O vento estava suave e o imenso paredão de pedras parecia desafiador, mas se você fixasse os olhos um pouco mais no seu topo, lá em cima veria as flores abertas, lindas flores selvagens e rústicas, coloridas e frágeis naquela região, mas que na verdade eram fortes e destemidas pois sobreviviam ao tempo sempre tão inconstante da região, chuvas fortes, ventos, sol escaldante...Elas eram como os ômegas, aparentemente frágeis, mas notadamente fortes.
-Sasuke!! Achei mais uma, com essa são trinta e sete.
O jovenzinho sorriu encantado e se dirigiu com passos firmes e decididos até onde as cordas estavam colocadas, haviam estacas no chão a cada dois metros e meio e entre elas uma corda firmemente atada, por ela o jovem subiu, a montanha não era íngreme demais, mas o vento a medida que subia era perigoso, ele podia jogar um homem adulto lá de cima sem dificuldade alguma em uma rajada mais elaborada, imagine um ômega de um metro e meio leve como uma criança? Por isso as estacas e cordas, para a segurança de todos, principalmente de Sasuke.
-Você fez de novo! Subiu sozinho, quantas vezes eu tenho que dizer que deve subir somente acompanhado de um dos nossos guias, mesmo sendo uma subida curta é muito perigosa.
-Bobagem Obito, se você consegue eu também consigo, e depois tem as cordas, posso me virar sozinho por alguns minutos, não me encha e me mostre a caverna.
O seu primo rolou os olhos, ele nem mesmo tentou, era sempre assim, desde de crianças, ele podia ser o beta mais forte, mas Sasuke sempre vencia uma discussão sem nem mesmo fazer esforço algum e isso fez o outro rir.
-Certo, certo...Vem comigo, trouxe a sua lanterna? Essa pintura está bem funda, imagino que eles devem ter usado muitas tochas para conseguir luz ali, imagine como era? Fantástico!!
Obito era primo de Sasuke, oito anos mais velho, um beta, pesquisador de campo, com a arqueologia no sangue e um amigo querido do jovem ômega.
Eles entraram numa caverna onde alguns homens e mulheres trabalhavam delicadamente recolhendo pequenos caquinhos do meio da areia acumulada ali por séculos ou milênios, mas eles não estavam interessados nos artefatos, muito embora eles fossem importante, eles queriam as pinturas rupestres, elas diziam mais que tudo na pesquisa de Sasuke.
Sasuke tirou sua inseparável lanterna do bolso da calça cáqui que usava com muitos bolsos onde colocava a lanterna, celular por satélite, chicletes e outras tantas coisas, a luz difusa iluminou o ambiente enorme da caverna, o outro fez o mesmo e seguiu na frente, mostrando o caminho para o primo e amigo.
Passaram por pinturas de mãos nas paredes, mãos unidas, separadas, espalmadas ou distantes, demonstrando o tempo deles, suas alegrias e dores, haviam pinturas de animais e caçadas, dança e canto, as cores vivas ainda, apesar do tempo, mas protegidas na escuridão da caverna se mantinham tão vivas como no tempo delas.
-Ali, já fiz a marcação, é uma das nossas, essa é bem singular, observe de perto.
Sasuke se aproximou deixando a luz ganhar forma e se tornar quase viva na parede a frente e o que viu lhe abriu um grande sorriso, ali as pinturas eram mais elaboradas, eram finas, delicadas e mostravam pessoas provavelmente ajoelhadas no chão, a sua frente um outro homem, claramente mais pequeno, roupas vermelhas, pelo jeito bem rico, ele era um ômega e suas mãos se estendiam sobre seu povo.
-Um ômega e seu povo, veja só...Incrível.
-Como podemos ter certeza? Perguntou Obito analisando a imagem, mesmo de longe ele sabia que sim, era possível ver que era um ômega, mas as autoridades não iriam querer ver isso facilmente.
Sasuke se aproximou e olhou atentamente, depois sorriu para seu amigo.
-Ele está grávido, olhe nas vestes e no detalhe do botão dourado em forma de ramos de flores no ombro esquerdo, enquanto o direito está desnudo e a mostra, vê? Esse estilo de vestimenta era usado somente por grávidas e grávidos.
Obito olhou e realmente ele viu, o jovem na imagem era um ômega e isso era indiscutível.
-Tem razão, mas...Essas pinturas são diferentes daquelas, como isso se explica?
-É simples, eles evoluíram como povo, como nação e suas pinturas também seguiram esse rumo, bom, vamos catalogar e tirar fotos, notou algo novo nas outras pinturas das outras cavernas?
