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História O Renascer dos Nove - Guerra em Santa Tereza


Escrita por: Guard

Notas do Autor


Espero que gostem, obrigado pelos comentários :)

Capítulo 26 - Guerra em Santa Tereza


                                                                                                               Quatro

               

                Sinceramente, não esperava vir para Espanha e encontrar um Garde que fosse tipo o meu fã número um. Acho que Três está tão empolgado querendo saber tudo sobre minha batalha com os mogadorianos em Paradise que estou feliz que não contaram para ele que eu iria vir antes, esse garoto iria acabar vindo me recepcionar com uma camisa com meu rosto estampado nela.

- Conta quais são todos os seu Legados? Devem ser irados! – Três fala empolgado enquanto cruzamos uma viela de casas geminadas antigas.

- Por enquanto? Eu sei usar o Lúmen, que são luzes na minha mão que também me permitem criar bolas de fogo e sou imune a ele também. – explico. – Me comunico com animais por telepática, telecinese e teletransporte que aprendi antes de vir pra cá.

                Três me olha admirado. O garoto deve ser um ano mais novo que eu, mas já é quase da minha altura, é meio estranho ver alguém com esse comportamento. Isso o faz parecer um pouco mais novo do que ele realmente é.

- Eu só sei usar a telecinese e atravessar as coisas por enquanto. – ele anuncia meio triste. – Acho que em breve devo desenvolver outros Legados.

- Vai sim cara, relaxa. – Tento tranquiliza-lo, sei como é se sentir retardatário perante os outros a gente se sente meio inferior. – Quando os Legados começam a chegar eles vêm de uma vez só.

                Três me olha tranquilo e posso ver que está agradecido pelas minhas palavras de motivação.

                 O evento que Três se referiu como El Festin aparentemente levou todas as pessoas da cidade para a igreja. Porque estou me sentindo andando numa cidade quase fantasma, isso é bom caso achemos mogs, não teremos perigo de deixar inocentes em fogo cruzado. Em contra partida é meio assustador ficar numa cidade assim.

- Os domingos são sempre assim? – eu pergunto checando minha pulseira para ver se o rubi estava vermelho pulsante ainda. Do jeito que as coisas estavam eu suspeito que ele iria acabar ficando transparente de tédio.

- São, é um saco aqui. Achei que quando vocês chegassem iriamos matar vários dos mogadorianos desgraçados, mas até eles sabem que não tem nada para fazer nessa cidade. – Três murmura e chuta uma pedra até o meio fio.

                Não posso dizer que estou um pouco desapontado com isso, mas tenho que lembrar qual é nossa missão.

- Nossa missão não é combater os mogadorianos hoje. – eu tento lembrar Três disso, e ao mesmo tempo tento fazer o mesmo comigo. – Nós viemos para cá buscar a Sete e a Cêpan dela e vocês também. Bom agora tem o Crayton e a tal de Ella.

- A Sete? Você ainda não a viu John, ela é uma magrela sem treinamento. – Três murmura em desdém. – Na boa, ela não vale o esforço que estamos tendo. A Cêpan dela é pior ainda, se eu tivesse tido a Cêpan da Sete eu teria fugido e me virado sozinho.

                As palavras de Três são duras, estou ficando irritado com ele. O garoto uma hora parece ser um cara meio alegrinho querendo lutar e ajudar todos, e outra um arrogante que quer abandonar as pessoas por elas serem fracas demais.

- Podemos treinar a Marina para ficar tão forte como qualquer uma de nós! – digo cerrando os dentes.

- Eu sei que podemos Quatro. – É a primeira vez que Três usa o meu número e não o meu nome. – Mas até lá ela pode nos atrapalhar, não me entenda mal, eu só não quero que pessoas despreparadas corram riscos desnecessários. Muitas pessoas fracas já morreram nessa luta sem sentido.

