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História O Presidente - Reações


Escrita por: gioberlusse

Notas do Autor


* EU SEI QUE DEMOREI ;A;
* Eu estava com um bloqueio criativo e muito pouca vontade de escrever :(
* MAS eu consegui e escrevi esse capítulo grande, me desculpem (não sei se vocês gostam de caps.. grandes ou pequenos, mas acredito se estão acompanhando a fic até aqui é porque gostam haosda)
* OBRIGADA por acompanharem até aqui, a fanfic está entrando em reta final e esse é o antepenúltimo capítulo :D
* Qualquer erro me perdoem, eu reli esse capitulo mas sempre deixo passar algo
* Espero que gostem e comentem, porque eu estou me sentindo desmotivada :(
* O numero de comentarios diminuiu e eu estou um pouco triste com isso joadja

Capítulo 10 - Reações


              O estádio era imenso, maior do que qualquer um que eu já havia visitado. Um gramado verde intenso se estendia abaixo de nós, tinha um brilho amarelado intenso devido ao sol.

            Entretanto eu não tinha muito tempo para ficar reparando no lugar, porque por dentro estava morrendo de medo do que iria acontecer ali.

            Thomas estava ao meu lado, sorridente e não parecia nem um pouco tenso. Evitávamos nos tocar porque haviam fotógrafos por toda volta, pessoas nos olhando sem parar e não queríamos estragar a surpresa.

            O vídeo ainda passava em minha mente como um filme marcante assistido há dias atrás, eu e ele nos beijando no Salão Oval, quase em cima da mesa. Fechei os olhos e engoli em seco, o nervosismo tomando conta de mim e fazendo minhas mãos tremerem.

            —Parece que você vai vomitar Damien –Thomas sussurrou por entre os lábios, sorrindo para a multidão, abanando

            Não estávamos no gramado, logicamente, seríamos um alvo fácil demais caso algo acontecesse. Estávamos na arquibancada, num ponto alto, nossos rostos aparecendo nos telões do estádio.

            Ouvíamos gritos de animação toda vez que Thomas aparecia na tela, e ele sorria e acenava, arrancando alguns gritos estridentes de algumas mulheres.

            Agora eu já não sabia mais se aquele lugar seria uma boa ideia para dizermos o que precisávamos dizer.

            Um microfone estava preparado na frente de Thomas, e só estávamos esperando os portões fecharem para começar o discurso.

            Apertou meu braço gentilmente, notando o quão tenso eu estava.

            —Eu deveria estar mais nervoso que você –sorriu tentando me acalmar

            Eu devia estar com uma expressão aterrorizada no rosto, porque Thomas começava a ficar preocupado, seu olhar me analisando com lentidão, tentando entender o que se passava em minha cabeça.

            —Damien você quer beber algo? Está muito pálido –murmurou

            Queria desesperadamente acariciar minha bochecha, porque chegou a levantar a mão, mas parou ao perceber que não podia fazer aquilo ali, não com umas 5 câmeras focadas em seu rosto e não antes de darmos aquela notícia.

            —Eu estou preocupado. –disse baixinho, sentindo minha barriga se contrair de nervosismo

            —Seria idiotice te dizer para não ficar. –sorriu gentilmente- Mas eu estou aqui –apertou minha perna discretamente, tentando me confortar

            Quando escutei mais gritos no estádio, as pessoas lá embaixo parecendo um formigueiro, meu estômago se apertou e eu tentei não vomitar de ansiedade. O telão iluminou-se com o logo presidencial e um arrepio de medo passou por meu corpo.

            Thomas levantou-se ao meu lado, ajeitou o paletó e piscou para mim antes de se virar para o microfone e para a plateia de mais de 5mil pessoas.

            Meu coração acelerou e a saliva começou a se formar com mais abundância em minha boca agora. Não sabia mais dizer o que eu estava sentindo, era um misto de sentimentos enervantes que estavam me deixando em um estado caótico.

            Quando seu rosto apareceu no telão, bem focalizado, de frente, os olhos azuis intensos pareciam mais claros que de costume por causa do sol, o cabelo preto brilhando também pelo sol, alguns fios caindo pela testa.

            Escutei vários gritos e aplausos, as pessoas ficaram em pé. Percebi que todos estavam felizes por tê-lo ali, afinal, sua popularidade estava nas alturas.

            Olhei para o meu colo e recusei encarar a multidão abaixo ou no telão. Margot estava ao meu lado e senti sua mão dar um tapinha em minhas costas tentando dizer que tudo iria ficar bem.

            Ela não sabia toda a história, havíamos contado que iríamos parar de manter segredo devido ao vídeo que recebêramos. Nada de PNPA, nada de Mike, só o básico e uma mentira pequena.

            Quando Thomas começou a falar sua voz soou potente como sempre, alta, bem articulada. Meus pelos dos braços se eriçaram só de ouvi-lo falar.

            —Bom dia! Espero que os times façam um belo jogo hoje, afinal, eu estou aqui. –riu e eu ouvi várias risadas pelo estádio- Mas também estou aqui para falar sobre mim, sobre meu governo. –houve um silêncio enquanto as pessoas se sentavam

            “É bem verdade que tivemos uma vitória alguns dias atrás, o cessar fogo em Israel e o decreto que nesse momento está sendo cumprido, as terras sendo distribuídas aos rebeldes financiados pela Rússia.“

            “Sei que muitos não queriam que recuássemos, queriam que fôssemos duros e não cedêssemos, mas então eu pensei, com a ajuda da minha equipe, e se fizéssemos o inesperado? Poderíamos evitar uma guerra, que significaria mais gastos para o país, um gasto desnecessário. ”

            “Não precisávamos de uma guerra agora, e continuaremos sem guerras. Fui eleito presidente para me preocupar com o bem-estar da nação, e foi isso que eu fiz ao assinar aquele decreto. Uma guerra agora significaria um desperdício de dinheiro e também uma quebra nesse momento tão especial em que vivemos, de plenitude e estabilidade”

            Levantei os olhos para o telão. Eu não me cansava de ficar boquiaberto toda vez que o ouvia discursar. O entendimento de que sua simpatia e eloquência faziam dele um dos presidentes mais queridos, merecidamente, me surpreendia sempre.

            Algumas pessoas aplaudiram, outras continuaram prestando atenção à suas palavras com concentração, não querendo perder nenhuma parte, querendo guardar na memória aquele momento, em que o presidente discursava em um estádio de beisebol.

            Sua voz ecoava com potência e estabilidade, chegando aos meus ouvidos com o entusiasmo e energia que transpareciam. Enquanto isso eu sentia arrepios passarem por meu corpo, principalmente por saber o que viria a seguir.

            —Claro, não vim aqui falar apenas sobre assuntos já terminados. –vi seu sorriso torto no telão e ouvi alguns gritinhos femininos- O índice de aprovação do governo está em cinquenta e sete por cento e devo isso não só ao meu governo mas ao povo, a vocês. Por isso, obrigado por confiarem em mim, espero retribuir muito mais.

            Aplausos, assovios que me deixaram mais apreensivo foram ouvidos. No telão Thomas sorria, a felicidade estampada em seu rosto.

            —Também vim aqui para esclarecer algumas coisas. Vejo inúmeras especulações sobre minha vida pessoal, como por exemplo o porquê de eu estar solteiro. –fez uma careta e várias pessoas riram- Me eu não me lembro de ter assinado nenhum termo dizendo que para eu ser presidente precisaria estar casado.

            Vários risinhos e gritos foram ouvidos. Até eu sorri um pouquinho, gostando de vê-lo falar tão livremente, brincar daquele jeito, transparecer confiança. Me perguntei como ele estava tão calmo (ou se só era aparência e no fundo estava tão apavorado quanto eu, e disfarçava para não me deixar mais inquieto).

            —Mas, venho lido várias manchetes estranhas e bizarras sobre mim.

            Ah, então ele também procurava aquelas coisas na internet, acho que para rir, assim como eu.

            —Por isso, estou aqui para dizer que não estou mais solteiro.

            Um coro de “oh” encheu o ambiente, e o sorriso enigmático de Thomas no telão deixou todos desconfiados. Um burburinho encheu o estádio, nunca havia visto tantas pessoas juntas cochichando e parecia uma colmeia gigante.

            Aquele era o combinado, ele não diria quem estava namorando, ou seja, o meu nome, mas tínhamos um plano. Logo saberiam quem eu era e eu só por saber disso meu corpo todo arrepiava-se, lembrando que em minutos todo o país(e provavelmente mundo) saberia meu nome.

