História O Que Eu Sinto - Amor

O Que Eu Sinto

Capítulo Único

Amor

– Tenha uma boa tarde, Najimi-san – se despediu o rapaz de cabelos ruivos, ultimamente amarrados num rabo de cavalo, se curvando perante a ruiva.

Osana se curvou, vendo em seguida o garoto partir. De repente, ele estava virando uma pessoa tão importante para ela… admitia, o achou muito estranho quando ele simplesmente a chamou para falar que achava o clube de drama dramático até o fundo da garganta, e que se fosse para escolher um clube para participar, escolheria o de música, que tinha um gosto melhor do que os dos clássicos shakesperianos que eles sempre atuavam; como se ele estivesse tentando chantageá-la de alguma maneira…

Mas, ultimamente, estava sendo assim mesmo. No início do ano, ela construiu o maior laço de amizade que já teve, com Raibaru Fumetsu, que começou por uma mera trivialidade: as duas se encontraram enquanto olhavam solitárias as janelas dos clubes, pensativas em qual deveriam escolher para participar. No final, mergulharam no mundinho delas de amizade e companheirismo…

– Aah! Que colar lindo, Osana! – exclamou Raibaru, vermelha de entusiasmo. – E principalmente, é do seu gosto!

– É! – Osana sorriu, envergonhada. Tocando na pedra do pingente, se lembrando do momento em que Konagawa o colocou em seu pescoço, e se sentindo toda envergonhada. – São raros os garotos que tem um gosto tão bom para se encaixar nos meus!

– Eu não sei… ele parece estar planejando tudo, no meu ponto de vista…

– O quê?

As duas andaram para longe do chafariz debaixo das árvores de cerejeira. O dia estava acabando, e as duas tinham de voltar pra casa.

– Sabe, ele fica tremendo enquanto fala… e fica olhando pros lados, com medo de encarar seus olhos… – Raibaru descreveu, imitando de uma forma engraçada, que fez Osana rir. – Ele parece tão indefeso perto de você quanto um filhotinho… Deve estar pesquisando por aí seus gostos e anotando tudinho, pra no final do dia, conversar com você!

– Vamos, como se alguém pudesse se submeter a uma situação embaraçosa dessas! – Osana riu, desacreditada.

Uma pessoa gostando tanto dela assim… era impossível, por que só não falava diretamente pra ela?

Foi então, rindo desse pensamento enquanto colocava seus sapatos, que percebeu que aquela frase refletia muito para ela.

Por que simplesmente não falava para ela?

Se sentia nervosa… era preciso criar um roteiro inteiro pra falar com ela sem perder o rumo…

– Está muito ocupada ultimamente, Osana.

A ruiva parou, vendo o garoto a sua frente. O mesmo de tantos anos, mas ainda assim, tão diferente…

– Tenho que te esperar por mais tempo, está-

– Você não precisa ficar me esperando!! – exclamou Osana, cruzando os braços e virando a cara. – Você deve!… ter muita coisa melhor pra fazer…

Mas… não era o mesmo sentimento… era?

Os dois se conheciam desde criancinhas. Moravam um na frente da casa do outro, desde o quinto ano eles iam juntos pelo mesmo caminho para ir à escola, cresceram juntos, riram juntos…

Era fácil se apaixonar assim! Mas, quando pensava nele, não o via entre um mar de rosas, como o seu cavalheiro de cavalo branco…. Ele sempre foi só…

O seu amigo.

Qual o problema então? Ele continuava a acompanhando pra casa! Não tinha o que reclamar!

– Você… é mesmo bem legal para a Fumetsu sempre estar atrás de você. – Senpai falou, com um sorriso. – Ela é tipo, a pessoa mais respeitada da academia, com um rosto fofo! Se imagina que ela é inalcançável, mas você conseguiu ficar na frente dela!

Não era verdade! As duas estavam em grau de igualdade! As duas gostavam das mesmas coisas, riam das mesmas piadas sobre gatos, e sentiam uma pela outra! As duas eram amigas!

Era isso. A amizade. Após ter um outro laço de amizade com Raibaru, baseado em gostos iguais e sentimentos mútuos, ela começou a perceber que os gostos dos dois não batiam. Ela já sabia disso, mas só começou a entender o perigo que eles traziam agora.

Pessoas que tem gostos diferentes, tendem a se divergir.

Entre uma discussão e outra, no final, decidem que o relacionamento não está mais funcionando, e para acabar pacificamente com tudo, simplesmente se… separam.

Era horrível imaginar um mundo sem Taro Yamada não sendo o seu amigo! Ela não queria viver sem ele! Ele que entrou em sua vida, não podia mais sair por motivos tão idiotas assim!

– Osana, você está bem?

Osana amava Taro Yamada como seu amigo. O que iria fazer para que eles continuasse assim, para que não se separarem?