História O Reino dos Anjos Perdidos - O que se esperar de um Morgenstern

Cassie sabia que ia chama a atenção por ser quem era, porém, francamente, aquilo era demais. Já era a quinta vez que um grupo de Shadowhunters passava por eles e faziam o sinal da cruz como se ela fosse um demônio que precisasse ser exorcizada.

Sinceramente, quantas vezes eu vou ter que falar que sou só um terço demoníaca?

- Bom dia, senhoras. -Disse Ralph para  duas mulheres com roupas de combate e armas á mostra. As duas arregalaram os olhos indignadas como se o latino tivesse as ofendido e saíram apressadas.

Elas provavelmente foram se benzer com água benta. Pensou Cassandra com ironia .

- Admita, você nunca foi tão popular como agora.

- Eu sempre fui popular, queridinha. Seja pelo meu talento como amante ou pela minha beleza. – Respondeu mexendo as sobrancelhas maliciosamente.

Cassie riu.

- Bom, então aproveite a fama queridinho, porque enquanto estiver ao meu lado as coisas serão ainda melhores.

- Que bom que eu não tenho intenção de ir embora. – Sussurrou Ralph enquanto entrelaçada seu braço no de Cassandra como se eles fossem namorados passeando tranquilamente, tirando o fato de que eles estavam acompanhados de dois cães infernais.

Cassie ainda não sabia se Raphael era confiável ou mais um dos Shadowhunters que ela teria de tem cuidado, mas, por algum estranho motivo, ela sentia que os dois tinham uma ligação que não podia explicar.  Era como se estivesse encontrado um amigo depois de tanto tempo, alguém que entendia seu humor sombrio e que não a julgaria por isso, pois era igual.

-Eu devo me preocupar com os representantes do submundo? – Perguntou Cassie com curiosidade.

- Não, eu tenho certeza que você consegue lidar com eles – Rapha sorriu com ironia – Acho que você consegue lidar com qualquer coisa, na verdade.

Cassie levantou uma sobrancelha.

- Até mesmo com o  Instituto de Nova York?

Os olhos de Raphael brilharam em empolgação.

- Ah então é para ir que a conversa está seguindo. Me diga, quando você planejar fazer uma visitinha ao seu adorável irmão?

- O mais rápido possível – Disse sorrindo se divertindo com a probabilidade que passava em sua cabeça. -  Por quê? Você quer ir comigo?

- Princesa, eu não perderia isso por nada. - Sorriu em deboche.

- Então... me diga: a quanto tempo você conhece meu irmão?

- Desde que eu fui adotado pelos meus pais. Praticamente crescemos juntos. – Disse distraidamente olhando Hades correr atrás de um pássaro.

- E o que aconteceu para você odiar ele? Ou melhor, o que ele fez?

- É tão óbvio? – Perguntou sorrindo de lado.

- Só um idiota não perceberia seu desprezo. – Falou chamando Hades com um assobio, o cão parou de correr e voltou alegremente para a dona que sorriu e lhe fez carinho na cabeça.

- Bom, eu descobri que seu irmão é um babaca e a história terminar por aí. - Riu sem humor.

- Então tem uma história? – Perguntou Cassie com uma sobrancelha levantada e um sorriso malicioso.

- Muito espertinha – Respondeu ele beliscando a ponta do nariz de Cassie - Mas não vai arranca nada de mim.

- Que seja, eu posso arrancar a verdade do meu maninho. - A platinada sorria de forma maligna.

- Boa sorte com isso, garota. Acho que ele prefere comer vidro a falar a verdade.

Cassie ficou curiosa com o tom de voz de Rapha que desmontava raiva e mágoa, mas antes que pudesse se aprofundar no assunto eles chegaram no Grande Salão onde ocorreria a reunião.

- Vamos, eu te acompanho até lá – Disse abrindo a porta e deixando Anúbis e Hades entrarem primeiro com um sorriso divertindo.
   

- Por que? Está com medo que eu me perca?

-  É claro que não. Eu temo pelo Conselho, isso sim. - Os dois riram e entraram no grande edifício.

Cassandra olhou em volta distraidamente enquanto Rapha a guiava pelos corredores.
Para ela, aquele lugar não era tudo aquilo como falaram, Cassie conseguia ver várias obras de artes e armas espalhadas por todo o lugar, tudo parecia mostrar as vitórias e conquistas dos Shadowhunters. Era basicamente um monumento a história dos caçadores das sombras.