            —Acho que vão ter que tirar meu nome da lista de solteiros mais cobiçados do mundo. Sinto muito. –fez uma expressão de pena e as gargalhadas tomaram conta do estádio- Não quero enfurecê-los aqui falando sobre minha vida pessoal, com certeza estão loucos para ver um bom jogo de beisebol. Espero que seja uma ótima tarde para todos e que o melhor time, para o qual eu estou torcendo, vença.

            Ele acenou e bateu palmas, as pessoas o acompanhando com gritos, assobios e aplausos. Eu respirei fundo, afinal a primeira parte já havia passado, mas não era a parte difícil. Esta viria agora.

            Quando Thomas sentou-se ao meu lado e sua mão buscou pela minha, apertando-a com carinho por cima do meu colo, a vista de todos, meu coração acelerou com rapidez.

            —Podemos tirar fotos? –ouvi um fotógrafo atrás perguntar para Margot. Ela assentiu com a cabeça e eu suspirei tentando me fazer entender que dali para frente minha vida jamais seria a mesma

            Nossos dedos estavam entrelaçados sobre minhas pernas. Pela primeira vez eu vestia uma calça jeans ao lado de Thomas. Usava também uma camisa social com um colete por cima. Nunca me arrumara daquele jeito e tão demoradamente.

            Quando ele levantou minha mão até sua boca, finalmente beijando-a foi como se o ar tivesse saído de mim. Vi alguns flashes sobre nós e ao nosso lado, de todas as direções. No telão aparecia nossas imagens ao vivo, para todos olharem e saberem que ele não estava mais solteiro mesmo.

            Ouvi algumas exclamações de choque de alguns torcedores, algumas vaias, mas muita celebração também, aplausos foram ouvidos e Thomas sorriu, levantou as mãos e acenou.

            —Acho que vou vomitar –sussurrei baixinho para que ele ouvisse

            —Sorria Damien, você está com uma cara péssima.        

            Sorri da melhor forma que pude e acenei também, porém timidamente. Ouvi gritos de comemoração e me senti estranho por ouvi-los direcionados a mim.

            —Desculpe –murmurei baixinho tentando me acalmar

            Paramos de acenar e o jogo começou sem muita demora, a atenção das pessoas se focando parcialmente no gramado, alguns olhos virando-se curiosos em nossa direção.

            Não sei como eu aguentei todo aquele jogo sem desmaiar. Não estava me sentindo bem, mas tentei ao máximo não transparecer. Sorri em alguns momentos, o toque de Thomas sempre me trazendo de volta à realidade, mas foi impossível prestar atenção no que acontecia lá embaixo.

            Não conseguia relaxar meu corpo nem minha mente, muito menos com Thomas acariciando minha mão sem parar, notando que eu estava tenso. E as fotos sendo tiradas de nós a todo instante.

            Na hora de ir embora acenamos para todos e viramos as costas para sair, a mão dele em meu ombro, os flashes agora nos pegando por trás.

            Eu tinha certeza que seríamos capa de várias revistas e jornais, senão de todos.

______

            Na Casa Branca eu me recusava a olhar para a televisão. Thomas estava em pé, de braços cruzados ao meu lado enquanto eu estava sentado, minha mente dando loopings intermináveis, criando hipóteses para como minha vida seria agora.

            “É, parece que a estabilidade do governo Klint sofreu um abalo enorme na tarde de hoje. Ninguém imaginaria que isso fosse acontecer. De acordo com a assessoria de imprensa da Casa Branca o felizardo, é Damien Novak de 22 anos.”

            Aquelas palavras estavam me deixando tonto. Todo canal de notícias falava sobre nós. A única coisa que nos mantinha felizes era o fato de que o vídeo não havia vazado.

            “A notícia do momento é que Thomas Klint, nosso presidente está namorando um homem!”

            Thomas ouvia um pouco de cada noticiário e mudava de canal sem parar. Ele tinha uma expressão indiferente no rosto, não parecia tão preocupado como eu, pelo contrário, parecia até feliz, um sorrisinho se formando no canto de seus lábios.

            “Todos estão chocados com essa notícia. E já estão curiosos para descobrir quem é Damien Novak, o garoto que ele levou ao jogo de beisebol. Nosso presidente não está mais solteiro meninas, e acho que vocês não teriam nenhuma chance mesmo”

            Ouvi a mulher rir na TV e Thomas acompanhá-la. Enterrei minha cabeça em minhas mãos, me perguntando se aquilo tudo era um sonho ou, se havia de fato acontecido.

            “Qual será a reação da América a partir de agora? Fomos às ruas perguntar! ”

            “Ah, eu acho que se ele continuar sendo o presidente que é, nada vai mudar.”

            “Acho uma falta de respeito com o povo americano. Não elegemos ele pra nos envergonhar desse jeito.”

            “Não esperava por isso, espero que não afete o governo.”

            “É um escândalo! Jamais tivemos um presidente que fizesse algo do tipo, ele está rindo da nossa cara.”

            “Eu acho incrível que ele tenha tido coragem para fazer isso. E estamos orgulhosos dele, esperamos que seja muito feliz.”

            “Aproveitou o momento bom do governo para tentar nos forçar a aceitar isso. Temos um presidente interesseiro, isso sim!”

            “Acho que eles formam um lindo casal! Tomara que não se torne uma coisa que não é, num escândalo por exemplo. Eles merecem mais do que isso.”

            “Ele sempre nos serviu bem como presidente, acho justo agora o apoiarmos!”

            As falas daquelas pessoas, algumas agressivas, outras simpáticas ou solidárias estavam me deixando pior ainda. Deitei no sofá com a mão sobre os olhos querendo sumir até que toda aquela poeira baixasse.

            Margot entrou apressada na sala assim que minha cabeça encostou no estofado macio do sofá.

            —Notícias, todas revistas estão simplesmente amando vocês, já estão chamando de casal da década, até do século. –Thomas desligou a tv e fez uma careta para aquela frase- Na televisão é um pouco mais complicado, mas tenho certeza que eles vão ver que não há nada para fazer, e se quiserem continuar reclamando, que fiquem. Os jornais são imparciais, mas mais inclinados a apoiá-los do que rejeitá-los.

            Eu suspirei com um pouco de alívio. Entretanto o que me preocupava mais era o povo americano e como iriam reagir.

            Vi que Margot adquirira uma postura tensa e logo percebi que havia uma má notícia.

            —Grupos conservadores estão pedindo seu impeachment. Mas não há base legal para isso, portanto não se preocupe. A maioria da população está achando tudo muito novo, estão tentando entender e aceitar ainda. Seria bom se você fizesse mais um discurso sobre, dizer que o governo continuará o mesmo, que a única coisa que mudou foi seu status de solteiro para namorando. –ela sorriu tentando me confortar

            Resmunguei baixinho e virei de lado, encarando Thomas com dúvida. Eu estava com pena dele porque não havia muitas opções, ele precisava fazer aquilo, mesmo que não tivesse vontade.

            —Outra coisa –mordeu os lábios antes de prosseguir- Suas relações com países conservadores podem ficar abaladas, porém eles não podem nos ignorar, afinal somos os Estados Unidos. –de repente pareceu mais animada, gesticulando com rapidez- E não dê nenhuma declaração pública sobre direitos LGBT, pode ser um tiro no pé. Espere toda a poeira baixar, e só bem depois fale sobre isso.

            —Você quer dizer só mencionar isso quando estiver saindo do governo? –arqueou as sobrancelhas

            —Sim, senhor. Infelizmente temos que tomar alguns cuidados. E sobre aparições públicas, seria bom se vocês não se beijassem para que todos vejam. Ficar de mãos dadas não tem problema. Já pensaram quando vai ser a primeira aparição pública?

            —A de hoje não foi suficiente? –Thomas indagou um tanto surpreso

            —Não! –ela franziu o cenho como se fôssemos idiotas- Todos estão ávidos por ver como vocês se comportam em outras situações, e é melhor dar logo o que eles querem antes que fiquem loucos especulando e criando mais boatos.

            —Que tal no dia de Ação de Graças? Podemos ir ajudar alguma instituição, aí nos verão como o casal mais bondoso da América. –sugeri sinceramente mas com uma dose de ironia

            Thomas sentou-se aos meus pés, colocando minhas pernas em seu colo.

