. — o pianista suspirou sôfrego o nome.

O estudante de cinema beijou-lhe delicadamente a fronte, próximo ao grande hematoma que aos poucos se formava em torno do inchaço no supercílio, depois olhou para as duas esferas negras dentro de seus olhos azuis incríveis, as quais esculpidas pela cegueira jamais mudariam de tamanho.

— Nós temos a noite toda, Shaka... Eu quero amá-lo sem pressa, porque sei que nunca fez isso antes.

— Não precisa me lembrar disso. — resmungou acanhado, porém mantendo o tom descontraído.

— E você não precisa ter vergonha disso. — Mu sorriu, depois sua boca buscou ávida a dele. — Hum... eu também nunca fiz isso antes.

O pianista piscou os olhos e franziu as sobrancelhas finas.

— Não... não entendo.

Mu lhe mordiscou o queixo, o provocando, depois delicadamente deslizou as mãos por debaixo da camisa azul, pelo torso longilíneo, a erguendo e expondo o peito que subia e descia em ritmo acelerado.

— Nunca fiz amor com ninguém. — confessou, com os olhos verdes fixos ao peito magro e alvo. Com ardor beijou-lhe devagarinho um dos mamilos sentindo a pele em torno deste arrepiar-se e os ombros do pianista se encolherem ligeiramente em resposta. — Eu nunca amei ninguém, Shaka... Nunca senti por pessoa nenhuma o que estou sentindo agora. Chega a assustar! Pensei que essa emoção, esse arrebatamento, existisse apenas nos filmes ou livros... no ideal do homem, mas, Deus, ele é real! — sorriu esfregando o rosto na pele alva — Ele é real! E ele é palpável!

Mu abraçou com força o corpo debaixo do seu, recebendo de volta um sussurrar meigo e um doce ressoar. Nunca pensou que um dia fosse viver tal emoção, tampouco julgava-se capaz ou até mesmo merecedor de sentimento tão sublime, especialmente após assumir-se gay, mas Shaka tinha entrado em sua vida para ensina-lo a permitir-se.

— É claro que ele é real. — Shaka deu uma risadinha esfregando seu corpo contra o dele em busca de mais contato. — É real e é perfeito!

— Quase perfeito. — Mu rebateu com outra risadinha, e antes que o pianista o questionasse, como sabia que ele faria, visto que já conhecia bem sua natureza inquieta e sagaz, apartou o beijo e lhe acariciou os lábios úmidos com o dedo indicador. — Espere aqui um instante.

— O que? — Shaka perguntou exasperado quando percebeu Mu deixar lentamente a cama. — Onde você vai?

— Falta só uma coisa para ficar perfeito.

A voz do estudante de cinema se afastava, ao passo que o som de seus passos apressados chegava aos ouvidos do pianista fazendo seu coração palpitar mais forte, mais rápido.

Com um movimento brusco Shaka apoiou as mãos no colchão e se sentou, com os olhos azuis vítreos bem abertos a vaguearem perdidos por detrás da cortina de chumbo enquanto acompanhavam o som dos ruídos que chegavam a seus ouvidos atentos. As câmeras!... Por uma fração de segundos um pensamento involuntário lhe ocorreu, este tão incômodo quanto uma pedra minúscula no sapato, mas tão fácil quanto livrar-se da pedra ele também chacoalhou o pensamento para longe.

— O que falta? — perguntou, e imediatamente em seguida à pergunta um perfume doce e agradável acariciou-lhe o olfato, então aliviado ele sorriu, e fechando os olhos encheu o peito daquele perfume. — Lavanda!

Mu olhou para ele, para aquele sorriso devastadoramente feliz e autêntico, e seu coração gozou do mais pleno júbilo. Acendeu a última vela aromática que havia espalhado pelo quarto e em seguida caminhou apressado até o aparelho de som na estante, adicionando àquele momento tão especial o elemento que os havia ligado, a força condutora que tornara aquele encontro de almas possível.

O piano.

Agora eles eram três novamente, como no começo.

Quando as primeiras notas do piano inundaram o quarto, Mu continuou olhando diretamente para Shaka, para aqueles olhos azuis que mais uma vez abertos pareciam olhar diretamente para os seus, ainda que soubesse que o foco destes estava muito além de si, em um mundo que ele jamais conheceria, mas do qual já fazia parte; no mundo único e particular do pianista.

— “Eu estava morto de felicidade e amor.” — disse Mu ao voltar para a cama. Como um felino manhoso engatinhou desde a beirada até tocar suavemente as coxas de Shaka. — “Eu estava enterrado em seus braços; eu fui acordado por seus beijos... e então eu vi o céu em seus olhos.”

— Sonho de Amor. — o pianista sussurrou tombando a cabeça para trás quando sentiu os lábios quentes do cineasta lhe tocar o pescoço perfumado. — A terceira peça do Liebesträume, de Franz Liszt.

— Nunca pensei que fosse experimentar as três formas de amar descritas nos poemas do Uhland e no de Freiligrath, que inspiraram o Liebesträume, todas em uma só pessoa. Em você.

Com um suspiro Shaka sorriu e jogando-se de costas no colchão espichou preguiçosamente os braços pelo edredom branco, que já se embolava com o lençol, aprazendo-se tanto de toda aquela macies e espaço, quanto das palavras doces de Mu.

— Eu já teria me dado por satisfeito se conseguisse chegar perto de experimentar uma delas. — brincou o pianista, e em seguida deu início a uma nova tentativa de retirar a peça incômoda que cobria a pele quente do cineasta. — Mas eu posso dizer, com toda certeza desse mundo, que sinto por você todos os tipos possíveis de amor, não apenas o casto, o erótico e o incondicional. E se puder inventar uma nova forma de amar, então quero inventa-la com você.

Entre beijos apaixonados e carícias ternas os dois retiraram as camisas com calma, as abandonando ali mesmo sobre a cama, então Mu cobriu o corpo de Shaka com o seu, unindo os peitos e as bocas.

O pianista estava vivendo um sonho. De repente, e enquanto sentia o coração do estudante de cinema pulsar contra o seu, estavam novamente nos campos de lavandas, deitados sobre as flores que tinham, além do perfume encantador, uma macies surreal. As notas do piano embalavam os gracejos que os arbustos faziam ao serem tocados pela brisa, a qual também fazia dançar, como num balé encantador, os cabelos lilases de Mu, os fundindo, vez ou outra, com os ramos arroxeados das pequeninas e delicadas flores em torno deles. Ali ele podia enxergar. Alguma vantagem em não se poder ver o mundo com os olhos haveria de existir, e aquela era a sua vantagem. Permitia-se estar onde quisesse, onde sua imaginação o levasse, e agora sempre carregaria Mu consigo. E Mu estava ali com ele, fundido às flores; lindo, perfumado, suave e leve como as asas do Amor... À medida em que o beijava, mais ele lhe parecia quente, mais sua pele exalava o sublime odor que o fazia único no mundo.

