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História O que não foi dito - Foi rápido


Escrita por: Cookiezin

Capítulo 2 - Foi rápido



 Foi rápido. Ele tinha ouvido a mensagem e correu até a casa do amigo, destruída, a fumaça saindo em direção ao céu. Entrou, pulando alguns pedaços de madeira, o coração martelando em seu peito, com medo.
    Sabia que eles não estavam mais ali. O aperto em seu coração foi grande ao imaginar Sirius, que primeiro chegara ao local, chorando diante do corpo morto...
    Harry fora retirado por Hagrid, e os corpos pelos funcionários do ministério. Mas casa ainda gritava a plenos pulmões, contando uma história de terror.
    Foi rápido, também. Viu o rosto pálido de seu amigo descer para o fundo daquela cova. E saiu as pressas, tendo tamanha dificuldade de ver por onde caminhava, tropeçando por diversas vezes no próprio pé.
    E andando a esmo pelas ruas trouxas, o homem percebeu que já não podia estar mais sozinho como estava agora. 
    Em um dia qualquer na semana passada, depois de um trabalho especial para a Ordem, o lupino tinha passado na casa do amigo. E sentou-se à mesa com a ruiva que carregava em seu braços o filho, se preparado para um refeição decente. Não notara, naquele dia, o que estava prestes a perder. 
    Mas estava confiante, ora essa, ele não tinha como saber! 
    Foi um por um. Primeiro James, segundo Lily, terceiro o pobre Pettigrew e quarto Sirius, de quem achava que era amigo. 
    Por um momento esqueceu-se que não teria mais quem ajudá-lo quando pirasse. Ninguém para levantá-lo quando caísse. E choraria, constatou, no próprio ombro.
    Quis por diversas vezes se matar. Não tinha mais nada, estava em ruínas. Dumbledore, contudo, veio em ajuda e fez a ele uma proposta. 
    "Eu conheço muito bem a sua cabeça, Remus. Sei como deve estar sofrido. E exatamente por ser parecido como eu, eu sugiro que estude"
    "Estude?"
    "Exatamente!" Dumbledore sorriu para ele "Nós só não teremos nada quando não mais pudermos ter o conhecimento. Vai achar conforto lá, acredite em mim"
    Lupin, caído como estava, resolveu acatar a ideia de Dumbledore e se pôs a caminho de um lugar distante de todas as suas memórias boas. 
    E viveu, tal como dissera o diretor para fazer, pelo conhecimento.
    Não pensou muito no passado que deixara para trás, uma ou outra vez cogitando em como estaria Harry. Devia estar muito parecido com o pai. 
    Apenas doze anos depois voltou, com a proposta de emprego. E encontrou com Harry, um menino tão especial. O diretor lhe informara sobre os seus feitos nos últimos anos e não pôde deixar de pensar, mesmo com toda a preocupação, em como James estaria orgulhoso. Lily também, é claro, mas provavelmente arrancaria os cabelos do filho por se meter em perigo.
    E foi rápido também, quando Sirius voltou e Remus finalmente percebeu que ele era inocente. Era uma luz no meio de toda aquela escuridão em que vivia. 
    Rever o amigo foi uma das melhores coisas e viver com ele na casa do Largo Grimmauld foi ainda melhor. Foi como se estivesse resgatando uma parte boa da sua adolescência. 
    Mas foi rápido. Foi rápido porque ele recebeu a mensagem e junto com o Black, as varinhas em punho, a raiva instalada no peito, ele caminhou para o Ministério da Magia.
    E lutou. Correu, duelou, lembrou, usou, doeu, ofegou, tonteou, percorreu, caiu, ouviu e assim que parou, como se tudo isso tivesse acontecido num só segundo, observou, com os olhos bem abertos, Sirius.
    E o amigo olhava para Harry como se estivesse pedindo desculpas. Não olhou para ele, não daria tempo, afinal. Atravessou o véu. Morreu.
    Seu peito foi dilacerado como havia sido naquela noite de 31 de outubro. Ele perdera o amigo. E dessa vez, para sempre. 
    Correu, sem pensar, para Harry. Segurou-o forte, ouvindo seus gritos raivosos, mas não foi forte o suficiente para segurá-lo. Talvez não quisesse fazê-lo. Talvez quisesse, no íntimo, que Harry corresse atrás daquela mulher que matara seu último melhor amigo, e a matasse. A torturasse como merecia ser feito. 
    "Remus" 
    Mas ele não deu ouvidos. Ficou com um zumbido estranho em seu ouvido, tenso. Era isso. Era o seu derradeiro fim. 
    Não teria mais sorrisos sinceros. Não gargalharia mais, nunca mais. E não ficaria leve como costumava ficar naquelas tardes frias em Hogwarts, no salão comunal da grifinória, vendo seus amigos fazendo brincadeiras infantis. 
    Porque já não havia mais ninguém. 
    Remus ficou aquele verão inteiro longe. Foi para a praia, como não fazia há um bom tempo. Era um lugar muito bonito, com certeza. Seus amigos nunca puseram os olhos naquele mar. Se o tivessem feito, com certeza Lily gritaria para que tirassem uma foto. 
    Remus fotografava com seus olhos. 
    E imaginou cada um ali, de pé, sorrindo para uma câmera. Sorrindo para ele. 
    Quando o ano letivo começou, todos estavam muitos tensos. Voldemort estava cada vez mais no poder e seus comensais faziam cada vez mais atrocidades. Harry ainda sentia a perda do padrinho, mas, melhor que o Lupin, conseguia esconder suas emoções. 
    O homem definhava. 
    Ao mesmo tempo, Tonks se tornava cada vez mais sua amiga, mas Remus sabia que ela queria mais e não podia, mesmo talvez nutrindo certos sentimentos pela metamorfamaga, arriscar. 
    Ele não queria amá-la para depois perdê-la. E ele era um lobisomem, é claro, sempre tinha mais essa maldição na vida dele. 
    Com o decorrer do ano, entretanto, Remus percebeu que ela o fazia bem. Sabia como distraí-lo e o lupino achava certa graça na natureza desastrada dela. Logo estavam mais envolvidos do que podiam esperar e, após seu casamento, veio o seu filho. 
    E Remus lembrou-se, no dia do nascimento de Teddy Lupin, pouco antes da grande guerra em Hogwarts, que pensou que jamais sorriria de novo. Não um sorriso sincero, sem nada por trás. 
    Ao pegá-lo no colo, depois de rir com a esposa ao notar que o filho herdara a característica mágica de Tonks, Remus sorriu. 
    E por fim, durante a guerra, a última, lutou lado a lado com Tonks, pensando em como valera a pena viver. E sabia, no fundo, que logo estaria de novo com seus amigos, por mais que doesse deixar o seu filho órfão. 
    Mas sabia que Harry estaria lá por ele, assim como Lupin esteve por Harry. 
    Foi rápido. Não viu o feitiço. 
 


Notas Finais


escrever essa acabou com meus sentimentos ;-;
espero que gostem


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