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História O que é o amor? - Capítulo 1


Escrita por: rachellnsx

Capítulo 1 - Capítulo 1


Segundo o google:

"Amor é um sentimento de carinho e demonstração de afeto que se desenvolve entre seres que possuem a capacidade de o demonstrar. ... Etimologicamente, o termo “amor” surgiu a partir do latim “amor”, palavra que tinha justamente o mesmo significado que atualmente: sentimento de afeição, paixão e grande desejo."

Essa é a definição de amor. Eu nunca o experimentei de nenhuma forma, nem no sentido romântico nem em amizades. Pra mim esse assunto é praticamente um tabu e eu gostaria de mudar isso. 

Não vou tentar dizer coisas como "o amor é como uma flor que blá blá blá" e essas frasezinhas motivacionais de Facebook porque isso já me encheu o saco. Eu estou pensando sobre isso porque, pelo pouco que eu refleti sobre mim mesmo, é o que eu acho que me falta, é o que eu acho que preencheria esse espaço que há tanto tempo está vazio em meu peito e me causa tantos problemas.

Durante essa minha curta vida eu nunca senti a sensação de ser verdadeiramente amado por alguém, e com isso você possa até me perguntar:

"Mas e quanto aos seus pais?"  

"E a sua família?" 

É exatamente deles que eu estou falando. Minha família não é muito sentimental ou coisas do tipo, logo nenhum de nós demonstra sentimentos abertamente muito menos gestos simples de carinho, como um beijo no rosto ou um abraço, e meus pais são os maiores exemplos disso. 

Antes que você me julgue, sim, eu tenho plena consciência do amor que meus pais e meu irmão sentem por mim, afinal, somos uma família, feliz ou infelizmente - não sei, depende do ponto de vista. 

Enfim, como eu cresci nesse meio um tanto quanto "radical" - se é que assim eu possa dizer - , talvez isso tenha criado uma lacuna que deveria ser preenchida, mas, que obviamente não foi. Então, nos dias de hoje, eu fico em uma procura "inconsciente" por alguém pra me amar e se importar comigo, pra eu poder me sentir inteiro novamente. É como se eu estivesse incompleto, e essa minha busca por algo que tampe esse buraco me faz acreditar que só quando eu conseguir encontrar alguma coisa tão valiosa quanto o amor, vou conseguir ser feliz novamente.

Eu nunca tive uma real experiência de amor, aquela coisa que todo mundo fala: o estômago com borboletas, o errar das batidas do coração, as mãos suando frio, o nervosismo - tudo isso eu sinto quando tenho crises de ansiedade, mas não conta - e o pensamento constante naquela pessoa. Hoje eu reconheço que tudo o que eu pensei que fosse amor era apenas uma paixonite irrelevante, não era um amor sólido com raízes profundas e firmes - e principalmente recíproco -,  eram só os hormônios que estavam a flor da pele - o famigerado fogo no rabo. 

Assim como nos relacionamentos, nas minhas amizades eu também nunca tive um amigo de verdade, eram sempre pessoas que andavam comigo só pra não ficarem sozinhas. Não havia uma confiança mútua, era sempre noventa e cinco por cento meu e cinco por cento dela, e isso foi me desgastando com o tempo.

Eu queria um dia poder sentir o conforto e a paz inigualável que só o abraço de alguém importante pode trazer, queria me sentir valorizado, sentir que realmente sou importante na vida uma pessoa, saber que eu tenho um peso grande e significativo na vida dela. Eu desejo isso porque todas as minhas "amizades" se afastaram de mim depois de um tempo, e eu não sei se foi porque se cansaram ou enjoaram de mim, se foi porque encontraram alguém melhor que eu ou se foi os dois, só sei que eles sempre vão embora e eu consequentemente volto a estaca zero: confuso, triste e sozinho. 

Falando assim eu pareço até um adolescente de doze anos querendo atenção, não é mesmo? Pois é, que irônico. 

- Sasuke.

Analisando tudo até agora, talvez isso que eu sinta quando eu reflito a fundo sobre esse tema seja fruto das minhas inseguranças e medos, talvez sejam só paranóias, talvez seja a verdade, talvez seja a minha mente querendo criar uma justificativa "plausível" pra mascarar a minha total falta de tato sobre o assunto, ou talvez todas as alternativas acima estejam corretas. 

- Sasuke.

E mais uma vez estou completamente confuso, no meio da aula, onde eu deveria estar ocupado escrevendo um poema sobre amor, mas preferi refletir sobre o quão inútil eu sou a ponto de não saber nada sobre um assunto que parece ser tão simples. 

Simples

Com certeza o amor não é nem um pouco simples. 

