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História O Presidente - Turbulência


Escrita por: gioberlusse

Notas do Autor


* Primeiramente desculpem pela demora ♥
* Esse capítulo pode conter erros, revisei ele mas acredito que fiz rápido, porque não tive muito tempo pra escrever nesses últimos dias
* Sobre o tempo na fanfic: podem perceber que essa fanfic se passa mais devagar, cada capítulo cobre 1 dia quase sempre e esse cobre metade, já que no próximo teremos a continuação desse dia abaixo haha
* Espero que gostem :D

Capítulo 5 - Turbulência


               Eu estava enviando para Thomas o discurso que devíamos ter preparado na noite em que ele estava quase-talvez-bêbado quando a campainha tocou.

                        Após aquela notícia de conflito na manhã do dia anterior eu havia ido para casa, não recebera nenhuma mensagem no celular presidencial ou algum comunicado da Casa Branca. Cliquei em enviar a mensagem rapidamente e levantei-me.

                        Milagrosamente eu era o único em casa. Meus pais haviam saído para trabalhar e Lilith estava na escola. Caminhei até a entrada da casa e abri a porta. Jess, e Chris, claro. Sorri fingindo alegria para eles.

                        —Como você está D? –ela me abraçou apertado e eu correspondi

                        —Tudo meio estranho, depois te conto. –murmurei em seu ouvido- Olá Chris –o cumprimentei meneando a cabeça

                        Chris murmurou um “oi” típico dele. Usava uma jaqueta de couro pela qual a água escorria. Depois me dei conta, ao olhar pela janela que estava chovendo, caindo uma tremenda água na rua. Jess também estava encharcada, o cabelo vermelho pingando e os óculos cheio de gotas d’água. Peguei seus casacos e os pendurei no hall da entrada, assim como os guarda-chuvas.

                        Eu ainda estava de pijama, mas não me senti nem um pouco desconfortável na frente deles. Tudo bem que Chris não era meu melhor amigo, mas eu estava na minha casa.

                        —O que vamos comer? –perguntei indo para a cozinha

                        —Estava pensando que podíamos preparar um brunch, o que acha? –ela estava animada, como sempre, já abria os armários da cozinha pegando ingredientes e utensílios- Chris sabe fazer panquecas maravilhosas e ele também faz brownies deliciosos!

                        Arqueei as sobrancelhas e olhei para Chris. Ele pareceu um pouco tímido.

                        —Sério? Você cozinha?

                        —Às vezes, quando tenho vontade. –murmurou

                        Já levantara as mangas da camiseta branca até os cotovelos e começava a pôr a mão na massa, misturando farinha, ovos, leite e açúcar em uma tigela. Quem diria que Chris tinha um futuro promissor como confeiteiro?

                        —Então D, o que você ia me contar? –Jess cortava um pedaço de bacon em uma tábua

                        Eu só observava os dois trabalharem, porque era um desastre na cozinha. Sentei no banco, de frente para a bancada e ponderei se podia contar aquilo tudo na frente de Chris. Não éramos íntimos, mas podia ver que ele estava tentando ser mais sociável.

                        —É que.... –mordi o lábio- Eu e o Mike, nós terminamos. –decidi começar pela parte menos chocante

                        Jess arregalou os olhos e parou tudo o que estava fazendo.

                        —Não pensei que vocês fossem terminar. O que aconteceu? Foi porque ele não estava presente nunca? –ela voltou a cortar a carne, agora mais lentamente, prestando atenção em mim

                        —Sim. Ele veio aqui em casa anteontem e nós terminamos. Mas o pior foi que... –suspirei- Ele nem ao menos tentou nos das uma segunda chance. –falei

                        Jess agora me olhava com compaixão. Veio até mim e me abraçou. Eu ri mas retribuí o gesto. Chris agora já colocava a massa que havia feito na frigideira.

                        Jess voltou para frente da bancada, começando a colocar o bacon em uma tigela e a quebrar alguns ovos em outra.

                        Respirei fundo e resolvi contar o fato principal dos últimos dias, que ainda me deixava confuso.

                        —E Thomas me beijou. -falei baixinho.

                        Os dois pararam tudo o que faziam e me olharam incrédulos. Olhei para o chão e dei uma risadinha nervosa. Mesmo que eu falasse aquilo em voz alta umas dez vezes ainda parecia surreal.

                        —Thomas?! Qual Thomas? –Jess indagou só pra se certificar de que pensávamos na mesma pessoa

                        Chris voltara ao que estava fazendo e eu agradeci mentalmente por isso. Levantei do banco e puxei Jess para o canto da cozinha. Ela ainda estava boquiaberta, mas eu podia notar um sorriso em seu rosto.

                        —Sim, o presidente –revirei os olhos- E eu não sei o que fazer sobre isso! E você não pode contar para ninguém. Ou pode ser torturada pela CIA –ameacei fazendo uma careta

                        —Damien. –respirou fundo e parecia estar tendo um ataque de felicidade agora- Você vai ser primeira dama?

                        Eu comecei a rir.

                        —Você esqueceu que eu acabei de terminar com o Mike? Já quer que eu seja primeira dama? E acho que seria primeiro cavalheiro, ou algo do tipo.

                        —Como isso aconteceu?! –ela cruzou os braços e me encarou, sem acreditar

                        Então eu contei tudo. Desde o discurso, sobre a interrupção de Chloe, até a Thomas bêbado ou quase, flertando comigo e me deixando nervoso. E sobre a manhã do dia anterior, menos sobre a parte da interrupção, ainda não sabia se podia contar certas coisas.

                        Quando terminei ela estava me encarando com um sorriso malicioso.

                        —Pare de me olhar assim! –fiquei vermelho

                        —Acho que o presidente do país gosta de você. –falou como se fosse a coisa mais normal do mundo

                        —Jess? Você pirou? Ele estava bêbado –nem eu acreditava muito naquilo- E eu ainda não superei o término com Mike. E não sei o que fazer sobre isso!  –cruzei os braços exasperado

                        —Mas vai superar rapidinho. E convenhamos eu sempre achei o Mike meio estranho. –confessou

                        Eu arqueei as sobrancelhas e olhei de soslaio para Chris.

                        —Que engraçado você dizer isso, porque eu penso a mesma coisa do Chris.

