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História O preço do prazer - Hostage of fear


Escrita por: _Janna

Notas do Autor


Yooooooooooooooooooooo, voltei pra continuação dessa treta meu parça!!

Já notaram que a fic entrou em um momento delicado, né? Então... Sei que deixei muita gente no escuro, mas foi intencional, eu quero é ver a reação de vocês nos cometários. E quem fez suposições, erraram, acertam? hahaha
Me conta lá embaixo!

Boa Leitura!!!!

Capítulo 12 - Hostage of fear


Calafrio, um frio na espinha, tremor nas pernas, sensação de imponência. Corpo tremendo. Mais fria que gelo.

Sensação de sufocar. Sensação... Sensação de sufocar. Uma corda grossa e firme presa na minha garganta, sensação de sufocar. Rosto queimando e olhos que parecem que vão sair da orbita diante da pressão em minha cabeça, da sensação de sufocar. Fria, garganta ressecada ao ponto de gastar quando engulo em seco.

Num rompante abro os olhos acordando daquele sono forçado num grande susto. Pisco rapidamente com a respiração extremamente irregular, meu peitoral sobe e desce a medida que olho para os lados tentando entender o que está acontecendo, e aquela frase clichê dos filmes de pessoas em situações iguais se passa em minha cabeça: Onde eu tô? 

Involuntariamente meus olhos se enchem d'água e sinto o gosto metálico em minha boca, minha garganta está muito ressecada. Tanto que até respirar é difícil, o ar que adentra minha boca sempre que o puxo é gelado. Meu corpo tem reações diversas, sinto vertigens e uma forte taquicardia sempre que meu coração bate. É a sensação de como ser a única vez que o fizesse.

Me percebo com uma tremedeira e suor frio que umedece meu rosto e pescoço, pareço ter acabado de acordar de um pesadelo terrível, mas algo em mim grita que eu na verdade acabei de acordar para ele. Então tento me politizar em engolir o choro e respirar um pouco. Mesmo que pareça a coisa mais difícil do mundo no momento, e talvez seja. Lentamente minha visão foca sem embaçar e me noto sentada em uma cadeira com as mãos amarradas para trás no que parece ser um cano ou uma pilastra atrás de mim, as cordas firmes em meu pulso me faz lamuriar um pouco de dor ao tentar inutilmente me libertar. Entretanto, ainda mantenho-me em alerta sobre eventuais aparições indesejadas. Puta que pariu, como eu vim para aqui?

— Tenten... — uma voz grave atrás de mim sussurra. Abafo o grito ao olhar por sob o ombro e ver a cena de Neji também amarrado sob uma cadeira com as mãos atadas atrás do corpo. Ele está com a cabeça baixa e ergue um pouco ao perceber que o mirava, porém sem ainda me olhar diretamente. 

Horrorizei-me ao notar que o canto esquerdo do lábio do Hyuuga sangrava e a pancada na têmpora já começava a ficar roxa.

— Ah meu Deus, Neji, o que aconteceu com você? — indago receosa ao ver seu olhar cansado. Diferente de mim, o Hyuuga já parecia estar acordado há um bom tempo, mas algo me diz que seus momentos desperto não tinham sido nada bons.

Sinto um toque de dedos longos se aninharem aos meus e por um momento me acalmei, passando um pouco do terror anterior. Aquelas mãos, eu as reconheceria em qualquer lugar.

— Não se preocupe... Isso é o que acontece com quem come a mulher dos outros. —  responde e sinto uma grande interrogação se formar em minha cabeça. Como?

— Por que está falando isso? E você... Você tá todo machucado, está bem? — sei que minha pergunta parece idiota perante a situação. Nenhum de nós dois estamos bem, mas minha preocupação é maior. Querendo ou não ele é tão vítima quanto eu, e, aparentemente ele tem as respostas que preciso.

Ouço um riso com uma dose de escárnio escapar de seus lábios, então finalmente ele me olha e nossos olhares se cruzam, vi seus olhos brancos me encararem com algo que não captei. 

— Não como eu gostaria de estar, mas estou. — ele responde desviando a atenção e fechando a cara. Ficando sério num rompante. — Não precisa se preocupar, eu estou bem. — disse sem emoção e um nó se formou em minha garganta ao pensar que ele estava apenas tentando parecer forte. Mordo o lábio inferior com o pensamento, o que será que aconteceu enquanto eu estive desacordada? E que papo era esse de comer a mulher dos outros? Porra Neji, o que caralho tu fez? 