- Então, me conte: como é o pessoal do instituto de Nova York? – Indagou enquanto passava por mais um quadro que mostrava a bravura dos caçadores.

- O que te faz pensar que eu seja um especialista no assunto? – Indagou enquanto passava a mão em Anúbis que caminhava calmamente ao seu lado.

- Deve ser pelo fato de que você ser filho de pessoas influentes, e sem falar que é óbvio que você passou muito tempo por lá e conhece todas as fofocas.

- Talvez eu saiba um ou dois podres, mas por quê eu daria essas informações pra você? -Perguntou com seu encantador sorriso latino.

- Porque você adora uma boa diversão e eu garanto que isso será muito divertindo.

- Touche, Princesa. – Falou parando de acariciar Anúbis que deixou seu descontentamento evidente.  Rapha riu docemente e voltou a fazer carrinho no animal.

- Então vamos começa com o meu irmão. – Disse animada.

- Nada disso, queridinha. Vamos seguir a ordem de comando de baixo para cima.

- Está bem. - Revirou os olhos emburrada. - Quem são os os generais do meu irmão?

- Você esta se referindo as gêmeas.

- “Gêmeas"?

- Sim, elas são as filhas mais novas dos Lewis-Lightwood, mas não se engane com a idade delas nem com as carinhas fofas.  Rose e Bea poderiam facilmente acabar com um grupo de demônios sem deixar a maquiagem borrar..

- Você disse filhas mais novas, quem é o mais velho?

- Thomas Lewis-Lightwood.

- O cara de cabelo preto ao lado de Caspian na reunião?

- Sim, esse mesmo. Tom é Parabatai do Caspian e fiel escudeiro do Principezinho. - Reforçou o apelido com desgosto.

- Ele parece um cão de guarda. - Riu de leve.

- E ele é, ninguém se aproxima de Caspian sem que Tom dê sua aprovação. Você provavelmente nunca verá os dois separados.

- Parece que seriei obrigada a dar um jeito disso.

- Me avise quando conseguir, não é tão fácil quanto parece.

Cassandra ignorou o sarcasmo do garoto.

- Agora chegamos ao topo da pirâmide: Caspian Christopher Herondale e Alexandria Alberta Santori. - Disse com a voz carregada para enfatizar a "importância" dos dois.

E eu achando que o meu nome do meio era ruim. Pensou Cassie.

- E quem é essa?

- Só a namorada perfeitinha do seu irmão. - desprezo na voz de Ralph era palpável.

- Namorada? – Perguntou confusa.

- Sim, querida. Ela e Caspian fazer “O Casal”.  Ricos, brancos e héteros, sem falar é claro que ambos são de famílias antigas e nobres.

- Ou seja...?

- Eles são o orgulho da Clave, a realeza dos Shadowhunters, por isso eles são chamados de Príncipe e Princesa do mundo das sombras. O casal mais perfeito que o mundo já viu. - Disse demonstrando falso desinteresse.

- Mas ...

- Eles deveriam ser chamados de Príncipe dos Cretinos e Princesa das Víboras, isso sim.

A platinada riu divertida

- Eu não estou brincando! Caspian é arrogante, mandão e pretensioso, enquanto Alexandria é uma megera mimada e duas caras.

- Já vi que você não é muito fã do casal maravilha – Falou com deboche.

- Eu não me importaria, sério! De verdade. Mas, fala sério, sempre que eles aparecem em público é como ser tivessem saído daquelas revista de famosos. Eu já disse que eles são perfeitos ?

- Só um milhão de vezes.

- Porque eles são tão...

- Perfeitos- Exclamaram em união.

Raphael parou em frente a uma porta toda dourada e a abriu sem fazer  cerimônia como se estivesse acostumado a invadir o local, o que era bem possível de ser verdade levando em conta sua personalidade.

Diante da Emissária estava um grande salão iluminado com poucas decorações, no centro havia apenas um lustre e uma grande mesa redonda onde Cassie reconheceu Alec que parecia surpreso com sua companhia.

- Filho, que surpresa ter você aqui. – Falou com sua voz gentil, olhando atentamente o rosto do filho.

- Não se preocupe, eu só queria ter certeza que a nossa convidada não ia se perder por aí. -Se virando para Cassie, Raphael continuou.- Até logo Senhorita Morningstar – Disse beijando sua mão em uma reverência exagerada, sorrindo maliciosamente com os olhos brilhando e Cassie sabia que não precisava de um espelho para sabe que sua expressão era a mesma quando respondeu.

