Minha vida é uma dificuldade
Diego on
“As dores, tristezas e angústias, quando superadas nos deixam mais fortes”
Frase popular, está certa, mas esqueceram de uma parte extremamente importante disso. Oque aconteceria com uma pessoa que já sofreu de mais na vida? Seria super forte? Um Deus? Bom eu posso afirmar que não, até por que eu sou um exemplo típico disso.
Minha vida foi basicamente formada por dores, bom, minha adolescência pra ser mais específico, tenho apenas 25 anos, e, acredite em mim, eu sei do que estou falando. Minha mãe me abandonou quando nasci, ficando na mão do meu pai que também não demonstrava quase nenhum interesse em mim, só negligência. Saia sozinho desde quase sempre, estudava em escolas públicas. Meu pai trabalhava em engenharia e ganhava muito por sinal, mas gastava tudo em bebidas e com a mulher, que mesmo ele não querendo me escutar, no fundo ele sabia que só estavam casados por que a mulher era uma bela de uma interesseira. Me apaixonei por uma menina quando tinha 12 anos, que até hoje não acho que cheguei a esquecer. Eu tinha me tornado um estúpido adolescente, que fingia estar mal para chamar atenção dos outros, e eu particularmente gostava daquelas pessoas que me machucavam e não davam a mínima para mim. Se ser idiota é sentir atração por esse tipo de pessoas, talvez sim, ainda seja um, mas não me humilho mais.
Esse foi o Diego adolescente, hoje eu dificilmente faço amigos, e quando faço depois de um mês nunca mais os vejo. Não sou próximo de ninguém, mas também não fico me isolando, não namoro mais pra matar a carência, até por que eu eliminei o amor da minha vida a séculos. Morava só até vir pra uma universidade que incluí alojamento, e que por primeira vez na vida, na história da humanidade, meu pai pagou. Mas nem por isso agradeço, ele andou metido em drogas, disse que se não pagasse essa universidade pra mim o denunciaria. Então sem ter outra escolha ele pagou. Acho que estou pronto para começar esse ano escolar.
Começando o ano escolar
No primeiro dia do curso, os estudantes tinham que pegar informações básicas e o número do quarto onde morariam durante esse último ano de medicina, é, vocês devem estar pensando: Você? Medicina?, sim, o trabalho no exército era meio difícil pra mim. Já tô no último ano da faculdade, só espero que dessa vez de tudo certo.
Estava andando no corredor quando do nada o coordenador me chama junto com uma garota, nos levando à sala da diretora.
- Bom dia alunos, eu os chamei aqui por que houve um problema com seus alojamentos, esquecemos de agendar um quarto pra vocês, e quando fomos perceber, todos já haviam sido preenchidos. Sinto muito pela situação, vamos resolve- la.
- Ah! Eu espero que resolva mesmo! -gritou a garota- Nós pagamos esse serviço pra vocês simplesmente “esquecerem”?!
Foi aí que realmente notei ela. Cabelos pretos enrolados, olhos escuros, uma morena perfeita, muito linda.

Mas como dizia a frase popular: se ela já enrola o cabelo, imagina você que é trouxa! Foquei então na diretora...
- Eu peço que se acalme senhorita Carol!- pediu a diretora. Então esse era o seu nome, Carol.- Como eu já disse, vamos resolver, vocês estarão em um hotel perto daqui na Barra, no litoral de Salvador, tem uma linda vista, e um restaurante maravilhoso, mas se preferirem podem comer aqui.
- É claro que eu vou comer aqui, eu paguei pra isso! – disse Carol, saindo da sala, e indo pra fora da universidade, em frente à secretaria.
Peguei o endereço do hotel sem falar nada, e fui atrás da garota. Quando sai vi ela sentada na calçada, sentei junto dela. Olhei pra ela. Com a mão no rosto ela falou baixinho: -Primeiro dia de aula e tenho que pagar por erro de outras pessoas...
- Não tá tão ruim, tem vista pro mar... – Eu disse tentando animar ela, dei um meio sorriso, ela me olhou e virou o rosto, inspirou e expirou, senti na respiração como ela estava se sentindo, uma mistura de cansaço e raiva, é horrível sentir isso, eu sei porque eu já senti.
- Quer uma carona?
- Você tem carro?- perguntou ela.
-Tenho moto – repondi- então vai querer ou não?
- Pode ser... AII DROGA!!! - gritou ela, me assustei nesse momento.
-O que houve menina?
- Eu esqueci de pegar o endereço do hotel! Affs vou ter que voltar a ver a cara daquela velha incompetente!! E pra variar a escola já tá fechando!!
- Nossa, verdade! Como poderia esquecer? Mas por instinto, eu acho que o endereço é: - tirei o papel do bolso e comecei a ler - Av. Oceânica, 409 - Barra, Salvador - BA, 40140-130- hotel da barra.
Ela sorriu, mas rapidamente virou o rosto, percebi então, que ela não queria demostrar nenhum tipo de confiança comigo. Levantei da calçada e subi na moto, fazendo um sinal com a cabeça pra ela subir também, e então partimos atrás do bendito hotel.
Um quarto, duas pessoas.
Chegando no hotel, fomos procurar o nosso quarto, e descobrimos que era um só quarto para duas pessoas, ou seja nós dois. Você já deve ter imaginado como Carol ficou, mais estressada e brava do que já estava. O fato dela pensar que ficaria com um garoto no mesmo quarto a desesperou.

Ela me evitou o dia todo, oque eu achava impossível acontecer quando se tratava de estar no mesmo lugar na maior parte do tempo. Chegou a noite e nos dois estávamos extremamente cansados, precisando dormir. Então surgiu mais um problema pelo qual eu sabia que Carol ia pirar, também ela é muito estressada.
- Carol, eu não sei se você já percebeu, mas... meio que só uma cama tá arrumada. E esse lençol é gigante. Então meio que você vai ter que dormir sem.- falei rindo.
- Não!- falou ela com uma voz de cansada.
- Olha se você quiser, eu posso chamar a arrumadeira...
- Não, eu já tô cansada demais pra receber pessoas aqui que eu não conheço, na verdade, mais uma pessoa que eu não conheço. – falou me olhando de cima a baixo – Vamos fazer assim, a gente junta as camas hoje e como o cobertor é gigante podemos nos cobrir, amanhã eu chamo a arrumadeira.
Então fomos dormir cedo, o dia seguinte seria nosso primeiro dia de aula oficial, porque o nosso primeiro seria hoje mas, perdimos o dia procurando o hotel.
Acordei as 6:00h com o alarme tocando, e com ela literalmente em cima de mim. Não queria acorda-la, mas tinha que levantar, esse sentimento era tão bom que decidi ficar mais um pouco, e no exato momento que fechei os olhos ela acordou, saindo de cima mim com um movimento brusco, parecia surpresa em se ver acima de mim. Levantei também, e me arrumei, e lá estava eu, em caminho à universidade.
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