História O Príncipe e o Grood (Imagine Kim Taehyung e Jeon JungKook) - Homesick - Saudades de Casa

Meu coração estava acelerado, eu ainda chorava sem entender exatamente o motivo e a frase de Taehyung não saía da minha cabeça.

Depois que ele confessou aos poucos foi voltando ao normal, ofegante, mas bem, já podendo andar, e foi o que fez, sem ao menos olhar pra mim saindo do refeitório, fazendo Jimin o seguir preocupado e chamando seu nome para que se acalmasse, logo os dois desapareceram.

Eu olhei para Alexa e nem percebi que estava de boca aberta até ela fazer mímica com a mão no próprio queixo.

Eu estava em choque.

“Por...por que fez isso?” foi o que consegui perguntar em meio as lágrimas.

“Porque talvez você possa consertar isso” foi o que ela disse, antes de sair também do refeitório.

E lá estava eu, sozinha no meio daquele bando de linfas brancas que me olhavam com surpresa ainda imóveis.

“O que foi?!” gritei para elas. “Voltem a fazer o que estavam fazendo!” gritei, não aguentando e saindo para qualquer lugar onde eu pudesse enxugar minhas lágrimas e digerir tudo aquilo.

Alexa estava nos sofás deitada, como se nada tivesse acontecido, como se ela não tivesse ativado uma granada e dado de presente pra mim.

E eu mal fazia ideia de onde estavam Taehyung e Jimin, só sabia que eles precisavam estar em algum lugar lá dentro já que Maya enfeitiçou  o templo para que só quem tivesse permissão pudesse sair.

Decidi ir para o único lugar onde eu achava que estaria sozinha, no banheiro. Corri e abri a porta rapidamente para depois me apoiar nela e ir escorregando no chão até estar sentada de joelhos.

Sequei minhas lágrimas e respirei profundamente, soltando devagar como minha mãe sempre dizia e comecei a ouvi-lo dizer aquilo de novo e de novo.

“Estou apaixonado por você, S/n” essa era a verdade.

A verdade que veio da boca dele, a verdade mais profunda como a Maya disse, a verdade que nem sabíamos que existia.

Será que ele sabia?

Será que ele sempre soube?

E por que eu estou ouvindo esta frase repetidas vezes na minha cabeça? Por que toda vez que eu ouço faz meu coração acelerar? Por que eu...não consigo saber o que eu estou sentindo?

O que eu deveria dizer a ele? Que eu não sentia nada e que eu amava Jungkook?

A verdade é que eu não sabia...

Meu cérebro me fez lembrar de como Taehyung me abraçou depois que Jungkook partiu meu coração no baile...do dia em que ele me levou até a toca, me deu uma roupa nova e em troca eu quase quebrei o nariz dele...do dia em que ele me levou em Astridi e eu senti o calor de seu corpo...do dia em que ficamos presos naquele depósito do castelo e eu cuidei de seus ferimentos...do dia em que ele me levou aos videntes e foi tão sincero ao dançar comigo...do dia em que ele voltou ao castelo sabendo que seria expulso só pra me salvar...me ajudar...do dia em que eu percebi que ele tinha muito mais que beleza física...

Eu não podia ser idiota e dizer que eu não sentia nada. Eu sentia algo por ele...mas eu não podia me esquecer de Jungkook.

Eu também sentia muitas coisas por ele...e agora ele estava longe...

Eu tinha me perguntado também como ele estar apaixonado por mim mudaria o destino e entendi...o meu único destino aqui era salvar os groods e voltar pra casa, se ele se apaixonasse por mim e consequentemente eu por ele, como nós dois podíamos fazer nossos próprios destinos isso mudaria aquilo que Etérica planejou pra nós e vai saber o que acontecia com gente que a enfrentava...ela e os anciãos...

Acho que nem percebi as horas passarem pois da pequena janelinha do banheiro eu constatava que já era noite e que eu tinha chorado mais do que deveria. Resolvi sair um pouco já que minha cabeça doía e minha bunda estava desconfortável no chão há tantas horas.

Quando saí do quarto o silêncio reinava sobre o templo. Todas as linfas estavam dormindo, cada qual em seu cantinho, até mesmo Alexa e Jimin, que agora havia voltado para um dos sofás.

Mas nem sinal de Taehyung.

O problema era que eu não estava com sono.

O que era extremamente raro e que me fazia entender que eu realmente fiquei mexida com o que ele disse.