— O que quer dizer com isso? — pergunto o mirando intensamente, sei que Neji está escondendo algo. Mas ele prefere ficar calado e isso me irrita, eu já estou fodida demais pra ter alguma paciência em aguardar a boa vontade do Hyuuga. — Caralho me responde! — exclamei mais alto e ele voltou a me fitar, seus olhos soltavam faíscas, parecia irritado e eu quero que ele se dane. — Eu tô aqui por sua culpa. — acusei e vi a chama nos olhos brancos apagarem o mesmo instante, se tornando opacos. Assim como sua expressão vazia. Ele recebeu minha acusação em cheio. Eu tô pouco me fodendo em ser rude ou gentil, eu preciso de respostas. — Você me deve explicações do que tá acontecendo. — disse sentindo minha boca vacilar e meus lábios tremerem, baixei os olhos um pouco e voltei a fitá-lo quando ele desviou sua atenção de mim e engoliu em seco.

— Me desculpe, eu... Você tem razão. — sua voz era distante, grave, como se fosse difícil cuspir as palavras. Sei que ele está com raiva, só não sei de quê e algo me diz que não é de mim. 

— O que que está acontecendo? — perguntei de novo, sentindo minha voz vacilar quando minha mente traíra começou a passar inúmeros filmes de como aquela situação acabaria. — Pelo amor de Deus, Neji. Quem trouxe a gente pra cá!? — meu tom foi choroso e acho que isso aumentou sua culpa de alguma forma. Eu estou apavorada, não consigo esconder. Não é algo que dá pra camuflar quando seu corpo treme e falar é algo difícil. 

Me sinto mal, me sinto muito mal por de certa forma piorar a situação pra ele. Entretanto arrancar as informações do Hyuuga era essencial pra que pelo menos eu tentasse buscar um pouco de paz em mim. Talvez não fosse pior do que eu pensava. Talvez. Em situações extremas, não saber o que está acontecendo é mais ruim porquê sua mente não para nem por um minuto. E a minha já tá cheia demais. Cheia demais pra qualquer coisa.

Vejo seu olhar fixo no chão e sua boca vacilar por um momento, tremendo. Engulo em seco me perguntando o significado daquilo.

— Seu nome é Inuzuka Kiba. Ele é o filho mais novo da corporação dos Kiba's, uma grande associação recém formada em Nova York. — ele disse com a cabeça baixa, os cabelos longos cobrem parcialmente seu rosto. Franzo o cenho perante a resposta.

— Inuzuka Kiba? — indago mais pra mim que pra ele. — Nunca ouvi falar... — confesso olhando de canto, pensativa. O movimento dele de virar um pouco o rosto e me olhar de soslaio me chamou atenção. O Hyuuga parecia estudar minhas reações e aquilo estava aumentando gradativamente minha taquicardia. — E o que aconteceu? — quando questiono, seus olhos se fixam nos meus e está claro que ele não está feliz com a situação. Estava pronta para rebater outra vez, mas ele começou:

— Em uma das festas que a família Kiba organizou para tentar o apoio dos Hyuuga's, nós nos conhecemos... — ele desviou o olhar e não sei se estava com vergonha ou culpa, mas sua cara de rapariga desbocada me levava a crer que seja lá o que tenha feito, ele não se arrependia. — Conheci também a esposa dele, uma mulher da mesma faixa de idade que você, eu acho. Eles casaram cedo pelo que soube. — bufei com cara de tédio já imaginando onde aquilo ia parar. Mas que belo filho da puta, hein? — Você já deve saber, eu comi ela e a garota enlouqueceu. — levantou a cabeça ficando com a postura ereta, mas não desgrudei meus olhos dele. — Ela queria continuar me encontrando, mas nossa família não fechou o acordo então isso se tornou complicado...

— Então você contou a ela? Contou a ela que trabalhava naquele bordel? — o interrompi e ele me olhou de soslaio, como um adolescente birrento que leva bronca da mãe e não aceita. Trinquei os dentes ao ter seu silêncio como minha resposta. — Francamente, Neji. Não transa com virgem, mas transa com mulher casada? — ele fechou ainda mais a cara, porém não liguei, eu só queria esfregar essa cara fodidamente bonita num chão de vidro quebrado. Tudo isso que está me acontecendo é culpa desse imbecil. — Disse que virgem é problema, mas mulher casada não?

— Já sei, já sei! — ele se irritou bradando contra mim, mas não me intimidei, eu ia exalar um pouco dessa tensão acumulada dentro de mim. E se não fosse espancando ele como eu realmente quero, então ia ser com palavras. Mesmo que eu me arrependa depois, afinal, quem sou eu pra abrir minha boca? Bom, eu não estou dando pra nenhum homem casado. 

— Sabe!? — aumentei meu tom de volta, mas não o suficiente pra gritar. — Sabe agora ou ontem? — me referi ao fato de já estarmos fodidos por culpa da merda dele. Meu Deus, eu sou nova demais pra acabar assim, o que foi que eu fiz pra merecer isso?