- Senhor Lightwood.– Falou retribuindo a reverência educadamente.

Cassie soube naquele instante que tinha achado um aliado e, quem sabe, até mesmo um amigo.

- Bom, então podemos começa a reunião. – Alec chamou educadamente sua atenção.

Cassie descobriu que o Conselho era formado por Alec, que representava os Shadowhunters; Lorenzo Rey, representava os feiticeiros com seu terno roxo brilhante e sotaque espanhol; o representante dos vampiros era um jovem que aparentemente deveria estar entre 19 e 22 anos quando morreu, tinha a pele pálida característica dos vampiros cabelos longos loiros e olhos castanhos claro de nome James Killian (o mesmo parecia estar pronto para uma festa de tema "Piratas do Caribe", não para uma reunião); e, por último, estava uma mulher de pele escura e cabelos enrolados com vários brincos e um colar que mais lembrava uma coleira do que qualquer outra coisa na visão de Cassie. A Shadowhunter conhecia a Licantrope por causa das histórias que tinha ouvindo da mãe. A representante dos Lobos, Maia Roberts.
Numa das histórias, Cassandra ficou sabendo que seu pai tinha matado o namorado de Maia.

Que ótimo. Pensou Cassie. Isso vai ser melhor do que eu pensei.

                           ~ ☆ ~

Cassie já não aguentava mais aquela reunião. Pelo anjo, será que eles ainda não tinham entendido que não estavam em guerra? Parecia que ela estava repetindo a mesma coisa pela milésima vez, fracamente, se eles fossem atacar já teriam feito isso antes!

“Não, nós não abrimos o portal."
“Isso pode causa uma sobrecarga de energia."
“Não, nós não temos como fecha- lo.”

Se Cassie não saísse logo dali haveria um homicídio e ela nem podia colocar a culpa nos bichinhos de estimação, Alec tinha pedido para que ela deixasse os cães do lado de fora por causa dos submundanos.

“A conversa será melhor sem uma plateia que rosna cada vez que alguém se dirige a você.”

- Nós entendemos que Clarissa deu sua palavra que não atacaria os Shadowhunters, mas o povo do submundo também esta seguro? Ou vai enfrenta outro Ciclo? – Perguntou o feiticeiro.

- Você sabe que meu pai é metade demônio e não tem nada contra os submundanos, aliás alguns até o apoiaram.

- E isso nunca impediu Valetim de tentar matar todos nós – Lembrou James.

- Meu pai não é Valentim. - Enfatizou friamente. - Ele não tem nenhum problema com os submundanos e minha mãe já não deu provas suficientes de que não concorda com a ideologia de Valentim? – Respondeu tentando disfarça a raiva que crescia em si. Odiava quando comparavam seus pais com Valentim.

- Ela também falava que nunca ia se aliar com o irmão e veja onde estamos agora.– Falou Maia com desdém.

- O que quer dizer com isso ?– Perguntou serrando os olhos com desconfiança.

- Quero dizer que foi muito fácil para sua mãe troca de lado quando a situação se agravou. – Respondeu balançando a cabeça em sinal de deboche.

Cassie piscou os olhos não acreditando no que estava ouvindo.

É essa gratidão que você recebe por ajudá-los, Mãe.

- Então essa é a questão? Não importa o que  digam, vocês não vão acreditar em nada porque não confiam na palavra da Rainha? -Falou Alec.

- Como podemos acreditar em alguém que deu as costas a própria espécie? – Perguntou James calmamente.

- Minha mãe não deu as costas a ninguém! Ela fez o que achou certo e se não o tivesse feito talvez nenhum de vocês estivesse aqui hoje – Cassie falou com paciência forçada, já serrando os punhos por debaixo da mesa.

- Talvez... ou talvez seu pai teria sido derrotado e você não estaria aqui, Princesa.- Falou Maia sorrindo falsamente.

- Acho que não. Nunca vamos saber, não é mesmo? - Respondeu no mesmo tom com as sobrancelhas levantadas encarando a lobisomem.

- Deus salve a Rainha.– Exclamou Killian.

- Como posso mostra que estamos dizendo a verdade? - Cassie já estava com sua paciência no limite.