                Estou pensando numa boa resposta para dar ao Três quando começo a sentir o meu bracelete pulsar e uma sensação de formigamento horrível começar a penetrar em meu braço. Nossa discussão para na mesma hora e Três fica me olhando preocupado sem entender o que está acontecendo.

- Eles estão perto! – eu aviso. – Meu bracelete começa a formigar sempre que tem mogadorianos na área.

- Okay. – Três fala isso e se cala, posso perceber um brilho assassino em seus olhos. Ele estava querendo isso.

                Começamos a rondar a área em que meu bracelete deu o sinal que havia perigo iminente e teve um momento em que achamos uma casa com a porta arrombada. Nessa hora a sensação de pinicar na minha pele se tornou horrível – esse troço tinha que ter um botão de desativar – isso quer dizer que os mogadorianos estão dentro daquela casa.

Três está prestes a invadir a casa, mas eu o detenho antes que faça isso.         

 - Precisamos de um plano. – eu o alerto. – Se nós entrarmos ao mesmo tempo, os mogadorianos terão a vantagem sobre nós.

- Então qual é o plano? – ele me pergunta impaciente estalando os dedos das mãos, cruzes ele é quase que nem o Nove.

- Vai por trás, se não houver uma porta pra entrar usa seu Legado e atravessa a parede e tenta acertá-los com um choque telecinético, eu serei uma distração.

                Três parece concordar com o plano com um sorriso e corre em disparada para contornar a casa e ir para os fundos. Enquanto isso, eu começo a me aproximar da porta destruída com cuidado e a atravesso.

                Os mogs a arrebentaram provavelmente com um dos seus canhões, posso sentir a madeira ainda quente por causa do disparo feita pela arma. Estranhamente tudo parece quieto demais e temo o pior. Será que os mogs já mataram as pessoas e fugiram?

                Começo a andar pelo chão de madeira da casa ele começa a ranger fazendo um barulho irritante de piso de casa mal assombrada que está começando a me dar calafrios. Olho para a bancada e vejo várias caixas de remédios jogados por entre a sala e duas garrafas de vinho vazias em um canto. Ouço um barulho de botas vindo na minha direção e ativo o Lúmen na minha mão.

                Estou começando a criar uma pequena bola de fogo quando um vulto pula em cima de mim. Começamos a rolar pelo chão e bato na parede, o homem está tentando me sufocar. Espera um homem? É um cara de meia-idade e parece nem estar sóbrio. Enquanto ele tenta me estrangular seus dedos ficam tremendo, ele está com medo.

                Alguém agarra o homem por trás e ele arregala os olhos por sentir uma força desumana. O homem é arremessado no chão há dois metros de mim e fica arfando, Três monta no peito do homem e se prepara para começar a socar a cara dele, mas então eu grito.

- Espere Três! Ele é humano!

- Ele ia tentar te matar! – Três olha para mim e por um momento seu olhar está ensandecido de raiva. – E cadê os mogadorianos?

                É verdade, os mogs não estão aqui. Isso não faz senti algum, meu bracelete ainda me alerta de perigo e certamente a destruição nessa casa não obra de um ataque de violência de um homem bêbado sozinho.

- Me soltem! Vocês estão com eles não estão? – o bêbado fala. – Eu vi o que vocês fizeram, vocês querem a mim e minha mãe e para que?

                Olho para o homem e em seguida para Três, ele parece tão intrigado quanto eu na história do cara, mas ainda está em cima dele. Olho feio para o garoto e ele parece perceber o que o está fazendo e deixa o homem se levantar.

- Acalme-se, não queremos lhe fazer mal. – eu tento explicar. – Não somos mogadorianos.

- É, não é difícil notar a diferença. – Três comenta sarcasticamente. – Cabeça raspada, pele de cera, dente afiado, essas coisas assim que a gente não vê por ai na moda. Pelo menos não esse ano.