Num rompante sinto minha taquicardia piorar, a intenção de melhorar meu pânico foi pro ralo e o pensamento do que aquele maluco poderia fazer com a gente me apavorava cada vez mais. Estou tremendo, suando frio outra vez.

— Ela começou a ir pra lá. — sua voz voltou a ser mais branda. Ele voltou a fitar o chão. — Mas ela começou a ficar maluca, ela queria exclusividade, que eu só transasse com ela e disse que pagaria pra isso. Mas eu não quis, não tinha nada de estar me prendendo a uma mulher só. — riu com certo desgosto e franzo o cenho, não compreendendo sua piada interna.

— Continue. — incentivo também tentando passar mais calma e confiança na voz, embora estivesse como pavio próximo da pólvora dentro de mim.

— Então ela começou a vir com cada vez mais frequência, dia após dia, chegava cedo e saía quando o sol já estava alto. Eu não me opus e nem rebati, só deixei que ela viesse. — falou balançado um pouco os ombros em sinal de indiferença, fechei o semblante. Neji era mais frio do que se pensava. Aparentemente para eles as pessoas eram lixo e as mulheres apenas um depósito de esperma. Filho da puta. — Se era sexo que ela queria, era sexo que eu ia dar. Apenas. — ele semicerrou os olhos, como se toda a cena passasse por sua cabeça outra vez. — Mas o sexo virou obsessão e ela foi diagnosticada com ninfomania. O Inuzuka estranhou, já que eles nunca mais tinham... transado. — riu de novo, dessa vez provavelmente da cara do corno. Tsc, idiota, o corno da vez tá com a vida da gente na corda bamba. — Então deve ter investigado e chegado até mim, ele me ameaçou caso eu não parasse de atende-la, disse que ia me expor. Mas eu não tava nem aí, era meu trabalho e era ela quem vinha até mim. Respondi que se ele o fizesse iria manchar o próprio nome, ia ser o corno do ano e o mandei aprender a colocar coleira na cachorra dele. — riu ainda mais, como eu pensei, esse idiota não se importa com os outros. Ele é um sádico. Um sádico fodidamente gostoso. — Mesmo depois disso ela continuou a vir e a gente transava. Era só isso, até ela também ficar obcecada por minhas outras clientes, ela perseguia cada uma delas e as ameaçava. Eu tive um certo desfalque com meu salário extra. — não me segurei ao entender a piada. Desgraçado, como ele ousa me fazer rir numa hora dessas? Reviro os olhos sentindo raiva de mim mesma por me deixar leva. Apesar de tudo eu adorava esse jeito dele. — E aí... — ele se cala fechando o cenho e olhando pro chão outra vez. Aguardo alguns instantes, mas ele não diz nada.

— E aí? — indago e seus olhos se cruzam com os meus quando ele levanta o olhar. Sei que tem algo que ele não quer me contar, ai que porra, agora eu tô mais curiosa do que preocupada.

— E ai que faz algum tempo que não nos vemos. Achei que ele tinha levado ela pra algum hospício ou um tratamento em Marte, até agora... — eu sabia que havia algo que ele não estava me dizendo, mas eu já tinha minha resposta, não poderia obriga-lo a dizer tudo. Não era como se ele devesse satisfação de sua vida para mim. Assenti baixando a cabeça um pouco, voltando a temer. Pelo que o Hyuuga dissera, esse cara era um completo maluco disfarçado e a mulher dele era igual ou pior. Engulo em seco pensando que talvez pra nós não haja amanhã.

— Acha que a gente vai morrer? — acho que ele percebeu o desespero em minha voz, pois virou um pouco o rosto pra me olhar, embora não o mirasse diretamente. Senti meus olhos marejarem com a possibilidade, onde estava a mulher forte que eu me tornei? A mulher forte que eu me tornei não estava preparada pra isso. Ninguém está.

— Não se preocupe, não vai acontecer nada com você. — disse simplesmente e meus olhos voaram assombrados para ele. Como é que é? Comigo? Mas e com ele?

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Passaram-se mais ou menos trinta minutos de puro nada. Nada acontecia lá fora, nada acontecia aqui dentro. Neji respeitava meu silêncio ou estava absorto demais no seu, e eu tentava fazer o mesmo. Mas havia um sentimento constante dentro de mim. Perguntas não cessavam. A sensação de um sino batendo incensantes vezes dentro da minha cabeça já começava a fazer calo na minha mente, mexia as pernas numa vã tentativa de tentar exalar um pouco daquilo.