                        Ficamos nos encarando por alguns segundos, mas logo começamos a rir novamente. Aquilo não era uma briga, era mais uma alfinetada entre amigos. O cheiro das panquecas começou a encher a cozinha e nos fazer salivar.

                        —Mas agora você está livre para pegar quem quiser! –ela piscou e me deu um tapinha no braço

                        —Não o presidente dos Estados Unidos! Tudo parece muito surreal ainda, os últimos dias me deixaram completamente fora de órbita –suspirei

                        —Eu só tenho uma coisa para te dizer D: aproveita. Deixa de se preocupar com o que acontecer, só deixa rolar.

                        Sorri. Ela sempre me dava os melhores conselhos. E ultimamente eu via que me preocupar daquele jeito não ia levar a lugar nenhum. Eu precisava deixar as coisas acontecerem e parar de ficar paranoico quando algo saía do curso normal das coisas.

                        Mas eu sabia que algo não estava “normal” para mim quando eu não conseguia fazer minhas tarefas normais do dia a dia sem pensar em Thomas e no quanto ele me deixava confuso e atrapalhado. E não conseguia parar de reviver aquele beijo em minha cabeça, como num filme que eu analisava e não conseguia encontrar uma falha sequer.

                        Jess passou um braço por meus ombros enquanto me empurrava de volta para a cozinha. Chris já fizera todas as panquecas, agora dava continuidade ao trabalho de Jess, picando vegetais e batendo os ovos na tigela para fazer uma omelete.

                        Estava prestes a me sentar no banco quando a campainha tocou. Olhei o relógio: 9 horas. Como era sábado eu não precisaria trabalhar naquele dia, então achei estranho, visto que não esperava nenhuma visita.

                        Caminhei até a porta e abri. Arregalei os olhos ao ver quem estava ali.

                        —Oi. –Mike me cumprimentou

                        Ele continuava lindo, vestia uma blusa branca e um colete de couro aberto por cima. Pisquei várias vezes para me certificar de que era ele mesmo que estava ali na minha frente. Me olhava ansioso, com as mãos nos bolsos.

                        —Por que não avisou que vinha? –perguntei tentando não parecer desconcertado com sua beleza

                        —Eu precisava falar com você. Posso entrar?

                        Franzi o cenho e estudei seu rosto mais um pouco. Parecia um pouco inquieto. O machucado na testa de dias atrás já cicatrizara totalmente, mas notei algumas marcas em seus braços, que pareciam ser recentes e tinham uma coloração arroxeada. Ele notou que eu reparava e pareceu um pouco desconfortável.

                        Abri com relutância a porta para Mike passar. Depois que ele passou fechei-a atrás de mim.

                        —Você tem visita? –ele perguntou desconfiado olhando na direção da cozinha, onde eu podia ouvir a risada de Jess

                        —Sim, na cozinha.

                        Fui até lá, sendo seguido por ele. Quando entramos no aposento Jess ficou um pouco surpresa de vê-lo ali, dado o que eu acabara de lhe contar. Chris estava de costas, fritando alguma coisa, mas virou-se para cumprimentar Mike.

                        —O que você está fazendo aqui? –Mike falou para Chris. Me assustei com seu tom de voz. Fiquei olhando de um para o outro

                        Um clima tenso abateu-se sobre a sala. Observei os dois com curiosidade e desconfiança. Eles já se conheciam?

                        —Vocês se conhecem? –perguntei não conseguindo me conter

                        —Nós... Fizemos um curso juntos. –Chris respondeu rapidamente

                        Eles continuavam se olhando com desafio, como se quem desviasse o olhar primeiro perderia. Mike de repente pareceu irritado. Franzi o cenho.  Pelo jeito alguma coisa havia acontecido nesse curso para eles ficarem tão alarmados com a presença um do outro.

                        —Curso? Curso de que? –Jess perguntou. Estava tão curiosa quanto eu

                        —Não vem ao caso –Mike murmurou

                        Eu o olhei agora sem muita paciência para aquela briguinha, da qual ninguém entendia o motivo. Não tinha paciência para aturá-lo brigar mentalmente com Chris, não quando eu e ele havíamos terminado recentemente.

                        —E o que você queria me dizer? –perguntei cruzando os braços e tentando mudar o foco da sua atenção

                        —Acho melhor voltar outro dia. –ainda estava com a cara fechada e encarando Chris

                        —Sinceramente Mike, você acha que eu vou ficar aqui esperando cada vez que você quiser falar comigo? Quando quiser conversar comigo me manda uma mensagem antes, não aparece na minha porta do nada ok? –falei quase gritando de irritação

                        O silêncio abateu-se mais ainda sobre a cozinha. Jess nem respirava, e eu podia adivinhar a expressão chocada dela. E Chris parecia totalmente desconcertado ali, foi o primeiro a desviar o olhar e voltar a fazer as panquecas. Mike aliviou um pouco a expressão irritadiça e encaminhou-se para a porta sem ao menos me olhar. Eu o segui.

                        —O que foi isso hein Mike? Por que veio aqui? –cutuquei seu braço com força e o puxei para o canto da sala

                        —Eu precisava te contar algo importante. Mas não está na hora ainda. –pude notar certo nervosismo em sua voz

                        —Hora? Hora de quê? Eu tenho que ficar te decifrando feito um enigma agora? –cruzei os braços- E o que foi isso com Chris?

                        —Eu não gosto dele. –murmurou simplesmente, como se bastasse e aquela fosse sua explicação final. Resolvi não insistir no assunto.

                        Ficamos nos encarando com expressões irritadas por alguns segundos. Então ele relaxou o rosto um pouquinho, pude sentir ternura em seu olhar. Aproximou-se de mim e arrumou meus cabelos com a ponta dos dedos, sorrindo enquanto o fazia. Eu tentava permanecer com minha expressão de impaciência no rosto. Mas ele parecia tão... Carinhoso, tão Mike que não consegui fingir por muito tempo. Senti saudades.

                        Segurou meu queixo com delicadeza e me deu um beijo na testa, o que foi fácil, já que eu media 1,70 e ele 1,87. Agora sim eu estava confuso. Será que ele havia se arrependido do dia que terminamos?

                        —Mike eu não entendo –senti as lágrimas se formarem, mas não as deixei cair- Eu queria que você tivesse dito que ia mudar, que podíamos tentar de novo. Mas ao invés disso você concordou que precisávamos terminar.