Devagar, embora estivesse desesperado por perder-se nos contornos rígidos e perfeitos daquele corpo, e afoito em provar mais daquelas sensações recém descobertas, Shaka desceu as mãos que acariciavam as costas largas do cineasta até que estas tocassem o cós da calça jeans, seus dedos então correram pelo tecido grosso até a parte da frente, onde encontrou o botão e o zíper. Desceu a ambos sem hesitar, e não conseguiu conter um suave gemido quando o indicador de sua mão direita tocou o volume firme como rocha entre as pernas dele, o qual estava encoberto pelo tecido fino de algodão da cueca. Nessa hora sua tez rosada ganhou tons de brasa viva, pois que nunca havia tocado outro homem daquela maneira. Nunca havia sentido outro corpo com tanta intimidade. Mesmo o de Mu, já que o recato e a vigilância constante de Asmita não lhe permitia romper a barreira dos beijos e carícias moderadas.

A ideia ao mesmo tempo que soou instigante também assustou deveras ao pianista. Mas, quem estava ali era muito mais que um homem. Era sua outra metade. Era o amor na sua mais pura forma, o amor que idealizava apenas em seus sonhos, devido sua condição.

Porém, o sonho que residia no coração do pianista lhe escorrera pelos dedos até as teclas do piano, e com sua música ele atraiu o amor até si.

Percebendo o desajeito e timidez de Shaka, que não sabia o que fazer com as mãos a partir daquele ponto, Mu lhe acariciou o rosto tomando uma delas com cuidado.

— Deixa que eu faço isso para você. — sussurrou-lhe próximo ao ouvido. Permitia que Shaka conduzisse o ritmo de ambos, pois sabia o quanto era importante para ele sentir-se seguro e confiante, mas lhe retirar as roupas seria um custo desnecessário, já que podia fazer isso por ele. Rolou para o lado e desfez-se sozinho das peças.

Antes de voltar a deitar-se sobre o pianista, Mu ficou ali, de joelhos a seu lado, enquanto seus olhos verdes iluminados o fitavam em êxtase.

Deus, como ele era lindo! De uma beleza nunca antes lhe revelada, pura como um poema que fala das nuvens. Deitado em sua cama era tal qual uma ninfeia a pairar, majestosa e delicada, sobre as plácidas águas de um jardim magnífico.

Mu já vislumbrara muitos corpos, perfeitos como o dele, de igual lascívia e poder arrebatador de lhe despertar o desejo pungente, mas nenhuns braços eram como os de Shaka, cuja ondulação que faziam enquanto varriam preguiçosos os lençóis de seda lhe lembravam o doce e poderoso balançar das vagas antes de essas quebrarem-se na praia; no colo e nos ombros esbeltos, um firmamento de pequeninas sardas em tons de laranja e cobre suave enfeitavam a pele alva. Nunca conseguia ser indiferente a elas. Sempre que as olhava seu coração se aquecia e um sorriso quente nascia em seu rosto.

Agora, além de sorrir sentiu uma vontade torturante de beija-las, por isso inclinou-se e salpicou uma trilha de beijos por aqueles ombros, subindo depois para o pescoço e deliciando-se a cada vez que seus lábios tocavam um ponto sensível que fazia o pianista tremer e contrair-se por inteiro.

— Sua pele é tão macia, Shaka... — sussurrou com a voz rouca de desejo, enquanto tinha os olhos tão fixos no rosto dele que mal piscava. Os cabelos louríssimos espalhados nos lençóis contrastavam com a pele das maçãs da face em brasa, as quais davam ainda mais destaque aos seus incríveis olhos azuis. Era tão desleal que ele não pudesse ver a própria imagem. — Você é tão bonito... Quero vê-lo por inteiro.

Mu suspirou rente à pele de Shaka, depois afastou os lábios e embalado pelas notas do piano que enxiam o quarto escorregou para baixo e também desabotoou-lhe a calça, já descendo o zíper, e sem demorar-se o deixou nu. Suspirou embevecido com a visão que teve, e atrapalhou-se um pouco para prosseguir com as carícias. Também estava nervoso, nem sabia ao certo o motivo, mas estava. Talvez o motivo fosse a espera que fomentou-lhe ainda mais a expectativa, ou talvez fosse apenas o amor transbordando de si.

E Shaka...

O pianista esperava ser coberto por seus fantasmas na hora em que fora despido das roupas. Ele já se preparava para dar boas-vindas à velha companheira de uma vida inteira, a insegurança, que certamente não viria sozinha — sobretudo em um evento tão esperado e importante como aquele — mas traria suas amigas inseparáveis, a paranoia, a timidez, a incerteza, a apreensão...

Eram tantos seus fantasmas!

Mas, extraordinariamente ninguém apareceu.

Ao saber-se nu aos olhos de Mu, Shaka decidiu despir-se também dos medos, desnudar-se dos pudores. É certo que ainda remoía alguma insegurança e mantinha certa inibição, mas estava muito mais afim de descobrir a vida e o sexo do que ficar fazendo exames de consciência, remoendo temores. Estava farto destes.

Com um breve suspiro cerrou os olhos, procurando dominar a inquietude e timidez dentro de si, mas logo em seguida os abriu novamente e levantando as mãos buscou o rosto de Mu. Sentia o olhar forte dele sobre si, e lhe excitava senti-lo.

— Eu também quero vê-lo. — o pianista pediu com fôlego convulso — Me deixe ver você por inteiro, Mu.

O estudante de cinema suspirou lhe acariciando os cabelos longos, muito instigado com o pedido, embora mais atiçado ainda estivesse por sua terna nudez de menino. Pelas pernas esguias de coxas perfeitamente delineadas, e o pênis firme e ereto de pele lisa e tenra. Teve ganas em toma-lo nas mãos ou até mesmo com a boca, mas sufocou a vontade juntamente com um gemido que segurou na garganta. Não sabia qual seria a reação dele ao ser tocado ali sem aviso prévio.

— Deixo. — foi tudo o que conseguiu dizer antes de com curiosa serenidade separar-se do pianista para rolar para o lado e deitar de costas, com a cabeça sobre um dos vários travesseiros que haviam ali, depois esticou o braço e tomou a mão de Shaka.

Nessa hora o pianista soube que ele estava pronto, então conduzido pela voz do piano levou ambas as mãos ao rosto de Mu e pousou devagar os dedos sobre seu olhos, o fazendo fecha-los.

— Fique assim. De olhos fechados. — pediu — E não vale me enganar.

— Eu não te engano... Nunca te enganei.

A voz de Mu sorria.

Shaka sorriu de volta.

— Eu sei... — respondeu medindo a distância entre si mesmo e ele, então se colocou de joelhos ao seu lado, na altura do quadril. — Eu sei que me trouxe aqui hoje para me mostrar o seu mundo, e para pedir a ele que me acolhesse, como você me acolheu. — referia-se a Shion e aos amigos do cineasta. — E eu já me sinto parte dele... Agora, quero te trazer para o meu. Não o que você já conheceu, mas o que você ainda não conhece.

Tateando a cama encontrou uma camisa. Pelo cheiro reconheceu ser a sua própria, então a torceu algumas vezes e inclinou-se sobre Mu a colocando sobre seus olhos. Tinha improvisado uma venda.

O cineasta, quando enfim percebeu a intenção do pianista, mordeu os lábios em expectativa. Aquela estava sendo uma experiência totalmente diferente de qualquer outra, mesmo que já tivesse sido vendado algumas vezes durante o sexo, e nas mais diversas situações. Porém, nenhuma se comparava aquela. Não apenas seu corpo estava excitado como das outras vezes, mas sua alma vivia junto aquele momento. Seu coração acelerado e quente estava turbulento, e sentia-se experimentar uma felicidade inebriante.

