História O Príncipe Vermelho (Imagine Jeon Jungkook) - Capítulo XLIII

Quando despertei, era noite novamente. Bom, pelo menos eu já conseguia dominar os hábitos do sono dos vampiros.

Jimin estava sentado ao meu lado enquanto Carmilla colocava o vestido e mais tudo o que precisava para me arrumar. Acordar no dia do casamento era uma sensação nova, pois eu já acordava com muita disposição e nervosismo ao mesmo tempo. Minhas mãos tremiam e eu sorria de felicidade e desespero. Meu irmão me olhou e sorriu:

- Minha irmã, Carmilla acaba de me falar que vai se casar com Jungkook escondida. - disse bem baixinho, e sua expressão facial ficou um pouco fúnebre - Eu não vou poder ir, sinto muito, era o que eu mais queria e esperava presenciar.

- Por que não pode? - perguntei com a voz ainda afetada pelo sono, mas ainda demonstrando o quão chateada o comentário me deixou.

- Dracul ainda não confia em vampiros recentes, ele me quer sob sua custódia temporaria até que eu deixe de ser uma ameaça para o mundo vampiro.

- Vampiro recente? - meus olhos se arregalaram.

Não, não pode ser!

Mas e se for...

Mas como? Como pode ter acontecido?

Alguém do castelo?!

- Não, a burguesa. - respondeu meus pensamentos - Na última viagem que fiz me encontrei com a mesma, e me deitei com ela... E aceitei o que há anos eu estava adiando, esse destino que me perseguia.

O abraçei assim que vi as lágrimas vermelhas ameaçarem de caírem de seus olhinhos puxados.

- Eu sinto muito por não ter lhe falado, é que quando ainda estávamos em nosso reino, o mísero fato de dizer o que eu era me deixava faminto! - exclamou - Às vezes me levantava pela noite para buscar por algo que me deixasse satisfeito, mas eu acabavaatando os bichos, e você sabe que eu amo muito todos os seres criados por Deus. E eu não queria ferir nenhum de vocês...

- Está tudo bem. - interrompi o soltando de meus braços - Eu não vejo nada de mal nisso, é o que você precisa para se manter vivo, se não fizer por maldade como Dracul faz, você é apenas uma pessoa tentando sobreviver por seus meios.

- Acha mesmo? - perguntou me olhando com aquele olhar que eu conhecia.

Quando criança, Jimin tinha uma auto estima muito baixa, até mais baixa que a minha. Se achava estranho e diferente, e sempre que me olhava daquela forma, era por que precisava muito do meu apoio para se sentir melhor consigo mesmo. E eu sempre fui muito verdadeira com todos os meus consolos.

- Não só acho com tenho certeza. - falei com a maior firmeza que conseguia.

- E olha, eu sei que você em breve também vai se tornar uma de nós, afinal você não pode envelhecer enquanto Jungkook permanece intacto, e você acabaria morrendo e o deixando sozinho... - sussurrou com cuidado - Mas não é ruim ser um vampiro, é apenas um estado bastante... Complicado.

- Me preocupo por não saber de nada, por não ter noção de como lidar e me comportar...

Segurei o choro enquanto ele me olhava com muita atenção.

- Veja bem, minha irmã, você sempre me apoiou e me ajudou, e acho que este é o momento de lhe recompensar por tudo.

Respirou fundo e fechou os olhos, e eu não sabia o que ele iria dizer, o que me deixou ainda mais nervosa e ansiosa. Abriu os olhos lentamente e olhou para mim por alguns segundos e dirigiu seus olhos ao chão:

- Minha irmã, eu te deixei sozinha por todos esses anos. Lhe deixei no escuro daquele quarto e naquela solidão. Não sei o que você passou, quantaa vezes chorou á procura de um abraço quando todo o seu corpo doía. Quantas vezes implorou a piedade de Deus quando sua febre ficava alta e não havia ninguém por perto para te ajudar, quando você queria se levantar para ver qual pássaro cantava tão lindamente em sua janela, mas você não podia sequer erguer seu braço, quando dormia sabendo que sempre poderia não ver o próximo dia, e ainda ter a angustia de poder morrer sem ter feitos absolutamente nada do que sonhava e almejava conseguir realizar. E quando eu fiquei doente você ficou do meu lado até que eu fosse obrigado a lhe mandar embora pois estava cansado de tanto rir de você. Lembro-me das histórias, das músicas, das piadas e das longas conversas, e também quando íamos até os campos e brincávamos na grama verde no pôr do sol. - uma lágrima escorreu por seus olhos - Sei que Namjoon ficou ao seu lado, mas ele era tão ausente mesmo assim! Ficava lendo livros de reinados e regras monárquicas o tempo inteiro, nem mesmo olhava para você. Uma vez ele se atrapalhou ao falar sobre você com um Visconde por que não sabia sequer a cor de seus olhos!

Vi as paredes com traços de mofo e me lembrei do que Namjoon havia falado comigo. Eu confiava tanto nele, eu jurava que ele me amava muito como irmã, que ele torcia por minha melhora e que caso ela não ocorresse ele sofreria. Mas ele não sente nada, apenas a obrigação de cuidar de mim. Talvez seja por isto que fiquei tão insegura quando soube que Jungkook queria apenas me curar, temi que ele também só estivesse cumprindo uma obrigação.

- Ele disse que não te amava?! - perguntou incrédulo.

Confirmei com a cabeça secando as malditas lágrimas que insistiam em cair. Como eu me emocionava tão facilmente?!

- Os treinamentos preparatórios para uma vida monarca fizeram de Namjoon um homem amargo.

- Ele odeia o Jungkook. - completei.

- Mas você não precisa do consentimento dele para nada! - falou sorrindo.

Carmilla nos interrompeu colocando o saco enorme sobre as costas. O peso deveria ser absurdo, apenas uma vampira carregaria aquilo com uma facilidade como a dela.

Amarrou os cabelos longos e nos olhos com um sorriso amplo:

- Temos que ir imediatamente, princesa. - disse olhando para nós dois.

Jimin me olhou e me dei um abraço forte, beijando minha testa e fazendo um sinal da cruz sobre ela:

- Que seu matrimônio seja abençoado, e que Jungkook seja gentil. - falou a última parte quase num resmungo - Eu te amo, minha irmã.

- Eu também Jimin, obrigada por tudo!

Agora, era me preparar para o altar, e meu marido!