O Hyuuga estava num silêncio mortal com a cabeça caída pra frente, eu pensaria que ele está dormindo ou até desmaiado se não fosse sua respiração pesada e controlada. Como quem se politizava a todo instante para manter o autocontrole. 

Autocontrole. Onde foi parar o meu mesmo?

Não, ele está pensando. Provavelmente maquinando algo nessa mente que pra mim só é boa de foda. Suspirei:

— O que você acha que eles estão fazendo agora? — questionei quebrando o silêncio, mas ele não mudou sua expressão. 

— Não vai querer saber. — respondeu sem mudar sua pose. Os cabelos longos caíam ao redor do rosto, cobrindo sua face totalmente. Mas entre um fio e outro conseguia enxergar seus olhos fixos no chão. Fixo minha expressão horrorizada, o que ele queria dizer com isso? — Mas já falei, não se preocupa. Você vai ficar bem. — disse outra vez e trinquei os dentes, batendo um pé no chão, o que chamou sua atenção. 

— Caralho, Neji. Você é tão imbecil ao ponto de não se importar com a própria vida? — indago e ele gira um pouco o pescoço, me fitando. 

— Tenten, eu já estou acordando há tempo suficiente pra saber que o Inuzuka não vai me deixar sair daqui. Não inteiro pelo menos. — engulo em seco com o pensamento que tive.

— Ele já esteve aqui, não foi? — pergunto mais branda ao vê-lo desviar sua atenção novamente. — Foi ele quem fez isso com você? — me refiro aos ferimentos no rosto do moreno. Neji me olhou de soslaio, irredutível em sua decisão de manter silêncio. Estava pronta pra chegar ao ponto de implorar por alguma reação dele, mas o som da porta metálica sendo arrastada chamou nossa atenção e me senti imponente, tremi da cabeça aos pés sentindo o coração falhar algumas batidas.

Vi um homem um pouco mais alto que eu com cabelos castanhos, curtos e um olhar felino adentrar o recinto. Um sorriso de canto brincava em sua boca, permitindo a exposição de seus caninos pontiagudos. Olhou em minha direção e isso só piorou minha taquicardia e minha sudorese. A certeza de que a morte se aproxima. Suei frio e me encolhi um pouco, tentando ser mais forte do que realmente conseguia, não preparada para o que estava por vir.

— Acordou. — sua voz era azeda, irritante. Não agradava aos meus ouvidos sensíveis a qualquer som. — Que bom, então vamos começar. — completou sorrindo mais abertamente. 

Lancei um olhar aterrorizado pra o Hyuuga, não sei se buscando apoio ou pedindo socorro, mas os olhos brancos possuíam um brilho que eu jamais tinha visto antes. Neji estava vermelho de puro ódio mirando o tal Kiba, seus olhos chegavam a cintilar aquele sentimento e eu só tinha certeza de que uma tragédia estava prestes a acontecer.

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— Você? Quem é você? — indago numa vã tentativa de ganhar tempo. Sinto os olhos de Neji me queimarem. 

Desesperada. Era assim que eu me via naquele momento. Sinto todo o sangue sumir de meu rosto e minha pele esfriar ao ponto de morto. O Inuzuka chutou uma cadeira caída até ficar de frente a nós dois, pelo menos dois metros distante. Ele estava sentado sobre o móvel acabado e enferrujado, nos fitando com um olhar displicente e superior. 

A sensação de medo atravessava minha espinha deixando todo meu corpo em alerta máximo. Meus olhos lacrimejaram quando seus olhos negros e com um brilho perverso repousaram sobre mim, acho que ele gostou de ver-me nesse estado, pois riu de canto.

Sentia que ia morrer, que a desgraça se iniciaria a qualquer segundo. Não parava de tremer. Maldita sensação de imponência e garganta seca. Eu não sabia o que ele podia fazer contra nós, eu não sabia o que ele queria de nós. Mas imaginava, e não queria imaginar.

— Como não sabe quem eu sou? — ele parece não desconfiar que tento jogar consigo. Mas tento passar credibilidade, temendo o pior caso ele se sinta enganado. — Você é uma jornalista, deveria me conhecer. — franzo o cenho, eu realmente nunca havia ouvido falar dele ou de sua família até hoje.

— É que ela só conhece pessoas importantes! — Neji provocou e o Inuzuka trinca os dentes, se levantando com fúria após chutar longe a cadeira, fazendo o som característico.

Meu coração falhou ao perceber que o moreno se aproximava em passos rápidos na minha direção, com o olhar cerrado num misto de fúria e loucura, como quem fosse espancar-me. Engulo em seco piscando atônita, paralisando com o temor do que ele faria. Antes de chegar o suficiente o Hyuuga usa uma perna e o chuta para longe, o que me pega de surpresa. Kiba urra de dor segurando a perna atingida e arregalo os olhos surpresa. Logo em seguida ele gira e desfere o soco sonoro contra o rosto de Neji que também resmunga de dor. 

