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História O retorno de Ariana - Capítulo 13


Escrita por: Mayaramara

Capítulo 13 - Capítulo 13


Sabe aqueles desenhos que o personagem fica vermelho e saindo fumaça pelas orelhas? O Eduardo estava igualzinho, na minha cabeça, mas estava. Se pudesse, ele teria me matado só com o olhar. Ai, esse olhar... Quero dizer, com coisa que eu tenho medo desse brutamonte grosso e sem educação. Se for para ele me peitar, eu vou peitar também.

— Ficou maluca, garota? – me fuzilou, tentando limpar a calça, com coisa que era possível. Eu tinha feito um estrago bem grande nas belas calças dele.

— Eu? Eu não sou maluca! Muito pelo contrário, Eduardo. – fiz a cara de inocente, e sorri.

— Eu vou fazer uma reclamação de você, garota. Você vai ver que...

Eu comecei a rir. Quem ele acha que é para vir fazer uma reclamação de mim? Pobre, homem. Acha que tem poder de alguma coisa.

— Do que você está rindo, sua louca?

— Da sua “inocência”. – coloquei a garrafa de café em cima da mesa, e cheguei mais perto dele. — Quem você acha que é para fazer uma reclamação de mim? Querido, eu sou a filha da dona disso aqui, e isso foi um acidente. Eu não tenho culpa que você bateu a mão no meu braço. Em quem elas vão acreditar? – sorri.

— O que? Garota, você está mexendo com fogo, e quando eu te pegar e...

— O que está acontecendo por aqui? – ouvi a voz da minha vó, e sabia que ela puxava o saco do Eduardo. Iria sobrar pra mim, droga!

Olhei para ele, que sorriu, como se estivesse cantando vitória sobre mim. Coitado.

— Vó, você acredita que ela...

— Ai, vó, foi um acidente. – comecei a chorar com facilidade. Essa era a vantagem de ter estudado artes cênicas. — Eu cheguei para atendê-lo e ele bateu a mão no meu braço, e eu, para não cair em cima dele, acabei deixando cair todo o café.

Olhei de relance para ele, que não estava acreditando no que eu estava falando. Eu é que não vou me ferrar por causa dele. Se for para sair alguém inocente, que seja eu, não ele.

Minha avó olhou para nós dois e sorriu. Sabe aquele enorme sorriso no rosto? Era o dela nesse exato momento.

— Mas vocês estão bem, né? Claro, fora o café todo na calça do Eduardo.

— Sim! Estamos ótimos. Foi um pequeno acidente. – falei antes de ele abrir essa boca enorme, e me dedurar.

— Que bom! Eu espero que vocês tomem cuidado da próxima vez que ficarem mais perto um do outro. Ari, cuidado com esse tropeço, por favor. E, Eduardo, cuidado com essas mãos. – piscou pra nós, e saiu, como se nada estivesse acontecido.

Eu olhei para ele, que deu de ombros, como se também não tivesse entendido nada. Ela não deu bronca, apenas sorriu. E eu torcendo para que ela desse uma bela bronca no Eduardo, mas nem isso aconteceu. Droga!

— Escuta aqui, garota, como você pôde... – segurou o meu braço.

— Tira essa mão de mim, senão eu vou gritar e será pior pra você. – joguei o meu cabelo no rosto dele, que bufou.

— Cuidado com esse cabelo, porque eu não quero que caia no meu pão.

— Querido, outra coisa vai cair aqui, e não será o meu cabelo. Será uma pessoa.

 — Só se for você, Ariana Maria.

— Nunca, meu querido. Nunca! – sorri, e sai de perto dele. Voltando para trás do balcão.

Eu vi quando ele ficou me olhando, e eu amava toda aquela atenção dele. Se esse idiota acha que com esse olhar eu vou ter medo, ele está redondamente enganado. Ele acha que pode vir com esse jeito bruto dele que eu vou me abaixar. Jamais! Isso nunca vai acontecer.

Não demorou muito, e ele se levantou, conversando com uma das garçonetes que eu não me lembrava do nome, pagou e saiu. Agora o ambiente fica melhorzinho.

*

As meninas trabalhavam, e eu fingia que estava trabalhando. Atendi uma mesa aqui e ali, e ainda porque me pediam, não porque eu queria. Eu não estava a fim de estar ali e não fazia nenhuma questão de ajudar. Por mim, eu iria embora no segundo seguinte que eu pisei aqui. E, claro, toda a hora alguém queria tirar uma foto ou pedir um autógrafo para um parente. Essas coisas que esse povo gosta, ao invés de nos deixarem em paz.