                        Seu olhar indicava angústia. Agora ele segurava meu rosto com ambas as mãos. Nos encarávamos de muito perto, nossos corpos quase se encostando. Eu sentia seu perfume e podia observar cada traço de seu rosto, os olhos negros lindos e expressivos, os cabelos castanhos... E tudo me dava saudades. Engoli em seco e respirei fundo.

                        Seus dedos resvalaram por minha bochecha delicadamente, numa carícia silenciosa. Fechei os olhos apreciando seu toque. Ainda me sentia tão conectado à ele que meu corpo respondia, ficando quente, ansioso, nervoso. E tudo porque estávamos muito perto e ainda tínhamos sentimentos um pelo outro.

                        —Me desculpe, mas eu não posso Damien. –ele suspirou e parou de me tocar. Abri os olhos

                        —Não pode o que Mike? Você está cada vez mais misterioso – falei com frustração

                        —Não posso te contar certas coisas. –eu ia fazer mais perguntas mas ele colocou o indicador em meus lábios- Eu quero que saiba que eu sempre irei cuidar de você, mesmo de longe. –agora segurava meu rosto com as duas mãos, me olhando profundamente enquanto nossas testas se tocavam- E que tudo o que eu fiz e faço é pra te proteger –franzi o cenho. Ele havia enlouquecido?- E tome cuidado com quem você se relaciona.

                        Tirei o dedo dele dos meus lábios e o olhei com raiva.

                        —Eu não entendi nada do que você falou. Se veio aqui fazer joguinhos comigo pode ir embora. –Mike suspirou e soltou meu rosto

                        —Nunca foi minha intenção que as coisas acabassem assim D. –senti um aperto no coração

                        Ficamos nos encarando por alguns segundos. Mike analisava meu rosto como se quisesse guardar cada traço na memória. Eu me sentia em pedaços, e como sempre, não entendia nada do que ele dizia. Queria me proteger do que exatamente? Senti minha garganta arder e as lágrimas escaparem dos meus olhos.

                        —Tchau Damien –falou

                        Mas não se mexeu, ainda ficamos nos olhando por um tempo que pareceu eterno. E então eu o abracei. Agarrei seu pescoço e me enterrei em seu peito. Eu precisava fazer aquilo. Sentir ele de novo, saber que estava ali, que ainda era o mesmo Mike.

                        Não percebi quando as lágrimas saíram, só senti suas mãos carinhosamente afagando meus cabelos e dizendo que tudo ia ficar bem. Aquelas mãos que sempre me tocaram com carinho, respeito e amor. Gostei de sentir o cheiro dele de novo, tão perto, impregnado em mim. A respiração lenta e calma, a pele alva, o peito largo no qual eu sempre me enterrava para um abraço. Mas agora era um de despedida.

                        —Ah Mike eu ainda não entendo –murmurei embargado, minha voz abafada pelo abraço

                        Minhas lágrimas formaram uma trilha em sua camiseta branca. Eu tremia e falava com a voz arrastada pelo choro. Segurava aos máximos os soluços, sempre achara constrangedor chorar soluçando.

                        Mike retribuiu o abraço, passou os braços a minha volta e me apertou com força. Beijou meus cabelos e acariciou minhas costas. Nunca me sentira tão acolhido nos braços de alguém.

                        Depois do que pareceu uma eternidade ele me afastou gentilmente e sorriu para mim. Imaginei como meu rosto deveria estar, todo vermelho molhado e retorcido.

                        —Eu já disse que eu amo seus cabelos? –murmurou me fazendo rir

                        —Você está deixando tudo mais difícil Mike. –falei. Limpei o rosto com as mãos e respirei fundo controlando os soluços

                        —Não é para ser difícil.

                        —Mas fica difícil quando você não me conta as coisas direito! –disse com frustração- E quando você é tão carinhoso assim... Saib que quando você sair daqui hoje eu vou ficar pensando em inúmeras teorias. 

                        —Damien você precisa focar no seu trabalho agora. Nós não estávamos funcionando juntos, mas nunca foi sua culpa. Foi minha culpa, eu nunca estive lá para você, mas eu tive meus motivos. Algum dia eu vou te contar o porquê, mas enquanto isso eu só quero te ver feliz. –pegou minhas mãos e beijou-as

                        Eu estava frustrado. Mike estava falando comigo através de enigmas. Mas ele estava certo, eu precisava focar em mim um pouco, na minha carreira.

                        —Promete que não vai demorar muito para me contar todos os seus mistérios? –fiz uma careta e funguei

                        —Prometo. Agora eu realmente preciso ir. –eu franzi o cenho. Parecia que estávamos nos despedindo para sempre

                        —Tchau –murmurei baixinho

                        Ele se aproximou e me beijou na bochecha, depois encaminhou-se para a porta e saiu. Me senti como se tivesse perdido um pedaço de mim, mas um pouco feliz por ele estar ali e ter me consolado. Eu amava Mike, ele era uma pessoa muito especial e importante na minha vida.

                        Havia tirado um peso do meu peito e da minha consciência. Me sentia um pouco mais livre agora, mas uma parte ainda doía de saudades, agora que havia estado tão perto dele e ele havia ido embora, de novo.

                        Voltei com passos arrastados até a cozinha. Jess me olhava com cautela, e acho que ela havia escutado boa parte da conversa. A comida já estava toda pronta.

                        —Nossa vocês já fizeram tudo! –sorri

                        Claro que meu rosto devia estar péssimo, mas tentei permanecer positivo e otimista.

                        —Claro, vem comer D! –Jess sorriu

                        Levamos toda a comida para a mesa, organizamos os talheres, copos e guardanapos. E finalmente nos sentamos. O cheiro estava delicioso, Chris havia feito brownies e muffins de chocolate que fizeram minha barriga roncar. Jess preprara omeletes com bacon e legumes. E também haviam as panquecas, que comemos com maple syrup.

                        Durante a refeição evitamos o assunto Mike, afinal eu estava cansado e preferia não falar de novo sobre ele, mesmo que minha mente criasse inúmeras teorias de porquê ele havia agito tão estranhamente.

                        Chris me contou as receitas que aprendera com a avó enquanto Jess continuava tentando me animar, contando piadas e fazendo trocadilhos.

                        E após alguns minutos eu já me sentia revigorado novamente, alegre e com vontade de seguir em frente. Me deliciei comendo tudo aquilo, o chocolate derreteu na minha boca e senti uma felicidade imensa. As panquecas estavam fofinhas e macias, assim como o muffin, com tinha gotas de chocolate que derreteram devido ao calor.