- Vocês não são humanos! – o bêbado fala em tom acusatório. – Eu vi o que você fez, sua mão brilha.

                Franzo o cenho. É verdade, antes que eu pudesse perceber que tinha uma pessoa humana, eu achava que estávamos lutando contra os mogadorianos e ascendi o meu Lúmen achando que teria que lutar.

- Você tá bêbado cara! – eu digo forçando um riso.

- Nunca fiquei tão bêbado ao ponto de alucinar. – ele fala sério, quase parecendo sóbrio. – Eles disseram que queriam saber onde ela estava, onde a Garde estava... Que merda é essa? O que são vocês, o que é Garde?

                Esse cara deve conhecer a Marina e se eles sabem disso vão voltar. Quando eu penso nisso, fico imaginando o que pode ter acontecido com Sarah em Paradise será que ela está bem? Se eles sabem desse cara com Marina com certeza sabem do que houve comigo e Sarah, não posso pensar nisso agora, tenho que acreditar que ela e Mark irão fugir se as coisas piorarem.

- Nós somos a Garde, eu sou John Smith, o número Quatro...

- O terrorista internacional! – o bêbado berra nervoso e vejo que está querendo correr para um corredor escuro, eu o interrompo com a telecinese.

- eles querem machucar a Marina! Ela é a Garde que eles falam, se é verdade o que eles disseram, senhor. Temos que nos apressar.

                O homem fica me estudando está tentando medir minhas palavras. Já vi isso algumas vezes, enquanto isso Três parece que estava fazendo uma ronda pela casa volta correndo do que parece ser uma cozinha minúscula.

- John, se apressa ai com o pé de cana. Tem dois mog com um piken chegando. – ele anuncia e o olhar maníaco dele volta.

- Hector Ricardo. – homem estende a mão para mim e eu a aperto. – Se esses monstros querem machucar a minha Marina então irei ajudar vocês, mas preciso tirar minha mãe daqui.

                Olho para um quarto no final do corredor. Em toda nossa conversa Hector volta e meia olhava para ele, se o que ele diz é verdade temos que tirá-la daqui primeiro antes de entrar em combate. Vejo Hector se aproximar para perto do criado mudo cheio de imagens de virgens-Marias e pega uma escopeta. Ele engatilha a arma e me olha.

- Belo lugar para guardar uma arma. – eu digo enquanto Hector a recarrega, ele já deve ter abatido alguns mogadorianos com esse brinquedinho dele.

- Tive que esconder no primeiro lugar que vi, quando você chegou meu amigo. – ele fala.

                Hector me entrega a arma e vai para dentro do quarto da mãe. Nessa hora a sala da casa dele explode e os mogadorianos que ele avisa chegaram. Dois solados carecas com espadas em mãos e um piken do tamanho da sala que acabou de ser destruída começam a adentrar os escombros. Espero sinceramente que eles tenham seguro.

- Finalmente! – Três avança como um louco e ataca.

                Tento gritar para que ele não seja idiota, mas ele já está tentando lutar contra um dos soldados. O mog tenta acertá-lo com a espada, mas ela atravessa Três como se ele não estivesse ali e em seguida o garoto acerta um soco no mog, ele puxa com a telecinese a adaga do cinto do mogadoriano e vai tentar cravar na jugular do solado quando eu vejo que o piken vai dar o boto.

- Cuidado! – ajo por instinto e me teleporto agarrando Três e em seguida me teleporto de novo para perto da porta que entramos destruída.

                Ele me olha ainda atordoado. Não posso lutar junto com um menino instável assim, Três é bom. O Legado dele é forte, mas vai acabar sendo morto assim. Vejo Hector carregando uma pessoa pequena com todo cuidado em volta em panos e quando vê o piken ele me olha aterrorizado. Uso meu teletransporte novamente.

- O que? – ele pergunta recuando um pouco para longe de mim, não tento nem explicar. Agarro Hector e seguro a mão da mãe dele junto e faço os dois irem para o mesmo lugar que deixei Três.

