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História O Rei dos Serpentes: A Seleção - A Elite - A Escolha - A Elite - Capítulo 20


Escrita por: SamBombshell28

Notas do Autor


:)

Capítulo 46 - A Elite - Capítulo 20


NO DIA SEGUINTE À RECEPÇÃO DOS ITALIANOS, nos reunimos no Salão das Mulheres depois do café. A rainha estava ausente, e nenhuma de nós sabia o que isso significava.

— Aposto que está ajudando Hallo a escrever a avaliação final — palpitou Kamila.

— Não acho que essa responsabilidade caiba a ela — contrapôs Toni.

— Talvez esteja de ressaca — sugeriu Sam, com os dedos nas têmporas para simular uma enxaqueca.

— Não é só porque você está assim que ela também está — retrucou Cheryl.

— Talvez ela não esteja bem — comentei. — Ela adoece com facilidade.

Toni confirmou com a cabeça e acrescentou:

— Gostaria de saber por quê.

— Ela não foi criada no Southside? — perguntou Kamila. — Ouvi dizer que o ar e a água não são muito limpos por lá. Talvez seja pela forma como foi criada.

— Ouvi falar que tudo é ruim do 25 para baixo — completou Cheryl.

— Ela provavelmente está apenas descansando — eu intervim. — Hoje à noite temos o Jornal Oficial e ela simplesmente quer estar preparada. Não são nem dez horas e eu já quero tirar uma soneca.

— Sim, nós todas deveríamos tirar uma soneca — Sam disse, com uma expressão de cansaço.

Uma criada entrou no salão com uma pequena bandeja. Ela fazia tão pouco ruído ao caminhar que mal podíamos notá-la.

— Esperem — disse Toni. — Vocês não acham que vão comentar sobre a recepção no Jornal Oficial de hoje, acham?

Cheryl resmungou:

— Odiei aquela coisa idiota. Você e Elisabeth deram sorte.

— Você deve estar de brincadeira. Você tem noção...

As palavras de Toni silenciaram quando a criada parou bem à minha esquerda, mostrando um pequeno bilhete dobrado sobre a bandeja.

Senti os olhos de todas em cima de mim quando peguei, um pouco hesitante, a carta e li.

— É de Jughead? — perguntou Toni, tentando dissimular um pouco do seu interesse.

— Sim — respondi, sem levantar os olhos.

— E o que diz? — especulou.

— Que ele quer me ver um instante.

Cheryl riu:

— Parece que alguém está encrencada.

Respirei fundo e me levantei para seguir a criada até o príncipe.

— Acho que só há um meio de descobrir.

— Talvez ele finalmente vá enxotá-la — cochichou Cheryl, em um tom de voz alto o bastante para que eu ouvisse.

— Você acha? — perguntou Sam, com um excesso de entusiasmo.

Senti calafrios. Talvez fosse isso mesmo! Se ele quisesse falar comigo ou passar um tempo ao meu lado, não teria agido de outra forma?

Jughead aguardava no corredor, e eu caminhei até lá, timidamente. Não parecia zangado, mas tenso.

Me preparei.

— E então?

Ele me tomou pelo braço.

— Temos quinze minutos. Vou lhe mostrar algo que você não pode contar a ninguém. Entendido?

Fiz que sim com a cabeça.

— Pois bem.

Subimos as escadas a toda velocidade até o terceiro andar. De forma suave porém rápida, Jughead me conduziu pelo corredor até duas portas brancas.

— Quinze minutos — ele recordou.

— Quinze minutos.

Jughead sacou uma chave do bolso, destrancou uma das portas e a manteve aberta para que eu entrasse antes dele. O quarto era amplo e claro, com a parede repleta de janelas e portas que davam para a sacada. Havia uma cama, um guarda-roupa gigantesco, uma mesa e cadeiras. De resto, o quarto estava vazio. Nenhum quadro na parede, nenhuma decoração nas prateleiras embutidas. Até a pintura estava um pouco tosca.

— Esta é a suíte da princesa — Jughead disse, em voz baixa.

Arregalei os olhos.