Sinto-me inútil e horrorizada perante a cena do moreno tentando engolir a própria dor. Com o coração em frangalhos. 

— Seu filho da... — ele se cala colocando uma mão na cabeça quando o Hyuuga o olha com faísca no olhar. Ri descrente, mas não parecia contente e sim furioso. Ele estava, era nítido. — Você Neji... — apontou pro outro que lhe encarava com o mesmo sentimento de cólera. — Você! — disse entredentes. — Que escândalo as pessoas saberem do seu passatempo pessoal, não é mesmo? — ele se aproxima e segura os cabelos do moreno com raiva e força, mas Neji continua a desafia-lo com os olhos. — Tudo culpa sua, seu desgraçado. Você estragou minha vida... — ele diz segurando cada vez mais forte o cabelo de Neji e vejo o rosto do mesmo esquentar de raiva. — Eu vou fazer o mesmo com você, vou pegar essa puta que você tá comendo e vou comer ela do mesmo jeito que você comeu a minha mulher. — pisquei sentindo minhas entranhas revirarem e um torpor terrível me atingir. Eu não quero transar com esse cara. Não. Ele não tá se referindo a sexo, isso é... Violência. Ele tá dizendo que vai me violentar? Não, isso não. 

Senti uma lágrima solitária escapar de meu olho esquerdo, assim como meus lábios tremerem ao ponto de sentir meus dentes baterem. 

— Só por cima do meu cadáver. — tremi como vara verde ao ouvir as palavras pronunciadas por Hyuuga Neji ainda com o olhar frígido. 

— Mas isso não vai demorar a acontecer... — o Inuzuka responde com um riso sádico e os olhos arregalados. Soltando os cabelos de Neji com brusquidão, então levantando a blusa e revelando no cós da calça da arma.  

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— Quanto tempo pretende nos manter aqui!? — questiono observando a arma apontada para nós. O rapaz estava sentado em uma cadeira caída.

— O tempo necessário até que eles terminem. — falou dando de ombros e meus olhos voaram para fitá-los.

— Eles? Eles quem? Terminarem o quê? — com sua resposta em forma de um breve sorriso que me causou calafrio, girei o pescoço até mirar Neji que me olhava de soslaio e eu tive certeza de que ele sabia o que estava acontecendo ali. O Hyuuga virou a cara sem me dar satisfação, fechei os olhos baixando a cabeça. Coisa engraçada, né? É nessas horas que nos apegamos mais a qualquer entidade conhecida.

Volto a abrir os olhos na direção do Inuzuka, sei que meu olhar não vai fazê-lo ter pena de nós. Ele é um sádico e está cego pelo ódio. 

Para todo psicopata, é o medo no olhar das vítimas que alimenta sua vontade. Respirei fundo olhando para a figura do homem que abria um breve sorriso, mostrando seus caninos afiados. Nojento

Um silêncio sepulcral se estendeu ali, eu não entendia o porquê que de repente Neji estava me ignorando. Era como se eu nem estivesse aqui também. O olhei por diversas vezes tentando fugir os olhos felinos ou até mesmo buscando algum apoio pra não enlouquecer, mas tudo o que ele me dava era nada. Um ódio descomunal crescia dentro de mim perante sua indiferença. Desgraçado, eu tô aqui por culpa dele e nem pra sentir remorso do que possa me acontecer. Então fiz o mesmo, passei a ignora-lo. Ainda me restava um mínimo de amor próprio para não rastejar nos pés desse lixo humano.

— Eu tô curioso, Hyuuga. — o cara se agachou e ficou sentado sob os calcanhares, de uma distância segura de nós dois. Quebrando o silêncio. Ele me olhava com certa curiosidade e sinceramente aquilo estava fazendo meu estômago revirar. — Você tem um apreço comum por morenas? — ele indaga e franzo o cenho girando um pouco o pescoço para mirá-lo de frente, mas o desgraçado também me ignora e volta sua atenção pra Neji que estava com uma cara péssima perante seu mau humor.

— Não... Essa é gostosa, não precisei imaginar algo melhor pra ficar de pau duro. — fiquei perplexa com a resposta dada sem emoção.

Mal houve tempo do mesmo completar sua frase e um outro soco fora desferido contra seu rosto. Arregalei os olhos sentindo um frio percorrer minha espinha, Neji é louco? O cara tá armado. Então o mesmo novamente volta a segurar os cabelos do Hyuuga e puxa-los para trás, obrigando-o a levantar a cabeça. As escoriações pelo rosto bonito de Neji já eram bem visíveis, assim como o sangue que escorria pela sua boca. Manchando os dentes brancos e alinhados.