                Os mogadorianos e a fera ficam me estudando. Acho que eles querem saber primeiro a extensão do meu poder, não posso me dar ao luxo de ficar me exibindo assim na batalha quando nem eu sei todos os meus limites. Sem falar que tenho muitas pessoas para me preocupar ao mesmo tempo, tenho que tentar reduzir isso.

                Eu me viro para Três, sei que o garoto está empolgado para por toda essa monotonia de cidadezinha religiosa a baixo, mas temos que tirar Hector e a mãe doente daqui.

- Três, preciso que leve Hector e a mãe para onde Seis e os outros estão. – eu ordeno.

- O que? – ele me olha ofendido quase com raiva. – Nem pensar John, eu quero lutar com você. Esperei meses para isso!

- Três, tem pessoas inocentes que vão morrer! – eu berro com raiva, não posso tolerar infantilidades numa hora tão crítica como essa.

                A raiva de Três se transforma em mágoa e depois ele concorda com meu plano calmamente. Ele se oferece para carregar a mãe de Hector, eu posso ver os braços do homem se aliviarem quando ele deixa o peso extra do corpo da mãe ir para Três.

- Consegue lidar com esses monstros sozinhos? – ele pergunta aterrorizado.

                Olho para o a casa de Hector, sinto uma tristeza por isso. Tudo será destruído porque ele conhece um de nós. Esses mogs ficam nos caçando, eles irão pagar.

- Você tem seguro para incêndios?

                Hector me olha sem entender a pergunta, mas decide seguir o seu caminho andando com Três na frente. Eu não queria dizer que estarei sozinho, se eu estiver certo meu reforço estará aqui há qualquer momento, tenho que contar com isso, porque senão terei problemas.

                Os mogadorianos decidem não esperar mais e vem para cima de mim. O solado que está com uma espada corre na minha direção e tenta me acertar com um golpe que desenha um arco no ar ao vir na minha direção. Meu escudo se aciona na hora e bloqueio o ataque, começo a carregar meu Lúmen só que não consigo atirar porque o seu aliado tenta me acertar com um canhão que me obriga a me teletransportar.

                Eu mirei a entrada do quarto escuro onde Hector buscou a sua mãe, para minha sorte quem se apressou para tentar me atacar foi o piken e ao fazer isso ele ficou com metade do corpo preso. Consegui recuar para fundo do quarto e vi a criatura tentar abocanhar o ar inutilmente para tentar me matar.

                Ascendo meu Lúmen novamente e começo a disparar rajadas de jogo em sua cara. O bicho grita em frustração e dor provavelmente até que finalmente recua, nessa hora vejo uma luz azul pronta pra atira e só consigo pensa e por meu escudo na frente. O disparo do canhão me pega em cheio e sou jogado contra a parede.

                Sinto uma dor nas costas horrível com o impacto e caio sentado na cama da senhora Ricardo. O choque do tiro fez uma imagem da Virgem Maria que tinha dentro da casa cair no chão e se espatifar em vários pedaços junto com vários terços.

                Vejo o mogadoriano com o canhão entrar calmamente com o que carrega a espada logo atrás, os dois estão aproveitando o momento. Tento recupera minhas energias depois do impacto, estou torcendo para Três decidir voltar com o seu jeito lunático por sangue e dizer que sabia que eu precisaria dele.

                Enquanto os mogs se preparam para me matar eu vejo a besta gritar atrás deles comemorando. Ela está na parede e arranca o fogão da parede e toda a casa começa a ser inundada pelo cheiro de gás. Começo a sorrir com uma ideia insana, embora os mogadorianos ainda não tenham notado o porquê da minha felicidade.

- Do que está rindo moleque? – o da espada pergunta apontando a arma para o meu peito.

- Espero que tenham passado protetor solar. – me teleporto até a cozinha de Hector.