                        Estávamos rindo sobre alguma esquisitice de Jess quando meu celular tocou. Saí da sala rindo e o peguei de cima do balcão da cozinha, atendendo.

                        —Damien? –ouvi uma voz feminina desconhecida

                        —Sim, quem é? –franzi o cenho

                        —Secretária do presidente, Laura. Ele pede que o senhor venha até a Casa Branca, um carro irá lhe trazer.

                        —Mas porquê? –perguntei desconfiado

                        —Ele não me informou o motivo, senhor. O carro passará aí dentro de quarenta minutos.

                        Ela desligou. Suspirei. Lá se ia meu descanso. Será que era permitido trabalhar sábado? Não era proibido por lei ou algo assim? Ou isso só valia para quem não trabalhava na Casa Branca?

                        Voltei para a sala, agora Jess e Chris já arrumavam toda a louça e guardavam a comida restante.

                        —Eu tenho que ir para a Casa Branca –revirei os olhos- O presidente me chamou

                        Jess deu um risinho malicioso e a olhei com uma cara feia.

                        —Pode ir que nós arrumamos tudo aqui –Chris falou

                        —Ah, tudo bem, vou me vestir... Obrigado. –agradeci por serem tão compreensivos

                        Subi as escadas bocejando sentindo meus olhos arderem pelo choro. Escolhi uma calça social e uma camisa vermelha, não iria colocar gravata, estava muito quente. Meu maior desejo seria poder usar calças jeans para ir trabalhar, mas não podia.

                        Tomei um banho demorado, adorando sentir a água quente na pele, relaxando meus músculos. E enquanto estava embaixo do chuveiro refleti sobre meu futuro, sobre o presente e sobre as pessoas que faziam parte da minha vida.

                        Eu iria focar no trabalho. Mike eu já estávamos resolvidos, embora ainda doesse em mim, não havia muito que pudesse fazer. Aparentemente só teria uma explicação para aquilo tudo depois de algum tempo, e no tempo dele. Enquanto isso eu falhava miseravelmente ao tentar descobrir porque ele havia aparecido ali e o que ele iria me contar.

                        Massageei meus cabelos para o shampoo criar espuma. Meu futuro ainda era uma incógnita, mas eu queria me esforçar muito para colher coisas boas. E eu precisava estar no presente para isso, não adiantava me preocupar com algo que eu não poderia controlar. Eu daria tempo ao tempo, como Thomas havia me dito.

                        Enxaguei o cabelo e deixei todo shampoo escorrer. Saí do box e me sequei com calma, ainda era cedo. Vez ou outra cenas se misturavam em minha mente, o sorriso de Thomas, o beijo que ele havia me dado, assim como Mike e seus mistérios, coisas que me deixavam vermelho e desconcertado.

                        Ajeitei os cabelos para trás, eles pareciam ser castanhos, mas era por causa do gel, na verdade eram loiros. Me encarei bem de pertinho no espelho do banheiro. Meus olhos estavam um pouco vermelhos, mas quem olhasse não diria que eu havia caído no choro enquanto abraçava meu ex-namorado.

                        Vesti as roupas que havia escolhido e dei uma olhada em meu cabelo no espelho. Penteei-o para trás e para o lado e enfim saí do quarto.

                        Vi Jess e Chris ainda lavando louça na cozinha. Ela me deu um beijo na bochecha quando apareci ao lado dela.

                        —Sua carona já chegou –disse sorrindo

                        —Vou indo então, tchau Chris –gritei por cima do ombro dela, o barulho da água estava alto

                        Ele me deu tchau com a mão cheia de espuma do sabão.

                        —Vai lá e aproveita hein, para de ficar pensando no que os outros vão pensar –Jess me deu o braço enquanto caminhava comigo até a porta. Eu ri

                        —Pode deixar mamãe!

                        —Você sabe que eu dou os melhores conselhos D. –ela apertou minha bochecha- Não se preocupe que vamos deixar sua casa brilhando de limpa –abriu a porta pra mim

                        —Obrigado Jess –dei um beijo na bochecha dela e a abracei- Não sei o que seria de mim sem você! –sussurrei em seu ouvido

                        —Não seria nada, oras. –eu ri enquanto me afastava para o portão

                        Havia um carro preto me aguardando ali na saída, um segurança abriu a porta de trás para mim e eu agradeci. Iria para o meu trabalho bem mais tranquilo, mesmo que em um dia que não deveria estar trabalhando.

______

                        Margot me guiava por um corredor barulhento. Pessoas não paravam de passar para lá e pra cá, algumas esbarrando em mim, falando alto e parecendo preocupadas.

                        —O que houve aqui? Terceira guerra mundial? –perguntei baixinho preocupado

                        —Quase isso e um pouco mais! –ela respondeu irritada

                        —Thomas me chamou não foi? –desviei de um homem enquanto tentava acompanhar o passo dela

                        —Thomas? –ela fez uma careta- Não, eu te chamei.

                        —Por quê?

                        —Por que é uma emergência! E você agora trabalha na Casa Branca! –ela falou como se aquilo fosse óbvio

                        Fiquei quieto e resolvi apenas segui-la, aonde quer que fosse me levar. Não fiquei muito surpreso quando acabamos na sala de imprensa.

                        Todos ali pareciam não dormir faz dias, tinham olheiras e muitos caminhavam de um lado para o outro, parecendo preocupadíssimos com algo.

                        —Margot, o que está acontecendo aqui? –a cutuquei quando paramos na porta

                        —Uma guerra em Israel. E agora é oficial. Estamos apoiando Israel, obviamente, mas não podemos nos dar ao luxo de alguma notícia dizendo que estamos perdendo saia na mídia. Por que não estamos perdendo. –falou em tom ameaçador

                        —E eu tenho que...

                        —Criar notícias, vasculhar nossas relações diplomáticas com Israel, apontar fatos históricos que comprovem o quando esse conflito era inevitável e o quanto vamos ganhar essa guerra.

                        A analisei um pouco espantado e pude perceber que ela também parecia cansada. Os cabelos estavam um pouco arrepiados e encolhidos naquele corte Chanel, mas ela não parecia ligar.