— Desgraçado... Então você comia a minha mulher e ainda ousa falar mal dela? — ele disse entredentes, parecia bem tentado a destravar a arma e puxar o gatilho contra o queixo do moreno. Olhava a cena totalmente horrorizada e sem reação.

Compreendi naquele momento, que por mais que tenhamos experiências com as situações da vida, nós nunca estaremos preparados para tudo. Eu não estava preparada pra aquilo, meu corpo tremia de pavor e horror. 

— Não me leva a mal, Inuzuka, mas era sua mulher que vinha até mim e o que eu posso fazer? Sou pago pra isso. — riu com escárnio e arregalei ainda mais os olhos, horrorizada. Tem uma arma apontada pra esse filho da puta e ainda assim ele desafia a própria sorte. O mesmo cuspiu fogo após a resposta e vi o pior se desenrolar diante de meus olhos.

— AH SEU... — o rosto do tal Inuzuka avermelhou perante o ódio que subiu a sua cabeça. — Eu vou matar você, seu maldito. E vou colocar seus pedaços pro meu cachorro comer! — ele disse entredentes cuspindo as palavras, os olhos brancos do Hyuuga se tornarem fendas e minhas pernas tremeram copiosamente de medo com a proporção que isso tomava.

Pela primeira vez em muito tempo a minha vida não estava em minhas mãos. Kiba se afastou um pouco ainda balançando a arma na direção do Hyuuga que não parecia temer a morte certa, o Inuzuka pareceu ter uma ideia, pois sorriu perverso.

— Pensando bem, acho que vou matar essa vadia primeiro.

— AH! — o grito do horror ecoou de minha garganta antes mesmo que eu pudesse impedir, senti novamente minha taquicardia atacar e suei frio com a peça gélida contra minha pele. Ele segurava meus cabelos com tanta força que senti a cabeça doer, sentir o cano frio do revolver fez meu sangue gelar completamente e me vi inerte, paralisada diante da morte iminente.

— Filho de uma puta! — Neji trincou os dentes e me olhou, vi seu olhar vacilar por um momento. Eu estava estática, bloqueada, totalmente congelada de medo. Ele me olhava de uma maneira que não conseguia compreender, meus olhos sequer piscavam, mas minhas mãos tremiam mesmo amarradas. — Se você fizer alguma coisa eu juro que...

— Jura que o que? — interrompeu o Hyuuga puxando mais meus cabelos e afundando a peça de metal contra minha bochecha, fechei os olhos com força sentindo as lágrimas involuntárias escorrerem de meu rosto. Eu sequer sentia o choro, apenas vazava sem frio.

Onde foi que eu me meti? Como as coisas chegaram a esse ponto? Com que tipo de gente Neji se envolvia? Não sei o que acontecerá de agora em diante, só sei que não quero morrer. Não quero morrer.

Eu tô vendo a mulher que eu me tornei ir pro ralo, por que eu não consigo falar? Por que eu não consigo pensar? Formular uma saída? Eu fui treinada pra isso, pra dialogar, pra saber convencer. Mas tudo o que eu consigo fazer é choramingar mentalmente e implorar pra viver mais um dia.

— VOCÊ VAI FAZER O QUE? VAI FICAR AÍ CALADO ME VENDO ESTOURAR OS MIOLOS DELA!? — voltei a abrir os olhos com os gritos. Ele me chacoalhava enquanto falava como se eu fosse uma boneca de pano.

Com a fala do Inuzuka o olhar de Neji vacilou outra vez. Vi os lábios do Hyuuga tremerem, apesar da minha visão turva e mais desfocada que o normal, eu notei algo... A respiração dele acelerou, parecia apavorado vendo aquela arma apontada pra mim. 

— Seu problema é comigo, deixa ela. — disse num tom mais baixo que o normal e franzi o cenho sentindo meus sentidos entrarem em alerta máximo, assim como um leve aquecer no peito. O que esse idiota pensa que tá fazendo? — Vai! Me mata. Acaba com isso de uma vez... — disse e engoli em seco ao sentir a arma se distanciar de mim, ao mesmo tempo que meu coração falhou algumas batidas com a possibilidade que ele fosse mesmo matar Neji. Meu Deus, por favor, não. Isso é demais pra minha cabeça.

— Own... — Kiba debochou. — Bancando o altruísta? — questionou no mesmo tom e se afastou lentamente de mim, caminhando a passos comedidos até o Hyuuga que mantinha o olhar firme em sua direção. A cada passo que ele dava pra mais perto de Neji, uma parte de mim dava um nó, temendo o pior. Entretanto eu permanecia estática. Não queria que Neji morresse, obviamente. Não precisava acabar assim. O som de seus passos era a única coisa audível naquele momento, até que ele parou de frente ao moreno que fixava o olhar sob si.