— Sempre quis vê-lo nu. — disse o pianista resgatando Mu de seus devaneios. — Todos esses dias, o tempo todo para ser sincero, me pegava pensando em como seria ver você por inteiro, como seria esse momento.

O estudante de cinema deu um pequeno sobressalto quando sentiu as mãos do pianista tocarem seus pés. Sem perceber fechou as mãos no lençol o segurando com força.

Em meses de namoro Shaka nunca havia tocado daquela forma o corpo de Mu, tampouco os pés. Riu ao senti-lo mexer os dedinhos finos enquanto os tocava; curvou-se e beijou um por um de forma lenta e carinhosa. Subiu os toques para os tornozelos delgados. Encontrou ali uma tornozeleira que imaginou ser feita de palha trançada, dada sua textura e forma. Achou um charme, e piscando os olhos voltou a sorrir. Beijou também os pés e cada tornozelo, para total deleite do estudante, que estava adorando ser descoberto daquela forma. Quando tocou as panturrilhas o rosto de Shaka adquiriu uma fisionomia misto de espanto e surpresa. Eram grandes e rijas, mesmo os músculos estando relaxados. As apertou com firmeza, com ambas as mãos, então mais que depressa subiu curioso para as coxas já imaginando o que encontraria ali.

Dito e feito!

Ali estava o resultado dos anos de prática de judô e karatê que ele havia lhe dito, e também o motivo pelo qual ele fazia parte do time de Rugby.

Mu tinha constituição de atleta. Suas pernas eram fortes como as de um felino de porte grande. Sim. Lembrava-se dos leões e tigres, com suas pernas fortes que lhes permitiam saltar a grandes distâncias e subir em árvores na velocidade de um piscar de olhos. Mas, diferente destes as pernas de Mu quase não tinham pelo, somente uma fina e macia penugem perceptível apenas quando abrandava o toque.

Ouviu um leve gemido do cineasta quando lhe apertou forte ambas as coxas e correu suas unhas pela pele eriçada de carne firme, ele mesmo queimando em volúpia, então curvou-se e meteu o rosto entre elas, distribuindo uma trilha de beijos incendiados na pele, cujo instigante odor masculino mesclava-se ao suave toque de lavanda. Tomado por um frenesi que o fazia experimentar até um leve atordoamento, o pianista esfregou o rosto entre aquelas coxas, e foi com a face em chamas que continuou sua exploração, porém consciente de que havia desbravado o suficiente e chegado a seu limite.

Dali não havia mais volta.

Quem dera pudesse explorar aquele corpo por horas a fio e dedicar-se a cada detalhe com a mesma devoção do estatuário à sua obra, mas já estava certo de que não conseguiria ir mais longe. Seu próprio corpo ardia, e se aquele desbravamento lhe estava sendo torturante pensava no quanto estaria sendo ainda mais para Mu. Por isso, ainda que vacilante e meio atrapalhado, tomou-lhe o pênis túrgido com uma das mãos dando um apertão moderado, finalmente experimentando aquela rigidez que nunca imaginou lhe causar tanto frisson. A pele dele era ainda mais macia que das coxas, ainda mais quente. O volume lhe enchia a mão, em tamanho e espessura, e sua mente prontamente tratou de lhe desenhar uma imagem que fez sua respiração acelerar e o rosto ruborizar-se ainda mais. Sentiu uma vontade gritante de colocá-lo na boca, mas não o fez por medo de fazer errado e parecer ridículo. Então, como das outras vezes, apenas salpicou-lhe alguns beijos, os quais fizeram o cineasta se contorcer de prazer e expectativa.

 — Shaka... — Mu gemeu alto o nome do pianista, agarrado aos lençóis. Ah se ele soubesse como era torturante ser tocado daquela forma!

Suspirando fundo Shaka decidiu que bastava daquele desbravamento, pois a voz de Mu tinha um tom de súplica. Ambos estavam sedentos em meio a um oásis de pura volúpia, esperando para saciarem-se um no outro. Por essa razão, e com pressa, correu as mãos para o peito de Mu sentindo em êxtase cada contorno perfeito dos músculos fortes; os mamilos firmes, os ombros largos e vultosos, e então inclinou-se sobre ele, lhe removeu a venda dos olhos e sedento beijou seus lábios.

— Você é lindo demais, Mu. Você é perfeito. — sussurrou aprofundando o beijo, o qual era correspondido pelo cineasta, que com fôlego frenético o envolveu com os braços metendo os dedos entre seus cabelos longos, os quais tinham um perfume suave de manhã ensolarada nas montanhas.

— Shaka!... Você me deixa louco. Eu te desejo tanto. — confessou sentindo o corpo incendiado, ainda mais excitado após aquela deliciosa exploração. Seu sexo, já dolorido, implorava por alívio, sua libido voraz e famélica uivava convulsa, mas, contrárias a tudo o que acontecia em seu interior, suas mãos exploravam o corpo nu do pianista com a calma e delicadeza de um ceramista, atento a cada curva, a cada sinal que este lhe dava.

Deitados agora lado a lado, Mu desceu a mão até o sexo rígido e úmido de Shaka, e suspirou extasiado ao tê-lo preenchendo-lhe toda a mão, mas foi quando sentiu Shaka correr as dele para suas nádegas e lhe acariciar sem pressa a carne macia, ora com movimentos circulares deliciosos, ora com apertões tão fortes que o faziam gemer alto, que gozou de um êxtase até então inédito.

Quantos homens já o haviam tocado ali com semelhante volúpia, mas nenhum lhe causara tanto frisson com apenas algumas apalpadas. Devaneava. Quando de repente a voz do pianista o trouxe de volta.

— Tem camisinhas na minha mochila. Pega lá. — Shaka sussurrou mordendo os lábios de Mu, num súbito e irrefreável lampejo de coragem e decisão.

O pedido pegou de surpresa o estudante de cinema, que abriu os olhos e o fitou com as vistas embaçadas. Por um momento ficou sem reação, mas logo, e ansioso como estava, rolou para o lado e esticando o braço alcançou a gaveta do criado-mudo, de onde apanhou um pacote com vários preservativos e também uma bisnaga.

— Aqui está. — buscou a mão do pianista lhe orientando para que tocasse os objetos. — Também já tinha deixado algumas na gaveta do criado-mudo.

— O que é isso? — Shaka se referia ao outro objeto, para ele desconhecido.

— É lubrificante. Vamos precisar. — Mu respondeu aos risos.

O pianista ergueu as sobrancelhas em arco de forma tão efusiva que chegou a ser cômico.

Óbvio que iriam precisar de lubrificante. Pensou, inconformado com a própria falta de atenção e inexperiência. Asmita também esquecera-se daquele detalhe.

Pudera...

— Ah... Claro. — disse com total embaraço, e este prontamente fora percebido por Mu, que com fervor lhe tomou a boca retomando os beijos enquanto as mãos vibravam ao tocar-lhe a pele arrepiada, empenhadas em fazer contorcer-se de prazer aquele corpo que aos poucos se abria para o sexo.

— Meu amor... como você quer fazer? — o estudante de cinema sussurrou beijando-lhe o pescoço. Seu corpo todo acariciava o do pianista, que devolvia as carícias com mesmo ardor.

