‘’Havia um monte de lágrimas que eu tinha que chorar por um monte de batalhas que deixaram-me golpeada e ferida. Agora eu estava estilhaçada por ter meu coração rasgado em dois. Eu estava quebrada, eu estava quebrada. Houve um monte de vezes que eu tropecei e me esmaguei. Quando eu tinha apenas anos até a minha última chance. Muitas vezes quando eu estava tão convencida de que eu tinha acabado, eu tinha acabado. Mas eu tinha que cair, sim. Para subir acima de de tudo.’’ ― Rita Ora (Grateful)
Nova Jersey - Estados Unidos.
24 de maio de 2013.
Há um mês estamos aqui em Nova Jersey e cada dia que passa, tentamos nos habituar a essa cidade. Na primeira semana foi estranho, isso não posso negar, mas agora, eu e a Aubrey estamos gostando. Às vezes, quando eu não estou indisposta nós sempre saímos por aí para conhecer mais os lugares.
Todos os dias também ligo para a minha mãe para lhe dar notícias minhas e de meu bebê que a cada dia que passa está grande.
Aqui também já fui a primeira consulta do pré-natal ontem e está tudo bem com a minha princesa. Conforme a médica a minha filha está crescendo saudável a cada semana e isso enche-me de alegria.
Estou grávida de vinte e duas semanas, ou seja, seis meses. A minha barriga está bem visível e todos que olham para mim, dependendo da roupa que eu esteja, conseguem ver claramente que eu estou grávida. Eu também engordei bastante durante esse último mês e a Aubrey disse-me que é porque estou comendo bastante, mas fazer o que se eu realmente sinto mais fome agora.
A falta de ar e azia também são mais constantes. Às vezes, eu sinto as minhas mãos e meus pés levemente inchados, mas ontem durante a consulta a doutora disse que é normal que eu sinta estes sintomas durante esse novo mês. Como o bebê ainda não mexeu, eu apenas sentia alguns tremores em ritmo de vaivém bem rápido, que assemelhavam-se como se estivesse borboletas voando em meu abdômen e isso acontecia sempre quando ia dormir, ela disse-me que ela irá começar a chutar agora e eu vou poder conferir a intensidade dos mesmos ao colocar a minha mão sobre a minha barriga. Pediu para que eu não estranhe os movimentos, nem as trocas de posições que vai acontecer e que isso significa que eu tenho um bebê saudável dentro de mim. Deixou-me ciente também que os movimentos, às vezes, irão me incomodar, principalmente à noite quando estiver buscando uma posição melhor para dormir.
Ela incentivou-me também a falar muito com a minha filha já que a mesma nesse mês já começa a reconhecer a minha voz. E eu estou sempre conversando com a minha menina, de vez em quando, até canto para familiarizá-la com a minha voz.
A minha pequena também já mede 28, 8 cm da cabeça aos pés, pesa 410 gramas e é do tamanho de um mamão.
Uma coisa que encantou-me ontem quando a médica falou foi que ela disse que as pálpebras de minha filha estão formadas, mas ainda estão fechadas e que abriram só por volta de vinte e oito semanas. Entretanto, já consegue franzir as sobrancelhas e o seu rostinho está todo formando e isso eu pude comprovar quando ela entregou-me a foto do ultrassonografia.
Desde ontem eu não paro de olhar a mesma.
Uma batida é depositada na porta de meu quarto. Eu estou sentada em minha cama, após o maravilhoso café da manhã que tive ao lado de minha amiga que só porque eu senti vontade de comer uma torta de abacaxi, ela fez uma especialmente para mim. E eu amei, estava maravilhosa.
A Aubrey tem um dom para cozinhar que encanta-me.
― Está quietinha hoje ― ela fala, sentando-se na ponta de minha cama vendo que eu ainda estou com o pijama revestido de margaridas ― Está sentindo algo? Não tenha receio, eu estou aqui para ajudá-la.
― Fica tranquila ― asseguro-a ― Eu estava apenas pensando e recordando-me da consulta de ontem. Cada dia que passa, eu sou mais apaixonada por minha filha. É cada pequeno detalhe que fascina-me.
Vejo-a sorrir calorosamente para mim.
― E eu estava aqui pensando que já estou com vinte e duas semanas. Estou esperando uma menina ― acaricio a minha barriga ― E acho que já está na hora de escolher um nome para a minha mocinha.
― Isso é verdade.
― Eu pensei em Tessa ― falo, mas acabo negando com a minha cabeça, não gostando desse nome que pensei por um mês.
― Crystal ― ela sugere, e eu nego ― Julieta? ― continua, e eu retorço o meu rosto em uma careta. Nunca que vou colocar um nome em minha menina que seja a inicial do nome do homem que a rejeitou.
― Não.