            —Acho ótimo! –sorriu alegremente, os dedos subindo pela minha panturrilha

            Fiquei espantado por ele ter concordado com aquilo, uma sugestão que eu dera sem raciocinar muito, imaginando a cena na minha cabeça.

            —Tudo certo então! –nunca vira Margot tão animada, parecia que ela havia ganhado na loteria- Estão correndo alguns boatos de que você vai ganhar um Nobel, o que seria ótimo para as pessoas que agora te odeiam passarem a te amar, assim o fato de que você gosta de homens ficaria em segundo plano.

            Falou com tranquilidade e convicção. Eu e Thomas nos entreolhamos e rimos baixinho.

            —Obrigado Margot, você foi de grande ajuda no dia de hoje e espero contar com você sempre.

            Ela corou e aproximou-se de nós. Eu estava chocado só de vê-la enrubescer. Achei que tivesse uma pedra de gelo no lugar de coração, mas agora parecia emocionada.

            —Ah Damien me desculpe por ter brigado com você. Agora, que vocês tomaram essa coragem para assumir para o mundo que estão juntos eu penso diferente sobre você. Antes achava que era interesseiro, mas depois de hoje não tenho dúvidas que você ama Thomas.

            Agora foi minha vez de corar. Ela riu, um risinho zombeteiro e soube que ainda era aquela Margot orgulhosa de sempre.

            —E Thomas... –ela virou-se para ele, o corte chanel balançando conforme falava- Você é o melhor presidente que já tivemos. Não é porque trabalho para você nem nada, é por causa de tudo o que está acontecendo. Nunca foi visto algo desse tipo antes, um presidente namorando um homem e assumindo para todo o país. Eu e Julie estamos muito felizes e orgulhosas por vocês!

            Margot saiu antes que pudéssemos vê-la chorando, caminhando rápido, os saltinhos baixos batendo no chão com intensidade, os cabelos balançando com velocidade conforme se afastava. Pude vê-la secar algumas lágrimas no meio do caminho o que me deixou mais chocado ainda, saber que ela podia se emocionar.

            —Julie é...

            —A namorada dela. –Thomas sorriu e deu um tapinha na minha coxa- Eu estou feliz, mais do que eu achei que seria possível. Tudo vai dar certo Damien, estou otimista. –um sorriso triunfante surgiu em seus lábios

            —Ah Thomas eu quase morri hoje à tarde, pensei que fosse vomitar ao vivo, todo mundo olhando para nós, passei muito mal. –resmunguei baixinho

            —Eu percebi –riu- Mas no fim deu tudo certo. E tenho outra coisa para contar –murmurou e eu arqueei as sobrancelhas

            As mãos dele adentraram mais minha calça, quase na altura do joelho e alguns arrepios gostosos passaram por todo meu corpo só com aquele toque.

            —O que é? –indaguei curioso

            —Daremos um jantar para nossas famílias amanhã. –engoliu em seco

            Eu arregalei os olhos e sentei-me no sofá num pulo. Só de lembrar que teria que falar com Louise, agora minha futura-talvez-sogra, me dava arrepios de medo.

            —Já mandei enviarem os convites. Eu tenho tios e tias, eles devem estar apavorados. –falou baixinho

            —Você não contou para sua família sobre nós?! Eles descobriram pela televisão? –arregalei os olhos sem acreditar

            —Preferi não contar –suspirou- Se quiserem vir que venham, se não quiserem não farão falta. Isso inclui minha mãe.     

            Seu olhar era vago, os olhos azuis perdidos, olhando para o chão da sala com um pouco de tristeza.

            Passei um dos braços por seu ombro e o puxei para mais perto de mim, beijando-lhe a testa com carinho.

            —Tenho certeza que ela virá –murmurei em seus ouvidos- Você é o único filho dela e ela te ama.

            —Tem razão –riu, os orbes azuis brilhando intensamente- Convidei Mike.

            Eu fiz uma careta para aquela mudança de assunto.  

            —Mike? Vocês agora são amiguinhos? –arqueei as sobrancelhas com divertimento

            —Acho que ele merece, afinal nos ajudou ontem. E ele te ama.

            Thomas não me olhou ao dizer aquelas palavras, preferiu desviar os olhos para outro ponto da sala, fingindo que o amor de Mike não lhe afetava.

            Sorri ao perceber que mesmo sendo presidente ele ainda sentia-se inseguro ao saber que outra pessoa me amava do mesmo jeito que ele.

            Puxei seu queixo para cima, o obrigando a me encarar diretamente. Reuni coragem para dizer aquelas palavras que eu estava guardando para uma ocasião especial.

            —Eu te amo –murmurei baixinho

            Gostei do modo como ele olhou diretamente para mim, os olhos brilhando de alegria. Ver aquele sorriso lindo nascer em seus lábios, escancarado, enorme e feliz fez meu coração pulsar com intensidade no peito.

            Minha boca foi logo coberta pela sua, que me tocou com lentidão e delicadeza. Notei que Thomas tentava ao máximo não mostrar o quão eufórico estava, porque eu sabia que na verdade ele queria me apertar e abraçar, morder e beijar com mais intensidade.

            Me abriguei em seus braços com ternura, adorando o calor do seu corpo contra o meu, ouvindo seu coração bater acelerado enquanto sentia seus beijos por minha testa e nariz.

            —Eu também te amo Príncipe.

            Eu ri. Thomas raramente me chamava de Príncipe, mas eu já começara a adorar aquele apelido que havia me dado, porque era especial e só ele o usava. Fazia eu me sentir especial.

            —Minha irmã pode parecer um pouco estranha amanhã durante o jantar –falei rindo

            —Por quê? –afastou-se para me olhar com curiosidade, suas mãos fazendo uma carícia contínua em meu braço

            —Por que ela descobriu que o cara pelo qual ela era apaixonada tem um namorado, e esse namorado sou eu.

            Ele abriu a boca para falar algo mas escolheu fazer uma careta engraçada, desacreditando o que eu havia falado. Logo depois de assimilar minhas palavras pude ver sua expressão se suavizar, o entendimento de que aquilo não era uma brincadeira o fazendo ficar boquiaberto. Nós dois caímos na gargalhada.

            Não me sentia bem por estar rindo de Lilith, mas a situação era bastante engraçada.

            —Thomas você quebrou o coração dela. –falei entre os risos

            Rimos por vários minutos, os olhos cheios de lágrimas, nossos rostos quentes e vermelhos. Quando terminamos Thomas beijou-me no rosto com carinho, sua respiração acelerada pelo riso.

            —Comprei algo para você –falou

            Fiquei surpreso e curioso. Thomas levantou-se e vasculhou o bolso da calça. Quando sua mão me mostrou uma caixinha preta de veludo meus olhos quase saíram da órbita. O olhei sem acreditar, sendo respondido com um sorriso que me encorajava a pegá-la.

            Quando peguei, o formato quadrado aveludado, uma textura macia em meus dedos, vi que não era muito pesada, e a abri lentamente. Dentro havia 2 anéis idênticos, encrustados com pequenas pedras brilhantes por toda sua extensão.

            Fiquei boquiaberto ao perceber o quanto aquelas pedrinhas brilhavam. Encarei Thomas ainda sem acreditar.

            —Você está me pedindo em casamento? –arqueei as sobrancelhas

            Thomas abaixou-se a minha frente, o sorriso mais lindo do mundo em seu rosto.

            —Quase isso. Não te pedi em namoro adequadamente e você nem me deu uma resposta aquele dia em que perguntei. –fingiu chateação e eu ri

            Era verdade, ele dissera que “eu não precisava responder”, e eu não o fizera, apenas começara a assumir que estávamos namorando.

            —Eu me esqueci completamente –murmurei- Já estamos namorando há tempos Thomas! –falei, fingindo estar indignado

            —Sim, mas agora é oficial. Todos sabem, e é para dar um caráter mais sério a nossa relação. Para todo o mundo não pensar que é só uma fase. –revirou os olhos e riu

            Eu peguei com cuidado um anel, puxei sua mão delicadamente e coloquei em seu dedo, beijando-o logo em seguida. Recebi um beijo na boca logo depois e quase me derreti ao sentir aquele perfume que eu tanto amava bem perto de mim.

            Thomas pegou o outro anel e colocou em meu dedo com gentileza. Segurou minha mão e a levou ao seu rosto, beijando cada centímetro dela, da palma até a ponta dos dedos. Quando terminou encostou-a em seu rosto e respirou fundo de olhos fechados.