-Não, mesmo que tenham muitos ômegas entre a multidão.
-Certo, bom trabalho...Que tal descansar um pouco?
Obito sorriu, ele adorava a objetividade do seu primo.
-Sasu, eu me lembrei, a faculdade mandou seu assistente pessoal como solicitado no seu relatório.
Sasuke olhou para o amigo como se visse um alien a sua frente.
-Eu não pedi nada, que coisa!!
-Mas você disse que se tivessemos mais homens seria mais rápido, está na sua carta, eu mesmo li, lembra?
Sasuke riu, ele sempre pedia ajuda do primo para enviar suas cartas ao pessoal da faculdade, era uma exigência da instituição, nunca enviar relatórios pelos canais normais, como e-mail ou celular.
-Oh, aquilo...Eu só estava tentando avisar que temos o melhor sítio arqueológico dos últimos anos e eles podiam ajudar mais, alguns estudantes fazendo estágio seriam bem vindos, mas um assistente pessoal? Sério?
Obito riu e deu um tapinha nas costas do outro.
-Dizem que é um alfa lindo de quase um metro e noventa e todo malhado e cheiroso, imagine andar por aí com um gato desses?
-Você me disse que é um gato, eu não vi ele ainda e não tenho opinião alguma no momento...E dizendo isso o pequeno ômega deixou sua lanterna relancear a pintura e algo lhe chamou novamente a atenção, mas para ver ele tinha que estar mais perto e ser bem mais alto ou subir em uma escada.
Obito estava olhando também, tentando ver o que seu primo via e nem prestou atenção no alfa forte que entrou silencioso como um gato selvagem e se postou logo atrás do beta, analisando o mesmo detidamente.
-Puxa vida, odeio ser baixinho, pode me erguer um pouco Obito? Preciso ver uma coisa, é rapidinho.
Mãos fortes seguraram em sua diminuta cintura e ele foi erguido no ar quase como se não tivesse peso algum, ele riu e fez uma brincadeira com o primo.
-Credo, está usando esteróides agora? Desde de quando é tão forte? Perguntou enquanto analisava a pintura de mais perto, notando que o ômega usava no pescoço uma distinta pedra azul.
-Nunca usei esteróides senhor Sasuke.
A voz forte e completamente diferente de seu primo fez o pequeno corpo tremer imediatamente, ele sentiu um medo avassalador percorrer cada fibra de seu ser, e sentiu sem sombra de dúvidas um aroma novo no ar, um aroma gostoso, sedutor mas totalmente perigoso.
Naruto o colocou no chão imediatamente, ter sentido que deixou o pequeno assustado o fez recuar dois passos, sabia que era intimidador para qualquer ômega e para muitos betas e alfas, mas dentro de uma caverna com a fraca luz de lanternas podia ser bem pior.
Sasuke se afastou no mesmo instante que seus pés tocaram o chão, todo seu instinto ômega ativo e pulsante em suas veias, séculos de histórias apavorantes de como os alfas podiam ser perigosos, maus e violentos quando queriam cobravam seu preço a qualquer ômega, era uma memória coletiva involuntária que assombrava os pequenos e indefesos.
-Naruto não é? Você me assustou e assustou meu primo. Disse Obito tentando normalizar sua própria respiração, pois ele mesmo ficou chocado com a aparição do alfa ali, daquela maneira, mas notando o medo do seu primo preferiu acalma-lo rapidamente, pediria desculpas depois.
O alfa pigarreou para limpar a garganta, seca pela sensação incomoda de ter feito algo errado ao jovem e pequeno ômega, ele não teve a intenção, somente se sentiu compelido a ergue-lo no ar, pois foi o que ele pediu e seus instintos falaram mais alto.
-Desculpem, eu sou Naruto, o assistente do senhor Sasuke Uchiha e eu...Sinto muito, só queria ser útil. Falou e ofereceu a mão a um Sasuke ainda tremendo e afastado uns bons cinco passos, quase colado a parede e com a respiração acelerada, isso fez o alfa se xingar em pensamento, devia ser um crime assustar um ômega desses.
Sasuke recuperou um pouco o fôlego e andou devagar dando a volta em Naruto, sem tocar em sua mão estendida, os olhos fixos nele como se ele fosse um tipo de predador e enfim chegou até Obito se aproximando e tocando sua mão, procurando abrigo em alguém familiar primeiro, para só então ter coragem de falar.
-T-tudo bem senhor Naruto, mas...Não faça isso de novo, e me chame de Sasuke, mas eu acho que não preciso de um ajudante ou auxiliar ou seja lá o que for.