— Sei que não parece das melhores agora. Cabe à princesa escolher a decoração, de modo que, quando minha mãe passou para a suíte da rainha, este quarto foi esvaziado.

A rainha Gladys já tinha dormido aqui. A atmosfera do quarto passou a ter um toque de mágica para mim.

Jughead surgiu por trás de mim e começou a mostrar o lugar:

— Estas portas dão para a sacada. E ali — ele apontou para o outro lado do quarto — são as portas do escritório particular da princesa. Bem aqui — ele aproximou-se de uma porta à nossa direita — é a porta para o meu quarto. Não posso ficar muito longe da princesa.

Corei só de pensar em dormir tão perto de Jughead.

Então, aproximando-se do guarda-roupa, ele prosseguiu:

— E isto? Por trás deste móvel está a saída para o abrigo. Você pode chegar a outros lugares do palácio por aqui também, mas facilitar a fuga é seu principal propósito.

Ele fez uma pausa e respirou fundo.

— Vamos usá-lo com outro propósito agora, mas acho que vale a pena.

Jughead colocou a mão sobre uma fechadura oculta e tanto o guarda-roupa como o painel por trás dele abriram-se. Ele sorriu ao ver o espaço por trás do móvel.

— Bem a tempo — disse ele.

— Eu não perderia por nada — uma voz respondeu.

Fiquei sem fôlego. Não tinha como aquela voz pertencer a quem eu achava que pertencia. Dei um passo à frente para ver melhor. Ali, vestida com roupas simples e usando um coque, estava Veronica.

— Ronnie? — sussurrei, como se estivesse em um sonho. — O que você faz aqui?

— Senti tanto a sua falta! — ela exclamou, para depois correr ao meu encontro com os braços abertos. Em suas mãos, era possível ver bem os vergões quase curados. Era mesmo Ronnie.

Ela me deu um abraço, e nós duas caímos no chão. Não conseguia parar de chorar e perguntar várias vezes o que ela fazia ali.

Quando fiquei um pouco mais calma, Jughead pediu minha atenção.

— Dez minutos. Espero do lado de fora. Ronnie, você pode voltar por onde veio.

Ela deu sua palavra, e Jughead nos deixou a sós.

— Não entendo — eu disse. — Era para você estar no sul. Era para você ser uma Oito. Onde está Archie?

Ela achou graça na minha confusão.

— Ficamos aqui o tempo todo. Estou começando a trabalhar nas cozinhas. Archie ainda está em recuperação, mas acho que logo trabalhará nos estábulos.

— Em recuperação? — havia tantas perguntas a fazer que não sei por que fiz justamente essa.

— Sim, ele pode andar, sentar e ficar em pé, mas ainda seria muito difícil trabalhar em algo muito pesado. Ajudará na cozinha até estar completamente recuperado. Ele vai ficar bom. E olhe para mim — ela disse, exibindo as mãos. — Cuidaram de nós. Não estão lindas, mas pelo menos não doem mais.

Toquei com cuidado as linhas inchadas de sua palma, certa de que era impossível não estarem doloridas ainda. Pus minhas mãos sobre as dela. Era estranho, mas ao mesmo tempo completamente natural: Veronica estava comigo; eu podia segurar suas mãos.

— Então Jughead manteve vocês dois no palácio esse tempo todo?

Ela confirmou.

— Depois dos açoites, ele ficou com medo que nos machucassem se fôssemos largados por aí. Por isso, nos manteve aqui. Um irmão e uma irmã com família no Panamá foram em nosso lugar. Temos novos nomes agora, e Archie está deixando a barba crescer. Daqui a pouco, vamos passar despercebidos. Nesse primeiro momento, poucas pessoas sabem que estamos no palácio: alguns dos cozinheiros com quem trabalho, uma das enfermeiras e Jughead. Acho que nem os guardas sabem, pois se reportam diretamente ao rei, que não ficaria muito feliz com a notícia.

Ela balançou a cabeça antes de continuar.

— Nosso apartamento é pequeno, praticamente só tem espaço para nossa cama e algumas estantes. Mas pelo menos é limpo. Queria costurar uma colcha nova, mas não...