            Meu coração batia rápido em meu peito e a respiração estava acelerada. O puxei pela gravata e ataquei seus lábios com volúpia, invadindo sua boca com minha língua, as mãos enterradas em seus cabelos.

            —Temos um jantar para preparar amanhã –murmurou

            —Eu sei, mas é só amanhã. Hoje ainda podemos nos divertir. –sussurrei entredentes, brincando com o cós da sua calça

            Thomas levantou-se e puxou-me pela mão. Nos corredores cumprimentamos todos os seguranças, o medo de dias atrás se dissipando. Gostei do modo como eles sorriram ao nos ver, pareciam felizes por nós.

            Enquanto caminhávamos com pressa eu o observava com ternura, adorando o jeito como seu rosto se iluminava quando sorria, quando estava feliz. Agradeci por ter Thomas em minha vida. Não me sentia tão feliz daquela maneira há um longo tempo.

______

            No dia seguinte acordei nos braços de Thomas, praticamente em cima de seu corpo. Entretanto ele não pareceu perceber porque dormia profundamente abaixo de mim, podia sentir sua respiração calma sobre minha bochecha.

            Beijei seu abdômen, gostando da textura lisa e dura da sua pele ali. Será que ele praticava algum outro esporte além de golfe? Para ter aquele corpo ele precisaria praticar algo que o fizesse gastar mais energia.

            Enquanto Thomas dormia peguei meu celular, cuidando par anão fazer barulho e acordá-lo. Havia 10 mensagens não lidas. Meus olhos quase saltaram com aquele número. Pensei que algo mais de ruim havia acontecido, no entanto fiquei aliviado ao saber que a maioria era da minha família.

            “Meu amor, estamos todos muito felizes pelo que você e Thomas fizeram, foi algo delicado e subentendido, seu pai gostou - Mãe”

            Meu pai gostou? Achei engraçado imaginar meu pai, Michael Novak feliz ao me ver assumindo um relacionamento com o homem mais poderoso do mundo. Mas aquilo também significava prosperidade para o escritório dele.

            “Damien! Estou muito orgulhosa de você, mesmo você tendo roubado meu talvez-futuro-namorado. Beijos, Lilith.”

            Ri um pouquinho ao ler o que minha irmã havia escrito, sentindo-me amado demais com aquelas mensagens.

            “Todos estão falando sobre você! Me sinto a mãe de uma celebridade! Umas 3 jornalistas já ligaram para cá querendo fazer uma matéria comigo. Claro que recusei, você precisa estar junto quando entrevistarem sua família! – Mãe ”

            Ah, claro que ela estava feliz por ser mãe de uma “celebridade”. Só de pensar em mim daquele jeito, como alguém famoso, foi algo estranho. Talvez eu não estivesse pronto para aquilo? Não importava se eu estava ou não, a realidade a partir de agora seria outra.

            “A sua cara estava engraçada durante o jogo, parecia apavorado, às vezes desligado e prestes a vomitar. - Sua irmãzinha.”         

            Claro que era ela. Revirei os olhos, não conseguindo segurar o riso.

            “Vocês estão estampando a capa de umas 70 revistas só aqui no país. Pegaram uma foto sua da faculdade e eles já sabem praticamente tudo sobre a sua vida maninho”

            Lilith devia estar feliz demais com tudo aquilo. Podia vê-la vibrando, quase tremendo de emoção ao ver as manchetes e capas de revistas com meu nome, com o nosso sobrenome. Ela me perdoaria por ter “roubado” Thomas dela no momento em que desse uma entrevista sobre mim, tendo seu nome estampado em uma capa de revista. Novamente tive aquela sensação de estranhamento ao compreender que meu rosto estava em todas as revistas do país.

            “Recebi o convite de Thomas para ir jantar. Quer dizer, nós recebemos. É claro que vamos, mas espero que você não desmaie dessa vez Damien – Lilith”

            “DAMIEN! FOI TUDO INCRÍVEL EU TE AMO DEMAIS VOCÊ MERECE TUDO DE BOM NO MUNDO –Jess”

            A imaginei gritando ao escrever aquela mensagem, claro que ela havia chorado, afinal era muito emotiva.

            “Vocês são o casal mais lindo do mundo. Nem acredito que sou melhor amiga do namorado de Thomas Klint. ESTOU MUITO EMOCIONADA. Chorei durante toda transmissão! Você estava bem sexy naquele colete hein? Não sei como Thomas resistiu. - Jess”

            “Thomas me convidou para um jantar amanhã, COMO DIABOS ELE SABE MEU ENDEREÇO? EU VOU MESMO só pra conhecer de perto seu namorado e imaginar como vão ser os filhos de vocês. Beijos D. TE AMO  – Jess”

            Meus olhos quase se encheram d’agua ao ler as coisas que Jess mandara. Ela não havia mencionado Chris, então esperei que tudo estivesse bem entre eles, na medida do possível, claro, eu não confiava nele. Mas a curiosidade para saber o que estavam tramando na PNPA era maior que eu, contudo não podia fazer nada por enquanto, só esperar e ver o rumo que a situação iria tomar.

            Senti um arrepio ao ler o remetente da última mensagem. Mike. Meu coração acelerou só de ler seu nome ali.

            “Assisti ontem a transmissão do jogo. Foi inteligente o modo como fizeram tudo. Fico feliz por vocês, e vou fazer tudo para que nada os atrapalhe, e que ninguém machuque você Damien. Mas não se esqueça que eu ainda te amo, muito e que sempre vou estar aqui quando você precisar.”

            As lágrimas escorreram sem eu perceber, quando notei elas já banhavam minhas bochechas. As memórias que eu tinha de Mike voltaram à tona, do jeito como havíamos nos conhecido, de como nos beijávamos, do jeito como ele me abraçava com força...

            Thomas se mexeu ao meu lado e eu tentei limpar meus olhos da melhor forma possível, mas ele percebeu e ficou preocupado, sentando-se rapidamente e me olhando com preocupação.

            —O que houve Damien? –tocou meu rosto com gentileza, acariciando meus cabelos com a outra mão

            —Nada, é só... –falei com a voz entrecortada- Eu estou muito feliz. –murmurei

            Não era uma mentira, mas eu estava chorando porque Mike ainda era muito importante para mim, e eu ainda o amava. Entretanto eu amava Thomas também, era fácil ver isso agora. Eu não teria feito tudo o que fiz se não fosse por ele e pelo futuro que eu aspirava para nós.

            —Espero que esteja mesmo! –ele falou e se inclinou para me beijar, um sorriso bobo no rosto- Você está lindo, mas eu separei um terno que vai te deixar mais bonito ainda para hoje.

            —É mesmo? –sequei minhas lágrimas e sorri- Que cor é?

            —Verde turquesa –arqueou as sobrancelhas esperando minha reação

            —Eu adoro essa cor –falei sinceramente beijando-lhe os lábios ternamente

            Abracei seu pescoço e me aninhei em seus braços, colocando uma perna de cada lado do seu corpo.

            —Estou feliz agora, parece que tiramos um peso dos nossos ombros. –murmurei em seu ouvido

            —Tudo vai dar certo D. –senti seus beijos em meus cabelos e na testa- Se não der sempre teremos outra solução. Não tivemos nenhuma notícia da PNPA até agora, o departamento de segurança não conseguiu achar o responsável pelo vídeo, mas estão investigando todos do setor de inteligência.

            Eu assenti, gostando da segurança que suas palavras me passavam. Apertei mais meu corpo contra o dele, tocando seus braços, ombros e barriga com lentidão, gostando de sentir cada músculo, oferecendo-lhe uma massagem gostosa.

            —O que está fazendo? –perguntou curioso

            —Cuidando de você –murmurei baixinho enquanto lhe beijava- Gosto de tocar em você, eu queria tocar cada parte do seu corpo só para não esquecer de nada –confessei em seu ouvido

            Senti Thomas se arrepiar com minhas palavras e ri baixinho, gostando de provocá-lo, mesmo que inocentemente.

            Suas mãos tocaram minhas costas numa massagem gostosa e contínua em movimentos circulares. Estremeci em seus braços com seu toque, que agora pressionava minha coluna, me obrigando a relaxar.

            —Você faz uma massagem muito boa Thomas –sussurrei

            Minhas pernas estavam entrelaçadas em sua cintura, os braços em seus ombros. Nos agarrávamos um ao outro com paixão, eu sentindo seu toque intenso e ele gostando da massagem que fazia em seus ombros.

