1. Spirit Fanfics >
  2. O Reino da Princesa de Fogo. >
  3. One more day, but not the same.

História O Reino da Princesa de Fogo. - One more day, but not the same.


Escrita por: RaianeCriistine

Notas do Autor


Hey lovers, como estão? Algum narniano no recinto?
Esta é a minha primeira fanfic, então dêem uma chance ok? Tenho essa história a uns 4 anos em minha mente e só agora me atentei a escrever. Vou tentar postar o mais breve possível, mas preciso de incentivos com comentários fofos, que tal? :3
Todos os créditos ao grande C S Lewis, que me inspirou e inspira até hoje.
Espero que gostem
Ane. ♥

Capítulo 1 - One more day, but not the same.


��ℎ����������, �������������� ������������, 1941.

pov. CAROLINA WEILLER

 

— CAROLINA, VOCÊ JÁ TIROU A TORTA DO FOGO?!

— Sim, já tirei.

— E a casa, já está brilhando?

— Sim, arrumei tudo — Meus lábios se contraíram, fazendo minha voz soar baixa, porém tensa.

— Já lavou a roupa? — O habitual questionário continuava.

Infelizmente, já estava acostumada à sequência de perguntas e a pressão a qual Juliet me submetia, sempre procurando um erro ou um simples fato para me culpar.

— Sim! — As palavras ecoaram pela grande cozinha, lembrando-me mais uma vez da solidão que imperava há dez anos pela casa.

— E o meu carro? Hoje é dia de lavar, se lembra?!

Claro que lembrava. Eu não era o tipo de pessoa que esquecia fácil das coisas, e mesmo se fosse, as marcas em minha pele nunca me deixariam esquecer.

— Já fiz.

— Jogou o lixo fora?

— Já lhe disse que fiz tudo — Continuei em um tom alto, porém, calmo. Não podia irritá-la, se não seria pior para mim.

— Eu vou aí em baixo e se eu perceber que alguma coisa está fora do lugar, você vai ver só! — Sua voz aguda ecoou pelo andar de cima desejando apenas uma coisa: o meu medo.

A sensação de pesar me tomou. Aquele era mais um dos jogos sádicos e psicológicos de minha madrasta. Jogos que infelizmente funcionavam comigo, pois minhas mãos estavam trêmulas e uma dor aguda já pairava em meu estômago, junto com flashes de agressões passadas.

— Eu odeio ser sua empregada. — Murmurei baixo, torcendo mentalmente para que ela não tivesse escutado. Meu coração batia forte e a tensão aumentava à medida que ouvia seus passos próximos à escada.

Juliet desceu ao primeiro andar, indo ao meu encontro na cozinha onde nossos olhos se encontraram. Tive medo, por isso, desviei o olhar.

Trinta e dois anos de idade, pele perfeita, corpo bem cuidado e cabelos levemente ondulados em um puro tom de preto, caídos sob seus ombros. A exuberância e beleza em forma de maldade.

Fitei os meus pés descalços enquanto ela avaliava o ambiente, procurando cuidadosamente algo para me culpar. Infelizmente, seus olhos foram de encontro à pia da cozinha e eu gelei quando lembrei do único prato sujo, o que tinha usado para comer ovos naquela manhã.

— O que significa isso? O que é esse prato sujo na pia?! — Em um movimento brusco, suas mãos puxaram meu cabelo, obrigando que eu olhasse em seus olhos e respondesse sua pergunta.

— F-Foi o prato q-que sujei no café da manhã — Meus lábios tremeram, me fazendo gaguejar. Senti dor de cabeça devido a seus puxões.

— Café da manhã? — A ironia exalava através de sua pergunta, junto com seu sorriso sádico — E quem te autorizou a tomar café da manhã?

Meus olhos marejaram. Não queria que tudo fosse igual como das outras vezes, mais um dia como todos os outros.

Queria ser livre como fui até os meus sete anos, quando tinha meu tio Ben comigo para me livrar de tal horror. Por muitos anos me contentei a viver naquela situação, mas naquele dia decidi que estava cansada. Eu queria uma vida normal, um lar, uma família e pessoas que não me tratassem como alguém que não vale o chão que pisa. Como sentia falta de Benjamin Weiller, a figura mais próxima que já tive de um pai... Sonhava que ele pudesse retornar de alguma forma e acabar com aquele pesadelo sem fim, o pesadelo de ser agredida todos os dias sem motivo algum.