— Calma lá. Nossa cama? Quer dizer, vocês dividem a mesma cama?

Veronica sorriu.

— Casamos há dois dias. Contei a Jughead na manhã do dia do castigo que amava Archie, que queria casar com ele e pedi desculpas por magoá-lo. Ele nem ligou, claro. Dois dias atrás, ele me chamou e disse que um grande evento estava para acontecer e que, se queríamos nos casar, era a hora.

Fiz as contas. Dois dias atrás foi quando a Federação Alemã chegou. Todos os funcionários do palácio estavam servindo os convidados ou preparando a recepção para as damas italianas.

— Foi Jughead que me entregou para o meu noivo. Não sei se voltarei a ver meus pais algum dia. Quanto mais longe ficarem de mim, melhor.

Dava para notar que doía dizer isso, mas eu compreendia o porquê. Se tivesse acontecido comigo – tornar-me uma Oito de repente – o maior favor que poderia fazer à minha família seria desaparecer. Levaria tempo, mas as pessoas esqueceriam. Meus pais acabariam por superar.

Para espantar os pensamentos tristes, Veronica chacoalhou a mão esquerda para que eu visse a pequena fita amarrada em seu dedo. Era apenas um barbante amarrado com um nó simples, mas só significava uma coisa: a entrega ao casamento.

— Acho que logo vou pedir a ele uma nova. Esta já está puída. Imagino que se ele for trabalhar nos estábulos, terei que fazer um anel novo por dia para ele. Não que isso me incomode — ela comentou, brincalhona, enquanto dava de ombros.

Minha mente pulou para outra questão, que talvez pudesse soar grosseira. Acontece que eu nunca seria capaz de ter esse tipo de conversa com minha mãe ou Polly e precisava aproveitar a chance.

— Então, vocês fizeram... você sabe?

Ela demorou um pouco para entender, mas logo começou a rir.

— Ah! Sim, fizemos.

Nós rimos.

— E como é?

— Sinceramente? Um pouco incômodo no começo. A segunda vez foi melhor.

— Ah! — Eu não sabia mais o que dizer.

— Sim.

Houve uma pausa.

— Tenho estado muito sozinha sem você. Sinto saudade — confessei enquanto brincava com o barbante em seu dedo.

— Também sinto saudade. Talvez quando você se tornar princesa eu possa aparecer aqui o tempo todo.

Torci o nariz.

— Não sei se isso vai acontecer.

— O que você quer dizer? — ela perguntou, com o rosto sério. — Você ainda é a favorita dele, certo?

Encolhi os ombros.

— O que aconteceu? — sua voz estava carregada de preocupação.

Não quis revelar que tudo começara com a expulsão dela. Ela não tinha culpa.

— Coisas.

— Betty, o que está acontecendo?

Respirei fundo e comecei a falar:

— Depois de você ser castigada, fiquei brava com Jughead. Levei um tempo para me dar conta de que ele não faria uma coisa daquelas se pudesse evitar.

Veronica fez que sim com a cabeça.

— Ele tentou tanto, Betty. E quando não deu, fez tudo o que pôde para melhorar nossa situação. Então, não fique com raiva dele.

— Não estou mais, mas também não sei se quero ser princesa. Não sei se poderia fazer o que ele fez. E também tem a pesquisa da revista que Cheryl me mostrou. As pessoas não gostam de mim, Ronnie. Estou em último lugar. Não tenho certeza se preencho os requisitos — continuei. — Nunca fui uma boa opção, e parece que estou despencando. E agora... agora... parece que Jughead quer Toni.

— Toni? Quando isso aconteceu?

— Não sei nem quero saber. Parte de mim acha bom. Ela seria uma princesa melhor; e se ele gosta mesmo dela, quero que seja feliz. Ele tem que eliminar alguém muito em breve. Quando ele me chamou hoje, pensei que eu voltaria para casa.

— Você é tão ridícula — zombou Veronica. — Se Jughead não sentisse alguma coisa por você, já a teria mandado embora. O motivo de você estar aqui ainda é que ele se recusa a perder a esperança.

Algo entre uma tosse e uma gargalhada saiu de minha boca.