A voz macia de Sasuke estava trêmula pelo susto e ele apertava os dedos de Obito sem perceber, deu meia volta e andou a passos largos pela caverna desejando sair da escuridão rapidamente e o primo o seguiu em silencio, quando a luz do sol atingiu seus olhos ele agradeceu mentalmente por isso.
-Senhor Sasuke, espera...Disse Naruto se aproximando da saída, seguindo os dois e torcendo para não ser demitido logo de cara, antes de tentar realizar sua tarefa, seria uma imensa vergonha ser demitido no ato, antes de sequer tentar, um absurdo! Ele se infiltrou em gangues, roubou segredos de mafiosos e iria perder para um doce ômega? Não mesmo!!
-Senhor Sasuke, por favor...Espere.
Sasuke não parou até estar lá embaixo no acampamento e em segurança, entrou na barraca de refeições e se serviu de um copo de água fria, sentando em um banquinho e se acalmando devagar, odiava ser fraco, odiava ter medo, mas isso era da natureza ômega e ele não tinha como vencer isso, pelo menos até ter concluído sua pesquisa e descoberto como se defender de um alfa, se é que isso era mesmo possível, mas ele acreditava que sim.
Naruto entrou na barraca e viu Obito o analisando, não com a melhor cara do mundo, mas ele não disse nada, somente foi pegar água fria na geladeira que era mantida ligada por um gerador a gasolina.
-Senhor Sasuke, eu sinto muito, não queria assusta-lo, realmente sinto muito, eu vim da faculdade, sou engenheiro e pesquisador de campo amador, mas meu tio é um amigo pessoal do diretor e ele conseguiu o emprego para mim, gostaria que não me demitisse no meu primeiro dia.
Sasuke bebeu a água e se sentiu mais calmo, olhou pela primeira vez para o dono da voz forte porém gentil e o analisou criticamente, coisa que era na opinião de seu primo Obito assustadora, era como se Sasuke pudesse ver a alma do outro, desnuda-lo e disseca-lo, ele simplesmente sentia. Naruto realmente se sentiu encolher sob o olhar do pequeno e aparentemente doce ômega.
-Porque a faculdade me mandaria alguém assim? Eu preciso de estudantes, essa é uma expedição arqueológica, o que eu faria com um alfa engenheiro?
Naruto pensou e sorriu.
-Olhe, eu acabei de me mudar e estou realmente precisando trabalhar, meu tio me disse que sua segurança era importante, você sabe alguns alfas não respeitam os ômegas ainda, é um mundo cruel para um ômega desacompanhado, ele me disse que eu deveria cuidar de sua segurança e ajuda-lo em tudo.
Sasuke o olhou detidamente, esse alfa era lindo, absolutamente lindo de morrer, mas ele tinha algo que metia medo, e ele sabia mentir, isso ele tinha certeza, detectava mentiras facilmente e havia algo ainda nele que era definitivamente perigoso, mas o ômega não sabia o que era e claro que podia ser sua mente pregando peças com seu medo de alfas desconhecidos falando mais alto.
-Me diga a verdade e pode ficar aqui. Falou cruzando os braços.
O alfa achou que devia jogar uma última cartada e rezou para dar certo, jogou os braços para o alto, suspirou e deixou seu aroma alfa rodear o ambiente, uma tática que os alfas usavam sutilmente para conquistar e dominar, e ele esperava que desse certo ali também.
-Ok, seu pai me mandou, ele está me pagando para ficar de olho em você e cuidar de sua segurança, não tenho tio algum na faculdade e nunca vi o diretor, está bem assim?
Naruto viu o menor sorrir de lado, os olhos negros como a noite a suavizar calmamente.
-Imaginei...Meu pai sempre faz isso, ele sempre tem que ter alguém de sua confiança por perto, sabia disso Obito?
-Não, eu fui tão enganado quanto você! Juro!
Sasuke sorriu e seu sorriso era caloroso, como as manhãs de verão e era lindo.
-A verdade sempre te liberta, sabia disso Naruto? E por favor me chame de Sasuke, odeio esse jeito todo pomposo de falar com os outros...Informe meu pai que estou bem e que estou tendo progressos, embora eu ache que ele não vai gostar dessa parte, afinal ele vive de explorar os ômegas e minhas descobertas poderiam mudar isso, se eu tivesse sorte.
Naruto serviu-se de água e se sentou suspirando aliviado, foi uma cartada perigosa e ele tinha que informar o senhor Uchiha disso, mas estava satisfeito por enquanto, parecia que tinha ganhado a simpatia do jovenzinho ao ser quase sincero, porém não esperava ouvir do menor que ele sabia sobre os negócios do próprio pai, realmente ele era digno de nota, a maioria iria apenas viver no luxo sem querer saber de onde vinha o dinheiro.