Decidi subir até o tribunal antigo do conselho no andar de cima para ver se Taehyung estava lá...querendo ou não eu tinha que falar com ele sobre isso, mesmo não sabendo ao certo o que dizer...

Entrei lá dentro e meu palpite estava certo...ele estava de costas, de braços cruzados observando pela janela a noite serena de Glorius. Meus passos ecoaram sobre o lugar o que o fez virar a cabeça e retornar a posição anterior, indiferente. Me aproximei com medo até chegar perto o suficiente. Mas mal consegui abrir a boca.

“Não deveria estar dormindo?” ele perguntou, não tirando o olhar da janela.

“Não consegui” respondi com esforço, tentando apreciar tanto a vista quanto ele parecia estar.

Eu precisava falar alguma coisa...“Taehyung...” tentei começar.

“Eu já sei está bem?” ele falou, me cortando. “Eu já sei de tudo o que você vai falar...eu sei que eu fui um idiota por ter deixado isso ter acontecido e Etérica me avisou sobre esse perigo quando eu disse que treinaria você” então era sobre isso que eles falavam...

“E eu sei que você ama o Jungkook...vai ser sempre ele, tudo bem...só não quero que você venha tentar me confortar ou pedir desculpas...afinal eu pretendia guardar isso pra mim, sabe?” ele finalmente me olhou.

“No fundo, bem no fundo eu já sabia, sempre neguei pra mim mesmo porque era mais fácil...mas a magia deste lugar fez tudo parecer mais real...” e voltou a olhar pra frente. “Eu não deveria sentir isso! Eu só me senti assim com uma mulher na vida...e agora ela não pode ser minha também...” lembrei da tal Thalia, agora casada e com filhos, longe de poder ter uma vida com ele.

“Taehyung...” pus a mão em seu ombro para que me fitasse.

“S/n, vá embora” ele pediu.

“Não, eu não vou!” respondi, me lembrando da vez que gritei com ele para que falasse sobre a história real dos groods.

“S/n” ele tentou de novo.

“Eu quero falar!” gritei, e meu grito ecoou pelo lugar, ele ficou quieto olhando pra mim. “Você é...você pensa que é muito grande e que sabe muito mas não sabe!” gritei, fazendo ele me devolver uma face surpresa.

“Você acha que sabe o que vou falar ou o que vai acontecer, mas você não tem ideia de como eu penso ou como eu me sinto Taehyung!” ele prestou mais atenção. “Eu não entendo você!...todos os dias você me provoca...e...e me chama de docinho e faz piadas comigo, ri da minha cara e no outro dia diz que está apaixonado por mim?!” eu estava ficando era nervosa! “Eu nunca sei quando estou falando com o verdadeiro Taehyung ou quando estou falando com o macho alfa do bando!” cruzei os braços. “Você...você é um bipolar! Você...você me deixa louca!” gritei, perdendo o controle.

“E o que eu posso fazer?!” ele gritou também. “Eu sou assim! Não pode me mudar!” ele se aproximou de mim, seus olhos reluzentes como lanternas na escuridão.

“Eu te deixo louca! E você também me deixa louco! É um sentimento mútuo sabia?!” eu podia ver até os riscos de seus olhos, tão perto e tão brilhantes, sua respiração se misturando com a minha e logo eu não sabia mais de nada.

“Só me diga uma coisa S/n...” ele abaixou o tom de voz. “E seja sincera” era meio que impossível não ser. “Só me diga que você não sente nada por mim...só isso e vamos voltar a viver nossas vidas como se eu nunca tivesse falado nada...” seu olhar me penetrava e quebrava todas as minhas defesas.

“Eu...” a verdade era clara. “Não posso” terminei, sentindo calafrios por tê-lo tão perto de mim.

Seu olhar arrebatador me analisava de cima abaixo penetrando minha alma, ele parecia querer se controlar para não soltar a verdade do que estava pensando no momento.

“Por que?” ele dizia baixo com aquela voz grossa e potente. “Por que você sempre complica as coisas? Você só poderia ter dito que não sente nada e me deixar sozinho...você é sempre do contra...você é...” e agora? O que eu vou fazer, o que ele vai fazer?

Por que tudo parece certo agora?          