                        —Ok, eu vou começar –murmurei meio perdido olhando para a sala, buscando um computador para mim

                        —Você é o queridinho do chefe meu amor, e por isso agora tem um escritório só pra você –ela pareceu ranger os dentes enquanto falava e eu senti um frio na espinha.

                        A revelação de que eu teria um escritório me pegou de surpresa. Eu não esperava aquilo tão no início assim. Fiquei feliz mas ao mesmo tempo incomodado por ser especial a ponto de ganhar uma sala só minha.

                        —E onde é o escritório? –indaguei fingindo que aquela notícia não me deixara pasmo

                        —Eu te levo. –falou secamente

                        A segui novamente pelo corredor. As pessoas continuavam falando alto, muitas ao telefone, pareciam meio enlouquecidas e eu comecei a pensar se aquela loucura e barulho não haviam começado com uma pessoa e se espalhado para o resto.

                        Entramos num corredor que parecia mais calmo, finalmente, tinha poucas pessoas e pude notar que era perto do Salão Oval. Paramos em frente a uma porta branca e Margot abriu-a para mim.

                        —Bem-vindo ao novo lar, príncipe

                        Aquele comentário fora sarcástico, mas quando fui retrucar ela já saíra andando e batendo os saltinhos no chão, os cabelos balançando de um lado para o outro.

                        Suspirei, teria que lidar com aquele jeito ácido dela de qualquer jeito. Entrei na sala, fechei a porta atrás de mim e quando me virei meu queixo caiu ao me deparar com um aposento que parecera ter sido feito especialmente para mim.

                        Tinha uma decoração clean, uma mesa branca de fibra em um cantinho com um notebook, também branco, em cima ao lado de uma impressora. A cadeira que ficava na frente da mesa parecia ser bem confortável, o assento e o encosto eram azul e se assemelhavam a couro.

                        Mas o que eu mais gostei foram os post-its ao lado do notebook e de uma luminária pequena que havia ali. Sorri com alegria enquanto caminhava pelo cômodo. Do outro lado da sala havia um sofá da mesma cor da cadeira, azul, bem estofado e grande, ocupando todo o canto. Acima havia algumas prateleiras com alguns poucos livros.

                        Sorri igual um idiota por alguns segundos, mas logo me lembrei o porquê eu estava ali. Respirei fundo e decidi não ficar tão deslumbrado assim e ir direto para o trabalho. Sentei-me na cadeira, em frente à mesa e comecei a pesquisar sobre os últimos acontecimentos. Tudo o que eu sabia sobre aquela suposta guerra era o que havia lido em algumas manchetes e o que Thomas havia me passado em seus discursos.

                        As últimas manchetes diziam:

                        Israel como campo de guerra: a posição dos EUA no conflito

                        Rússia x EUA: tensão nas relações diplomáticas devido à conflito em Israel

                        O presidente e o dilema da Rússia: como solucionar o conflito no Oriente Médio?

                        O presidente Klint contra-ataca com sanções à Rússia

                        Arregalei os olhos ao ler aquela última manchete. Não fazia ideia de que ele havia feito aquilo. E talvez isso tivesse acontecido no dia anterior, quando teve que sair rapidamente da sala em que tomávamos café.

                        Aquela não era a melhor maneira de solucionar aquele conflito, não na minha opinião. O melhor jeito seria dar aos rebeldes o que eles queriam: um território. Mas os Estados Unidos jamais dariam nada a ninguém, não sem um preço.
                        As ideias começaram a surgir em minha cabeça e eu as anotava com rapidez no bloco de notas do notebook. Quando terminei de listar minhas opiniões para resolver aquela crise comecei a fazer o trabalho para o qual eu fora contratado, redigir matérias e relacionar fatos históricos com os atuais.

                        Escrevi um texto sobre o porquê daquele conflito ser inevitável (embora eu não acreditasse naquilo), a culpa era em sua maioria da Rússia, por financiar rebeldes em solo aliado ao nosso, mas os EUA nunca foram santos também.

                        Precisávamos de uma solução eficaz e rápida, mas nada que gerasse muita polêmica ou mortes. Não precisávamos daquilo, não quando estávamos fartos de ligar a televisão e só nos depararmos com aquilo.

                        Quando terminei revisei meu texto e fiquei satisfeito. Enviei um e-mail para o gabinete de Thomas. Não mandei as ideias que eu tivera, apenas a matéria que eu redigira.

                        Resolvi falar pessoalmente com Thomas, já que ele me tinha em tanta estima gostaria de saber o que ele faria com as ideias que eu lhe daria. Era muito arriscado, eu diria até suicida, afinal, quem era eu para dar alguma ideia ao presidente? Mas eu não ligava e já estava acostumado a levar “nãos”. E acho que ele me devia o mínimo de atenção depois de se portar tão estranho comigo e ter me deixado tão confuso.

                        Imprimi o que havia escrito e dei uma lida rápida enquanto desligava o notebook e saía da sala. O corredor estava calmo, mas isso porque estávamos na parte dos escritórios. Me encaminhei até o Salão Oval, que não ficava muito longe.

                        Ao chegar lá falei com Laura, a secretária de Thomas. Ela vestia um conjunto de terninho branco, que acentuava sua pele negra e os olhos castanho-mel. Sorriu ao me ver.

                        —Senhor Novak, em que posso ajudar?

                        —Oi Laura –me aproximei sorrindo- O presidente está aí? –apontei para a porta na frente dela

                        —Está sim senhor, mas ele tem companhia. A mãe dele está aí. –ela sussurrou. Eu arqueei as sobrancelhas

                        —Eu posso esperar aqui? Será que vai demorar?

                        —Pode sim, mas eu acredito que vai demorar. O senhor pode entrar lá quando quiser –apontou para a porta

                        —Posso? –perguntei surpreso

                        —Sim, o presidente Klint lhe deu acesso total. –ela sorriu

                        Fiquei um pouco nervoso com aquele sorriso. Será que ela sabia de alguma coisa, não achava estranho eu ter acesso à todo aquele lugar de um dia para o outro?

                        Agradeci e decidi esperar, mas estava ansioso e também curioso para conhecer a mãe de Thomas. Então caminhei com receio até a porta, dei duas batidas, respirei fundo e entrei. E ouvi os gritos assim que pus os pés para dentro daquela sala e fechei a porta atrás de mim.