— Eu... não sei... eu... — Shaka respondeu no mesmo volume e entonação de voz, sussurrado e meigo. A sensação, o calor do corpo grande e forte do cineasta junto ao seu o punha louco. Não era capaz de raciocinar tanto quanto gostaria. — É necessário esse tipo de pergunta? — brincou sem jeito. — Eu só sei que quero você, Mu. Não importa como.

A pureza e sinceridade de Shaka fizeram Mu abrir um doce sorriso.

— Então você me terá! — sussurrou baixinho rente aos lábios dele, beijando-os com o ardor que clamava sua alma plena de amor e luxuria, então nada mais precisou ser dito.

Como era bem mais experiente, Mu já havia se dado conta de que o pianista estava às vias de explodir de prazer em seus braços, então, sem abrir mão dos beijos fervorosos, — separou os lábios apenas para umedecer levemente com saliva a palma da mão —, pois que a boca dele parecia lhe infringir uma espécie de magnetismo, o estudante de cinema desceu a mão até sua ereção túrgida e a agarrou firme. Então, com seu peito nu colado ao dele, os corações a palpitarem juntos em perfeito sincronismo, iniciou uma massagem ligeira e cadenciada, com toda a habilidade que lhe cabia.

Shaka agarrou-se aos lençóis como quem agarra-se à borda do precipício.

— Aaah... Mu! — suspirou sôfrego o nome do amado enquanto tombava a cabeça para trás cerrando as pálpebras com força, fazendo tremelicar seus longos cílios loiríssimos.  Sem se dar conta contraia os dedos dos pés e contorcia-se ofegante.

— Não segure. — disse baixinho e ofegante o estudante de cinema, consciente das sensações que causava no pianista, e procurando intensifica-las lhe mordeu levemente o lóbulo da orelha enquanto imprimia mais velocidade à masturbação.

Ante aquele prazer que beirava o insuportável o orgasmo não tardou, e fora tão intenso e formidável que Shaka experimentou uma leve tontura. Gemia alto, enquanto sentia a mão do estudante de cinema afrouxar aos poucos a pegada e seu hálito quente e turbulento lhe tocar o pescoço. Os joelhos tremiam, seu sexo pulsava lhe provocando espasmos involuntários, e ele se via pairar sobre os campos de lavanda, leve como uma pluma, enquanto sua semente fundia-se à terra molhada exalando um odor ácido que se misturava ao perfume doce das flores arroxeadas.

Com os olhos verdes vidrados no rosto em brasa de fisionomia encantadoramente arrebatada, Mu sorriu satisfeito e ainda mais excitado. Com o lençol mesmo limpou a mão e depois o torso do pianista, em seguida lhe acariciou os cabelos macios e densos e beijou-lhe a boca, que clamava por recuperar o fôlego.

Shaka gozou daquele estado doce de letargia por um breve momento, então dando um longo suspiro roçou seus dedos pelos braços fortes de Mu até suas mãos chegarem à nuca. Ali desenhou círculos no couro cabeludo com as unhas.

— A gente pode fazer isso de novo? — murmurou sorridente rente a boca do cineasta. Sentia seu corpo jovem quente como nunca. Sedento como nunca. Aquele orgasmo só serviu para instiga-lo mais.

Mu mordeu os lábios em êxtase. Um arrepio forte lhe subiu pela coluna fazendo toda sua pele arrepiar.

— Com toda certeza nós vamos fazer isso de novo. — respondeu com uma risada de legitima satisfação enquanto encolhia os ombros e fechava os olhos.

— Deus! É tão bom! Eu quero de novo, e de novo... Até não ser mais capaz de respirar. Só que dessa vez quero que também sinta prazer, Mu.

— Pode estar certo que sentirei muito prazer, porque da próxima vez você vai estar dentro de mim. — o estudante de cinema confessou sua intenção sem nenhum pudor ou dúvida, e fez o pianista abrir os olhos e puxar o ar com nítida surpresa e aspiração. Sua mente então se encarregou de lhe mostrar a face amada de Mu, como se não existisse véu de chumbo algum que a ocultasse. — Quero você, Shaka. Quero senti-lo dentro de mim.

E que efeito arrebatador tiveram em Shaka aquelas palavras sussurradas.

Tomando-lhe a boca com paixão, Mu tratou logo de voltar a estimula-lo, sem que fosse preciso muito empenho, pois que Shaka gozava do vulcânico vigor da juventude. Achou por bem poupa-lo da dor e do desconforto inicial de ser penetrado, pois ansiava dar a ele uma primeira experiência sexual a se lembrar, como fora consigo anos atrás, quando descobrira-se gay e estava cheio de medos e tabus. Felizmente sua primeira vez com outro homem havia sido ótima. Afrodite era muito experiente, além de um amente paciente e dedicado. Com o amigo sueco descobriu que não tinha preferência quanto à posição que cada um ocupava na cama.

Já Shaka dava graças aos céus por Mu tê-lo feito gozar lhe estimulando com as mãos primeiro, caso contrário, com toda certeza que havia nesse mundo passaria vergonha com uma performance medíocre e precoce. Já lhe estava sendo difícil controlar o furor que lhe incendiava por dentro só de pensar em tomar o estudante de cinema.

Mu sentia o alvoroço que se dava no interior do pianista. Tinha consciência de que ele estava deveras ansioso, mas certamente agora ele aproveitaria melhor a experiência. Por isso não teve pressa e deixou que Shaka conduzisse novamente até que sentisse estar pronto.

Foi aos beijos incessantes que lentamente o pianista caiu por cima do corpo forte do cineasta, espalmando ambas as mãos no peito largo e agitado o fazendo se deitar de costas sobre os lençóis. Percebeu que ele lhe facilitava o trabalho já abrindo as pernas em compasso para lhe acolher entre elas. A ereção dura e quente dele tocava a sua, já novamente firme como rocha, lhe fazendo viver uma experiência sensorial talvez muito mais intensa que a proporcionada pela visão.

— Está pronto? — Mu perguntou num sussurrou rouco. Com ambas as mãos segurava o rosto quente de Shaka, enquanto lhe salpicava beijos na pele macia e observava com os olhos verdes atentos sua fisionomia imersa na agonia febril do desejo latente. A penumbra do quarto, iluminado apenas pelas velas aromáticas, banhavam os cabelos loiros dele com uma aura dourada, e ali, deitado sobre seu corpo, ele era tal qual o sol; a estrela reservada que lhe trazia vida e aquecia sua alma.

— Não. — Shaka respondeu aos risos lhe beijando o pescoço. — Sim... Acho que sim. — sentia sua ereção e a dele úmidas, e teve certeza de que enlouqueceria se demorasse mais um minuto que fosse para tomá-lo. — Sim! Ah, Sim, Mu!

Mu riu de volta, divertido com a afobação atrapalhada dele, encantado com sua irresistível doçura. Apressado e ansioso tombou o corpo um pouco para o lado e alcançou os preservativos já junto da bisnaga de lubrificante. Aproveitou o embalo e agarrou também um travesseiro, o qual colocou estrategicamente debaixo de seus quadris, sem sair da posição em que estava, com o pianista entre suas pernas, que de olhos fechados se atentava aos movimentos e ao sons que ele fazia, ainda que as próprias batidas do coração provocassem uma barulheira buliçosa dentro de si.