                A besta sibila ao me ver e os mog tentam correr para cima de mim. Eles ainda não entenderam o que vai acontecer, tudo que preciso fazer é acender uma bola de fogo com meu Lúmen e depois prendo a respiração.

               

 

                                                                                              Três

               

                Quando eu ouço a explosão na casa do bêbado já estou pronto para receber a cicatriz do John em minha perna, também estou pronto para viver com a culpa de ter deixado outro companheiro para morrer. Se eu tivesse matado o soldado mais rápido talvez John não tivesse que ter ficado.

- Temos que ir... – Hector murmura tentando me fazer andar, sua mãe está começando a se debater nas minhas costas.

- Eu tenho que voltar! – eu falo, ainda não tenho a cicatriz do Quatro. John pode estar vivo, ele disse que é imune ao fogo.

- Garoto olha a explosão! – Hector fala e noto o desespero nele. – Está preocupado com seu amigo, mas ele não sabe sei lá... Sumir e aparecer em outro lugar, essa altura já pode estar na nossa frente. Temos que continuar, lá será um chamariz para inimigos.

                Estou ficando com raiva de todo mundo querer me dar lição de moral hoje. Já não me basta Gregory tentar fazer isso, agora John e um bêbado humano estão querendo também. Isso me irrita profundamente, mas não tenho como lutar com uma velhinha nas costas. Continuo andando na direção da igreja, quando deixar eles lá. Irei voltar para tentar ajuda-lo, só não quero que John morra, não desejo ver mais gente morrendo porque não fui forte o baste.

                Vejo um falcão, um animal bastante atípico piar e voar na direção da casa em chamas. Será que ele pode ser ajuda?

 

 

                                                                               Quatro

               

                Metade do meu corpo está soterrado pelos escombros, mas ainda estou vivo. O fogo não me matou. E agora está comprovado que eu sou louco, muito doido mesmo.

                Consigo sair sem dificuldade, mas para minha sorte nada muito pesado da casa de Hector me acertou. Só que não há mais casa para contar história, eu usei a telecinese e o escudo para tentar bloquear o máximo possível de coisas que caiam em cima de mim para ficar protegido e para minha sorte consegui ficar vivo.

                Não vejo sinal dos mogadorianos, só que depois dessa explosão eu sei que é uma questão de tempo para que venham todo o contingente escondido em Santa Teresa deles vir para cá, nem sequer o meu bracelete já recuado está me dando um descanso.

                Consigo me afastar totalmente da casa destruída de Hector, quando ouço um grunhido baixo. O bracelete fica me incomodando mais forte, um grunhido se torna um rugido e o piken emerge de dentro dos escombros da casa me olhando furioso.

                Ele está todo ensanguentado, um sangue negro e estranho que corre pela pele pálida da criatura e pelos dentes. Um olho foi completamente carbonizado, mas o olho bom está fixado em mim. O monstro abre a boca par me mostrar sua enorme fileira de dentes.

                Tento ascender o meu Lúmen, mas o esforço que fiz para conseguir bloquear a casa foi pesado demais e estou sem energia, vou com minha mão para o bolso onde deixo a adaga, mas eu a deixei com Seis. Isso que dá ser um cara legal. A criatura dá outro rugido e vem para cima de mim.

                Ouço um piado e um falcão vem em nossa direção, antes que ele toque no chão o pássaro já se transformou em uma besta que parece uma mistura entre um leão e um rinoceronte e acerta o piken ferido bem de frente.

                Os dois começam a se digladiar e BK acerta com um chifre o peito do piken. O monstro vai alguns metros para trás e tropeça na geladeira destruída fazendo-o tombar no chão. Bernie aproveita a oportunidade e crava uma mordida no pescoço do monstro, a besta fica se contorcendo alguns segundos e então morre.