                        —Você não vai controlar minha vida como fez com papai! –Thomas gritou

                        Seu rosto estava completamente vermelho e pude notar algumas veias ressaltadas em seu pescoço. Gesticulava com as mãos nervosamente, percebi que ele tremia um pouco.

                        Sua mãe continuava calma, o olhando com altivez e um pouco de indiferença. Reparei em suas roupas, pareciam muito elegantes, um conjunto na cor azul turquesa com desenhos pretos na saia. As jóias adornavam seu pescoço, eram pretas com detalhes em cristais que brilhavam ao longe. Os cabelos eram negros com alguns fios brancos, presos num coque.

                        Quando ambos deram por minha presença me arrependi de ter entrado ali. Me deram olhares idênticos, como se eu fosse de outro planeta e eu fiquei vermelho de vergonha.

                        —Me desculpem entrar sem bater –murmurei apreensivo- Volto outra hora.

                        Eu ia voltar para a porta quando a mulher abriu um sorriso para mim e se aproximou. Tinha poucas rugas no rosto, mas a semelhança com Thomas era inegável, os olhos eram da mesma cor, um azul claro e majestoso. Fiquei um pouco intimidado com o jeito que ela me olhava. Estendeu a mão para mim.

                        —Prazer, sou Louise Beaumont. E você deve ser? –arqueou as sobrancelhas com um sorriso ilegível nos lábios

                        Apertei sua mão.

                        —Damien. Novak. –acrescentei e olhei para Thomas

                        Ele ainda parecia irritado, mas a coloração do rosto já voltara ao normal. Ainda estávamos nos encarando e fomos pegos de surpresa quando Louise começou a rir enquanto olhava para mim. Então ela olhou para Thomas e riu mais um pouco. Ficamos em silêncio, eu porque tinha um pouco de medo daquela mulher e Thomas talvez porque já conhecesse o gênio dela.

                        —Agora eu entendi tudo Thomas. –ela falou enquanto se recompunha do riso- Entendi essa sua explosão e o porquê não quer que eu te ajude a dar um jeito na sua vida.

                        —Eu não preciso que você me ajude a administrar minha vida! –vi ele suspirar resignado

                        —Mas é claro que precisa! Trinta anos, presidente do país e solteiro, sem filhos? As pessoas falam Thomas. Quer dizer, na verdade falavam, graças a Chloe, ou a mim.

                        —Meu único objetivo é servir ao meu país e tentar melhorá-lo. Não assinei nenhum termo dizendo que eu precisava me casar para governar. –respondeu rispidamente

                        —E ainda assim aqui você está, com outro garotinho. -falou com desdém e apontou para mim como se eu fosse patético- É isso que você quer Thomas? Um escândalo? Acho melhor se preparar quando tudo isso vazar.

                        Thomas massageou o cenho visivelmente constrangido. Eu estava parado lá havia alguns minutos, sem saber o que fazer, apenas assistindo aquela cena. Os papeis estavam um pouco amassados na minha mão, com todo aquele nervosismo e ansiedade.

                        —Eu vou falar pela última vez mãe: não quero você se metendo na minha vida, nunca mais. Peço que dispense Chloe do que quer que tenha prometido a ela e me deixe em paz, não fui eleito presidente à toa. Sei administrar um país e não preciso ser casado para isso. Agora, se não se importa pode se retirar.

                        —A única coisa que você não sabe administrar são relacionamentos, não é Thomas? E era de se esperar que qualquer casinho seu venha antes da sua mãe. Mas não se preocupe, eu vou estar aqui quando você precisar. –ela passou por mim como uma estátua de gelo, sem nenhuma expressão além de frieza no rosto

                        Bateu a porta quando saiu e eu vi o quão inoportuno era aquele momento. Thomas estava com os cabelos desgrenhados, o peito subia e descia numa respiração descompassada e ele parecia não acreditar ainda no que havia acontecido.

                        Ainda sentia a presença da mãe dele pairando no ambiente entre nós, sua presença altiva deixando o ambiente cada vez mais carregado. Mordi o lábio ponderando o que deveria fazer, mas Thomas já se aproximava de mim, cancelando qualquer pensamento que eu tinha.

                        —Desculpe por você ter visto isso. –suspirou e me puxou gentilmente pelo braço para sentar no sofá junto com ele

                        —Eu só vim te deixar uns papéis, mas agora penso no quão estúpida foi essa ideia –ri

                        —Por que estúpida? O que tem nos papeis? –ele tentou pegar da minha mão, mas eu os afastei

                        —Só algumas sugestões e ideias sobre essa guerra no Oriente Médio. –murmurei- Mas além de eu ter vindo num momento horrível eu não acho que você queira sugestões de como administrar o país. –franzi o cenho e ri de mim mesmo

                        —Mas é claro que eu preciso! –ele sorriu e fiquei feliz por não vê-lo mais tão irritado

                        —Você impôs sanções à Russia? –indaguei

                        —Sim, era o que eu precisava fazer.

                        —Era mesmo? –perguntei antes que pudesse me segurar.

                        Ele me olhou com curiosidade e agradeci mentalmente por não me xingar ali mesmo por contradizê-lo, a verdade era que eu ainda não sabia como Thomas era.

                        —Você pode dar aos rebeldes o que eles querem –expliquei, sentindo meu rosto esquentar- Mas em troca de algo, obviamente. –acrescentei rapidamente

                        Ficou em silêncio por alguns minutos, e eu comecei a suar frio, com medo de que ele achasse aquela ideia absurda. Mas Thomas me encarou seriamente por longos minutos e enfim sorriu.

                        —Você não foi o primeiro a me dar essa ideia. –me senti um pouco idiota- Acontece que não é assim que os Estados Unidos operam. Você sabe. –estreitou os olhos

                        —E por que você não faz o inesperado? Ninguém espera que nós entreguemos a eles um território, se você fizesse isso poderia até ganhar o Nobel da Paz! –falei com ousadia- E ia estabelecer uma nova política para nós, menos invasiva e mais solidária. –engoli em seco

                        Agora ele apoiava o queixo na mão enquanto me olhava profundamente. Eu estava nervoso e não parava de dobrar os papeis que agora estavam bem mais amassados. Seu olhar sobre mim era de uma intensidade tão grande que me deixava constrangido e sem saber o que fazer.

                        —Vou pensar sobre isso Damien –ele enfim respondeu e eu pude respirar aliviado finalmente

                        —Obrigado –levantei-me e ele me encarou com dúvida- Ah e obrigado pelo escritório.

