Escrita por: Mandy_Mars_
Estavam se beijando apaixonadamente sob as cobertas. Tinham se amado mais uma vez, e tinha sido ainda mais intenso. Fazendo uma pausa para respirar, Rebeca comentou:
— Então você fez vasectomia, porque amava sua esposa, e não queria que ela se sentisse mal, por não poder te dar filhos.
— É isso aí. — Ele coçou a nuca encabulado.
— Você achava que ia ficar com ela pra sempre, né?
— Sim — Ele concordou meio triste — como pode ver, a estupidez não é exclusividade da juventude.
Ela o calou com um beijo.
— Você é o namorado perfeito, Baekhyun — Ela disse o olhando no fundo dos olhos — além do mais, não posso engravidar nesse momento. Ainda sou só uma estudante falida e desempregada. — Foi a vez dele de interrompê-la com um beijo. Este a fez se aconchegar ainda mais ao peito dele.
— Durma Rebeca. — “Pensaremos nisso amanhã.”
Doeu.
Doeu muito.
Ele soube que devia deixa-la. Rebeca não podia ter um filho agora — ele não poderia dar um filho a ela nunca. Não era justo. Estava fadado a ser um capítulo na vida dela. Bem ardente é verdade, mas apenas um capítulo — nada além disso. Rebeca tinha uma vida inteira pela frente.
Assim o ano que ela seria sua aluna passou.
Com dias cheios de risadas. Nas aulas — quando no conteúdo estava um livro de Simone de Beauvoir, e todo mundo odiou. Todos leram o livro — mas Rebeca foi a porta-voz.
Segundo ela, a mulher era uma doida mal-amada, com uma máquina de escrever. E com gente suficientemente tonta pra dar ouvidos a ela — e publicar aquelas besteiras, os obrigando a ler mais tarde.
Meu coração dizia pra eu lhe dar um 10 — ela tinha sido brilhante e dito tudo o que eu pensava. Mas eu não podia pensar como namorado — e sim como professor. Mesmo assim, lhe dei um 8.
A cara que ela fez foi a melhor. Sua expressão de surpresa e choque nunca deixavam de me impressionar. Segundo ela também, suas amigas queriam saber quem era o namorado secreto por quem ela tanto suspirava.
Mas quando ela vinha passar a noite comigo — os lençóis pegavam fogo.
Uma noite qualquer perto do fim do ano, estávamos transando. Novidade — Rebeca se agitava em meus braços, gemendo meu nome, enquanto meu pênis entrava e saia de dentro dela.
Estávamos sentados na cama — e pra mantê-la em cima de mim, agarrei seus quadris. Ela se movia ainda mais furiosamente, meu membro engrossando e ficando maior, estávamos à beira.
Ela gritou meu nome quando o orgasmo veio — seu corpo inteiro estremeceu, mediante a força do ápice. Inexplicavelmente a abracei forte e comecei a chorar.
— Meu Deus, o que foi? — Rebeca ficou alarmada.
— Nada. — E continuei a abraçando.
— Baek, o que foi? Ninguém começa a chorar depois de uma foda... ainda mais, depois de ter um orgasmo. — Pronto, todas as antenas de suspeitas estavam apontadas pra ele.
— Não é nada, eu juro. É que eu queria eternizar esse momento — nosso momento.
— Não faz isso Byun, se não quem chora sou eu.
Ele começou a rir — pra aliviar o coração dela. A verdade é que tinha sido convidado a tirar mais um certificado, na Coreia do Sul. O curso duraria dois anos — e era do outro lado da face da terra. Partia em um mês — era só fechar seu cronograma de professor substituto.
A outra professora, reassumiria no ano seguinte. Havia chegado a hora de deixar Rebeca seguir com sua vida. Suas lágrimas não eram por nada. A morte tirou sua primeira esposa — a vida e as circunstâncias iam tirar Rebeca também.
Coisa de uma semana pra colação de grau — Rebeca começou a sentir uns enjoos, ficar tonta — essas coisas.
“Ah não, não posso ficar doente, justo agora.”
As aulas acabaram. Tinham apenas a coleção de grau e as férias, — aêêê!!!
Esperava ver o professor galã na festa de despedida e formatura — já que como mestre ele não podia ser seu par.
Só que ele sumiu da face da terra.
Decidiu não ficar nesse suspense louco — pegou as chaves que ele lhe deu, e foi até seu apartamento. Só que aquilo com o que ela não contava aconteceu — estava vazio.
— Você não sabia, ele se mudou.
“Não, não, não — ele não faria uma coisa dessas comigo, faria?”
— Então querida — Uma velha fofoqueira comentou — ele se mudou, não vê? E não deixou o endereço novo.
— Obrigada. — Rebeca falou triste e cabisbaixa.