            Encostei meu queixo em sua clavícula e mordi sua orelha, ouvindo-o suspirar com surpresa pelo toque. Brinquei um pouco com seu lóbulo, adorando senti-lo se arrepiar mais ainda, as mãos agora apertadas em minha cintura.

            Eu ia beijá-lo mas não tive tempo porque ele me virou com rapidez, pegando-me no colo rapidamente e me deitando no colchão abaixo de si.

            —Será que todas as pessoas estão imaginando o que nós fazemos dentro desse quarto? –falei baixinho entre risos, sentindo seus beijos por todo meu tórax

            —Ah então é nisso que você fica pensando enquanto eu estou trabalhando? –parou de me beijar para me olhar

            Inclinei-me para encará-lo e encontrei seus olhos azuis intensos faiscando de excitação, ansiosos e brincalhões.

            —Não! Eu também trabalho sabia Thomas? –protestei- Trabalhava ao menos...

            Recebi uma mordida na barriga e gemi baixinho de dor, inclinando minhas costas e arqueando meu quadril.

            Thomas abaixou minha cueca parcialmente e beijou minha virilha com carinho. Estremeci com o beijo, sentindo sua língua resvalar em meu membro.

            —Vocês esqueceram que tem um jantar hoje?!

            O barulho da porta abrindo foi o suficiente para que pulássemos de susto, nos afastando rapidamente, nossos rostos vermelhos de susto e vergonha. Margot praticamente gritou aquela frase, nos encarando de braços cruzados. Os seguranças atrás dela pareciam desesperados.

            —Senhor! Eu tentei impedi-la, eu juro, nós sabíamos que era um código Israel-Rússia.

            Eu arregalei os olhos e encarei Thomas indignado.

            —Então você realmente nomeou nossos momentos íntimos de Israel-Rússia?!

            —Sim, achei apropriado, já havíamos discutido isso. –ele cruzou os braços na defensiva

            —Não temos tempo! Vocês precisam se trocar, arrumar a disposição dos convidados no salão, posar para fotos oficiais como casal.

            —Fotos?! –Thomas aproximou-se dela, estava só de cueca e a cena era um tanto cômica

            —Sim! –Margot pôs as mãos na cintura e franziu o cenho- Você acha que  vai ter algum descanso daqui pra frente? Não senhor! EU tratei de encher sua agenda pelos próximos dias, e vocês dois estarão prontos para irem juntos à França em duas semanas.

            A olhei como se estivesse enlouquecido. E ela agora tinha uma expressão quase doentia no rosto, um sorriso triunfante, os olhos brilhando. Mas os cabelos curtos estavam um tanto quanto arrepiados.

            —Pode ir –ela falou para o segurança, que olhou para Thomas pedindo ajuda

            —Pode ir Oliver –Thomas murmurou, sentando-se resignado na beirada da cama

            Margot fechou a porta atrás de si e nos olhou como se fôssemos o seu próximo experimento maluco.

            —Hoje vocês têm que focar nesse jantar. No jantar você fará um discurso pequeno sobre o governo e como as coisas continuarão iguais daqui para a frente. Esse discurso será gravado e publicado em vários sites. Depois vem o dia de Ação de Graças, como Damien sugeriu –ela apontou para mim- vocês irão ajudar a servir comida em um abrigo para crianças!

            Falou tudo aquilo como se estivesse anunciando que um show de um artista muito famoso aconteceria na Casa Branca. Eu olhei para Thomas buscando uma explicação, mas ele parecia mais chocado que eu.

            —Margot você tomou muito café –o ouvi murmurar

            —Acho bom vocês se vestirem logo, tem 10 minutos para chegar até a sala impecáveis. Já vestidos para o jantar, porque irão fazer uma sessão de fotos com as mesmas roupas. Essas fotos serão divulgadas à imprensa depois do dia de Ação de Graças. Parem de me olhar desse jeito, se apressem!

            Ela franziu o cenho antes de sair, como se fôssemos estúpidos demais para entender ordens simples.

            —Eu nunca a vi desse jeito –murmurei

            —Essa é a Margot sob o efeito da cafeína. E isso significa que não teremos muito tempo livre –suspirou

            —Ela falou sobre uma viagem à França

            —Talvez ela queira algo mais oficial para nós, como uma primeira aparição em outro país como casal.

            Assenti tentando imaginar como aquilo se daria. Eu nunca havia visitado a França e só de imaginar que eu iria para lá como namorado de Thomas um arrepio de medo atravessou meu corpo.

            Se é que eu podia acreditar em Margot sob efeito de cafeína.

______

            A sessão de fotos ocorreu numa sala reservada da Casa Branca, e o fotógrafo assinou um termo de que as fotografias ficariam em sigilo e só viriam à público quando publicadas na revista na próxima semana.

            Não nos beijamos, claro, apenas tiramos algumas fotos inocentes, olhando um para o outro, sentados no sofá, minha cabeça em seu ombro, sua mão em minhas costas...

            Mas a que eu mais gostei foi uma em que Thomas estava de costas e eu olhava por cima de seu ombro sorrindo de felicidade, minhas mãos pousadas em seus ombros, o abraçando com carinho, tudo o que eu sentia por ele estampado em meu rosto.

            Tiramos algumas fotos só das nossas mãos com os anéis, nossos dedos entrelaçados. Margot elogiou Thomas por ter me dado aquele presente, mas pensando sempre no que o público acharia. Disse que foi “uma jogada de mestre” e ele se resignou a revirar os olhos e responder “não dei comprei os anéis pensando no que o mundo ia pensar Margot” num tom irritadiço que pela primeira vez eu gostei de ouvir, porque foi engraçado vê-los brigando.

            Eu fiquei maravilhado ao ver as fotografias no computador; com a beleza delas, a cor dos nossos ternos contrastando um com o outro: o meu verde turquesa com uma gravata azul marinho, o dele na cor vermelho rubi, com uma gravata preta que destacava os detalhes bordados no terno, alguns floreios bonitos destacados pela cor.

            As fotos tomaram toda nossa tarde, quando tivemos um tempo ele foi monopolizado por decidir os detalhes do salão. Não seria um jantar enorme, seria apenas para a família e amigos mais íntimos, mas mesmo assim existiam pessoas que não eram muito próximas de nós e precisávamos saber quem eram.

            Depois de decidirmos isso em conjunto, Margot sempre nos aconselhando e nos explicando quem era quem (sim, ela havia convidado pessoas “estratégicas”, ou seja, que precisariam ficar ao nosso lado durante todo esse processo de aceitação pública do nosso relacionamento, visando um apoio público a nós).

            —Mas deem o mínimo de atenção a eles, são sua base aliada no congresso a maioria, e já expliquei que esse jantar é sobre vocês dois e não sobre negócios. Aproveitem, quero que vocês se divirtam e relaxem.

            Margot parecia exausta ao nos dizer aquilo, ao menos na aparência, porque no rosto ela estava sorridente, algo raríssimo de ver.

            Assim que terminamos de conversar sobre o jantar Thomas teve de ir assinar alguns papeis, ler outros, conversar com o departamento de segurança e fazer as tarefas que os presidentes faziam.

            Contudo na hora do jantar tudo estava pronto, e ele também, os cabelos já estavam um pouco desarrumados, mas os olhos azuis brilhavam com intensidade feito duas jóias, enquanto me olhava antes de adentrarmos o salão.

            As portas estavam fechadas, era o mesmo salão do primeiro jantar que ele oferecera, em que havia subido no palco de braços dados com Chloe. Uma sensação de deja vú tomou conta de mim, mas foi algo gostoso, aquele ar de mudança pairando sobre mim.

            Thomas segurou minhas mãos nas suas, um sorriso brincalhão no rosto enquanto me encarava com felicidade. Os anéis em nossos dedos brilhavam devido a luz que emanava do lustre de cristal acima de nós.

            —Parece que foi há meses que eu te convidei para jantar aqui pela primeira vez. E agora aqui estamos nós, como um casal, para quem quiser ver.

            —Coitada da Chloe –fiz uma expressão pesarosa- Ela vai ter que dar inúmeras entrevistas dizendo que nunca percebeu que você gostava de homens.

            Sua expressão se aliviou num riso frouxo e eu o segui, adorando aquele momento de descontração. Por dentro eu estava tenso com o que poderia acontecer dentro daquele salão.

            —Chloe nunca foi um problema meu, a culpa é toda de Margot –ele resmungou- Mas sobre nós, eu não poderia estar mais feliz Damien. Nunca imaginei que isso aconteceria, que seria possível. Estou fazendo algo novo, corajoso, mas não gosto de me gabar –sorriu com acanhamento- Fiz tudo isso por nós e acredito que teremos um futuro brilhante.