Kiba se inclinou pra frente e apoiou as mãos nas coxas, apenas para olhar Neji mais de perto, tentando talvez buscar nele algum pingo de medo ou desespero. 

— Acaba logo com isso e deixa ela em paz. — senti uma pontada perante e fala fria de Neji. Qual o problema desse filho da puta? Não liga pra própria vida? Meu Deus, eu não quero estar presente nisso. Vi o cenho do Inuzuka e ele voltar a ajeitar a postura. 

Num movimento mais rápido do que meu cérebro conseguiu processar, ouvi um click quando ele destravou a arma e apontou na minha direção. Disparando.

— FILHO DA PUTA! — Neji gritou impulsionando o corpo pra frente como se pudesse avançar contra o mesmo. Gritei chorando ainda mais olhando vacilante na direção da parede próxima a mim, exatamente onde estava a marca do tiro. Meus soluços tomaram conta de mim. O desgraçado continuava com a arma apontada pra mim.

— Esse eu errei, mas não vou errar o próximo. — disse me fazendo tremer ainda mais apavorada, o sádico maldito olhava Neji sem piscar, parecia se divertir com nosso desespero. Ah, eu só quero ir pra casa. Eu quero a minha vida de volta. Quando eu assinei um contrato com o diabo pra merecer passar por isso? 

Meu choro compulsivo não cessa.

— PARA COM ISSO, KIBA! — Neji se exaltou e ambos olhamos em sua direção, Neji me olhava com uma expressão que não fui capaz de compreender.

Ele parecia assustado, talvez com medo e até um pouco de raiva. Mas além de tudo, com culpa. Havia culpa em seu olhar. Os olhos brancos me miravam de um jeito que pareciam falar em alto e bom som um: me perdoe. Solucei em silêncio enquanto lhe mirava, perplexa e confusa. O que você quer de mim, seu desgraçado? Eu quis perguntar, mas não tinha voz.

— Se importa com ela? — a voz do cara quebrou o momento e então o Hyuuga olhou em sua direção com puro escárnio e ódio, o Inuzuka voltou a se abaixar o olhando profundamente. — Tá apaixonado por ela, Hyuuga? — disse analítico e senti o corpo travar diante da fala. O que? Neji? Apaixonado por mim? Vi os olhos brancos vacilarem por um instante. — E não tente esconder o que está escrito em seus olhos... — ele completou e vi Neji me olhar de soslaio e então virar o rosto. Kiba se levantou dando uns passos para trás com os braços abertos e olhado para o teto com um sorriso descrente. — Oh meu Deus do céu, o que temos aqui? Um garoto de programa que se apaixonou por uma cliente? — falava rindo. Esse cara é sádico, sociopata, maluco. — Eu estou com a faca e o queixo na mão. — completou com um sorriso de canto a canto. Mostrando novamente seus caninos pontiagudos.

Mas estou perplexa, confusa demais pra pensar. Minha mente travou após a confissão. Neji tá apaixonado por mim?

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A mando do Inuzuka, um dos capangas alto e corpulento soltou as cordas minhas e de Neji, mas manteve a ordem para que eu ficasse sentada. Estava totalmente paralisada de pavor, a sensação era terrível. Meu rosto ainda molhado pelas lágrimas.

Kiba ordenou que o cara se retirasse e preparasse algo lá fora, apesar de não conseguir decifrar bem o que eles conversavam, tive um terrível mal pressentimento. Agora mantendo uma distância segura de nós dois, com a arma em nossa direção.

— Marchando, Hyuuga! — ele disse entredentes apontando na direção da porta e minha garganta falhou. — Não vou te dar a chance de se despedir dela. — senti o coração acelerar quando Neji ainda lhe olhando de soslaio deu dois passos na direção da peça metálica. 

— Não... — sussurrei horrorizada e inclinando o corpo pra frente no impulso de alcançar o mesmo, meu Deus, o que iriam fazer? Mas em resposta o moreno de cabelos curtos foi virar-se apontando o revólver para mim.

— E você quietinha aí... — falou com as duas mãos firmes segurando a arma, travei novamente. Tenho certeza que estou totalmente branca e horrorizada com o rumo que isso tomava.

Neji novamente se colocou entre nós dois e meu instinto foi de querer levantar-me e gritar com ele. Mas ele foi mais rápido ao falar comigo, sem se virar para me encarar.