Sentei um pouco, peguei o celular e comecei a usar. Preciso mandar uma mensagem para a Isis para saber se ela já tem alguma solução para o meu caso. Eu preciso dessa solução o mais rápido possível. Não duro muito tempo aqui.

— Ariana, agora que não está tão cheio, a gente precisa ir limpando as mesas e ir varrendo um pouco. O horário de almoço daqui lota de clientes, e não conseguimos parar por um segundo, graças a Deus, né? – qual era o nome dessa garçonete mesmo? E eu também não sou obrigada a ficar sabendo nome de todo mundo.

— Pra eu limpar e varrer? – ri. — Escuta aqui, mocinha, eu não vou fazer isso. Eu vou ficar no caixa, e você pode fazer isso muito bem. Eu não sei fazer isso, queridinha.

— Mas é claro que sabe. Nós duas juntas somos mais rápidas e o meu nome é Larissa, não mocinha. – riu.

— Ah, jura? – idiota. Eu lá perguntei o nome dela.

— Ai, Ariana. – suspirou. — Vamos lá, vai ser rápido! Nós seremos imbatíveis. É rapidinho. – puxou a minha mão, repentinamente, me levando até as mesas. — Aqui. Um pano pra você e um pra mim. Você começa do lado de lá, e eu aqui. Vamos lá!

Mas, gente, quem ela pensa que é para falar comigo desse jeito? Ela tem que crescer muito nessa vida para ter a audácia de vir querer me mandar.

— Escuta aqui, garota, você...

— Filha, que bom que está ajudando a Larissa. A Estela teve que dar uma saidinha a meu pedido, mas já deve estar de volta.

Olhei para a minha avó, que sorria para nós. Não sei por que, mas a minha avó estava com toda a felicidade do mundo, e eu estava irritada com isso. Eu precisava fingir que estava bem, para que o meu teatro desse certo.

— Dá esse pano aqui. – peguei da mão da garota, e fui até a primeira mesa que eu vi.

Eu não acredito que eu estava fazendo isso. Eu, Ariana, limpando mesas de um restaurante, e sendo forçada a trabalhar aqui por um cowboy pobretão e sem futuro. Mas essa humilhação vai ter volta. Eu vou mostrar que ele não é tão bonzinho assim.

*

Bem que aquela garota disse que isso aqui lotava. Mal dava para respirar por aqui. Era pedido atrás de pedido, e os meus pés estavam doendo e eu tenho certeza que vai encher de bolhas. Credo! Sapato nunca me deu bolha, mas eu também não ficava andando de um lado para o outro sem parar, tendo que parar para tirar fotos e responder perguntas idiotas. Eu já estava cansada de anotar pedido e de sorrir sem vontade.

— E uma coca diet, porque eu estou de dieta. – olhei bem para a cara daquele senhor, e revirei os olhos.

— Com coisa que vai emagrecer comendo feito um boi, e tomando coca diet. – sussurrei, acabando de anotar.

— O que disse? – perguntou, colocando o cardápio em cima da mesa.

— Que já trago o seu pedido, senhor. – sorri, sem a menor vontade.

Fui até o cozinheiro e mostrei o pedido, que assentiu. Olhei para a porta e vi o meu pai entrando, junto com o Eduardo. Ave Maria! Esse cara não sabe ficar em casa, não? Acho que quer me enchendo a paciência. Assim que me vê, meu pai acena e vem até a mim.

— Oi, filha! – beijou o meu rosto, e eu desgrudei rapidamente. Não precisa ficar dando beijo toda hora.

— Oi, pai.

— Oi, Ariana, tudo bem por aqui? – não deixei de olhar para a calça dele, e percebi que ele tinha mudado. Mais uma para manchar com alguma coisa.

— Ótima, Eduardo. Eu estou pleníssima. – arrumei o meu avental e olhei para ele, que sorria.

— Que bom, filha. Eu e o Eduardo estamos morrendo de fome. Tem uma mesa para nós.

É só procurar, obviamente. É tão difícil olhar para o lado e procurar por uma? Até porque aqui não é enorme.

— Claro, pai. A mesa do canto está sem ninguém. Pode se sentar que alguém já vai atendê-los.