A colação de grau foi um borrão. Rebeca passou todo o tempo que durou a festa enjoada. Recebeu seu diploma, e usou o banheiro da festa mesmo pra vomitar. Teria desmaiado, se uma de suas colegas não a vissem e julgando que ela estava bêbada, a levassem a reboque pra casa. Ela parecia com febre — mas estava apenas triste mesmo.
Rebeca julgava que os enjoos cessariam, quando a raiva e o rancor por Baekhyun ter se mudado sabe Deus pra onde — sem deixar endereço, — acabasse.
Um mês depois quando suas regras não vieram — começou a ficar neurótica. Será que tinha desenvolvido algum tipo de câncer? Ou só sentia uma falta absurda dele? Comentou com as meninas que moravam com ela, Rafaela, Isabel e Camila:
— Minhas regras não desceram.
— Também, você e seu namoradinho secreto não se desgrudavam!? Demorou pra uma coisa assim acontecer.
— Não é possível... não pode ser isso... ele não pode ter filhos.
— Umhum... — Camila disse sarcástica.
— Eles sempre dizem isso, que são estéreis e blá blá blá... até te engravidarem. — Isabel falou na lata.
Rafaela foi a mais compassiva:
— Faz o teste de farmácia, apenas pra excluir. Se não for isso, vamos ao médico saber o que é.
— Você vai comigo?
— É claro que eu vou. — Rafaela garantiu. Rebeca estava mais emotiva do que nunca. Elas iam sim ao médico — mas era pra ter certeza de quanto tempo ela estava grávida.
Enquanto duas de suas amigas a acompanharam pra comprar um teste de gravidez na farmácia ali perto — um pacote assinalado com Korean Post, — chegou.
Isabel recebeu o pacote e assinou a entrega. Estava lacrado. Era pra Rebeca. Assim que ela chegou, abriu o lacre do exame e se dirigiu ao banheiro a fim de fazê-lo. Obtinha o resultado em três minutos. Quando ela voltou do banheiro, Isabel falou:
— Chegou uma carta pra você, ‘Beca. — E lhe entregou o pacote.
Rebeca reconheceu ser dele... Korean Post o quê? O que isso queria dizer...? não podia chorar em frente as suas amigas. Colocou o teste de gravidez no bolso e com a carta em mãos disse:
— Eu preciso sair.
— Mas o quê...? — Rafaela comentou.
— Deixa ela ir... — Isabel sabia do que se tratava.
— É, deixa ela em paz. — Camila completou.
Já na rua ela encontrou um banco onde se sentou e pode finalmente abrir aquele pacote e ler seu conteúdo:
“Rebeca, sinto muito por não poder estar aí pra sua colação de grau. Eu mudei seu conceito sobre Literatura? Por favor, diga que sim — ainda que eu não possa te ver, nem te ouvir — A essa altura, você já deve saber que eu vim pra Coreia do Sul.
Uma gota d’água caiu no papel, e borrou a caligrafia caprichada dele — pra horror seu, eram seus olhos que choravam e amarrotavam o papel todo.
Vou ficar por aqui dois anos, talvez mais. O ponto é — Não quero que você me espere. Nosso caso veio com prazo de validade — eu não sou o homem certo pra você. Você não pode ter um filho agora. Eu não posso te gerar um filho nunca. Não é justo você abrir mão da sua vida por mim.
Foi bom enquanto durou — mas acabou. Você está livre, pra encontrar outro alguém que te faça sonhar.
Eu sou apenas um degrau, da sua escada.
“Em nome de Deus, o que isso quer dizer?”
Um período, de vez em quando você vai lembrar e vai rir. Eu não vou passar disso, uma lembrança — um sonho bom. Mas como antes de ter sido seu namorado/amante, eu fui seu professor — quero que você leia essa letra do
Engenheiros do Hawaii:
3x4
Diga a verdade
Ao menos uma vez na vida
Você se apaixonou
Pelos meus erros
Não fique pela metade
Vá em frente, minha amiga
Destrua a razão
Desse beco sem saída
Diga a verdade
Ponha o dedo na ferida
Você se apaixonou
Pelos meus erros
E eu perdi as chaves
Mas que cabeça a minha
Agora vai ter que ser
Para toda a vida
Somos o que há de melhor
Somos o que dá pra fazer
O que não dá pra evitar
E não se pode escolher
Se eu tivesse a força
Que você pensa que eu tenho
Eu gravaria no metal da minha pele
O teu desenho
Feitos um pro outro
Feitos pra durar
Uma luz que não produz
Sombra
Somos o que há de melhor
Somos o que dá pra fazer
O que não dá pra evitar
E não se pode esconder
Diz muito sobre nós. É a nossa música.”
E a carta acabou.
Nesse momento ela lembrou do teste de gravidez... e comentou consigo mesma ao ver o resultado:
— Eu vou ter mais que a letra de uma música pra me lembrar de você, Baek.
O teste de gravidez deu positivo.
FIM.
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