História O pior professor que você conhece - Keep calm.

A tarde na casa do Brian passou rápido, ouvir os garotos ensaiando serviu como uma "distração", por um momento deixei de lembrar daqueles olhos azuis me olhando fixamente no dia do Manicômio...

 - E aí sweet, patrocina a gente ou não? - Matt sentou-se do meu lado no sofá do porão.

 - Ah, claro, deixa eu só ligar pro meu assistente e ele já vai depositar o dinheiro na conta de vocês! - Falei com tom de ironia e revirei os olhos em seguida.

 - Dinheiro não precisa, mas se quiser depositar um beijo na minha boca, nada contra. - Brian sorriu malicioso enquanto afinava as cordas da guitarra. 

 Matt o repreendeu com o olhar, mesmo sem entender a atitude do Brian. Na verdade só ele não entendeu.

 - Gente, eu preciso ir. - Me manifestei antes que algo saísse dos trilhos e levantei.

 - Eu te levo! - Ouvi Brian e Matt dizer em uníssono, CÉUS, O QUE EU FIZ PRA MERECER ISSO?

 - Não precisa, eu vou andando, preciso passar em um lugar que é caminho. - Sorri disfarçada, estava mentindo.

 - Sweet, tá escurecendo, certeza disso? - Matt parou em minha frente e eu assenti. - Confio em você. 

 Tive que ouvir mil e umas dicas de como reagir a um assalto, como não ser sequestrada, como não ser atropelada, e como xingar alguém que me paquere na rua, eu realmente não mereço isso. 

 - Agora eu realmente tenho que ir, seus malucos! - Ri vendo eles insinuarem um assalto. 

 - Espero que tenha entendido tudo direitinho. - Matt disse ríspido.

 - Principalmente a parte de xingar quem te paquerar. - Brian completou me olhando fixamente. 

 Assenti meio corada e me dirigi até a porta, me despedi deles normalmente, mesmo tendo que lidar com as provocações do Brian, inclusive um beijo no canto da boca sem Matt ver, foi inesperado e inevitável. 

Segui meu caminho pra casa. 

 Tentei me manter o mais calma possível durante o percurso, mas eu realmente estava com medo, já era noite e eu estava sozinha. 

 Segui com passos calmos, tentando não demonstrar medo, do tipo "Aquela ali sabe lutar ou tem spray de pimenta na bolsa, vamos mexer com ela não".

  Pra chegar até em casa eu teria que cortar pelo centro, há vários prédios luxuosos por lá, creio que não tem perigo, optei em entrar em um beco que passava entre dois prédios.

 Não era uma boa idéia, mas também não era a pior. 

 - Droga, por quê eu sempre esqueço do casaco? Maldito casaco. - Brigo comigo mesma como forma de distração.

 Dou um suspiro pesado e continuo a atravessar o beco que parecia não ter fim. 

Fecho os olhos e tento me acalmar, me convencendo de que nada aconteceria, mas logo sinto um par de mãos geladas puxando meus braços e logo senti uma parede fria em minhas costas.

 Eu temia em abrir os olhos, mordi o lábio com força suficiente para cortá-lo e logo ouvi. 

 - Isso não é lugar adequado pra uma donzela indefesa estar passeando achando que tem super poderes! - O tom de voz era ríspido, abri os olhos assim que o reconheci.

 - I-ian? - Suspirei aliviada ao saber que era ele, mas também fiquei receosa com tal surgimento. 

 - Não, o cara que quer te sequestrar, Carter! - Sua expressão era difícil de decifrar, mas deixava claro que ele não estava contente comigo. 

 - Você... Vai me sequestrar? - Falei com dificuldade, meu coração quase saia pela boca. 

 - Só se você colaborar comigo e não gritar. - Sorriu de lado e se aproximou encostando seus lábios nos meus, mas sem fazer nenhum movimento. 

 Fechei os olhos, parecia que meu coração explodir, eu estava ouvindo os meus próprios batimentos.

 - Mas não, eu não vou te sequestrar. - Revirou os olhos e se afastou.

 Corei imediatamente, mas me acalmei um pouco. 

 Fiquei calada e imóvel olhando pro chão.

 - Quer que eu te leve pra casa? - Franziu a testa e esperou uma resposta. 

Assenti, ainda quieta. 

 - Espere aqui, vou pegar meu carro.

 - Onde? - Me manifestei.

 - Meu apartamento é aqui. - Apontou com o polegar para o edifício luxuoso atrás dele. - Pode vir me fazer uma visita quando quiser. - Piscou pra mim. 

 Ian fez com um sinal para que eu o esperasse ali, e se dirigiu até a entrada do edifício. 

 Eu estava aliviada por saber que eu não estava mais em perigo, por saber que Ian tinha me achando, sendo que podia ser qualquer outra pessoa no lugar dele. 

 Fiquei ali, olhando pro edifício, esperando impaciente. 

 - EI, VOCÊ AÍ! - Uma voz grossa alarmou atrás de mim enquanto segurava meu corpo. 

 Dei um grito, um grito tão alto que eu jamais achei que conseguiria dar.

 Após o grito eu me joguei ao lado oposto do desconhecido, fazendo com que nós dois caísse no chão.

 - Droga, Carter. Não posso nem brincar! - Ian estava em cima de mim com um olhar furioso.

 - D-desculpa, e-eu me assustei. - Gaguejei desesperada. 

 - Fique quieta.

 - Me desculpa, eu não sabia que e-era você, não... - Fui interrompida por ele.

 - Dá pra calar a porra da boca? - Franziu a testa e me encarou.

- Eu só... - Comecei a frase mas logo fui interrompida com os lábios de Ian tocando os meus e sua língua preenchendo minha boca.