                Bernie Kosar começa a voltar a forma de beagle e vem na minha direção com o rabo abanando perguntando se eu estou bem na minha mente, sua boca está pingando o sangue de piken. Respondo que sim e falo que temos que ir encontrar os outros o mais rápido possível.

                Ele volta a forma de falcão e eu começo a correr, ainda não recuperei todas as minhas forças e pelo jeito o combate vai ser bem longo. Temos que chegar até a igreja rápido.

 

                                                                                  Sete

 

                Nunca imaginei que chegaria um dia que os outros viriam me buscar, mas ao mesmo tempo estou muito assustada. Para começar, Ella é uma de nós e acabou de envelhecer tipo 5 anos na minha frente, depois a número Seis apareceu e falou que temais Gardes e Cêpans aqui. E agora esse incêndio.

                Eu queria estar sendo mais corajosa e dizer que está tudo bem, mas ser recepcionada com uma guerra a tira colo não é uma das melhores coisas.

- Tenho que falar com Adelina! – eu me lembro dela, Adelina agora vai ter que me escutar e vir na marra comigo. Agora estão todos aqui, ela não tem mais como fingir que o passado não existe.

                Seis está olhando para o fogo e a vejo morder o lábio. Ela está preocupada com alguém, espera, ela disse que tem alguém. Pensar nisso me faz ter vontade de rir, quando a vi achei que ela fosse do tipo durona que não gostasse de se importar com ninguém.

- Os outros estão falando com Adelina, os Cêpans. – ela fala, demonstrando que estava me ouvindo e fico aliviada.

                As pessoas começam a gritar na igreja apontando para o incêndio. Agora vamos chamar muita atenção, isso vai ser perigoso.

- Crayton já sabe que vocês estão aqui? – Ella pergunta demonstrando curiosidade, é bom saber que não sou a única completamente no escuro.

- Sim, estamos todos juntos agora, Ella. – Seis fala olhando a menina nos olhos. – Temos que esperar os outros voltarem, não podemos ficar aqui sem nos reagrupar.

                Estou preocupada se uma das irmãs me vir ou uma das garotas. Por Deus, se virem Ella? Como a menina vai explicar um envelhecimento precoce desses, ela acabou de ficar 5 anos mais velha em 5 segundos. Olho para Seis, ela é confiante, queria ser assim também. Não preciso mais me esconder.

                Eu ando um pouco para frente e dou uma olhada na Rua Principal, vejo que tem um menino de pele morena correndo carregando alguma coisa de maneira troncha e Hector ao lado dele olhando para o que o menino está carregando com uma preocupação excessiva. Seis para ao meu lado e faz sinal para o menino. Ele olha e aponta para Hector.

- Hector! – grito de felicidade ao vê-lo, alguma coisa concreta ainda na minha vida que está prestes a explodir. – O que aconteceu?

                Olho para o que o menino carrega e ele coloca delicadamente no chão. Uma senhora bastante frágil e doente, suas pernas estão paradas numa posição que não é muito comum. É a mãe de Hector, não estou entendo o que está acontecendo. Por que a Garde quis Hector e a mãe dele?

- Eles destruíram minha casa. – Hector fala e vejo que suas mãos começam a tremer. – Os sei moganboligarios sei lá, eles te chamaram de Garde, disseram que eu sabia onde você estava Marina.

- Mogadorianos. – o menino corrige cruzando os braços olhando para a multidão, ele está afoito.

                Seis também parece estar. Ela está agarrando o próprio braço com os dedos e querendo perguntar algo para o garoto, mas está tentando evitar.

- Cadê o John? – ela finalmente cede.

- Ele ficou para trás, dois soldados e um piken. – o garoto fala infeliz. – Lamento Seis... Ele disse que iria dar conta, mas não temos cicatrizes, então ainda está vivo.

                Ela cerra os punhos. Seis me parece ser do tipo controlada, mas acho que deve estar fazendo um esforço tremendo para não voar em cima do garoto. Pior de tudo, tenho certeza que esse é o John Smith, ele também veio, sei que é ele. Estou mais feliz ainda por ele também ter vindo, logo a pessoa que começou isso tudo.