Fico alguns minutos escolhendo os nomes com a Aubrey, mas nenhum agrada-me. Citamos tantos nomes, mas eu acabei recordando-me de um livro que li na adolescência que se chama ‘’Dois a Dois’’ e quem escreveu foi um de meus escritores favoritos. O Nicholas Sparks. O homem que na minha adolescência, arrancou-me os sorrisos e choros mais verdadeiros, me fez vibrar com os seus diversos romances e histórias brilhantes porque Sparks realmente sabe mexer com o coração de um leitor e isso eu posso comprovar bem.
Em Dois a Dois conta uma história linda, mostra o quão poderosa a relação entre uma família pode ser, e quão bonito é o amor de um pai com sua filha. O que mais me encantou no Russell. O protagonista, foi a forma que ele encontrou e apreendeu a cuidar de sua pequena filha.
Os personagens verdadeiramente envolveram-me de uma maneira incrível, e sem dúvidas, a London, a filha do Russell. Uma garotinha de apenas seis anos de idade no livro, é a minha personagem favorita. E por achar esse nome tão lindo e amável, darei a minha filha também.
― Já sei o nome ― falo para a minha amiga.
― Qual? ― pergunta animada, sentando-se novamente na cama, depois de já termos procurado milhares de nomes.
― London ― sorrio ao pronunciar o nome e a minha amiga faz a mesma coisa, acredito eu por ter achado lindo também.
Com a mão ainda em minha protuberância, eu experimento uma sequência intensa de movimentos seguidos. A minha filha está chutando pela primeira vez. Abro a minha boca tentando dizer algo, mas nada sai, apenas lágrimas caem de meus olhos ao sentir os movimentos intensos de minha pequena.
― O que está acontecendo? ― Aubrey pergunta, olhando-me assustada e visivelmente preocupada.
― Ela está mexendo ― digo abobalhada com toda essa sensação que é algo incrível para eu vivenciar ― Ela gostou do nome ― meu sorriso aumenta de tamanho ao sentir a minha filha vibrar animada em meu ventre.
Minha amiga aproxima-se, colocando a sua mão direita sobre a minha barriga sentindo o quanto a minha mocinha está agitada. Ela acaricia e os movimentos se intensificam, parecendo que a mesma está a se alongar dentro de mim, mas em questão de segundos os movimentos vão diminuindo até que ela para.
― É tão lindo! ― meu sorriso se enlarguesse ao ouvir isto de minha amiga ― E realmente ela amou o nome.
•••
É fim de tarde.
Olho da janela aqui de meu quarto o dia lá fora. Não há mais sol e é sempre neste momento que eu costumo ir até uma praça que tem próxima aqui de casa. Gosto de ir até lá para praticar uma caminhada leve. A minha médica deixou bem claro que a prática de exercícios físicos durante a gravidez é importante.
E sempre que caminho ao ar livre, me sinto melhor.
Termino de amarrar os cadarços de meus tênis e ouço o meu celular tocar. Corro até mesmo e pego vendo o nome de minha mãe brilhar no visor, fazendo-me sorrir largo. Ela já ligou hoje pela manhã. Minha mãe costuma ligar sempre duas vezes ao dia para saber como estamos.
― Oi, mãe ― digo animada, com a minha garrafa em mãos enquanto já desço as escadas indo até a sala onde encontro a Aubrey assistindo o seu programa de TV favorito que costuma passar sempre dia de hoje.
― Qual o motivo dessa animação toda?
― A London chutou pela primeira vez hoje ― digo toda feliz, e ouço um sorriso seu escapar do outro lado da linha.
― Que maravilha! ― exclama feliz ― Então quer dizer que o nome de minha netinha é London?
― Sim.
― É um nome tão lindo e amável.
Continuamos a conversar sobre o nosso dia. Pergunto sobre o meu pai, porque a última vez que falei com ele foi ontem à noite. Ela contou como foi o dia no trabalho hoje e disse como sempre que está morrendo de saudades. Informou-me, que o meu pai está eufórico dizendo que vai mandar arrumar um dos quartos de nossa casa para a minha filha, para quando a gente for visitá-lo, mesmo que ela não vá morar lá, ele quer que ela tenha um quarto só dela. Fiquei boba com isso. É tão bom saber que a minha filha está sendo esperada e muito amada. Ela não vai ter um pai presente. O amor de um pai que tão importante quanto o da mãe, mas eu vou fazer de tudo para nunca falta-lhe amor e por isso serei pai e mãe ao mesmo tempo. Também sei que amor por parte da Aubrey e de meus pais nunca vão faltar.
― Aubrey, estou indo ― falo vendo as horas em meu celular, após finalizar a minha ligação.
― Não quer que eu vá com você? ― tira os olhos da TV e traz até mim que nego com a cabeça.
