História O Príncipe Perdido. - 16 anos!

Já havia alguns dias que os monstros do Império Tube não atacavam, e uma aparente paz tomou conta da vida na superfície.

Claro que os cinco Defensores da Luz não tinham a ilusão de Barabass e seu bando terem desistido de conquistar o mundo. Mas uma folguinha sempre cai bem.

Especialmente quando um deles completa mais um ano de vida. Uma data como esta não deve passar em branco!

Sayaka e Keiko estavam no Parque das Cerejeiras, preparando o pique-nique numa mesinha de madeira que foi reservada. Era época do Festival das Sakuras, feriado nacional. Todos poderiam comparecer: chefe Sugata, senhora Okami e integrantes do Maskman.

Takeo e Kenta ficaram de buscar os comes e bebes. Não que Kenta gostasse muito da "missão".

- Por que nós temos que carregar tudo? O aniversário é do Akira, ele deveria ajudar!

- Porque o Akira está em competição, e a festa é surpresa. Kenta, não seja preguiçoso! Dois meses atrás foi o seu aniversário e o Akira ficou todo animado em ajudar. Fez a maior parte das coisas.

- Menos a comida, eu sei o desastre que ele é na cozinha. - Kenta ri e Takeo acaba acompanhando o bom-humor do amigo. Há tempos o grupo não compartilhava de um clima tão agradável e dias tão tranquilos. 

Precisavam aproveitar ao máximo!

Quando chegaram à mesa, Keiko conversava animadamente com uma senhora de sorriso largo e parecendo ser mais jovem do que realmente era. Comandante Fugata também estava na rodinha de bate-papo, apesar de ser um pouco mais formal que os mais jovens. Sayaka terminava de arrumar a toalha, os copos e os talheres, além de uma grande faixa onde lia-se "Parabéns pelo seu dia, Akira!" em letras azul-escarlate.

- Ah, rapazes! Que bom que chegaram! Esta é a senhora Okami, mãe do Akira!

- Muito prazer, e obrigada por cuidarem tão bem do meu menino. - a mulher fazia a tradicional reverência japonesa, com as mãos unidas e próximas ao corpo.

- Imagine, senhora Okami. Para falar a verdade, Akira já cuidou muito da gente quando precisamos! - Takeo também a cumprimentava, e depois coçava a nuca, sem jeito. 

Kenta contava as peripécias do mais novo dos Maskman, mas também o elogiava, dizendo que aquela era a terceira exibição de Kung Fu do garoto só naquele mês. Dificilmente alguém o vencia. Dos cinco, era o melhor espadachim.

- Mas a senhora é muito bonita para ser mãe dele! Com todo o respeito, claro! Acho que ele não puxou aos pais! - Kenta ri divertido, as logo leva uma breve bronca de Fugata.

- Que brincadeira sem hora, Kenta! Só não ficou pior porque vocês ainda não sabem.

- Não sabemos...do que?

- Takeo, o Akira é adotado. A senhora Okami nos contou há alguns minutos.

Isso pegou os dois rapazes de surpresa. Kenta, inclusive, abaixou a cabeça e passou uma das mãos pelos cabelos, envergonhado. Ele não sabia...na verdade, ninguém sabia! Como um rapaz tão divertido e de bem com a vida, um livro aberto, poderia ter um segredo desse tamanho? Não é motivo de vergonha. Muito pelo contrário. Sendo tão bondoso e abnegado, é motivo de orgulho tanto dele quanto da mãe.

- Akira foi deixado à porta da senhora Okami pouco tempo antes do marido falecer devido a um acidente de trabalho. O casal não conseguia ter filhos, então não pensaram duas vezes e adotaram o garoto. Não havia bilhete, nem certidão, nada. O hospital concluiu que Akira foi deixado com eles quando tinha menos de uma semana de vida.

- Mas...senhora Okami...chefe...está tudo bem isso ser contado? Se ele não quis falar até agora, deve ter seus motivos.

- Meu rapaz, está tudo bem. Foi o próprio Akira que pediu para que eu contasse quando eu viesse visitá-lo. Ele sente vergonha, acha que foi doado por ser fraco e quer provar seu valor. Todos os dias. - a mãe do garoto segurou uma mão de Kenta e uma de Takeo - Perdoem-no.

- Perdoar? Ele é muito forte e talentoso! Não há nada o que perdoar. - Sayaka fala decidida, dando um beijo em uma das bochechas da mulher.

Fugata observou tudo. Ele sabia desse segredo, pois ele mesmo viu um potencial fantástico no garoto e conversou com sua mãe, pouco mais de um ano atrás. Nunca contou simplesmente porque não é de sua conta. Mas com o pedido de Akira, ele e sua mãe não viam  mais motivos para esconder tal fato.

- Chefe! Liguei pro ginásio. A competição já tinha acabado, mas ele ainda estava lá e foi avisado do "compromisso". - Keiko ria discretamente, porque não era muito difícil pegar o garoto de surpresa. Ainda mais hoje, quando ele simplesmente esqueceu do próprio aniversário.

- Obrigado, Keiko. Como não é longe daqui, ele deve estar chegando. Vamos, todos preparados!

Munidos de balõezinhos, chapéus de aniversário e cornetinhas comemorativas, apenas esperaram a chegada do mais jovem integrante dos Maskman, que não demorou muito a aparecer.

Com uma medalha dourada de Campeão em Performance e ainda com o uniforme vermelho - para a prática de seu Kung Fu -, Akira chegou correndo e preocupado. O próprio comandante o mandou chamar, então algo sério deve ter acontecido!

Qual não foi a alegria dele quando todos gritaram "SURPRESA!" e começaram a cantar os parabéns!! Riu de orelha a orelha, envergonhado por ter esquecido o dia mais importante de sua vida!

- Mãe! Até você veio, que bom! - ele correu e abraçou aquela a quem devia tudo e por quem seria eternamente grato.

- Meu filho faz dezesseis anos e acha que eu vou perder isso! Só pode ser brincadeira. - ela bagunça os cabelos de Akira, que também é cumprimentado por todos os amigos. 

~~~~~~*~~~~~~

Alguns metros distante, escondida atrás de uma árvore, uma figura altiva e monárquica observava a tudo. Um garoto feliz, cercado de amigos e família, comemorando um dia perfeito.

Passou algum tempo pesquisando sobre os Maskman. Sabia seus alter-egos, mas além disso desconhecia mais informações. 

Não havia tempo para um grande dossiê. Só queria saber qual deles encaixava-se no perfil do Príncipe Ícarus.

Descobriu que somente um deles tinha a idade equivalente. E via o quanto aquelas pessoas o amavam, como um dia ela e sua irmã foram amadas.

Quase dava pena em ter que retirá-lo deste ambiente.

Quase. Porque a família real sempre ficará acima destas frivolidades. A hora de agir aproximava-se.