                        Thomas abriu um sorriso enorme, o mais bonito que eu já vira e se levantou também.

                        —Fico feliz que tenha gostado, eu mesmo ordenei como queria e onde cada coisa devia ficar. –analisava meu rosto com uma curiosidade animada- Mas... Não vá ainda, eu te chamei aqui por outra coisa.

                        —Margot me disse que o senhor,–ele me olhou feio por chamá-lo daquele jeito- quer dizer, que você não me chamou e sim ela. –agora eu estava confuso, mais ainda

                        —Ah –Thomas revirou os olhos- Vamos dizer que Margot tem ciúmes de mim, ela sempre foi minha confidente aqui dentro, e continuará sendo, assim como você. –sorriu

                        —E porque você me chamou?

                        Estávamos um de frente para o outro, pude notar uma barba rala que crescia em seu rosto e tentei imaginá-lo com uma barba mais vasta. Ficaria ainda mais bonito, se é que aquilo era possível. Não era à toa que ele sempre estampava revistas femininas, não porque quisesse, mas as mulheres em geral eram apaixonadas por Thomas.

                        Fiquei vermelho com o pensamento. Se havia uma coisa que eu não podia negar era que havia uma atração ali, e agora podia admitir para mim mesmo. Antes estava tentando esconder e mascarar, mas agora... Não podia fingir, não quando ele me olhava com tanta intensidade. E me deixava tão confuso.

                        Mas ao mesmo tempo minha mente se voltava para Mike e no quanto eu ainda o amava, me fazendo ter todos aqueles sentimentos ambíguos. Eles eram diferentes, mas eu tinha de ser verdadeiro comigo mesmo. Toda aquela relação com Thomas tinha um outro propósito, e eu podia pensar nisso porque eu sentia que ele queria algo mais, mas não sabia ao certo o quê ou como aquilo poderia ser possível, ele sendo quem era.

                        —Eu te chamei para jantar fora.

                        Eu congelei. Thomas me olhava interrogativo e eu podia sentir um pouco de receio em seu olhar? Eu o encarava de olhos arregalados, assim como a boca, porque não sabia o que dizer.

                        —Eu sei que eu disse que tínhamos que dar tempo ao tempo, mas eu sou impaciente –deu um sorriso inquieto

                        —Eu preciso que você seja objetivo comigo, de novo. –pedi enquanto cruzava os braços- Sempre suspeitei que esse trabalho que você me ofereceu tivesse outro propósito por trás –estreitei os olhos    

                        —Você quer que eu seja direto? –se aproximou, notei um tom brincalhão em sua voz. Thomas me fez descruzar os braços e pegou minhas duas mãos- Pensei que eu já tivesse sido direto Damien. –ele sussurrou e eu senti um arrepiou percorrer meu corpo

                        Suas mãos soltaram as minhas e seguraram meu rosto com delicadeza, eu o olhava compassivo, ao mesmo tempo querendo fugir e ficar, e provar, ver o que aconteceria. Aquilo tudo era muito tentador, para qualquer um seria.

                        —Eu quero te beijar e... –passou o indicador delicadamente por meus lábios- E eu quero fazer tudo pra que você goste de mim. A sua boca é linda sabia? –ele se aproximou mais, agora o rosto a centímetros de distância do meu

                        Senti seu hálito em minha bochecha e fechei os olhos ao ouvir sua voz perto do meu ouvido e sentir sua respiração em meu pescoço. Os arrepios passavam por mim como correntes elétricas e eu não sabia como controlá-los, nem sabia se queria. Eu era um turbilhão de pensamentos sem nexo porque não conseguia raciocinar direito.

                        —Thomas –gaguejei tentando formular uma frase

                        —Eu quero que tenhamos algo, mas ainda é cedo para dizer o quê –murmurou enquanto beijava meu pescoço. Coloquei minhas mãos em seus ombros para me apoiar, porque minhas pernas estavam tremendo, algo que sempre acontecia quando eu ficava muito nervoso- Mas enquanto isso nós podemos fazer isso

                        Não tive tempo para protestar porque sua boca cobriu a minha com rapidez. E ali, naquele momento eu perdi a noção do tempo, de espaço, de tudo. E eu queria aquilo, não sabia que ia ser tão bom ao ponto de querer mais.

                        Nossos lábios se tocavam com sofreguidão, abri um pouco a boca em busca de ar e ele explorou com a língua meus lábios. Parecia faminto e eu gemi baixinho ao senti-lo mordiscar meus lábios como se fossem um doce.

                        Pensamentos contraditórios passavam em minha cabeça, mas resolvi ignorá-los porque o que eu sentia no momento era importante. E eu sentia vontade, era como se algo crescesse dentro de mim, uma fagulha, uma euforia. Enfiei as mãos em seus cabelos com vontade e os puxei devagar, sentindo cada fio se esvair de mês dedos enquanto tinha a boca atacada por ele.

                        Não pude evitar compará-lo com Mike. Com Mike tudo era calmo e romântico, com Thomas era o oposto completo, ele me fazia querer coisas que eu nem sabia que queria. Sentia meu corpo reagir cada vez mais.

                        Thomas enlaçou minha cintura com um braço e me empurrou até a mesa, me fazendo sentar ali. Nossos rostos estavam afogueados e suados pelo beijo intenso. Ele riu como um adolescente e começou a tirar meu cinto.

                        —Thomas, e se alguém entrar? –perguntei baixinho e estranhei minha voz rouca

                        Ele me olhou como se o tivesse lembrado de algo importante que havia esquecido. Se esgueirou por cima de mim e pegou o telefone.

                        —Laura? Não deixe ninguém entrar, nem se for uma emergência. –colocou o telefone no gancho com impaciência

                        Eu sorri timidamente quando ele voltou a me encarar. Sua mão agora apertava minhas coxas por cima da calça. Com um braço ele fez nossos corpos ficarem colados e eu respirei ofegante ao sentir sua ereção em minha perna.

                        Thomas começou a abrir os botões da minha camisa, e eu fiquei feliz por não ter colocado uma gravata, que só atrapalharia aquilo. Suas pupilas agora estavam dilatadas e a luz deixava seus olhos mais escuros que o normal, mas o que eu gostava mais era das sobrancelhas dele, que estavam contraídas, ele estava concentrado no que fazia e ficava mais bonito ainda daquele jeito.