- Sasuke! - chamou a professora

- Sim - levantou o rosto e respondeu um tanto perdido. 

A sala estava inteiramente quieta, aparentemente só o Uchiha estava perdido em pensamentos. 

- Eu perguntei se você não gostaria de ler o que escreveu para o restante de seus colegas. 

O moreno engoliu em seco. Claro que manteve a sua cara de tédio de sempre estampada no rosto, mas no fundo só estava escondendo o quanto tinha receio em ser repreendido pela professora e passar vergonha na frente de todo mundo. 

Por mais que isso parecesse uma coisinha boba, a mínima ideia de ser alvo de chacota da turma por no máximo trinta segundos - já que eles se esqueceriam do ocorrido tão rápido quanto aconteceu - já o torturava imensamente. 

- Eu... - disse meio incerto - não consegui fazer.

- Se estava com dúvidas poderia ter vindo até a minha mesa e me perguntado. 

A essa altura o coração de Sasuke só não saltava pela boca porque ele estava com ela fechada. As mãos estavam suando frio e a respiração acelerada - claros sintomas de sua maldita ansiedade. 

Agora estava se sentindo mal por não ter feito o que Kurenai-sensei havia pedido, odiava decepcionar as pessoas, mesmo que fosse por coisinhas simples como essa. 

- Alguém gostaria de ler o que fez? - disse se referindo a turma. 

Não deu tempo de ninguém responder pois o sinal tocou logo em seguida, trazendo vários suspiros de alívio juntamente a sons altos de conversa dentro da sala. 

Sasuke soltou a respiração que nem havia percebido ter preso e guardou seu material. Se levantou da carteira, colocou a mochila nas costas e o fone no ouvido. 

Mal clicou em "escolher aleatoriamente" e já se arrependeu de ter feito isso. Aquela maldita música era tão linda, tão perfeita em todos os sentidos. A harmonia que o violão fazia com a voz da cantora era tão graciosa que chegava a se sentir no céu só de ouvir as primeiras notas da canção, mas ao mesmo tempo, se sentia em um completo inferno.


You don't know, babe

(Você não sabe amor)


When you hold me

(Quando você me abraça)


And kiss me slowly

(E me beija lentamente)


It's the sweetest thing

(É a coisa mais doce)


Que maravilha, a música mal havia começado e ele já sentia vontade de chorar no meio do corredor lotado da escola. 


And it don't change

(E isso não muda)


If I had it my way

(Se eu tivesse meu jeito)


You would know that you are

(Você saberia que é)


Chegou ao ponto de ônibus - que era ao lado da escola - e se sentou escorando a cabeça na parede atrás de si. 


You're the coffee that I need in the morning

(Você é o café que eu preciso pela manhã)


You're my sunshine in the rain when it's pouring

(Você é minha luz do sol na chuva quando está caindo)


Meu Deus, o que havia feito de tão errado pra se sentir tão mal assim em pleno meio-dia? Será que havia sido uma pessoa horrível em outra vida? Como um assassino ou um político corrupto? Ou foi uma pessoa boa, mas só pra equilibrar teria que sofrer nessa? 


Won't you give yourself to me

(Você não quer se entregar pra mim)


Give it all, oh

(Se dê inteiramente)


I just wanna see

(Eu só quero ver)


Sentia seu coração apertado e sufocado, como se estivesse se afogando em um imenso lago escuro e frio, não conseguia respirar direito e estava se segurando ao máximo pra não chorar em um maldito ponto de ônibus. 

Pelo amor de Deus, isso seria tão clichê. 

E logo ele, que odiava coisas bregas e clichês, adoraria viver um romance boiolinha com alguém. 

Que bela de uma bosta. 

Lógico que não diria isso em voz alta nem sob tortura, mas fantasiar sobre isso não faria mal nenhum, faria? 


I just wanna see how beautiful you are

(Eu só quero ver o quão linda você é)


You know that I see it

(Você sabe que eu vejo isso)


I know you're a star

(Eu sei que você é uma estrela)


Where you go I follow

(Onde você for eu te sigo)


No matter how far

(Não importa quão longe)


If life is a movie

(Se a vida é um filme)


Oh you're the best part

(Oh, você é a melhor parte)


Avistou seu ônibus chegando e suspirou aliviado por finalmente poder ir pra casa. O trajeto foi rápido, em vinte minutos já estava abrindo o portão e rumando em direção a seu quarto. 

Jogou a bolsa em um canto qualquer e se jogou na cama sentindo-se finalmente relaxado, como se um peso enorme saísse lentamente de seus ombros. 

