A estátua era mesmo a do príncipe Eric, e havia sido com grande dificuldade que os garotos conseguiram leva-la até a gruta. Ariel estava avaliando-a animadamente enquanto Linguado terminava de comer o que restara dos camarões:
- esse tal de Eric não é desse tamanho todo não é?
- não, ele é menor, mas olha como ela é parecida com ele! até mesmo os olhos intensos e focados, ele não é tão bonito? a beleza dele é digna dos Deuses! - Ariel se sentou na perna estendida da estátua sorrindo. Linguado olhou do amigo para o objeto de pedra:
- então….você quer que eu te deixe a sós com o pedric ou….
- hahaha, muito engraçado mesmo, tô morrendo de rir aqui
- pois é, eu sou hilário, tô pensando em largar tudo e virar comediante
- por favor não large tudo pra virar comediante, Linguado
O loiro deu de ombros e voltou a comer os camarões. Ariel olhou para a estátua e disse mais para si mesmo do que para Linguado:
- nosso romance seria perfeito, não acha? e nós nos casaríamos na praia, onde ele construiria uma casa para ficar perto de mim e a gente passearia juntos todos os dias e seríamos felizes até o fim de nossas vidas, só eu e ele - Linguado, que finalmente acabara com a missão de comer todos os camarões disse:
- sem querer estragar sua felicidade, mas você já falou com ele alguma vez na vida?
- não, eu nã….
- acho que você deveria ao menos se apresentar antes de casar com ele não acha?
- sim, mas….é, você tem razão, hoje mesmo eu vou até a praia e eu vou…. - de repente uma terceira voz entrou na conversa:
- você vai trair sua própria mãe - o ruivo se levantou apressado. na entrada na gruta estavam sua mãe, seus irmãos e, atrás de todos eles, Sebastião
- eu tinha que ver para acreditar nunca pensei que pudesse ser tão traído pelo meu próprio filho - Anfitrite olhou para o garoto com um olhar frio e severo - eu sempre me considerei uma boa rainha, eu mando e espero que me obedeçam
- mãe, e-eu…
- CALADO! você me desobedeceu em todo sentido possível, mocinho, é verdade que você salvou um humano de se afogar?
- mãe…..
- É VERDADE? - o garoto olhou nervoso ao redor nervoso em busca de ajuda, mas ninguém parecia querer ajudá-lo
- e-eu…. ele ia se afogar! eu só quis ajudar, se não ele teria morrido!
- que ele morresse! seria um humano a menos para nos preocuparmos
- eu o amo! - sua mãe soltou um barulho engasgado como se ele tivesse acabado de socá-lo no estômago:
- NÃO! você perdeu o juízo? você é um sereio e ele é um humano! - o ruivo ajeitou a postura e disse firmemente:
- eu não me importo
- Ariel, eu não queria chegar nesse ponto, mas você não me deixa outra opção - a rainha pegou o tridente em mãos que começou a brilhar. o garoto observou espantado quando ela explodiu uma prateleira com tudo que estava dentro. ele puxou o braço da mãe:
- o que você está fazendo? PARE! - ele tentou puxar o tridente das mãos da mãe, mas Acastus o segurou com força e o arrastou para longe da mãe enquanto o mais novo tentava se soltar:
- ME LARGA!
- isso é para o seu próprio bem! - Ariel olhou ao redor procurando por Linguado, mas o loiro estava preso por Acanthis e também tentava se livrar enquanto gritava para ele o soltar Ariel se viu incapacitado de fazer qualquer coisa a não ser observar sua mãe destruindo tudo na gruta
Quando ela finalmente parou não havia nada inteiro, tudo tinha sido completamente destruído. então a rainha nadou embora sem nem sequer olhar para o filho mais novo. quando ela saiu pela entrada da gruta Acastus soltou o irmão que nadou até a destruição completa de sua coleção e catou do chão uma bonequinha que outrora pertencia a uma caixinha de música dourada, o seu primeiro objeto de sua coleção
- você sabe que estamos fazendo isso pelo seu próprio bem…
- vão embora
- Ariel, nós… - Linguado afastou o príncipe de Ariel com força:
- vocês são surdos? ele disse para vocês irem embora - assim que eles foram embora Sebastião se aproximou do garoto cautelosamente:
- eu não fiz por mal, Ariel, eu…
- vá embora! eu quero ficar sozinho! - o homem se virou e saiu em silêncio deixando Ariel sozinho tentando consertar a caixinha de música
Ele estava catando as peças pateticamente quando uma voz disse:
- pobre criança - o garoto olhou ao redor confuso enquanto procurava o dono da voz quando uma segunda voz respondeu:
- pobrezinho - de repente ele viu um homem e uma mulher passando por ele
Os dois eram idênticos e os dois pareciam ter um olho cego cada. a cauda deles era cortada e as nadadeiras destroçadas. os dois sorriam de um jeito estranho para o garoto. ele observou os dois nadando em círculos pela gruta desconfiado, mas os dois conversavam como se o ruivo nem estivesse ali:
- pobre criança, tão infeliz…
- se ao menos pudéssemos fazer algo para ajudá-lo…. - o garoto se levantou e perguntou:
- quem são vocês e como conseguiram entrar? - o homem se aproximou dele e disse com um tom de voz triste:
- pobrezinho, tão incompreendido...
- que trágico! - o ruivo os olhou irritado:
- eu quero que vocês saiam daqui agora! - mas os dois o ignoraram:
- a criança está amando um humano!
- que lindo!
- mas isso é impossível! ele é humano - Ariel se virou para ir embora quando o homem agarrou seu braço o impedindo de sair:
- nós não podemos ajudá-lo, mas talvez nosso senhor possa!
- sim! devemos levá-lo até ele imediatamente! - Ariel tentou se afastar dos dois. algo neles o deixava desconfortável:
- me solta, eu tenho que ir agora
- mas nosso senhor pode ajudá-lo!
- quem é o seu senhor?
- ninguém menos que o incrível….
- o poderoso e espetacular Urs! - o garoto soltou uma exclamação surpresa:
- o bruxo do mar?
- sim! ele é poderoso e pode te ajudar! - o garoto tentou se soltar novamente:
- eu não posso, minha mãe disse que…
- não precisa ter medo, você verá
- me larga! eu quero ir embora!
- não precisa se alarmar
- é, nós não vamos te machucar - o garoto empurrou o homem e começou a nadar para longe deles:
- eu não posso e não quero - ele começou a sair da gruta quando a sereia disse:
- nós só queríamos ajudar
- imagine você e seu príncipe
- juntos para sempre - Ariel parou onde estava e olhou para eles que por sua vez estavam virados de costas para ele, aparentemente indo embora:
- mas é claro que isso foi só uma pequena sugestão
- que seja como você quer - Ariel respirou fundo. ele sabia muito bem que Urs tinha sido banido por crimes horríveis, mas se aquilo fosse verdade….
- esperem um pouco! - os dois se viraram ao mesmo tempo e disseram em uníssono:
- sim?
- me levem até ele
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.