-Porque acha que seu pai não iria gostar de saber que está indo bem, ele é seu pai afinal de contas.
-Oh sim, ele é meu pai e me ama, mas eu não sou o que ele deseja, em primeiro lugar eu sou ômega, como percebeu...Em segundo eu não vou me casar com o alfa babaca que ele escolheu para mim, e em terceiro eu sou inteligente e tenho ideias próprias e estou muito bem com isso, obrigado.
Naruto fez uma anotação mental de ser sutil com suas perguntas no futuro, mas agora ele tinha mais uma e era crucial saber a respostas, por isso foi direto ao ponto.
-Desculpe perguntar, mais o que seu pai faz realmente? Ele é um tipo de cafetão rico?
Obito tossiu nervoso com a pergunta direta, mas Sasuke apenas o olhou intrigado antes de responder.
-Sabe de uma coisa? Gostei de você, a maioria iria pegar o dinheiro que meu pai paga e ficar quieto, viver bem sem se importar se isso fere alguém...Pois ele é exatamente isso, um cafetão muito rico que explora a fraqueza dos ômegas e os submete a uma vida mediocre, mas...Não os prende, ele os mantém vivos e relativamente bem e de certa forma cuida deles, embora o dinheiro seja pouco para os ômegas não é tão ruim, existem lugares piores. E ele vende proteção a ômegas ricos, ou agencia seguranças para alfas podres de ricos manterem suas aquisições muito bem guardadas, é isso.
Obito revirou os olhos e se aproximou de Sasuke.
-Não fala assim do tio, ele não é mal, só soube se aproveitar do momento, e ele te ama de verdade e o tal Scott é lindo, se eu fosse você daria uns pegas nele primeiro e depois chutava a bunda dele.
Sasuke riu e se virou para um Naruto de boca aberta e pasmo com a sinceridade alarmante do pequeno ômega.
-Alfa, tá tudo bem com você? Parece meio pálido.
-Oh, sim...Quero dizer não! Sério tudo isso que falou? Você odeia seu pai?
-Claro que não! Ele é meu pai e eu o amo, mas não posso deixar de ver a verdade quando ela está na minha cara, mas ele não é um cara tão ruim, entende? Como eu disse tem piores, ele nunca deixa os alfas baterem em seus ômegas, e se isso acontece ele joga o alfa fora depois de alguns seguranças deixa-lo bem detonado e as vezes ele até deixa algum alfa comprar um ômega, quando eles se apaixonam de verdade, sabe?
Naruto achou isso realmente incrível.
-Mas tá tudo bem pra você isso? Afinal você é um ômega e me perdoe a franqueza mais não te incomoda?
Sasuke pensou e sorriu meio triste.
-Eu sou um ômega e claro que isso me incomoda, mas eu não posso mudar nada, sabe porque? Os ômegas não tem como se defender dos alfas, é uma realidade, somos mais fracos e isso nos deixa vulneráveis, eu acho que deve existir um jeito de equalizar isso, se os ômegas pudessem se defender isso seria diferente, o mundo seria diferente e eu acho que o mundo já foi diferente, se eu achar o elo para me guiar a essa descoberta eu posso fazer a diferença, este é meu trabalho, está é minha vida.
Naruto sorriu e levantou, deu a mão a Sasuke.
-Pois bem, eu acho que isso é besteira, mas eu ajudo no que precisar, carrego caixas, faço um maravilhoso macarrão com queijo e ainda posso te erguer bem alto para ver as tais coisas na parede das cavernas.
Sasuke riu alto, sua risada cristalina era magnífica e fez os pelinhos do corpo do alfa se arrepiarem inteiros, como se isso fosse um aviso de que era perigoso se aproximar desse ômega esperto e lindo, mas ele estava pouco se lixando para seus instintos, ele estava cego pelo brilho radiante desse menino ômega.
-Tá bom, o macarrão eu aceito e muito provavelmente vou pedir para carregar muita caixas, mas eu prefiro que me traga a escada na próxima vez, combinado? E Sasuke estendeu a mão pequena para ele, o alfa a pegou e fechou seus dedos ao redor da mão a cobrindo totalmente, sentindo suas terminações nervosas se aflorarem como se estivesse em pleno cio, ardentes, afiadas e estupidamente alertas.
-Tá bem, combinado...