            —Ah Thomas –abracei-o pelo pescoço, suas mãos gentilmente pousando em minha cintura- Mal posso esperar para ser o primeiro primeiro-cavalheiro dos Estados Unidos.

            Só de falar aquilo um arrepio passou por mim, a realidade caindo no meu colo como uma tonelada. Eu seria, já era, uma pessoa pública.

            Fechei os olhos por um momento, inspirando o perfume de Thomas, me sentindo determinado a fazer coisas boas com minha nova função. De repetene fui inundado por imagens minhas ajudando instituições, crianças... Era algo que eu conseguia me imaginar fazendo, e que nunca passara pela minha mente antes. Eu poderia ajudar, e iria fazê-lo.

            —Eu amo você –me ouvi murmurando- Desculpe por não ter falado antes que te amava, eu estava tenso e confuso.

            —Isso não é importante agora –ajeitou alguns fios de meus cabelos loiros para trás da minha orelha- Eu já sabia que você me amava –deu um sorriso convencido

            —Se soubesse não teria ficado chateado –belisquei sua cintura e ele riu

            —Tudo bem, isso dói! –disse indignado, segurando minhas mãos uma na outra novamente

            Nos encaramos sorrindo, não conseguindo conter nossa alegria de não precisarmos esconder nosso relacionamento de mais ninguém. Não que eu estivesse triste por ter que ser discreto, eu até meio que gostava de namorar Thomas escondido, mas não de ser ameaçado por isso.

            —Nós vamos entrar lá e aproveitar a noite. Subiremos juntos naquele palco juntos pela primeira vez, e tudo vai dar certo.

            —É bom dar tudo certo mesmo –retruquei- Não namoro o presidente para as coisas darem errado.

            Ele riu e levou minhas mãos até os lábios, beijando-as com delicadeza sem tirar o olhar penetrante de mim. Naquele momento odiei lembrar da interrupção de Margot pela manhã.

            —Você está lindo, caso ainda não tenha dito.

            E foi com aquelas palavras que ele me deu o braço para me apoiar. Quando as portas abriram fomos recebidos com aplausos.

______

            Enquanto entrávamos no salão, um tapete vermelho abaixo de nossos pés, eu sorri num cumprimento para as pessoas que nos rodeavam e aplaudiam.

            Thomas acenou, algumas pessoas assoviaram. Não consegui encontrar minha família, mas então me lembrei que eles estariam numa mesa afastada, perto da que eu e Thomas sentaríamos a noite toda.

            Ouvia conversas e cochichos por todo salão. Obviamente eu não conhecia várias pessoas ali, fiquei apreensivo por aquilo, mas só de sentir a vibração positiva daquele lugar eu me acalmei um pouco.

            Quando chegamos a nossa mesa Margot estava lá. Nós havíamos dito que a queríamos sentada conosco, afinal ela era importante para nós.

            Enquanto caminhávamos sorrindo num agradecimento pelos aplausos, as pessoas começaram a se sentar a nossa volta.

            Eu nunca vira Margot vestir algo tão bonito e elegante. Seu vestido preto tinha pedras brancas que brilhavam com a luz e moldavam seu corpo perfeitamente. O cabelo Chanel estava penteado para trás com gel, a boca pintada num vermelho quase neon que contrastava lindamente com sua roupa.

            Percebi com surpresa uma mulher ao seu lado, loira, olhos verdes, o cabelo preso num coque acima da cabeça. Seu vestido era verde esmeralda, mais curto que o de Margot, e ela sorria com gentileza para nós.

            —Você deve ser Julie –Thomas falou com animação, estendendo a mão para ela

            —É uma honra senhor presidente –fez uma mesura com a cabeça, sua voz era aveludada e calma- Prazer –estendeu a mão para mim

            A apertei com leveza, sorrindo com alegria.

            —Margot, até que enfim me apresentou sua namorada. –Thomas riu com o próprio comentário

            Vi Margot corar e não fiquei tão surpreso por vê-la tímida, porque depois de vê-la chorando eu não me surpreendia mais. Ela olhava para Julie com amor e carinho.

            —Eu pensei que você estivesse apaixonada por Thomas quando te conheci –sussurrei para que apenas ela ouvisse

            Pareceu chocada com aquela confissão, uma careta descrente em seu rosto.

            —Não! Nunca, quer dizer, seria impossível. –eu ri baixinho

            —Vocês estão lindas –as elogiei enquanto Thomas me puxava com delicadeza para a nossa mesa

            Não fiquei tão admirado ao ver Louise ali, com uma expressão indiferente, mas Thomas ficou, olhando em choque por alguns segundos para ela. Demorei alguns segundos para desviar meus olhos de Louise e focá-los nas pessoas que sentavam a sua volta, minha família.

            —Damien!

            Minha mãe levantou-se e me deu um abraço apertado que quase me derrubou, Lilith sorriu largamente, mas me cumprimentou quando sentei-me ao seu lado. Meu pai cumprimentou-me com a cabeça, e eu sabia que não demoraria muito para ele ficar feliz por tudo o que estava acontecendo.

            Thomas cumprimentou toda minha família, beijou as mãos de minha mãe, de minha irmã e deu um aperto de mão em meu pai. Fiquei nervoso quando eles se olharam por longos minutos.

            —Estou cuidando bem do seu filho.

            Aquela frase me pegou de surpresa, mas Thomas não deu tempo para meu pai reagir, porque logo foi se sentar ao lado de sua mãe, que não parecia tão feliz quanto minha família por me ver, nem por ver o filho.

            A cumprimentei de longe com a cabeça, não queria ficar mais nervoso do que já estava. Mãe e filho começaram a conversar e eu lhes dei privacidade, dando toda minha atenção à meus familiares.

            —Está tudo tão lindo Damien! Foi você quem escolheu a decoração?

            A pergunta de minha irmã me atentou para o fato de que eu não havia reparado direito no lugar, de tão apreensivo que estava.

            As mesas estavam decoradas com o mesmo verde turquesa do meu terno, algumas begônias laranjas deixavam o local ainda mais harmônico. As louças eram todas de prata e brilhavam com a luz. Era uma decoração majestosa, quase clássica.

            —Foi Margot quem escolheu –sorri ao responder

            —Faz tempo que você não passa um tempo com sua família! –minha mãe protestou

            Passamos alguns minutos conversando animadamente, meu pai se intrometendo raramente para comentar algo, mas todos pareciam muito felizes por mim, o que diminuiu bastante minha ansiedade.

            Depois de vários minutos de descontração, quando as pessoas do salão já estavam falando em tom mais alto, talvez impacientes pela comida Thomas olhou-me e eu assenti, entendendo o recado. Era a hora do discurso.

            —Com licença, preciso roubar Damien de vocês. –ele já estava atrás de mim enquanto eu me levantava

            —Você pode roubá-lo sempre que quiser. –minha mãe deu um risinho malicioso

            Eu corei com aquela reação e dei meu braço à Thomas, me apoiando nele da mesma forma que havíamos entrado minutos atrás.

            Tínhamos que fazer aquilo logo para poderem servir a comida, e também porque ficaríamos mais nervosos se demorássemos mais. EU ao menos ficaria, Thomas já estava acostumado a discursar. Contudo, eu lembrei, aquele seria um discurso diferente, comigo ao seu lado pela primeira vez.

            Subimos os degraus até o palco lentamente, sentindo vários pares de olhos em cima de nós, curiosos, alegres. Alguns cochichos correram o salão, mas quando Thomas se posicionou atrás do microfone, eu ao seu lado, minhas mãos entrelaçadas nas costas, o silêncio foi geral.

            —Boa noite!

            Sua voz reverberou por todo o local, animada, feliz, e as pessoas responderam com aplausos, algumas em pé, mas todas tinham algo em comum: sorriam.

            Thomas parecia mais elegante do que nunca naquele terno.

            Olhei para a plateia timidamente e contei umas 50 pessoas ali. Procurei por Mike pela multidão mas não o encontrei, algo que me deixou preocupado.

            —Não vim aqui falar sobre Israel ou guerras, tenho certeza que vocês já estão fartos disso.

            Era incrível como Thomas sempre parecia confortável ao falar em público, com uma postura altiva, o sorriso simpático de sempre no rosto.