                A tensão acaba quando a mãe de Hector começa a tossir e ele grita ficando ao lado dela. A mulher está morrendo, embora desacordada acho que ela passou por muitas coisas. Sinto-me horrível, todas essas coisas e são por minha causa.

- Ela vai morrer! – Hector fala aos prantos.

                Não sei o que me motivou a fazer isso, mas começo a me aproximar da senhora Ricardo e fico do lado de Hector. Ele por um momento acha que vou abraça-lo, mas ao invés disso eu encosto minhas mãos no peito da senhora, nunca havia tentando curar uma doença antes.

                Começo a sentir a sensação gelada vir do interior do meu corpo e ir para as minhas mãos, eu sinto a doença que está matando a mãe de Hector e começo a usar meu Legado para extingui-la, pouco a pouco eu sinto que ela está reduzindo. Posso ver de alguma maneira que a mulher está melhorando, a doença está regredindo.

                Ouço Héctor balbuciar alguma coisa, mas não consigo decifrar o que é porque estou muito concentrada, meu poder está ficando mais forte. E finalmente eu sinto que a doença se foi. Eu abro os olhos e vejo uma senhora lúcida me olhando, ela não está com medo, está admirada e com os olhos quase lacrimejantes. Eu quase caio para o lado de tanto esforço que faço, mas Hector me segura.

- Você é um anjo? – a mulher me pergunta e dessa vez chora.

- M-Mãe! – ele fala e também chora.

                Eu fiz isso, até eu estou começando a chorar. Curei uma doença que não teria cura para os humanos, nunca me senti tão útil na minha vida. Olho para os outros Ella está com os olhos maravilhados para mim, o garoto está boquiaberto e Seis está sorrindo.

- Acho que me enganei sobre você magrela. – ela murmura. – Você não é inútil.

- Eu conheço? – tento ignorar os comentários dele, esse é o meu momento e ninguém vai estraga-lo. Já o vi em algum lugar. – Você é o menino tarado que fica vendo as meninas na educação física!

                Meu Deus é esse o garoto, eu sempre ouvi as garotas cochicharem sobre ele. Dizendo que ele ficava atrás da moita nos vendo jogar bola. Teve uma época que achei que fosse um mogadoriano que estivesse fazendo isso. Só que quando uma delas disse que ele era bonito comecei a descartar essa hipótese, isso não era uma característica dos mogs, serem bonitos.

- Quer merda é essa! – ele berra. – Claro que não, eu estava tomando conta de você para o meu Cêpan, eu matei vários mogadorianos por sua causa sua maluca!

- Eu maluca? Quem fica tomando conta de alguém olhando ela de shortinho? – franzo o cenho. – Você é um pervertido garoto.

                Faço o sinal da cruz para ele e o garoto se afasta de mim murmurando algo em um idioma que não conheço.

- Atrapalho? – um garoto loiro aparece no meio do beco, ele está todo sujo de fuligem e tem machucados no rosto e provavelmente e mais partes do corpo.

                Seis olha para ele e vejo sua expressão ficar mais aliviada. John Smith, eu jamais esquecerei o rosto de quem está juntando todos nós. E vê-lo aqui me dá muita esperança, por mais estranho que seja ainda mais nesse estado me motiva mais a lutar.

- Está machucado? – eu pergunto me aproximando dele.

- É, sim. – ele fala olhando para nós pedindo apresentações.

- John, essa é Marina a número Sete. – Seis fala dando as honras e depois olha para Ella. – Aquela é Ella a número Dez, a sim meninas o tarado é o número Três.

                Olho para o garoto. Ele me encara mal-humorado isso é impossível, uma número Dez eu posso aceitar, mas eu olho meu tornozelo para ter certeza se contei certo.