— Ah, mas nós queremos que você nos atenda, não é, Carlos? As outras meninas estão ocupadas.

Eu seria presa se passasse, mas só de leve, a faca no pescoço dele? Seria em legitima defesa, porque ele está me provocando e a minha paciência tem limite e ela está se esgotando. Eu estou até vendo facas voarem bem na direção dele.

Eu os segui, e esperei que escolhesse o que iriam comer. Meu pai fez o pedido, enquanto o Eduardo só enrolava. Ele olhava para o cardápio e para mim, como se quisesse me provocar com essa demora.

— O que você me sugere, Ariana? – perguntou.

A sua morte, querido. Bem lenta e dolorosa.

— Macarronada? – falei a primeira coisa que me veio à cabeça, se segurando para não mandar comer merda.

— Bela sugestão. Vou querer a macarronada do jeito que a vovó faz e suco de limão. – anotei o pedido e perguntei se queriam sobremesa, mas negaram.

— Eu sabia que você iria se dar bem, querida. – papai disse.

— Eu tinha certeza, Carlos. – piscou e eu mostrei a língua, mas com vontade de mostrar o dedo do meio mesmo.

— Vou levar o pedido de vocês. – acenei para o meu pai.

Enquanto eu atendia, eu sentia o olhar dele em mim. Não se ele estava torcendo para dar algo errado, para eu tropeçar ou deixar cair essa bandeja idiota, mas eu me segurei e segui fina, como se nem sentisse a presença dele no mesmo ambiente que o meu.

Meu pai se despediu com o famoso beijo na cabeça, enquanto o outro piscou e acenou. Vai enfiar esse aceno no orifício fecal dele. Posso jogar a faca nele, nem que passe de raspão? Só uma facada, nada mais.

— Ariana, vai almoçar, querida. As meninas vão se revezando, e cada uma faz o horário de almoço.

— Graças a Deus, vó. – tirei aquele avental nojento em cima do balcão e fui me sentar para poder comer alguma coisa, senão eu iria desmaiar de tanta fome. As outras gostavam de sentar na salinha que elas gostam, já eu, para não precisar ter que ficar de amizade, sentei no restaurante mesmo.

Como eu não preparei nada de casa, algo mais leve, eu irei comer por aqui mesmo. Fiz o pedido e fiquei esperando, enquanto trocava mensagens com a Isis. De jeito nenhum que ela vai saber que eu estou sendo obrigada a trabalhar como garçonete. Como eu planejo ir embora o mais rápido possível, e eu só estou esperando essa poeira de má sorte acabar, ela nem vai ficar sabendo desse momento pobre que eu estou tendo. Será algo que ninguém irá saber. Por falar nela, essa inútil que trabalha comigo ainda não resolveu o meu problema, e disse que está tentando de tudo para me ajudar. Não sei o motivo de não manda-la embora. Essa lerda só atrapalha aminha vida, mas por um outro lado ela é melhor que a outra lá, que quer me dar um golpe, além de ter me roubado na cara dura, ainda quer mais dinheiro me deixando com os meus bens apreendidos. Ordinária!

Percebi que o cozinheiro estava me chamando, apontando para o meu prato. Será que ele não vai trazer aqui? Eu estou em meu horário de almoço e seria a obrigação dele trazer aqui, ou não? Claro que é! Eu sou filha da dona daqui. Seria a obrigação de ele me tratar bem. Ai, tudo bem, eu vou buscar, já que eu estou com fome.

— Achei que você não tinha me escutado, Ariana. – sorriu o quase senhor que trabalhava lá há bastante tempo e a minha avó o considerava, junto com a família dele, da nossa família. Só ela mesma pra considerar. Era parente do meu avô que ela acabou contratando. Pobre ajudando outro pobre.

— Eu não sou surda. – peguei o prato e me virei, indo em direção a mesa.

Pelo menos ele cozinhava bem, graças a Deus! Aquele momento era de paz, sem ter que andar de um lado para o outro e escutar pedidos irritantes a todo o momento, fora essa coisa de tirar foto e dizer que continuo a mesma. Não! Eu não sou a mesma, Eu sou muito  melhor do antes. Eu sou muito mais rica, poderosa e linda do que antes, e me irrita as pessoas ficarem lembrando-se de como eu era. Não esquecem nunca do passado, credo. Povo não evoluído é isso.