            —Pelo contrário, estou aqui para recebê-los nesse jantar tão íntimo, que fico feliz de compartilhar com vocês. Eu já imaginava que ser presidente me traria escolhas difíceis para fazer, mas nunca algo que afetasse tão profundamente minha vida pessoal.

            Ele olhou-me de canto e eu enrubesci, desviando meu olhar para meus pés, sentindo a atenção de todos sobre mim.

            —Tive uma escolha difícil para fazer, entre esconder minha vida de toda América ou torná-la pública ao mundo. Mas não era só uma decisão minha, eu me preocupei primeiramente com o que isso significaria para Damien, quem seria mais afetado por essa decisão.

            Notei uma câmera gravando tudo e tentei não entrar em pânico. Margot, inteligentemente pouparia um discurso público para veicular o vídeo do que ele falava como um discurso, dando tempo para nós dois absorvermos as reações ao nosso relacionamento. Ela era realmente genial.

            A vi acenar para mim e piscar de longe. Minha mãe acenou ao longe, Lilith fez um sinal positivo com os dedos. Meus olhos varreram o salão com rapidez, mas pararam na porta de entrada. Mike adentrava o lugar, as mãos nos bolsos de um terno simples preto, mas que o deixava mais lindo ainda, contrastando com seus olhos negros. Os cabelos de um jeito que eu nunca vira antes: penteados com gel para trás. 

            Ele me olhou com surpresa por ter entrado no início do discurso, mas logo se encaminhou para uma mesa afastada de todos, perto da porta. Eu o havia colocado para sentar na nossa mesa, por que ele não fora para lá?

            Tentei ao máximo não demonstrar minha surpresa e voltei meu olhar para Thomas, que sorria e me encarava com carinho.

            —Meus deveres continuarão os mesmos, o governo seguirá zelando pelo povo, tudo continuará igual, eu garanto, só com um novo personagem.

            Seu braço passou pelo meu ombro carinhosamente e eu me encolhi de vergonha, sorrindo ao ouvir alguns aplausos.

            —Fui eleito para melhorar o país e é isso que eu farei até o último dia do meu mandato. Entendo as pessoas que achem tudo isso um absurdo, afinal nada desse tipo aconteceu antes, mas meu relacionamento não atrapalhará minhas funções como presidente, eu garanto. Não vou obrigar ninguém a gostar de nós dois, porque essa não é minha função, mas quero que nos respeitem do mesmo modo que eu os respeitei e servi nesses dois anos de mandato. Obrigado. Damien?

            Demorei a entender que ele queria que eu falasse alguma coisa e arregalei os olhos, um tanto apavorado, afinal não havíamos combinado aquela parte. Resolvi falar algo sincero, ensaiando as frases rapidamente na minha cabeça antes de dizê-las.

            —Estou feliz por estar aqui e poder ser verdadeiro e honesto sobre a nossa vida com vocês. –sorri timidamente e acenei

            Enquanto descíamos do palco uma enxurrada de aplausos nos seguiu, alguns assovios estridentes. Sentei-me na minha mesa como se tivesse jogado uma partida de futebol, suando como nunca havia suado, as mãos tremendo de nervosismo, assim como minhas pernas.

            Thomas agora sentou-se ao meu lado, a mão apertou minha coxa com carinho, tentando me confortar.

            —Você não devia ter feito aquilo, eu não estava preparado Thomas! –protestei enquanto tomava um copo d’água num gole só

            —Eu sabia que se sairia bem. –sorriu e beijou minha bochecha rapidamente

            Louise continuava quieta, e eu estranhei um pouco aquilo. Ela mal olhava para mim e evitava puxar assunto com Thomas.

            —Damien!

            Escutei a voz estridente de Jess atrás de mim e me levantei com felicidade, abraçando-a com carinho.

            Seu vestido era azul marinho cheio de bordados cinza que pareciam prata. Os cabelos estavam de outra cor, castanhos e presos atrás.

            —Você está linda!

            Ela cumprimentou timidamente minha família e Louise, quando seus olhos pararam em Thomas ela sorriu largamente.

            —Então é você que vai roubar o Damien de mim?

            Eu ri baixinho com aquela cena.

            —Estou brincando Thomas. Posso te chamar de Thomas né? Fica chato ficar chamando o namorado do meu melhor amigo de senhor presidente.

            Ela gesticulava como sempre, o rosto expressivo fazendo caras e bocas. Thomas riu, achando-a engraçada, algo que ela realmente era, só pelo seu jeito.

            —Pode me chamar de Thomas. –ele falou entre risos

            —Vocês estão lindos também!

            Percebi que seus olhos encheram-se d’água e ela me abraçou com força.

            —Vocês vão ser muito felizes D.! E vão ter muitos filhos lindos!

            Eu revirei os olhos e retribuí aquele abraço da minha melhor amiga louca e incrível.

            Nos sentamos, ela de um lado e Thomas do outro, nossos familiares a nossa volta conversando entre si.

            —Que anel é esse? –Jess puxou meu dedo com curiosidade enquanto tomava um gole de champagne

            —Thomas me deu –respondi timidamente- De namoro, ainda não vamos casar Jess. –acrescentei rapidamente

            —Droga, eu já queria ser madrinha de casamento. –falou frustrada

            A comida começou a ser servida logo em seguida, e eu não aguentei minha felicidade ao perceber que no prato principal havia camarões, agarrei Thomas e lhe beijei rapidamente na boca, não me importando com o olhar das pessoas sobre nós. Eu sentia uma euforia muito grande tomar conta de mim, um sentimento gostoso e intenso que fazia minha pele formigar de alegria.

            —Tudo isso por causa de camarão? Vou mandar construírem um barco de pesca de camarão só para você!

            Ri junto com ele e as pessoas que estavam próximas o suficiente para ouvir aquela brincadeira.

            Rimos mais um pouco com os comentários de Jess. Eu não perguntei nada sobre Chris, se tivesse algo a preocupando ela me contaria.

            Eu estava comendo lentamente quando senti um toque em meu ombro. Virei-me e arregalei os olhos ao ver Mike ali, com um sorriso torto no rosto enquanto me encarava. Percebi que uma barba rala crescia em seu rosto e gostei daquele visual.

            —Podemos conversar? –ele inclinou-se e sussurrou em meu ouvido

            Seu hálito tinha cheiro de menta e um perfume doce invadiu meu nariz, o que ele usava sempre. Algumas lembranças nossas invadiram minha mente novamente.

            —Mike? –Thomas se virou, estava batendo papo com meu pai

            —Posso roubar Damien por um instante?

            Todos na mesa riram e Mike fez uma careta, sem entender, afinal ele não estava ali quando Thomas usara uma frase parecida para se referir a mim.

            Levantei-me e o segui para um canto mais afastado, atrás de uns vasos de flores, perto da janela, onde teríamos um pouco de privacidade dos olhares curiosos de todos.

            —Você está lindo –ele murmurou

            Notei que ele parecia nervoso, mexia na gravata com ansiedade, e me olhava com um pouco de timidez, algo que eu nunca o vira fazer.

            —Ah Mike, você chegou atrasado, aconteceu algo? E seu lugar é na nossa mesa, porque estava do outro lado do salão? –indaguei curioso

            —Não vou ficar até o final da festa, só passei para falar com você. Eu estava investigando mais sobre a PNPA e descobri algo.

            Meu coração começou a bater rapidamente de medo e tive que me apoiar na janela, sentindo um tremor em minhas mãos.

            —Damien –ele me segurou pelo braço pensando que eu fosse desmaiar

            Subitamente me senti decepcionado comigo mesmo por sequer pensar que as coisas começariam a dar certo dali para frente. Fechei os olhos e espantei aqueles pensamentos, precisando enfrentar a verdade que ele iria dizer em seguida.

            —Foi Chris quem conseguiu o vídeo. –falou baixinho em meu ouvido

            Arregalei os olhos sem acreditar naquilo. Como?

            —Ele subornou alguém da inteligência para lhe dar o vídeo. Digamos que nós temos um ótimo salário. –engoliu em seco- O fato é que foi ele quem enviou aquela ameaça.

            —Como descobriu isso?

            —É algo que anda passando de boca em boca dentro da PNPA, a probabilidade de ser verdade é enorme. Me desculpe por estragar o seu jantar. –pareceu culpado e mexeu nos cabelos com nervosismo

            —Não é sua culpa Mike. Você já sabia disso não é? Estava muito estranho quando apareceu na Casa Branca... –cruzei os braços e inclinei a cabeça em sua direção, tentando decifrar seu olhar

            —Eu tinha uma pista, mas agora é um fato. Foi Chris quem ameaçou vocês.