Como imãs éramos atraídos pouco a pouco, estava ficando muito difícil de resistir aos encantos de Taehyung. Sua respiração estava acelerada, seu peito subia e descia várias vezes, seus olhos, mais iluminados que antes, como uma chama acesa me hipnotizavam em contraste com o amarelo de seus cabelos, seus lábios eram convidativos em um tom avermelhado que só ele tinha, ele estava tão perto e tão longe...

“Você quer me beijar?” ele perguntava, agora muito próximo, sabia que eu só poderia dizer a verdade, eu sentia sua respiração quente tocando minha pele, ele era tão bonito...por dentro e por fora...

“Quero muito” eu respondi, como um soco da verdade pra fora, e como um impulso eu o puxei para mim, mas dessa vez não foi preciso mágica pra que eu o fizesse.

Quando senti os lábios dele nos meus tudo parecia mais certo, o mundo parecia mais feliz e colorido, meu coração parecia que ia explodir do peito, ir embora e não voltar nunca mais.

Começamos tímidos, eu não conhecia sua boca, nem ele a minha, mas ele se encaixava tão perfeitamente...com leves toques de sua língua no meu lábio inferior senti que ele queria passagem para explorar toda minha boca e foi isso que eu fiz, a abri totalmente e de repente ele já havia me invadido por completo, me puxando com toda sua força grood pra perto e me apertando contra ele pela minha cintura.

Passei a mão pelos seus cabelos, tentando fazê-lo se aproximar ainda mais se aquilo fosse possível, ele descia seus beijos quentes e molhados até meu queixo, indo até meu pescoço e descendo...

“Taehyung...” eu gemi baixinho, sentindo naquele momento que o mundo era só nosso.

Ele se sentou no banco de gesso que se formava junto a janela e me puxou, colocando uma de minhas pernas ao lado de seu quadril e eu logo me sentei em seu colo, sedenta por mais dele.

Comecei a desabotoar aquela camisa branca que, colada em seu corpo suado não parecia bonitinha...ele estava quente...sexy e fervendo, assim como eu, eu só o queria, essa era a verdade escondida, por mais que eu quisesse negar eu sentia coisas selvagens por Taehyung, coisas que havia guardado no profundo do meu coração por todo esse tempo.

Beijei seu pescoço, descendo até seu peito. “S/n...” ele gemia, ao sentir meus toques em seu corpo...ele tinha um gosto muito bom...

Meu vestido logo caía em meus ombros enquanto ele os beijava, no meio tempo comecei a tentar explorá-lo por debaixo da camisa e ele gemeu quando eu explorei caminhos baixos demais...

Ele logo me puxou mais pra cima, me fazendo sentir aquela coisa firme entre suas pernas, gemi, nunca havia sentido aquilo antes, não daquele jeito tão...intenso...

Comecei a me mover em cima dele quase que automaticamente, eu precisava senti-lo...precisava...

“S/n...” ele ofegava, gemendo em meu ouvido enquanto eu continuava a me mover, sentindo coisas estranhas acontecerem comigo, eu queria poder parar mas meu corpo só clamava por mais, pedia que eu continuasse rebolando daquele jeito até que não aguentasse e caísse em cima dele quando estourasse de prazer.

Ele me ajudava com aquilo, pegando em meus quadris e em parte da minha bunda me ajudando a me mover ainda mais forte em cima dele, enquanto mordiscava um de meus lábios...

Aquilo era tão bom...tão bom...que chegava a ser errado.

Não aquilo era errado, era errado! Eu não podia continuar.

“Espera...” eu disse, suando ofegante, parando e saindo de cima dele, ele me olhou sem entender. “É errado Taehyung, desculpa é errado...” eu dizia, querendo morrer ali mesmo por ter me deixado levar tanto e por ser tão idiota.

Eu estava confusa mas não queria dizer que eu trairia Jungkook desse jeito, eu sentia algo por ele também.

Também?

“Não...não é certo” parei, me afastando dele.

“Eu sei” ele continuou. “Eu não poderia sentir essas coisas...eu estraguei seu destino...” aquela história de destino estava acabando comigo, eu já estava cansada daquilo!

“Taehyung” o chamei, pondo a mão em seu queixo, o virando para mim. “Eu faço o meu próprio destino” falei, determinada.

Era a primeira vez que eu tinha uma conversa tão sincera com Taehyung, e era bom, era bom ver como ele era, como se sentia de verdade...

“Eu sei que fiquei com medo de te perder horas atrás e que você é muito importante pra mim...não tive a chance de dizer antes mas...obrigada...por tudo...” sorri, o puxando para um abraço que ele recebeu de bom grado, um abraço bom, um abraço aconchegante.