- Simples, nos entregue o Rei do Inferno. – Respondeu Maia olhando fixamente para Cassie.

- Então é isso que vocês querem? A cabeça de Jonathan em uma bandeja? – Perguntou Alexander surpreso com o rumo da reunião. 

- Não, nos queremos que ele seja castigado pelas suas ações – Respondeu o vampiro.

- Ele não foi o único culpado!

- Você está vendo alguma fada aqui querida? – Disse Lorenzo.

- Nós sabemos e, por isso, o povo das fadas já pagou. Agora só falta o seu pai ser responsabilizado pelas vidas que tirou. – Continuou Maia

- Eu sei o que aconteceu com o seu namorado, eu sei que o meu pai o matou e...

- Não fale do que não sabe.  Seu pai dizimou um grupo inteiro só por diversão - Maia levantando demonstrando profundo ódio.

- Ele não é mais assim. - Cassie continuou calma, representando seu papel de Princesa.

- Você tem certeza? Ou apenas esta repetindo o que quer acreditar?

- Meu pai não é um mostro. - Reforçou, já podia sentir suas unhas furarem as palmas de suas mãos pela força que usava.

- Eu receio que tenha que negar, afinal não há ninguém nessa mesa que não perdeu alguém por culpa dele.

- Estávamos em guerra, pessoas morrem e eu vejo que não demorou muito para você esquecer seu namorado. – Disse apontando para a aliança dourada no dedo da Licantrope.

- O mesmo tempo que demorou para sua mãe ir para a cama com irmão. Opa, quero dizer com o irmão legítimo.

- Cuidado Maia. Devo lembrar que você dever sua vida a Clary? - Alex a repreendeu.

- Eu não devo nada a ela e se devia já paguei. Não vou fechar meus olhos só porque ela já foi uma amiga, e acho que você também não deveria ou já se esqueceu de quem matou seu irmão Max?

- Não, eu não esqueci. Não se passa um dia que eu não pense nele, mas eu também lembro que Clary salvou as nossas vidas várias vezes e nunca se importou de correr risco por nós. Por isso, mantenha o respeito ao falar dela. - Alertou ainda com calma.

- Você está presumindo que ela seja a mesma pessoa, mas, Alec, o poder mudar o ser humano.

O silêncio inundou o salão por alguns segundos.

- O que você está dizendo?

- Como você sabe se não foi ela quem abriu o portal?

- Como ela poderia tem aberto um portal em Edon?

- Clarissa sempre foi muito poderosa e já tivemos várias provas de que ela pode fazer com uma Estela.

- Minha mãe jamais vária isso. - Respondeu com firmeza.

- Assim como ela jamais transaria com o irmão?

- Se falar mais uma vez assim dela, eu corto a sua cabeça fora e dou para os meus cães. Ah não, espera. Eles não merecem uma carne podre como a sua. - Disse duramente.

- Vamos manter a calma e os modos, e, além do mais, o que ela ganharia com isso ? –  Lorenzo questionou.

- Poder.- Respondeu James.

- Ela é a Rainha de Edon, porque ela ia querer mais poder? - Foi a vez de Cassandra questionar.

- Princesinha, poder nunca é demais.

- Mas o que podemos esperar de alguém que abandonou o filho e foi para a cama com o próprio irmão para ganhar mais poder? Me diga garotinha, você também gosta dessa perversidade? Ou talvez seja uma coisa só da meretriz da sua mãe? - Maia rosnou.

Cassie não soube exatamente o que aconteceu a seguir, uma hora ela estava sentada na cadeira tentando não matar ninguém e na outra ela prensava Maia na parede com a adaga de prata na mão a poucos milimetros do pescoço da Licantrope.

- Repita mais uma vez essa coisas nojentas e eu corto sua língua fora. - Os olhos verdes de Cassandra ganharam uma cor mais forte naquele instante, assim como os de Maia também mudaram para verdes claros pronta para se transformar em lobo e atacar.

- CHEGA. Essa reunião acabou. – anunciou Alec com sua voz autoritária.

- Eu também acho, se é esse comportamento que vamos esperar dos monarcas de Edon é melhor nos preparamos para o próximo passo. – Falou Maia encarando Cassie com sangue nos olhos.

- Pois todos nós sabemos o que esperar de um  Morningstar. – Completou James.

- E o que seria? – Indagou Cassie com deboche ainda com o olhar fixo na submundana.

- Morte e destruição - Afirmou Maia.