*

Essa hora não passava ou era eu que estava sem paciência? Já estava de tarde, esse calor insuportável aqui dentro, e parecia que o tempo tinha realmente parado. Esse povo não cansava de comer?  Come em casa, gente. Se não querem almoçar, querem só tomar um café ou comer um bolinho. Faz café em casa que é mais fácil, não é? Não, eles precisam vir e sempre falarem a mesma coisa de sempre.

Eu mesma já estava exausta e os meus pés doendo de tanto andar. Isso não iria acontecer, se eu estivesse na fazenda, ou se esse povo ficasse em casa, ao invés de vir encher o meu saco, me fazendo andar de um lado para o outro.

Peguei um pedido que estava sobre o balcão, que era apenas um café sem açúcar, então não precisaria levar peso. Peguei a garrafa de café e uma xícara e fui até a mesa 8. Assim que eu cheguei, vi quem era.

— Manuela. – parei ao lado, que olhou pra cima e ficou surpresa a me ver ali.

— Ariana? Amiga, o que você está fazendo aqui? – levantou-se, me abraçando, quase me esmagando mesmo com aquele abraço meloso.

— Não precisa ficar abraçando, tudo bem? – ela sorriu. — Eu decidi ajudar os meus pais alguns dias, sabe como eu sou uma boa pessoa e que adora ajudar, né?

— Claro. Que bom que você está por aqui. Agora eu posso vir almoçar todos os dias, ou pelo menos dar uma passadinha por aqui.

— Claro – sorri, mas sem aquela vontade.  – sentei-me, para descansar, enquanto ela colocava café em sua xícara.

— Eu ia vir almoçar aqui, mas eu estou de dieta e trouxe comida de casa mesmo. – suspirou, olhando para a sua xícara de café.

— Você ainda está com essa ideia de dieta, Manuela?

— Mas é claro, Ari. Olha pra mim, uma bola ambulante.

— Que exagero, Manuela. E olha só, se você for fazer algo radical, pode ser pior pra você. Se quer emagrecer, tem que ser com saúde e com um responsável da saúde, não com dieta da lua ou sei lá o que, como você fez uma vez e quase desmaiou.

— Eu sei, mas eu preciso emagrecer e essas dietas são mais rápidas. – suspirou, fazendo mais uma careta ao tomar o café sem açúcar.

— Mas podem te fazer mal, Manuela, e você sabe disso.

— Eu sei, e eu estou morrendo de fome. Estou sentindo o cheirinho daquele bolo ali no balcão e eu tenho certeza que ele acabou de sair do forno. – fechou os olhos, sorrindo.

— Saíram sim e parece que são de fubá.

— Ai, eu amo bolo de fubá. Acho vou pegar um pedaço.

— Pode ir pegar, porque eu não vou me levantar daqui agora. Estou cansada de andar.

— Tudo bem, eu vou até lá e pego um pedaço. – piscou, sorrindo.

Essa Manuela não tem jeito mesmo. Ela sempre vivia fazendo dieta e quase desmaiava depois de fome ou de fraqueza. Já cansei de falar pra ela ir procurar um médico, mas ela acha que é capaz de fazer uma dieta sozinha, então quem sou eu para impedir isso.

— Mil desculpas, eu não vi você e acabei trombando.

— Eu percebi mesmo que você não estava olhando, sua gorda cega. Deve estar prestando atenção em comida, pelo o seu corpo.

Olhei para frente, e vi a pessoa que, para mim, já era irritante, e agora mais ainda. Levantei-me mesmo com dor e fui até a Manuela, que estava assustada com a reação da Anabelle de Roseiral.

— Algum problema, Manuela? – parei de frente, fazendo cara de séria.

— Não, é que...

— Ariana? Ai, meu Deus, eu não sabia que você estaria aqui. – a falsa sorriu, querendo me tocar. Sai daqui, projeto de Anabelle.

— Pois é, Mabel. Eu estou aqui, aliás, é o restaurante da minha família, então é meio óbvio, não acha?

 — Claro. Então, essa garota trombou em mim, e nem viu por onde passava. – fez uma careta.

— Essa garota tem nome. É Manuela e é a minha amiga. – sorri, fazendo a Manuela sorrir também.

A cara da Mabel era a melhor. Ela ficou vermelha e não sabia em que lugar colocaria a cara de cavalo dela. Se ela acha que vai gritar com a minha amiga, ela está enganada, e eu vou mostrar pra ela o quanto. 



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