Pensei em muitas coisas por alguns segundos, principalmente no desgosto que sentia por Juliet, até que o sentimento de revolta me tomou. Estava cansada e merecia muito mais que aquilo.

— Então você queria que eu morresse de fome? — Gritei o mais alto que pude por conta da fúria que me dominava. Fui muito ousada, mas quando acabei de gritar percebi que também foi um dos meus maiores erros. Nossos olhos se encontraram mais uma vez e a tensão ficou pior do que já estava, quando minha madrasta abriu novamente seu sorriso maldoso, exalando ódio e maldade.

— Por mim — Ela fez uma pausa aproximando-se, fitando o fundo da minha íris, olhando através do meu medo — você já estaria morta a muito tempo! Eu te odeio! — Puxou-me pelos cabelos e me jogou no chão da cozinha, me fazendo bater com a cabeça no fogão.

Ela passou a mão por detrás da porta e pegou uma vassoura, enquanto mantinha seus negros e gélidos olhos sobre os meus.

— Sabe, não foi à toa que seus pais te largaram aqui na porta de casa... Com certeza eles perceberam que você era um erro desde que nasceu — Sua afirmação fluiu em tom natural, como se estivesse falando a coisa mais normal do mundo — Você não vale nada, Carolina. Você é apenas um lixo que alguém largou.

Com um único golpe, Juliet quebrou o cabo de vassoura em minhas costas e a dor foi incontrolável. Segurei-me para não chorar, porém, era impossível. A megera pegou a maior parte do cabo que se partiu e continuou me batendo e, a cada paulada, uma risada dela e mais lágrimas e gritos meus.

Ela me bateu nas costas, braços e pernas. Encolhi-me no chão gritando de dor.

Naquele momento me senti fraca. Havia perdido mais uma batalha e tudo o que eu senti foi vergonha por nunca ter conseguido reagir.

— Você merece mais! — Sua voz era alta e meus ouvidos doíam. A mais velha se abaixou, levantou a minha cabeça pelo queixo e então a soltou de forma brusca. Mesmo com o impacto, a olhei nos olhos, me dando conta do estado desumano em que vivia — Mas, eu não posso correr o risco de ficar sem minha empregadinha, certo? — O riso irônico retornou aos seus lábios, a morena largou o pedaço de madeira e saiu desfilando pela cozinha, até que, parou no meio do caminho e me fitou — E lave a porcaria desse prato logo, antes que eu perca a paciência novamente!

E eu? Eu continuei no chão, observando a subir pelas escadas. Cada parte do meu corpo doía em demasia, porém a dor física era considerada mínima comparada a dor emocional. Naquele momento os hematomas não importavam, pois minha mente dava voltas e voltas e ao relembrar as palavras que ouvi: "você não vale nada Carolina. Você é apenas um lixo que alguém largou" faltou-me ar e meu coração se apertou ainda mais.

Porque meus pais me abandonaram? Porque me privaram de uma vida decente, de uma família? As perguntas me bombardearam mentalmente e me destruíram mais uma vez, deixando-me pior do que já estava.

Porque meus pais me abandonaram? Porque me privaram de uma vida decente, de uma família? As perguntas me bombardearam mentalmente e me destruíram mais uma vez, deixando-me pior do que já estava.

Balancei a cabeça tentando me livrar dos pensamentos tóxicos que me cercavam por todos os dias: inseguranças, frustrações, medo do futuro... Todos os dias, as mesmas perguntas e nenhuma resposta, todos os dias tentava encontrar um motivo para o abandono dos meus pais e continuava no escuro.

— Droga! — Disse tentando me levantar. Estava tonta e cambaleei por alguns instantes até que por fim, me apoiei no fogão e consegui levantar, me arrastei até a pia, lavei o prato e joguei os cabos de vassoura no lixo.