Ficou mais alguns minutos ali e logo levantou para ir tomar banho antes de almoçar, se não fizesse isso rápido tinha certeza que iria desmaiar de fome. 

Depois do almoço e de uma breve conversa com sua mãe sobre assuntos irrelevantes, voltou para o quarto e decidiu tirar um cochilo, fazia duas semanas que não dormia bem, então precisava de alguma forma repor as energias. 

Acordou horas depois com leves batidas na porta e pediu pra quem quer que fosse que entrasse logo. Ser acordado de seu sono de beleza realmente o deixava de mau humor. 

- E aí, Sasuke. 

- E aí - disse desanimado, observando Itachi escorado na porta o observando em silêncio - sério que você me acordou só pra me dar um "oi"? 

- Não posso mais sentir saudades do meu irmãozinho? 

- Fala sério Itachi, você sabe que eu odeio quando você faz isso. - se sentou na cama e esfregou o rosto com raiva.

- Nem adianta vir com esse mau humor todo porque já são cinco horas da tarde e eu só estou aqui porque a mãe disse que hoje você está quieto. 

- Tá, e o que tem de anormal nisso? 

- Ela disse que você está mais quieto que o habitual, então vim ver se aconteceu alguma coisa e se você está bem. - sentou-se ao lado do mais novo na cama - Você sabe que sempre que precisar pode contar comigo, não é? 

- Não tem como esquecer com você me falando isso quase todo santo dia - replicou com desdém. 

- Que ótimo que você entendeu - sorriu doce e afagou os cabelos de Sasuke que revirou os olhos - Mas então, vai me contar o que houve? 

- Nada de importante - deu de ombros e virou o rosto.

- Se não fosse importante você não estaria assim. Vamos lá, me conte o que aconteceu.

- Ah, sei lá. É que só que... - suspirou cansado - eu não sei como explicar tudo que eu estou sentindo agora. É um misto de sensações que não dá pra entender, me deixa extremamente confuso e eu nunca sei o que fazer em relação a isso. 

- Aconteceu alguma coisa hoje pra você se sentir assim? Alguém fez algo pra você ou...

- Não! Quer dizer, não exatamente - coçou a cabeça tentando organizar os pensamentos - É só que às vezes eu penso demais sobre um determinado assunto e aquilo fica na minha cabeça, rodando e rodando, e eu não chego a conclusão nenhuma, isso é muito frustante. 

- Irmãozinho, é perfeitamente normal você se sentir assim às vezes, e quando isso acontecer você tem que tentar se distrair com alguma coisa que você goste, como a música por exemplo. - sorriu sereno.

- É, talvez eu faça isso mais tarde. 

- Tudo bem. Quer me contar mais alguma coisa? 

- Acho que não. - disse em voz baixa.

- Okay - respondeu se levantando - vai descer para o jantar? 

- Não, estou sem fome. 

- Certo, eu aviso a dona Mikoto - sorriu de leve e saiu do quarto, fechando a porta com um click. 

Sasuke suspirou fundo e se jogou na cama novamente, agradecendo aos céus por Itachi não ser do tipo invasivo e sempre respeitar seu espaço. O mais velho nunca o forçava a dizer o que não queria quando percebia que o mais novo não estava se sentindo confortável em fazê-lo, então optava por dar alguns conselhos que achava que o ajudaria e o deixava sozinho para poder organizar os pensamentos. 

Mais tarde naquela mesma noite Sasuke tocou suas músicas favoritas em seu teclado, fechando os olhos e apreciando cada som que seus dedos produziam, sentindo de corpo e alma cada parte da música e se desfazendo em lágrimas a cada refrão, refletindo o quanto era insignificante perante a grandeza das outras pessoas, afinal, ele não tinha nada de especial, nada que chamasse atenção de alguém de uma forma única como sempre acontecia com as pessoas ao seu redor.

Sentia-se cada vez mais submerso nesse vasto mar de sentimentos totalmente confusos, a dor em seu peito não diminuía e ele só queria poder sumir, fugir de tudo isso pelo menos por um tempo, queria gritar pra poder expulsar tudo isso pra longe juntamente com a sua voz, queria poder chorar como um bebê recém nascido até dormir, queria se sentir seguro em um abraço quentinho e aconchegante, queria se sentir verdadeiramente amado por alguém. 

Mas, infelizmente, querer não é poder, então resolveu se deitar e tentar dormir um pouco, ainda se sentindo incomodado com a sensação de vazio no peito, mas acostumado o bastante para não se importar mais com isso, afinal, ela foi a única que em todos esses anos nunca o abandonou. 



Notas Finais


Música: Best Part - Daniel Caeser feat. H.E.R


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