O ômega realmente lhe deu caixas para carregar e eram caixas pesadas a beça, como se estivesse carregando pedras, mas ele teve que fazer duas paradas no banheiro do acampamento, sua tensão aumentou drasticamente a medida que via o menor andando de um lado a outro, dando ordens, rebolando aquela bunda perfeita numa calça caqui apertada e deixando seu aroma delicioso ser varrido pelo ar e ir parar bem no nariz do pobre alfa dilacerando suas estruturas sempre tão rígidas.
“Maldito ômega gostoso dos infernos!!” Xingou Naruto pegando mais uma maldita caixa pesada como o diabo e levando para uma caminhonete Toyota velha e toda riscada, mas quase morreu ao sentir o aroma perto e depois ver o menor saltar para dentro e lhe sorrir dando tapinhas no banco do passageiro.
-Hey Naruto, vamos comigo a cidade? Eu preciso entregar essas caixas, estão cheias de fragmentos dos sítios já catalogados e vamos colocar em uma exposição no museu.
Naruto tinha um certo receio em ômegas dirigindo, parecia tão errado, os ômegas eram doces demais para isso.
-Aperte o cinto, o terreno é meio acidentado e eu gosto disso.
Naruto riu e entrou.
-Deixe-me dirigir, tenho mais experiencia nesse campo, já dirigi muito em minha vida e as estradas aqui são realmente ruins.
-O que? É justamente porque as estradas são ruins que eu adoro dirigir aqui, que graça tem numa rua toda pavimentada e certinha? Vou avisando, coloca o cinto.
Naruto ia reclamar que ele odiava velocidade baixa quando a caminhonete arrancou deixando um rastro de poeira e muito provavelmente o estômago do alfa caído lá longe.
-Hummm, isso é demais!! Dizia Sasuke dirigindo feito louco pelas estradas de terra batida, com pedras, desvios e abismos chocantes a sua frente, os pneus cantando e derrapando e o alfa quase morrendo agarrado no banco do carro rezando para que eles chegassem logo.
-Sasuke...As coisas ali nas caixas vão virar pó se continuar assim!
-Não seja mole alfa, elas foram embaladas em espuma macia, posso saltar da montanha que elas continuam intactas, relaxa, a visão daqui é linda.
Naruto sentia a refeição matinal inchar em sua barriga, estava pasmo de ainda estar respirando e quase parou ao ver o abismo lá embaixo e as rodas derrubando cascalho que rolava por um caminho certamente fatal, seus dedos ficaram brancos ao se agarras ao banco de couro velho e seus dentes bateram uns nos outros vergonhosamente, porque ele nunca teve tanto medo na vida, até que o jovem ômega virou numa curva praticamente mortal e desceu uma rua mais calma, e de lá ele viu a cidade, linda e parecendo um cartão postal.
-Já acabou a aventura, que pena...E pensar que Obito vomitou a primeira vez que desceu comigo a montanha, que vergonha...Francamente.
O carro parou lá embaixo e o alfa desceu verde, se abaixou e vomitou o café da manhã num arbusto, quando conseguiu se erguer viu os olhos negros faiscantes a encara-lo.
-Pode querer isso, eu sempre carrego comigo, tome...
Sasuke ofereceu um copinho descartável com enxaguante bucal ao alfa que aceitou grato, fez o bochecho e jogou o líquido fora se sentindo melhor.
-Você é um suicida no volante cara!
-Não, eu sou bom no volante, só isso, vamos? Tenho que chegar na faculdade, o museu fica lá.
Naruto vacilou olhando o carro cheio de poeira.
-Como dirige na cidade?
Sasuke revirou os olhos.
-Sou super certinho, juro! Vou andar devagar, prometo.
Um sorrisinho no rosto de Sasuke fez o alfa aceitar o desafio com medo, mas ele era um alfa ou um rato?
“Um rato...” Pensou Naruto e entrou no carro, morrendo de medo, mas o ômega dirigiu calmamente pela cidade, impecavelmente até chegar no destino.
-E aí alfa, pronto para descarregar uma caixas?
-Se me contar sobre sua pesquisa eu topo, mas quero saber mais sobre tudo isso e os tais desenhos nas paredes.
-Pinturas rupestres...E elas vão me levar aos descendentes desse povo e quem sabe ao seu segredo.
Naruto tentou se focar em tudo que Sasuke contava, surpreendentemente tudo fazia sentido, mas ele não conseguia se focar direito, não quando aquela boquinha se mexia pecaminosamente com lábios vermelhos como morangos e quando aquela maldita bunda rebolava para lá e para cá, no fim tudo que o alfa entendeu foi que o ômega tinha certeza que estava no caminho certo.
“Estou perdendo o foco...Foco...Foco...Maldita bunda perfeita!!”
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