— Gostaria de poder conversar mais, mas preciso ir — ela disse. — Aproveitamos a troca da guarda para fazer isso.

— Não me importa se foi pouco tempo. Já fico feliz de saber que você está bem.

Ela me abraçou.

— Não desista de tudo, certo?

— Não. Talvez você possa me enviar uma carta ou algo assim um dia desses?

— Talvez. Veremos.

Ronnie me soltou e permanecemos uma diante da outra.

— Se tivessem me perguntado, teria votado em você. Sempre achei que tinha que ser você — ela disse.

— Vá. Dê lembranças minhas ao seu marido — falei, já corada.

Ela sorriu.

— Darei.

Em silêncio, ela entrou pelo guarda-roupa e acionou a fechadura. Por algum motivo, achei que os açoites iriam destruí-la. Mas não: ela estava mais forte agora. Até seu porte era diferente. Veronica virou-se para me dar um beijo e desapareceu.

Saí depressa do quarto e deparei com Jughead à minha espera no corredor. Ao ouvir o ruído da porta, ele levantou a vista de seu livro, com um sorriso nos lábios, e eu me sentei a seu lado.

— Por que você não contou antes?

— Tinha que ter certeza de que estavam seguros. Meu pai não sabe que fiz isso. Precisei manter segredo até ter garantias de que isso não os poria em perigo. Quero fazer com que vocês se vejam mais vezes, mas isso vai levar tempo.

Senti meus ombros mais leves, como se todos os tijolos de preocupação que carregara por tanto tempo caíssem de uma vez. A felicidade de ver Veronica, a certeza de que Jughead era generoso como eu pensara, a sensação de alívio por esse encontro não ter sido para a minha expulsão: tudo foi maravilhoso.

— Obrigada — sussurrei ao seu ouvido.

— Não foi nada.

Eu não soube mais o que dizer. Depois de um tempo, Jughead limpou a garganta.

— Sei que você se recusa a fazer as partes difíceis do cargo, mas há muitas outras oportunidades. Acho que você poderia fazer coisas boas. Vejo que agora você enxerga o príncipe em mim, mas isso aconteceria cedo ou tarde se você fosse minha de verdade.

Olhei-o nos olhos.

— Eu sei.

— Não consigo mais ler dentro de você. No começo, eu costumava ser capaz de ver as coisas, quando você não queria saber de mim. E quando as coisas mudaram entre nós, você passou a me olhar de um jeito diferente. Agora, há momentos em que penso que você está lá, e outros em que você parece ter ido embora.

Concordei com a cabeça.

— Não estou pedindo para você dizer que me ama — continuou ele. — Não estou pedindo para você decidir de uma hora para outra que quer ser princesa. Apenas preciso saber se quer permanecer aqui, afinal.

Eis a questão. Eu ainda não tinha certeza de ser capaz de assumir aquele posto, mas tampouco tinha certeza de que queria abandoná-lo. E ver a generosidade de Jughead balançou meu coração. Havia tanto para pensar, mas eu não queria desistir. Não naquele momento.

Escorreguei minha mão por baixo da de Jughead, sobre seu joelho. O príncipe apertou minha mão, como que reconhecendo meu gesto.

— Se for da sua vontade, quero permanecer.

Jughead suspirou aliviado.

— Gostaria muito.

 

 

Retornei ao Salão das Mulheres depois de uma breve passada no banheiro. Ninguém disse nada até que me sentei. Foi Toni que teve coragem de perguntar:

— O que era?

Encarei não apenas ela, mas todos os olhos atentos.

— Prefiro não comentar.

Como meu rosto ainda estava inchado, uma resposta como essa devia bastar para dar a entender que o encontro não tinha sido nada bom. Mas se era necessário dizer isso para proteger Veronica, tudo bem para mim.

E então vi Cheryl apertar os lábios para esconder o sorriso; Sam erguer as sobrancelhas enquanto fingia ler uma revista; a troca de olhares esperançosos entre Toni e Kamila.

A competição era mais acirrada do que tinha imaginado.


Notas Finais


Eu tenho mais um capitulo pra postar hoje, então comentem bastante se quiserem ele!

Beijos de luz


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