— Olha Tenten, independente de como isso acabe, eu peço desculpas por ter te metido nessa merda toda. Talvez um dia você me perdoe, mas eu não tenho muita fé nisso. — ele pareceu pensar um pouco, apesar de tentar me proteger com o próprio corpo, os braços estavam levantados em sinal de rendição. Como quem aceitava o próprio destino. Neji. — Eu só... Queria ter sido pra você, o que você foi pra mim. — meu mundo parou. A fala dócil de Neji fez minhas pernas bobearem, por que aquilo soava como uma despedida? Por que ele estava tão... Manso? Não Neji, você não é assim! Inconscientemente meus olhos se encheram de lágrimas outra vez e senti um aperto no peito.

Então ele olhou por sob o ombro, ainda com as mãos erguidas. Quando seus olhos se cruzaram com os meus, senti um frio percorrer minha espinha pela maneira que ele me olhava e por sentir que ele me dizia alguma coisa de forma muda. Caralho, eu não tô conseguindo processar nada direito.

Seu olhar então se tornou sério, frio e opaco. Era um olhar que, apesar de já ter transado com ele, nunca havia visto antes. Ele estava decidido a qualquer coisa. Pra que? 

— Oh... Eu quase chorei. — o Inuzuka debochou e então pisquei quebrando o contato visual com o Hyuuga. Voltei minha atenção para o outro que falava gesticulando com as duas mãos, olhando em minha direção com ironia.

E foi nesse momento de distração que Neji avançou sobre ele e o pegou desprevenido.

Gritei horrorizada me afastando por instinto quando o Hyuuga segurou o pulso do outro para cima, Neji tinha a vantagem de ser mais alto e bem mais forte. Talvez pelos incontáveis músculos.

A arma disparou duas vezes e o som agudo estourando em meus tímpanos me fizeram perder o equilíbrio das pernas e por instinto cair no chão. Totalmente assustada me aninhei num canto e abracei o próprio corpo em posição fetal vendo os homens entrarem numa luta corpo a corpo. A arma voara longe após a disputa pela mesma, nenhum dos dois permitindo que o outro se aproximasse o suficiente e tivesse posse. Choraminguei colocando as mãos na cabeça e olhei a cena horrorizada, meu coração sangrava por Neji. O medo insistente de que algo de mal lhe acontecesse.

O moreno de cabelos longos acertou uma cotovelada na lateral do estômago do outro, fazendo-o cuspir uma quantidade generosa de sangue. Mas ao tentar nocauteá-lo outra vez, o Inuzuka conseguiu se defender e devolver o golpe. Ele estava se saindo consideravelmente bem até o momento em que Kiba chuta sua perna e o mesmo se desequilibra e cai, batendo forte contra o chão. Vi assombrada o moreno de cabelos curtos puxar uma navalha do bolso da calça, gritei novamente. Eu queria agir, eu queria ajudar, mas tudo o que eu conseguia era ficar parada e assistir a situação se desenrolar pro fim trágico.

Neji, por favor, não morra. Implorava.

Vi os olhos perolados parecem meio grogues após a forte pancada, mais uma pra conta. Gritei por instinto saindo da minha inércia ao ver o Inuzuka correr com tudo pra cima de Neji com a navalha em mãos, ele gritava de ódio e um instinto assassino que me desesperou.

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Sabe o que é pior do que não saber o que fazer? Ter que decidir quem vive e quem morre.

Eu tinha uma escolha em mãos, mas não tinha tempo a perder. Se eu não obrigasse minha alma a voltar para meu corpo e minha mente parar de ser uma mera expectadora, provavelmente Neji morreria e eu teria feito nada.  Quando ele, por sua vez, tentava me proteger.

Dei por mim já com a arma em mãos e já havia disparado contra a coxa do Inuzuka, imobilizando-o e ouvindo seu urro de dor. Neji ainda parecia aéreo quando Kiba caiu ao seu lado gritando. A arma estava a poucos metros de mim quando a peguei, e o sangue agora acumulava no chão onde o moreno caíra. Minhas mãos tremiam, ambas segurando o revólver, paralisada de horror diante do que havia acabado de fazer.

Eu atirei em um homem.

Mas o desgraçado não ia parar, ele tava obcecado, cego de ódio. E queria aproveitar a chance para ferir fatalmente Neji.

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Seu corpo imóvel jazia no chão, sem vida.

— Eu o matei.


Notas Finais


VOLTEIIIIIIII, mas já tô indo porquê estou com uma dor de cabeça terrível. Sim, olha o que eu faço por vocês... Então sejam bonzinhos com a tia Janna, deixa um comentário que não custa nada, né? ooohh

Muito obrigada a quem tá incentivando a fic e até compartilhando com os amigos, ajuda a gente a crescer e principalmente me deixa feliz e animada pra voltar cada vez mais rápido. Até mais :**


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