- Como? – eu pergunto com os olhos arregalados.

                Decido ouvir as respostar curando John. Sinto a mesma onda de frio que senti curando a mãe de Hector, mas dessa vez é menos intenso, John geme um pouco, mas onde eu o pressionei no rosto e na barriga onde ele sinalizou sob a camisa foi muito rápido.

- Então é que... – Ante que John pudesse falar a parte de cima da igreja explode.

                Ele me agarra e me puxa para longe antes que sejamos atingidos escombros do que restou do campanário. Os outros também conseguiram escapar, Hector conseguiu pegar a mãe ainda frágil no colo e levantá-la e Seis e Ella fugiram juntas, espera o tal do Três sumiu.

- Valeu por me esperarem! – ele atravessa os escombros por entre as paredes como se fosse um fantasma, preciso de uma lista do que todos podem fazer.

- Henry e Gregory estão lá dentro! – John fala olhando para Seis.

                Nessa hora eu vejo dois homens de uns quarenta e poucos anos, um deles está carregando uma freira pelo braço com a mulher berrando por ajuda. É Adelina, eles vão tirar nós duas daqui, embora, não seja do jeito que eu queria. O outro homem está com uma caixa de madeira toda encrustada na mão. Minha arca.

- Me solte Brandon! Por Deus! – ela berra e soca o homem só para quando me olha. – Marina não vá com essas pessoas, elas são...

- O nosso povo Adelina! – eu berro para ela. – Elas não aquelas pessoas do convento.

- O convento nos deu um lar e não essas pessoas. – ela aponta para o tal de Brandon. – Elas nos deram uma sentença de morte.

- Deixa a coroa ir embora. – Três murmura. – Ninguém precisa de uma freira mela cueca.

                Olho para ele com raiva, quero bater nesse garoto. Adelina é minha Cêpan e por mais que tenha seus defeitos e tenha me negligenciado eu não a deixarei para morrer.

- Adel, você pode ficar e morrer. – Brando murmura ignorando os tapas. – Ou pode ir conosco e tentar treinar sua Garde corretamente dessa vez, os mogadorianos estão invadindo a igreja, você não poderá voltar.

                Adelina olha para mim. Seus olhos começam a lacrimejar, eu sei como ela deve estar se sentindo. Eu odiava esse lugar, mas retribuir um lugar que te deu abrigo e comida com destruição e caos me parece injusto. Tento manter meu olhar firme até que ela solta o braço de Brando dela e tira a parte de cima das suas vestes de freira revelando seus cabelos castanhos.

- Eu não tenho escolha tenho? – ela murmura com raiva. – Vocês trouxeram esses malditos para cá!

- Eles já estavam aqui Adel. – o outro homem fala, acho que o nome dele é Gregory. – Eu só pedi ajuda.

                Eles trocam olhares por um momento desafiando a veracidade das informações, mas Adelina. O nome verdadeiro dela é Adel?

- Temos que escapar daqui. – Seis fala e podemos ouvir um rugido de alguma coisa quase abafando a voz dela.

                Ouço gritos das pessoas e por um momento acho que são mais mogadorianos vindo nos matar. Dois carros aparecem a toda velocidade por entre a rua principal quase cobrindo todo a área que ela tem. Eu vejo que todos ficam olhando pensando em que vai sair de dentro do carro, mas para nossa surpresa os carros para suavemente do nosso lado e as portas se abrem.

                Em um deles um homem elegante de terno e barba que estar na casa dos trinte e oito anos. Ele é bem bonito, e sorri de maneira sedutora quando nos vê como se soubesse que estava salvando a pátria.

- Querem uma carona? – ele pergunta.


Notas Finais


E ai gente? O que acharam? Digam o que estão achando, acham que tem algo que pode melhorar? Acham que tem algo ruim, que eu possa melhorar, se tiver, estou aberto a críticas rs
Abraço


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