            —Então precisamos prendê-lo! –falei num sussurro, com medo de ser ouvido

            —Não. Eu tenho uma ideia do que eles estejam tramando, mas não vou dizer para não preocupar você e Thomas. Vou tomar conta disso Damien, não se preocupe. As coisas estão entrando nos eixos e eu finalmente acho que temos uma chance de arrumar tudo.

            —Arrumar tudo? –franzi o cenho- Mike pare de falar comigo através de códigos que eu não entendo.

            —Israel-Rússia? –ele arqueou as sobrancelhas com um sorriso que parecia um tanto triste

            Enrubesci de vergonha. Como ele sabia daquilo? Alguns agentes infiltrados no serviço secreto, lógico.

            —Isso é assunto íntimo! –falei indignado, imaginando o quanto meu rosto deveria estar vermelho

            —Muito íntimo. –ele deu uma risada gostosa e eu aliviei minha expressão carrancuda, gostando da sua presença ali

            —Então não podemos fazer nada?

            —Por enquanto não. E não conte isso para Thomas, ele pode querer prender Chris e se isso acontecer meus planos vão por água abaixo.

            —Vai me contar quais são seus planos? –perguntei inquisidor

            O silêncio dele respondeu. Bufei de irritação.

            —Não posso, só prometa que vai guardar essa informação para você e eu prometo que irei resolver tudo.

            Assenti com a cabeça sem olhá-lo diretamente.

            —Gostei da decoração. E do discurso, servirá para apaziguar os ânimos da nação.

                —Espero que sim.

            Mike me olhou com nervosismo de repente, os olhos negros me sondando em busca de alguma coisa que não pude adivinhar.

            —Você está feliz? –perguntou seriamente

            Analisei sua pergunta com estranheza. Era algo difícil de responder, para qualquer pessoa. Mas não podia negar o que eu estava sentindo nas últimas 24 horas, uma alegria jovial que eu não conhecia, uma euforia gostosa e um friozinho na barriga há tempos não sentido.

            —Estou –murmurei com receio

            Ele pareceu um pouco decepcionado, as mãos agora estavam nos bolsos da calça e me olhava com um sorriso enquanto balançava a cabeça em um gesto de negação.

            —Por que perguntou isso?

            —Pensei que eu ainda tivesse alguma chance. Com você.

            Meu coração apertou com aquela confissão. Minha expressão relaxou um pouco, mas a angústia logo tomou conta de minha face. Mike agora mostrava-se envergonhado e um pouco triste, mexendo nos cabelos nervosamente.

            —Ah Mike –lamentei enquanto segurava suas mãos

            —Desculpe, quando se trata de você eu perco a noção das coisas.

            Ele riu de si mesmo e apertou minhas mãos com ternura, enviando ondas eletrizantes pelo meu corpo. Seu toque era sutil, mas intenso.

            —Fiz e faço tudo isso porque te amo. Sei que as coisas jamais serão iguais daqui para frente, mas não posso evitar me sentir assim.

            —Me desculpe – foi a única coisa que consegui dizer, as palavras se embaralhando em minha mente com sofreguidão

            —Não é culpa sua. Fui um péssimo namorado –ele riu- Mas vou guardar as lembranças boas que tivemos juntos. –sorriu

            —Você foi um ótimo namorado! –protestei- E vamos continuar sendo amigos, não vamos?

            —Ah D., -ele sorriu com tristeza- Caso as coisas não deem certo quero que se lembre apenas dos bons momentos que tivemos.

            —Mike?! O que pode não dar certo? Me conta! –estava desesperado e preocupado agora, agarrando suas mãos com força

            Ele franziu o cenho e olhou para os meus dedos. Quando viu o anel ali uma expressão triste tomou conta de seu rosto. Mike engoliu em seco tentando ignorar o quanto aquele anel falava por si só.

            Só de vê-lo daquele jeito partiu meu coração.

            —Vai dar tudo certo.

            Era algo que Thomas me dizia também. Os dois me falavam que tudo ia se resolver. Mas por dentro agora eu sentia um medo crescer, com medo do que poderia acontecer com Mike.

            Eu precisava que ele ficasse bem.

            —Vocês adoram me dizer isso, mas não sabem se tudo vai ficar bem. Só querem que eu pare de ficar ansioso e com medo. –larguei suas mãos e cruzei os braços com chateação

            —Você não entende? –franziu o cenho, os olhos negros intensos analisando meu rosto- Vai dar tudo certo sim Damien. No final tudo vai ficar bem, não importa o que aconteça. Você nunca vai ficar desamparado, sempre terá sua família, seus amigos, e Thomas. E eu. Pare de ter medo, comece a viver o agora. Eu vou estar cuidando de você, do seu futuro. Eu e Thomas.

            Algumas lágrimas se formaram em meus olhos e eu o abracei pelo pescoço, enterrando meu rosto em seu peito que tinha um perfume gostoso de flores, um perfume amadeirado e doce. Suas mãos acariciaram minha nuca e seus dedos adentraram meus cabelos numa carícia gostosa. Fechei os olhos sobre seu toque, sentindo minha respiração se acalmar.

            —Eu não queria que você ficasse triste por minha causa.

            Sua risada fez seu peito estremecer sobre meu rosto.

            —Não pense nisso, não é sua culpa. Quero que aproveite o jantar hoje e deixe suas preocupações comigo tudo bem?

            Nos afastamos um pouco e ele ajeitou meu cabelo para trás com delicadeza.

            —Desculpe interromper.

            Nos viramos com surpresa ao ouvir a voz de Thomas. Sequei algumas lágrimas que ainda escorriam e tentei sorrir para ele.

            —Está na hora da dança.

            —Dança?! –fiquei estático, apavorado

            Mike riu baixinho e Thomas suspirou.

            —Ele dança muito mal.

            Era só o que faltava ficar ouvindo aquilo do meu ex-namorado! O olhei com uma cara feia e Thomas riu de nós dois.

            —Vamos Príncipe?

            Mike fez uma careta, os braços cruzados, encarando Thomas como se ele fosse idiota.

            —Príncipe? Esperava mais de você.

            Revirei os olhos pressentindo que uma briguinha ridícula estava prestes a começar.

            —É, e qual apelido você deu para ele além de D.?

            —Não posso falar, só usávamos apelidos entre quatro paredes.

            Com um sorriso zombeteiro Mike me deu um beijo demorado na testa e se afastou de nós a passos largos, deixando Thomas boquiaberto ao meu lado enquanto eu sentia meu rosto esquentar de vergonha.

            Ficamos alguns segundos estáticos tentando processar a saída de Mike e então rimos baixinho.

            E a música clássica chegou aos nossos ouvidos, anunciando que era hora da dança que eu nem sabia que existia. Tudo devia ter sido armado por Margot óbvio.

            —Foi ideia minha –Thomas sussurrou enquanto nos encaminhávamos para o centro do salão, onde as pessoas formaram um círculo em pé a nossa volta- Não sabia que você dançava mal.

            O belisquei por cima do terno com força e ele abafou um gemido de dor com um sorriso forçado.

            Nada estava sendo perfeito, mas aos poucos estávamos entendendo como seria o nosso futuro. 


Notas Finais


* Então gostaram? Espero que sim, porque eu suei pra escrever
* Como disse aí em cima estou me sentindo um pouco bloqueada e desmotivada para escrever essa fanfic, o número de comentários diminuiu, tem muita gente que poderia comentar mas não o faz, estou bem triste MAS sei que faz parte da vida de ficwriter, nada é perfeito
* Porém essa é uma fanfic que eu fiz com todo carinho, com ficha de personagens, enredo resumido para cada capitulo e depois elaborei... Tenho muito carinho por ela e por vocês que estão acompanhando e comentando até aqui :D Vocês me incentivam um monte.
* E para quem não comenta: nós autores desanimamos muito quando não temos feedback, é como se vocês não se importassem com a história ou por quem a escreve e isso é muito chato e me deixa desmotivada, por isso, se puderem tirar um tempinho para comentar aqui, criticar, falar o que gostou ou não gostou eu ficaria muito agradecida e feliz :)
* Não escrevo só para mim, escrevo para vocês, para melhorar minha escrita, praticar, melhorar e me divertir com os comentários de vocês.
* Muito obrigada por lerem até aqui, a fic terá mais 2 capitulos, como planejado desde o inicio e espero que continuem lendo até o fim :) Beijos :*


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