Assim, Shaka ouviu quando Mu rasgou o pacotinho, mas na hora em que imaginava que ele fosse lhe colocar a camisinha na mão, eis que o sentiu lhe segurar o pulso e despejar em seus dedos um líquido gelado que o fez exasperar-se e por impulso encolher o braço ligeiramente.

— Isso na sua mão é gel lubrificante. Sinta a textura. — disse Mu abandonando a bisnaga sobre a cama, logo depois olhou para o rosto dele com os olhos escurecidos de excitação. — Sei que deveríamos ter falado sobre essa noite muito antes de estarmos aqui, mas... não quero que fique acanhado, está bem? Não tem mistério nenhum.

— Não estou acanhado. — disse Shaka enquanto mexia os dedos besuntados com o gel, sentindo sua textura pegajosa. — Estou é com tesão!... Isso aqui é para eu espalhar onde eu acho que é para eu espalhar?

Mu riu mordendo os lábios e lhe roubando um beijo.

— É. Espalha para mim? — pediu com uma entonação maliciosa na voz, então tomou o pulso de Shaka e guiou a mão dele até o meio de suas pernas. Ali a soltou e deixou que ele mesmo prosseguisse como quisesse.

O rosto do pianista enrubesceu de imediato mediante toque tão íntimo. Ele cerrou os olhos e de sua boca em anelo um ressoar gracioso escapou. Sentiu um prazer quase entorpecente ao experimentar o calor vulcânico e a macies inebriante daquele corpo no regalo de seus dedos, os quais o tocavam com a mesma paixão, amor e respeito de quando dedilhavam as teclas do piano.

— Shaka. — Mu gemeu arqueando ligeiramente as costas, entregando-se sem pudores e experimentando em deleite o pianista também perder os dele pouco a pouco, que um tanto ainda incerto de como deveria proceder escorregava lentamente os dedos para seu interior, o explorando, o conhecendo. Não soubesse como controlar a própria libido já teria se permitido há muito chegar ao orgasmo apenas com aqueles toques.

Quão mais arrebatador era o amor que a simples volúpia!

— Aaah Mu... — o pianista gemia mergulhando seus dedos cada vez mais fundo, com cuidado, esfregando-se todo nele, peito, pernas, braços, boca. Todo seu corpo era um instrumento de exploração através do qual lhe traduzia as sensações em imagens. — Eu preciso...

Sem poder mais segurar a ânsia febril de possuir Mu, Shaka recuou os dedos e se colocou de joelhos entre suas pernas para tatear o lençol em busca do preservativo. Para sua sorte o estudante de cinema o havia deixado bem perto de onde estavam deitados.

— Me ajuda? Coloca para mim? — rendeu-se ao pedido, pois que tanto a pressa quanto o nervosismo o fizeram temer cometer algum equívoco, e estendeu o pacotinho já aberto para o cineasta, que o apanhou de pronto.

— Coloco!

Mu percebeu que as mãos dele tremiam ligeiramente. Achou encantador todo aquele afobamento, e lhe beijou ternamente a face quente antes de escorregar o preservativo no pênis rijo que de tamanho e macies já lhe satisfazia por completo. Rapidamente, e com habilidade, espalhou mais um tanto de lubrificante sobre ele enquanto beijava ávido os lábios do pianista.

— Seja gentil e paciente... Sempre dói um pouco no começo. Vai ser ótimo, meu amor. — sussurrou próximo ao ouvido dele, sentindo o próprio coração acelerado em expectativa. Não se lembrava em ter vivenciado tamanha emoção em qualquer relação que tivera antes. — Vem... Não vou criar resistência. Eu preciso de você dentro de mim. — disse voltando a se deitar enquanto puxava Shaka consigo, com os olhos fixos ao rosto dele, lindo...

Os luxuriantes lábios do pianista então uniram-se uma vez mais aos do estudante de cinema, enquanto com uma das mãos ele se guiava para dar início à penetração, e naquele momento tudo que compunha seu ser havia desaparecido, medo, sonhos, cobranças, desejos, inseguranças, culpas, dúvidas... Restara somente ele, Mu e o piano. Deixou escapar da garganta um sussurro rouco quando empurrou-se para dentro dele e sentiu a resistência natural de seu corpo. Precisou reunir toda sua força de vontade, tanto para não derramar-se em prazer ali mesmo quanto para não empurrar-se todo de uma vez. Então, com uma consumação que lhe fazia sentir cada fibra do corpo em brasa, ficou parado por um momento, sentindo Mu abrir-se aos poucos e provando um prazer que ia muito além de sua capacidade descritiva.

Impossível de ser traduzido em palavras era também o êxtase experimentado pelo estudante de cinema, que com o coração aos saltos resfolegava ruidosamente sentido o corpo todo fremir. Os meses de espera e o jejum voluntário de sexo cobravam seu preço, porém a dor inicial da penetração se tornava um detalhe ínfimo quando comparada à sensação única de ter o namorado dentro de si.

Quando o pianista percebeu o corpo de Mu lasso a lhe acolher por inteiro mergulhou fundo em seu interior, arremetendo-se devagar e constante.

— Aaaaah... Shaka. — o cineasta gemeu mordendo os lábios e agarrou-se a ele com força, num abraço quase desesperado.

— Eu te amo, Mu. — Shaka confessou entorpecido de prazer, vivendo com todas as minúcias que lhe cabia aquela nova experiência, aprazendo-se do cheiro da pele, da macies dos cabelos, dos instigantes gemidos e arquejos sussurrados, do sabor salgado do suor que saltava da pele em brasa, dos toques firmes das mãos fortes que lhe exploravam, do corpo trêmulo e quente.

— Delicioso... tão quente! — murmurou o cineasta — Eu também te amo.

Com os rostos tão próximos Shaka podia sentir a respiração quente e ofegante de Mu soprando-lhe os lábios, e junto dela juras de amor sussurradas e gemidos sem nenhum pudor. Foi então que mandou às favas a parca timidez e insegurança que ainda insistiam em lhe fazer companhia e se permitiu entregar-se por completo àquele momento, e desse ponto em diante os dois encontraram o ritmo perfeito, e em total sincronia se amavam com um êxtase sublime.

As faces incendiadas mantinham-se unidas pelas bocas, que em delírio se largavam apenas para recuperar momentaneamente o fôlego. Os cabelos emaranhavam-se um ao outro, tal qual as pernas fortes de Mu emaranhavam-se à cintura frenética de Shaka, cujos quadris agora ditavam um vai e vem cadenciado e vigoroso que ganhava mais força e agilidade a cada nova arremetida.

Quando depois de mais alguns minutos Shaka percebeu que aflito Mu abaixava uma das mãos até o próprio pênis, o qual sentia firme e ligeiramente molhado contra sua barriga, na intenção de tocar-se, ergueu o tronco e ficou de joelhos no colchão para facilitar-lhe o movimento.

— Não pare... por favor... não pare... eu vou... — gemeu em desespero o cineasta, sentindo o êxtase angustiante que precedia o orgasmo.

Ainda mais instigado o pianista agarrou-se à cintura dele e com um prazer que beirava o insuportável arremeteu-se com ainda mais força e vigor, sentindo o interior estreito e incandescente dele contrair-se com o mesmo furor e despudor do gemido rouco que se seguiu.