                        Segurei seu rosto com calma, tentando controlar minha respiração e ele parou o que fazia. O trouxe para perto, beijei seus lábios delicadamente e deixei uma trilha de beijos por todo seu rosto, pela testa, nariz e queixo. Estávamos mais calmos quando paramos e no encaramos diretamente.

                        Pude notar que agora respirávamos mais devagar e estávamos menos corados, mas ainda queríamos nos beijar. Só que eu preferia fazer aquilo com calma. Nossas bocas se encontraram mais uma vez, sem pressa, mordisquei seus lábios levemente e os puxei, pude ouvir um gemido escapar de sua garganta e cobri toda sua boca com a minha, explorando-a calmamente, movendo minha cabeça enquanto encaixávamos nossos lábios, sentindo-os formigar e enviar sensações gostosas por todo meu corpo.

                        Ele tomou controle da situação novamente e desceu os beijos pelo meu pescoço, tirou minha camisa que já estava aberta. Minha pele parecia pálida sobre aquela luz e estremeci quando senti seus beijos em minha barriga.

                        Thomas me empurrou para deitar na mesa e eu o fiz, tentando ao máximo relaxar. Quando ele baixou o cós da minha calça junto com a cueca todo meu corpo se eriçou, e quando seus beijos desceram por minha virilha eu fechei os olhos em deleite.

                        Sua boca me envolveu e eu achei que ia chegar ao clímax ali mesmo. Olhei para baixo e encontrei seus olhos azuis me olhando de modo convidativo enquanto me lambia com destreza e habilidade. Gemi baixinho ao sentir sua língua percorrer todo meu membro e colocá-lo na boca com rapidez novamente, com os lábios apertados, enquanto a língua me lubrificava.

                        Apertei as mãos na mesa ao mesmo tempo que gemia baixinho. O fato de que estávamos fazendo aquilo no Salão Oval serviu como acelerador do meu orgasmo e num grito mudo me derramei em sua boca. Ele continuou me chupando, meu corpo espasmava devido ao clímax.

                        Thomas levantou-se e beijou minha boca. Senti meu gosto ali e apenas deixei-o me beijar lentamente. Gemi baixinho quando ele mordeu meu pescoço e minha clavícula. Ele ainda estava todo vestido e eu tentei sem sucesso tirar sua gravata.

                        —Você se lembra quando eu disse que embora eu gostasse que você me chamasse de senhor você não precisava fazê-lo? –ele sussurrou, agora de olhando de cima. Eu ri baixinho enquanto abria alguns botões da sua camisa

                        —Você quer que eu te chame de senhor agora? Acho que não consigo Thomas –sorri. Ele se inclinou e começou a brincar com o lóbulo da minha orelha direita

                        —É que toda vez que você me chamava de senhor eu ficava excitado. –sussurrou. Arrepios passaram por meu corpo, senti os pelos da minha nuca se eriçando e mordi os lábios

                        Vamos dizer que eu nunca fora do tipo de gostar de ouvir sacanagem e nem Mike era o tipo de dizê-las, mas fiquei surpreso ao ouvir Thomas falando. E todo aquele cenário me deixava atordoado, eu ficava imaginando o que as pessoas diriam se soubesse do que ele estava me falando e ficava mais estimulado ainda. Era como uma fantasia sexual, eu não podia negar.

                        —E o nosso jantar? Senhor? –arqueei as sobrancelhas. Ele me puxou para sentar na mesa novamente e beijou minha testa sorrindo

                        —Só de noite e depois podemos vir para cá e assistir filmes, comer bastante e dormir juntos. –mordeu de leve minha boca- O que acha?

                        Eu havia parado de tentar tirar a roupa dele, o olhava com curiosidade.

                        —Mas... E os funcionários, os seguranças? –ele franziu o cenho e se afastou para me olhar

                        —O que tem eles?

                        —Eles não vão falar sobre... Nós dois? –sussurrei baixinho. Ele riu

                        —Ah Damien –arrumou meus cabelos para trás com os dedos, estavam todos embaraçados- Eles não podem falar nada. Assinaram um contrato, não podem falar sobre o que ouvem ou me veem fazendo com absolutamente ninguém. –beijou minha bochecha

                        —Você leu o discurso que eu te enviei? Pensei que você fosse usá-lo hoje.

                        Ele suspirou e começou a abotoar a camisa e a colocar a gravata novamente. Pensei que havia ficado chateado por eu estar falando de trabalho e me xinguei mentalmente por aquilo. Mas ele sorria enquanto se arrumava.

                        —Você acabou de me lembrar do discurso. O que eu faria sem você? –me deu um selinho rápido enquanto arrumava a gravata. Olhou para o relógio em seu pulso, marcava meio-dia- Daqui há meia hora eu preciso estar lá.

                        —Você não precisa... hã –apontei para o meio das pernas dele

                        —Não se preocupe, teremos muito tempo hoje à noite –segurou meu queixo e beijou minha boca com vontade, fazendo-me estremecer

                        Então eu levantei da mesa e puxei minhas calças para cima, fechando o cinto na cintura. Depois coloquei minha camisa e a fechei.

                        —Eu saio primeiro? –perguntei envergonhado

                        —Você pode me esperar aqui, assim que eu terminar de discursar eu volto. –vestia o paletó

                        Eu me virei para arrumar a mesa quando um papel caiu aos meus pés. Peguei-o e o coloquei em cima da mesa, mas não pude deixar de dar uma espiada. O título dizia “Contrato Matrimonial”.

                        —O que é isso? –perguntei apontando para a folha. Ele veio para o meu lado e revirou os olhos

                        —A brilhante ideia que minha mãe veio me dar. Me casar com Chloe. Preciso ir agora Damien. –me deu um beijo rápido e saiu da sala

                        Fiquei ali, parado enquanto meu corpo tornava-se um turbilhão de sentimentos frenéticos.


Notas Finais


* Gostaram? Mais uma vez me perdoem pelos erros ou se algo saiu estranho nesse capítulo, não tive muito tempo pra faze-lo e pensar muito
* Mas eu tinha que incluir esse quase-lemon haha, eu não ia aguentar ficar muito tempo sem fazer
* Fico muito feliz com os comentários que recebo, muito obrigada a todos que estão acompanhando, vocês me incentivam a continuar :D


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