― De jeito nenhum.
― Cadê a água? ― pergunta preocupada, e eu levanto a minha mão esquerda com a minha garrafa verde.
Mando um beijo para ela que sorri e volta a mirar a TV com paciência.
Do lado de fora, eu começo a caminhar em direção do portão de nossa casa. Não é um lugar tão grande. A Casa possui dois andares, há três quartos, todos com banheiros, duas salas, uma cozinha e um escritório no andar de cima. Se fossemos eu e a Aubrey, iriamos escolher uma casa menor, mas o meu pai disse que só concordaria com a minha viagem, se caso escolhêssemos uma casa que ele julga ser confortável para nós três.
Começo a andar tranquilamente em direção da praça que fica a vinte minutos daqui caminhando a pé.
Só de lembrar do sorvete de Abacaxi que costumo a tomar sempre em uma das sorveterias que fica do outro lado da praça, eu sinto vontade. Começo a salivar já podendo reconhecer o sabor delicioso que o mesmo possui. A minha amiga diz que não tem graça, antes eu também não achava muito, mas desde que fiquei grávida tem sido o meu sabor favorito de sorvete.
Passo a minha língua sobre os lábios.
― Boa tarde ― a moça que sempre me atende caminha em minha direção sorrindo amigável. Ela já me conhece de tanto que eu costumo vir aqui, às vezes, chega a ser duas vezes no dia quando a minha vontade bate ― O mesmo de sempre?
― Boa tarde ― respondo ― Sim, o mesmo de sempre, ou melhor, coloca dois sabores. Abacaxi e chocolate ― dou de ombros, hoje deu vontade de variar os sabores ― Tem banana? ― Indago, sabendo que lá vem mais um desejo louco.
― Sim.
― Então, ponhe uma banana cortada em cubos ― ela termina de anotar o meu pedido e saí deixando-me sozinha, esperando ansiosamente por meu delicioso sorvete.
Após cinco minutos, ela vem, entrega-me o meu pedido e eu passo a tomar com todo gosto do mundo.
A combinação ficou realmente incrível.
A London começa a movimentar-se mostrando que está satisfeita com o sorvete, mas eu ainda não que acabo pedindo outro maior que chega logo e eu tomo em instantes.
Limpo a minha boca, pago e saio rapidamente do estabelecimento.
Chegando no parque por ser uma sexta-feira à tarde, posso ver várias crianças brincando na grama. Outras em alguns brinquedos e algumas jogando bola com outras crianças que esbanjam sorrisos verdadeiros. Paro por alguns instante olhando essas crianças e sabendo que daqui a alguns anos a minha filha irá estar correndo por aqui com um lindo sorriso também.
Sorrio. Já imaginando a minha garotinha de cabelos loiros.
Uma outra cena chama a minha atenção. Há um pai jovem ensinando uma garotinha de cabelos pretos a andar de bicicleta. O Homem olha orgulhoso para a mulher ao seu lado, que eu julgo ser a sua esposa. Ele sorri para ela ao ver a filha progredir em sua pequena bicicleta cor de rosa.
Abaixo a minha cabeça, sabendo que eu nunca vou dar um pai a minha filha. Minhas lágrimas descem por meus olhos ao sentir uma agonia ao saber que a London vai crescer. Vai para a escola e vai me perguntar sobre o pai dela. Sobre o homem que a rejeitou quando ela ainda estava em meu ventre.
Eu não quero mais pensar nele, mas agora foi inevitável.
Chorando, eu saio correndo com as mãos em meu rosto e acabo sentindo o impacto de outro corpo com o meu. Abro os meus olhos vendo que esbarrei-me em um homem branco, alto, de cabelos pretos e com algumas tatuagens em sua pele. Ele está vestido por uma bermuda Jeans casual, camisa regata branca e em uma de suas mãos está uma garrafa de água.
― Desculpe! ― peço ainda mirando-o, e envergonhada limpo as lágrimas que escorrem de meus olhos azuis.
― Não precisa, desculpar-se, moça ― fala educado, estendo-me uma lenço que acaba de tirar do bolso de sua bermuda ― Acidentes acontecem.
Pego e limpo as minhas lágrimas.
― Você está bem? — seus olhos descem para a minha barriga onde ele olha por alguns segundos ― Se quiser, eu posso levá-la ao hospital.
― Obrigada! Mas não é preciso ― digo sabendo que foi apenas um esbarrão e eu não cheguei a cair.
― Então tudo bem, jovem ― fala calmo ― Qual o seu nome?
― Meu nome é Beatrice e o seu?
― Prazer, o meu nome é William Baldwin ― o lindo moreno de olhos castanhos claros, estende a sua mão em minha direção, cumprimetando-me educadamente e eu retribuo o seu ato de educação.
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