A força do orgasmo de Mu levou Shaka ao delírio. Era arrebatadoramente sublime a ideia de causar prazer sexual a outro homem, a Mu, e quando ainda sentia os doces espasmos do corpo convulso dele, quando ainda ouvia sua respiração agastada e ofegante, eis que infringiu ao corpo que agora jazia sobre a cama, lasso feito um felino adormecido, mais algumas fortes investidas, até que sentiu sacudir-se por inteiro por um orgasmo tão intenso que no instante em que explodiu lhe exauriu completamente as forças. Desabou nos braços macilentos que de pronto o acolheram num abraço terno e saciado.

Ainda ofegante Mu sorriu e beijou-lhe o rosto suado, sentindo uma felicidade que jamais experimentara antes.

— Foi... incrível! — disse com o sorriso aberto, enquanto aninhava os dedos nos cabelos loiros esparramados sobre seu peito. — Valeu a pena cada segundo de espera. Minha nossa!... Eu quero fazer amor com você para o resto da minha vida, Shaka. — estava no paraíso.

O pianista respirou fundo e lento.

— Que coincidência! — sussurrou em resposta, depois levantou a cabeça e ainda de olhos fechados deu uma mordidinha no queixo do namorado. — Porque eu também quero fazer amor com você para o resto da minha vida... Podíamos já começar agora, quero dizer... assim que eu recuperar as forças.

Mu olhou para ele com um olhar aceso e intenso. Quão adorável era o sorriso que ele lhe dava! Viu-se impelido a beijar-lhe as maçãs do rosto coradas. 

— Que safado! — riu com descontração, depois afastou os cabelos suados da franja dele que grudavam no hematoma acima do supercílio. — Insaciável. Gosto assim! — brincou lhe tomando os lábios.

Quando o pianista se retirou de dentro do estudante de cinema ele lhe pediu ajuda novamente com a camisinha, então pacientemente Mu o ajudou a retirá-la, deu um nó e rolando até a beirada da cama a jogou em um cesto de lixo que ficava ali. Quando voltou à posição em que estava aninhou-se no peito de Shaka pousando a cabeça sobre seu coração, ouvindo as batidas que agora eram bem menos turbulentas.

— Assim que memorizar onde fica cada coisa no seu quarto, a lixeira, principalmente, não precisará mais fazer isso, prometo. — disse o pianista enquanto afundava o nariz nos cabelos lavanda e fazia círculos com os dedos nas costas largas do namorado.

Mu riu dele.

— Deixa de ser bobo. Não me custa nada.

— Eu sei que não se importa, mas eu me importo. Não vou me tornar dependente de você como permiti que acontecesse com meu irmão... Tudo o que eu puder fazer sozinho, quando estiver comigo, quero que seja assim.

— Está certo, senhor pianista. — disse Mu levantando a cabeça para poder olhar para o rosto dele. — Mas, vamos considerar que foi a primeira vez que usou uma camisinha, portanto não deve se cobrar tanto. Quando tiver prática sei que fará tudo sozinho... E não deve me comparar ao seu irmão. Asmita o super protege, o sufoca, eu não. Eu quero ver você crescer e conquistar esse mundo com seu talento, sua música... Por falar em Asmita, temos um problema, você sabe, né?

— Isso aqui? — apalpou de leve o inchaço na testa que já tinha a forma de uma nebulosa em tons de roxo claro, púrpura e azul pálido. — Por Deus, Mu, eu sou cego!... Se eu disser a ele que bati a cabeça em um elefante pintado de rosa enquanto estava atravessando a rua próximo a um circo instalado no centro de Manhattan ele não tem por que duvidar.

— Vai mentir para o seu irmão? — Mu perguntou surpreso.

— Claro que vou! — Shaka respondeu com a tranquilidade de uma manhã de domingo. — Ou acha melhor lhe dizer a verdade? Que você tem um ex-namorado maluco e muito do mal intencionado que provavelmente agora tem a mim como seu arque rival. E que eu caí do jeito que caí, sem sequer ter reflexo para usar as mãos e amortecer a queda, porque estava meio bêbado e um tanto chapado de erva por tabela, isso tendo prometido ao meu pai que nem chegaria perto dessas coisas.

Mu tinha os olhos verdes arregalados e o semblante que era puro espanto.

— É... Acho que a verdade não é uma boa opção. — concordou dando de ombros.

— Não que eu esteja agindo de má fé. Apenas não quero você e Asmita brigando. — o pianista confessou. — Principalmente depois de saber que você é perito em artes marciais e tem esse problema aí, de cabeça quente... Por falar nisso, não gosto de pensar em você arrumando briga por ai. Me prometa que vai direcionar sua agressividade toda para o cinema, para sua arte. Tem tanta sorte de tê-la como companhia constante.

— Eu prometo. — Mu sorriu lhe acariciando os contornos do rosto.

Ficaram em silêncio confortável por um momento, sincronizando as respirações, aprazendo-se da letargia do pós sexo. Shaka com os olhos fechados e os ouvidos cativos no som do piano que enchia o quarto. Sem perceber seus dedos delicados e longos repetiam as notas na pele de Mu, em suas costas suadas. Se precisasse resumir em uma palavra o sentimento que o tomava naquele momento, certamente a palavra escolhida seria paz.

— Você é incrível, sabia? — Mu interrompeu o silêncio.

— Você também é. Somos incríveis! — brincou o pianista sorrindo.

— Nem acredito que estamos aqui, juntos. E posso dizer, com toda certeza, que você é um belo de um safado... Me deixou louco me apalpando daquele jeito. — confessou os devaneios de sua mente.

Shaka riu alto, depois virou-se para ele e lhe tocou o rosto fazendo uma carícia.

— Louco fiquei eu quando te vi por inteiro. Nossa, você tem um corpo perfeito! E é tão forte, tão quente... Sua bunda também é sensacional. — correu a mão pela lateral do quadril de Mu até alcançar-lhe as nádegas.

Sem que ele esperasse lhe deu um tapa bem ali.

— Aow! — o cineasta, surpreso, contraiu os músculos da pelves caindo na risada junto do pianista. — Abusado!

— Mas não foi sua bunda o que mais me chamou a atenção.

— Ah não? O que foi? Os meu dotes? — brincou lhe mordendo o queixo.

— Também, mas não exatamente... Suas panturrilhas me chamaram a atenção. São duras e fortes! E suas coxas são enormes! Deus! Para que tanto músculo?... Você deve me achar um fracote.

Mu encostou seu nariz ao dele lhe acariciando os ombros enfeitados por pequeníssimas sardas. Seus rostos estavam tão próximos que os cílios longos de ambos se tocavam e tremelicavam mediante o contato. As bocas em anelo sorviam do doce hálito trocado, enquanto distantes delas os pés se misturavam numa carícia mútua.

— Eu te acho perfeito, Shaka. Como o Apolo de Meynier e de Broc, já te disse isso uma vez. Lindo! — beijou-lhe suavemente os lábios vermelhos de morango suculento. A cada beijo eles lhe pareciam ainda mais doces. — O que são músculos perto dessa força incompreensível que vem de você... e que me mentem atraído até às raízes dos cabelos?

O pianista deslizou a mão pelo braço dele e lhe sorriu ternamente.

— Eu gosto dos músculos. — brincou, depois suspirou e assumiu um tom bem mais sério. — Como disse, eu gosto do conjunto completo. Gosto de tudo!

Mu achou graça, ao mesmo tempo sentia-se encantado por sua sinceridade.