Já havia tentado tirar minha vida antes, mas nunca tinha tido coragem de terminar o que comecei, pois havia algo dentro de mim que sempre me impedia... Esperança? Talvez. Sentia-me como um caso perdido, porém, no fundo algo queimava por dentro de mim, algo bom e brilhante que eu não sabia explicar.

Fui até ao sótão mal iluminado que usava para dormir e avistei alguns raios de sol entrarem pela velha janela. Era uma quarta feira, por volta das 10 da manhã e o Sol já estava muito quente, fazendo com que o sótão ficasse bem mais abafado do que já era.. Apenas uma das desvantagens de morar no deserto do Arizona. Peguei uma peça de roupa na gaveta e tomei um banho, não somente para me refrescar, mas também para que a minha dor fosse junto com aquelas águas; infelizmente ela não foi. Após o banho regado de lágrimas, vesti minhas roupas íntimas e fui à frente de um pequeno espelho averiguar meus ferimentos: hematomas roxos antigos por todo o meu corpo e agora, mais algumas manchas vermelhas para a minha coleção.

Lá estava eu: pele branca, cabelo ruivo natural, olhos esverdeados, rosto levemente pintado por sardas e estatura normal para os meus dezesseis anos. Suspirei enquanto vestia minhas roupas: calça cor caqui e blusa branca de manga longa. Olhei novamente para o espelho, sentindo-me bem melhor já que não podia mais enxergar todas as marcas em seu reflexo, já que tinha por regra cobrir sempre todo o meu corpo, para esconder os hematomas.

— Até quando você vai viver assim, Nina? — Sussurrei ainda olhando a mim mesma no espelho.

Nina. Sorri quando me chamei pelo apelido que tanto gostava. O apelido me fazia lembrar do tio Ben, que todos os dias antes de dormir beijava minha bochecha e dizia: "Durma bem, minha doce Nina". Ele era um homem bom, um homem que me deu motivos para acreditar em mim mesma e de que não tinha nascido em vão.

Ajoelhei-me e apalpei o chão frio procurando a caixinha de música que guardava debaixo da cama, dentro dela, escondia um delicado cordão de ouro com uma única pedra vermelha. Benjamin dizia que o singelo cordão estava comigo quando era bebê, no dia em que fui deixada na porta de sua casa. Na época, a corrente de ouro ficava enorme em meu pequeno pescoço, por isso ele a guardou dentro da caixinha e me devolveu em meu aniversário de seis anos.

Juliet nunca soube da existência daquela joia, era o nosso segredo, algo que pertencia somente a nós dois.

Olhei fixamente para o cordão tentando imaginar qual a história por trás daquela pedra. Não sabia como e por qual motivo ela veio parar em meu pescoço, mas era grata por tê-la; era parte de mim, parte de quem eu era, história desconhecida até então. A olhei por mais alguns segundos, quando um sentimento especial me tocou: senti que algo mudou dentro de mim, como se eu ganhasse vida novamente.

Automaticamente uma lágrima escorreu pela minha face devido a sensação boa que simplesmente fluía, um misto de felicidade e esperança bastante peculiar, sentimento raro até então. Sentei-me no chão, com o cordão entre os dedos quando de repente a pedra acendeu, mudando de cor: primeiro laranja, depois coral e vermelho.

— Oh! — Tomei um grande susto e por impulso a joguei para longe de mim, até que observei fixamente e vi que o pingente se consumia, como se estivesse pegando fogo — Que estranho — Sussurrei para mim mesma e por curiosidade, levantei e tomei o até o cordão novamente entre os meus dedos.

Meu coração disparou. Sim, era real! Literalmente o pingente pegava fogo e eu via claramente as chamas.

Enquanto ainda admirava a pedra, senti que uma brisa invadiu o meu quarto: um vento morno, cálido e revigorante. Fechei os olhos e segurei com força o cordão, sem saber ao certo o que estava fazendo. Tudo aconteceu muito rápido. O vento possuía um aroma amadeirado que me envolvia e transmitia uma sensação de liberdade, fazendo com que todo o medo fosse embora, e então, de fato o medo se foi... Depois o cheiro e depois o vento. Quando abri os olhos, vi que não estava mais no meu quarto.


Notas Finais


Gostaram? Devo continuar?
Comentem, quero muito saber a opinião de vocês. ♡


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...