Ele sorriu, um pouco abatido. “Só sinto que tenha ouvido isso porque eu estava sobre um transe mágico da verdade” ri com a afirmação.

“É bom saber dessa verdade” finalizei, não sabendo se eu tinha feito o certo com ele, mas seja o que fosse eu tinha dito só verdades.

Estava prestes a sair pela porta quando ouvi Taehyung dizer:

“Boa noite, docinho”

Sorri de costas para ele e continuei meu caminho até o andar de baixo, tendo certeza que eu iria dormir mais tranquila.

+++

Meus olhos viam uma Alexa embaçada de manhã.

Aos poucos ela foi ficando nítida e a cara dela não estava lá as melhores.

“Onde você estava ontem à noite?” ela perguntou de braços cruzados, olhando para mim.

Eu mal conseguia pensar, não tinha dormido muito e ela falava muitas coisas rapidamente, mas logo o soco me fez falar a verdade.

“Fui falar com Taehyung” declarei, esfregando os olhos e me levantando do sofá...então eu tinha dormido ali.

“Eu digo que tinha esperanças que você pudesse concertar as coisas e você me diz que foi falar com ele ontem?! S/n, você precisa acabar com qualquer esperança que ele tenha!”

“Já chega!” gritei pra ela, sentindo a verdade coçar na minha língua. “Eu já estou de saco cheio disso! De tudo isso! Eu vou fazer o que eu quiser fazer! E que se ferre o destino!” exclamei, passando por ela rapidamente batendo em seu ombro.

Ela não disse mais nada, resolveu somente se afastar, fui até o corredor andando pelo tapete até encontrar a porta desejando muito que eu pudesse sair.

Olhava para as árvores e florestas onde eu poderia viver com meus segredos e falar o que eu quisesse dizer, onde eu pudesse viver do meu jeito. Mas esse mundo, o mundo que eu queria estar, estava bem além desse, e eu estava muito longe dele. Muito mesmo.

Estava com saudades da minha família, da minha cama, da minha escola e dos meus amigos (melhor dizendo, uma amiga), das músicas eletrônicas, dos carros e do meu mundo chato sem magia e cheio de notas ruins em história.

“Saudades de poder falar o que quiser?” disse Maya atrás de mim, me assustando.

Pus a mão no peito. “Você me assustou” ela sorriu com seus dentes afiados, deveria ter novidades.

“A verdade às vezes é um saco, não é?” ri um pouco com a sinceridade dela.

“Eu disse que esperaria que estivesse mais descansada para que eu pudesse falar sobre Jeon” cruzei os braços esperando para que ela continuasse. “Você já deve saber que  trancar ele em uma caverna subterrânea não o pararia” arregalei os olhos.

“Como...”

“Não importa, eu sei que ele já sabia que vocês tentariam trancá-lo e o plano B dele foi Golias...aquele estúpido” parece que Golias também tinha umas tretas incompletas ao redor de Glorius.

“Você sabe o que ele está planejando?” perguntei, com esperanças.

“Se eu soubesse vocês não estariam sendo procurados e não haveria problemas” ela falou, dando uma leve patada em mim. “O fato S/n, é que você já está fazendo o que foi destinada a fazer...ajudá-los” ela olhou para os groods na sala. “Mas agora deve ajudar a si mesma” ela me fez olhar mais intensamente para seus olhos opacos e grandes.

“Como assim?” perguntei, as pessoas daqui gostavam de me deixar confusa.

“Você deve continuar treinando pois a pessoa que deseja seu mal está prestes a agir” eu estava pasma em ver o quanto ela sabia. “E o único lugar onde você vai poder praticar melhor isso é sem toda essa loucura de Glorius” ela dizia, me fazendo franzir a testa.

“Como eu vou deixar pra lá toda essa loucura de Glorius estando em Glorius?” perguntei irônica, meio rindo, meio séria.

“Não vai mais” Ela soltou, acelerando o ritmo do meu coração.

“C-como assim? Pra onde eu poderia ir?” gaguejei, muito ansiosa pela resposta que eu queria muito que ela falasse.

“Pra sua casa” então ela pegou nos meus ombros e me virou pra frente fazendo um movimento com as mãos, me mostrando através de uma névoa que pairava em frente aos meus olhos o meu quarto.

Eu iria pra casa.

Eu iria pra terra.