— Gosta de tudo mesmo? — indagou-lhe virando de frente. Seus corpos, agora colados e encaixados um ao outro trocavam o doce calor da excitação que lhes batia novamente à porta, e que era satisfatoriamente recebida por ambos.

— Gosto. — Shaka confirmou misturando suas pernas às dele. — De tudo!

— Hum, é muito bom saber disso. — o estudante de cinema murmurou beijando-lhe o pescoço, então, sem que ele esperasse, escorregou a mão potente pela lateral do corpo e despudoradamente lhe apalpou as nádegas de veludo. — Porque me deu uma vontade diferente agora...

O pianista contraiu-se ligeiramente, surpreendido.

A neblina cinzenta que lhe usurpava a visão subitamente lhe revelou os contornos imaginários do rosto de Mu, enquanto os toques reais dos lábios quentes dele acariciavam os seus.

— Que sacana! Quando eu disse que gostava de tudo não estava me referindo a isso! — disse esboçando um sorriso, e deixou escapar um suspiro quando sentiu a ereção do cineasta, que rapidamente ganhava nova força e vigor, em contato com a sua.

— Você não quer? Não quer saber como é?

De olhos fechados o pianista sentia a respiração voltar a ficar acelerada, o coração novamente palpitar tresloucado, e em segundos era como ter o sol de uma tarde de verão dentro de si, a enche-lo de calor e de vida. A lembrança das mãos de Mu a correrem por seu corpo eriçando a pele, os sussurros, os toques, a entrega dele, o prazer do gozo vinham à tona em sua cabeça numa enxurrada de imagens, e pensando em tudo isso ele sentia-se arrebatado de paixão.

— Eu não sei... eu... — Shaka murmurou na boca de Mu, que faminta lhe sorvia o doce néctar do beijo. De repente, sentiu quando ele passou o outro braço por debaixo de sua cintura e agora, com as duas mãos, lhe explorava a carne macia das nádegas. As mãos dele, embora grandes e fortes, tinham um toque aveludado, cuidadoso. Os braços dele em torno de si lhe davam um aperto vigoroso, e a sensação de estar à mercê deles, e daquele corpo igualmente grande e másculo, lhe causavam frenesi. Ser tocado com delicadeza e respeito ímpares por um homem tão forte quanto Mu era algo que mexia consigo de uma forma que jamais seria capaz de mensurar.

— Tudo bem. Não vou fazer nada que não queira. Foi apenas uma sugestão.

— Eu quero!

A afirmação veio com a força e a certeza do nascer da aurora.

Mu interrompeu as carícias e os beijos, congelando seus movimentos no ponto em que estava. Com os olhos bem abertos analisou a face do pianista, pois que ao menor sinal de vacilo ou dúvida não prosseguiria com a ideia. No entanto, o que viu foram lábios arfantes que exalavam um hálito quente e doce em anelo, bochechas em brasa viva, e os olhos...

Ah! Os olhos de Shaka!

Como na primeira vez em que olhou para eles, sem saber ainda que enxergavam um mundo completamente diferente do seu, cintilavam exultantes, feito dois lagos de águas cristalinas.

— Tem certeza?

— Tenho. — Shaka respondeu firme. Embora as inseguranças e temores fossem dobrados em relação a ser o passivo no ato sexual, sabia que apenas nunca havia pensado nisso por pura falta de estímulo. Em sua casa, com a família, era como se a cegueira houvesse lhe suprimido a sexualidade, como se por ser cego não lhe coubesse ter libido ou desejo sexual, logo, o assunto não era discutido na mesa do café da manhã com o irmão, ou durante uma partida de futebol na televisão com o pai. Apenas lhes disse que talvez gostasse também de meninos, e a imediata aceitação de ambos muitas vezes lhe parecia mais fuga que compreensão. Felizmente seu namoro com Mu provou-lhe estar errado, porém a falta de diálogo continuou sendo uma realidade. — Eu quero ser seu de todas as formas, e quero que seja meu do mesmo jeito, Mu.

— Eu já sou seu, Shaka... Meu corpo é seu... minha alma é sua... E todo anseio que queimar o meu peito, todo sonho que eu sonhar, por onde os meus pés caminharem e aonde quer que eu leve meus olhos para que eles testemunhem o mundo que quero por nas telas do cinema, você estará junto comigo. Sempre comigo. Sempre você, eu e o piano. — disse Mu com brasa na voz. Um calor que lhe vinha do coração. O amor que sentia por aquele garoto em seus braços era tão grande que o percebia transbordar; escorria-lhe da boca em forma de palavras. Palavras que ansiava dizer a ele.

O pianista suspirou docemente, sentindo o corpo e o espírito tomados por uma excitação arrebatadora.

Nunca sentiu tanta pressa em viver como agora.

Imaginava a si mesmo deitado naquela cama sob a total inexistência do espaço, pois que sem este haveriam centenas de possibilidades, de lugares, de histórias que poderia viver ao lado de Mu, ao lado do grande amor de sua vida. Não havia passado, não havia mais culpa, dor, medo, rejeição; tampouco havia presente, o ex-namorado mal caráter, a família preconceituosa. Sem espaço e sem tempo um mundo de possibilidades era pintado nas telas de sua imaginação.

Ao menos naquele momento ele queria viver todas elas.

— Eu te amo, Mu.

— Eu te amo, Shaka.

No prelúdio do beijo o dedo indicador da mão suave do pianista contornou os lábios do estudante de cinema, que se abriram feito flor para receber a boca doce e impaciente. Após um breve momento Shaka sentiu Mu abraça-lhe com paixão e cobrir seu corpo todo com o dele. A sensação do peso sobre si lhe agradou bem mais do que esperava, mas esta não durou muito, pois que logo a boca do cineasta abandonou a sua para salpicar uma trilha de beijos ardentes por seu pescoço, peito, mamilos, barriga... Mu escorregava languidamente o corpo para baixo. O som dos beijos dele misturando-se à canção do piano e às próprias batidas de seu coração.

Gemeu acanhado quando sentiu Mu lhe segurar forte o pênis, então seus dedos delicados embrenharam-se nos cabelos lilases sedosos no mesmo instante em que sentiu a boca quente do cineasta mergulhar ávida entre suas pernas, lhe beijando os pelos pubianos loiríssimos que se aninhavam em torno de seu sexo, para em seguida engoli-lo de uma só vez.

Um arrepio forte chacoalhou seu corpo e lhe arrancou um gemido alto do fundo da garganta.

Pensou que enlouqueceria de prazer.

— Mu... — contorceu-se violentamente fechando os dedos nos cabelos que imaginava de um lilás sem muita exatidão. Certas emoções fortes por vezes o faziam confundir as cores, então o lilás ganhava nuances de rosa claro, ou um violeta terno, como a cor da camisa que Asmita usava no dia fatídico do acidente. Fora essa a última cor que enxergou com nitidez. Porém, agora, todos os tons de roxo viviam nos campos de lavanda e nos cabelos de Mu.

O estudante de cinema tinha consciência de seu papel, e o desempenhava com o furor dos apaixonados e o respeito dos amantes. Ele precisaria deixar o pianista confiante e relaxado, por isso se empenhava em estimula-lo, ainda que tal empenho não lhe fosse nem um pouco custoso, pois estava certo de que poderia passar horas degustando do sabor daquele corpo e da macies aprazível daquele sexo.

Enquanto a boca incansável prosseguia com os estímulos intermináveis, Mu alcançou a bisnaga de lubrificante e despejou um bom tanto nos próprios dedos para prepara-lo. A resistência no início fora recebida com naturalidade por ambos, por isso mesmo nenhum dos dois desistiu, e quando Mu julgou tê-lo preparado o suficiente, o fez deitar-se de lado, com a cabeça apoiada no travesseiro, e encaixou-se em suas costas. Beijou-lhe demoradamente a nuca, sentindo a pele acetinada dele se eriçar e seus ombros contraírem.

O pianista surpreendeu-se mais entusiasmado do que esperava ante a sensação do corpo viril colado em suas costas, do calor emitido por ele, e que parecia penetrar-lhe os poros aumentando ainda mais o seu, do cheiro, da masculinidade firme e ávida a roçar-lhe as nádegas. Ouviu quando um novo pacotinho de preservativo foi rasgado e nessa hora seu coração deu um salto e disparou. Cerrou os olhos com força e apertou os lábios, num misto de expectativa e medo, então vieram novos beijos delicados salpicados em seus ombros e pescoço.

— Eu te desejo tanto Shaka... com meu corpo... com minha alma! — Mu sussurrou próximo ao ouvido dele. — Não tencione seu corpo. Tente relaxar. Eu não vou te machucar. Prometo que vou bem devagar.

Ter consciência de que despertava desejo em um homem como Mu aumentou a excitação do pianista. As palavras dele também lhe deram a confiança que faltava, assim, respirou profundamente o ar perfumado de lavanda o expelindo pela boca na forma de um terno suspiro. Seu corpo relaxava aos poucos, e quando sentiu-se ser penetrado, a despeito da forte dor em nenhum momento pensou em desistir, pois que lhe estimulava a ideia e o êxtase de ser tomado por Mu, que cumprindo a promessa movia-se devagar, paciente, embora até para Hércules tenha sido tarefa bem menos custosa cumprir os Doze Trabalhos.

O corpo do cineasta era fogo puro, seu coração estava em brasa e sua vontade em ebulição! Com uma consumação que lhe fazia resfolegar acelerado e suar em abundância, se arremetia aos poucos, parando quando sentia Shaka se retrair. Nessas horas lhe tomava o pescoço perfumado com beijos afoitos e lhe instruía a relaxar, só então fazia uma nova investida.

Demorou um bom tempo para que Mu conseguisse estar por inteiro dentro de Shaka, mergulhado no mais profundo daquela carne trêmula, tão apertada e imaculada, no ponto em que seus corpos se fundiam de tal forma sublime que não se sabia onde terminava um e começava o outro, então nessa hora o abraçou com força, fechou os olhos e inalou o doce perfume de seus cabelos loiros, gravando aquele momento em sua memória. Queria se lembrar eternamente da sensação indescritível de estar dentro do homem que amava pela primeira vez. Levaria aquele instante para sempre em seu coração.

— Eu te amo... Shaka. — sussurrou, e o ouviu ressoar encantadoramente em resposta. O sentimento de pertencimento que preenchia sua alma era tão intenso que quase lhe marejou os olhos, porem a libido em ebulição suplantou tal arrebatamento.

Mu finalmente havia encontrado seu lugar no mundo, e este não era um local, tampouco um lar que o aceitasse como era, mas era ali, junto de Shaka, unido a ele.

Delirante de prazer, mas ainda devagar, iniciou os movimentos de vai e vem, retirando-se quase que por completo de dentro dele para depois arremeter-se novamente, até que teve certeza de que os gemidos que escapavam da garganta do pianista não mais indicavam somente dor, mas também êxtase, volúpia, entrega, só então imprimiu mais vigor à penetração, permitindo-se gozar do mesmo deleite. Shaka era diferente. Porém, não um diferente avesso, não diferente por seus olhos não verem o mundo da maneira convencional, mas diferente por despertar o que havia de melhor em si.

Dotados da incendiária libido e extraordinário vigor sexual da juventude, logo ambos mexiam-se no mesmo ritmo, em uma cadência acelerada e vibrante. Depois que a cabeça do pianista rompeu as últimas amarras deixadas pelo medo da dor e do desconhecido, seu corpo enfim pôde gozar livremente do ato sem receios ou quaisquer pudores, e ardendo em volúpia, no mesmo ritmo frenético que era penetrado agora Shaka também se masturbava, incentivado pelo namorado, que ora pousava a mão sobre a dele, acompanhando-lhe os movimentos, ora afastava ligeiramente o tronco para poder olhar para baixo, para o ponto onde seus corpos se uniam e se chocavam, gozando de um prazer arrebatador amplificado pelo estímulo visual.

Já Shaka não podia ver, mas o som do choque da pelves de Mu contra suas nádegas lhe instigava e estimulava na mesma proporção e de uma maneira que sequer um dia sonhara em experimentar, e após minutos prolongados de incansáveis e vigorosas investidas de Mu sentiu, delirante, o orgasmo se aproximar.

— Ah... Mu... eu... — Shaka gemeu alto e convulso.

Àquela altura já estava sendo difícil para o estudante de cinema segurar a própria libido. Sua pele em erupção suava em bicas, estava trêmulo, de excitação e de tensão, completamente enlouquecido de prazer, e foi com certo alívio que recebeu aquela confissão do amado.

— Por Deus, não segure... — implorou, quase em desespero. — Eu... Eu estou no meu limite...

Imediatamente após as palavras ditas quase em torpor, com um tranco forte Mu empurrou-se todo para dentro de Shaka, e ambas as ações fizeram o pianista gemer alto e explodir de prazer em seus braços, experimentando um orgasmo tão avassalador quanto o anterior, e que de semelhante forma lhe fez tremer o corpo todo e exauriu suas forças.

Agora, com a certeza de que fizera o homem que amava gozar da plenitude do prazer, Mu então se permitiu gozar da sua e deixou vir à tona o orgasmo. Este dessa vez fora tão magnífico que ainda sofrendo os espasmos do gozo riu ofegante, de olhos fechados, coração aos saltos, plenamente satisfeito e inebriado de amor, de paixão, de alegria e de paz.

— Ah... Shaka... — suspirou exausto.

Sentiu quando o pianista levou o braço para trás e tomando-lhe a mão cruzou seus dedos com os dele. Beijou-lhe com devoção o pescoço e os ombros suados, mantendo os corpos unidos.

Mu havia encontrado o todo em uma pessoa cujo sentido primordial lhe faltava.

Shaka o completava, ele era sua coragem, sua certeza, sua força, sua inspiração. Ele era o seu todo.


Notas Finais


Link para a imagem
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... Deu trabalho esse lemon..misericórdia. Então gostaria de pedir encarecidamente par quem chegou té aqui nos dr um feedback ..se gostou, se não gostou...bla bla.. pq é importante.

Beijooos (nota curta pq to atrasada e se não postar agora só manha.... fuuui)

Tumblr da Rosenrot com suas artes:
https://rosenrotstuff.tumblr.com/

Nosso grupo no face " Fics trio ternura" com informação extra, curiosidades e muito mais :
https://www.facebook.com/groups/1522231508090735/

Grupo do Mushakismo, espaço reservado apenas para Mu x Shaka:
https://www.facebook.com/groups/554678934699718/


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