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História O Retorno do Uchiha - II. IX. A Dor em Vida


Escrita por: sweetnightbl

Capítulo 22 - II. IX. A Dor em Vida


Fanfic / Fanfiction O Retorno do Uchiha - II. IX. A Dor em Vida

Eu andava pelos corredores animada, sorrindo para todos aqueles que passavam por mim. Estava em êxtase, finalmente eu poderia me dedicar a criar um antídoto, só precisei de alguns minutos analisando o sangue de uma das crianças. Isso até me lembrou do veneno criado por Sasori, eu precisei de apenas uma hora para criar um antídoto.

A diferença daquela época para agora, é que eu pude me dedicar inteiramente apenas a uma coisa e ser eficiente, eu precisei me virar em trinta para cuidar das crianças e ainda procurar um jeito de tratá-las de forma definitiva. 

Eu estava me sentindo aliviada naquele momento, todas as crianças estavam estáveis e isso me dava algum tempo. 

Era só disso que eu precisava, em menos de uma hora eu já tinha a resolução de toda aquela confusão causada por alguém com intenções tão desprezíveis.

Eu me sentia um pouco mais feliz quando via que meus pacientes estava ficando melhores, a vida de uma médica vivia entre altos e baixos com seus pacientes e os parentes que ficavam aguardando notícias. 

Todos reagiam de uma forma diferente. Alguns apenas sentavam e deixavam as lágrimas correrem pelos seus rostos, alguns me culpavam, outros tentavam chegar aos meus pacientes de qualquer forma. Quebrando regras e até mesmo me forçando a acionar a segurança.

Quando o desespero aperta e você sente que alguém que ama está em risco, você toma atitudes irracionais. A alma dói, o corpo parece não responder e tudo parece se tornar turvo. 

E quando isso se torna real diante dos meus olhos, eu quase posso sentir a o quanto se torna difícil respirar e aceitar tal coisa. Quando se perde alguém, as pessoas te dizem que tudo vai passar, que a vida continua mesmo que aquele alguém especial não esteja mais por perto.

Mas nunca é assim, tudo ao seu redor muda, você apenas se acostuma a não ter mais aquela pessoa por perto. Mas esquecer é algo impossível. 

Eu estava serena por não ter que ver ninguém passar por algo assim, a equipe de médicos e enfermeiros de Suna, junto a mim, conseguimos salvar as vidas e famílias daquele que não puderam evitar a infeção. 

Eu já estava preparando os soros para todas as crianças, com um pequeno sorriso, ansiosa para ver aquelas crianças correndo e se divertindo pela rua novamente.

Porém, como nem tudo sai da forma que queremos, vi um dos enfermeiros correndo pelos corredores. Procurando por mim, sua expressão entregava a situação.

Algo tinha dado errado, o problema só estava cada vez pior.

— Sakura-sama, precisamos de você agora! O garotinho, Oshiro.. — Larguei tudo todos os soros, deixando apenas uma ordem de que fossem distribuídos e assim que possível, ser depositado diretamente nos reservatórios de água.

Eu corri até o leito da garota, alguns enfermeiros já estavam ao redor. Assim que me aproximei o suficiente para examiná-la, ela começou a engasgar com o próprio sangue. 

— Ponham ela de lado, agora mesmo!

Peguei uma seringa, com um líquido escuro que eu tinha desenvolvido, injetando diretamente em sua veia. 

Aquilo teria que dar um jeito, ela já tinha suportado muito até agora, só mais um pouco e ela estaria saudável de novo. 

Ela pareceu se acalmar por um momento, quase respirei fundo em alívio, mas logo sua respiração começou a falhar e seu coração já batia lentamente, quase parando. 

Isso não podia estar acontecendo, não com uma criança tão jovem!  

Massagem cardíaca, o coração dela precisava voltar ao ritmo normal antes que o corpo todo entrasse em choque. 

— Vamos, por favor! — Posicionei seu queixo mais para cima para facilitar a respiração, isso pareceu ajudar por um momento. Ela suspirou, ainda de olhos fechados.

Como é apenas uma criança, não poderia usar as duas mãos, isso poderia piorar a situação e até mesmo machucá-la. Apoie a palma de uma das mãos no peito dela, em cima do coração contando duas compressões por segundo. Repeti o processo. Uma, duas, três. 

Seus olhos castanhos chegaram a mim, quase saltados das orbes. Não sei se por algo sobre humano ou apenas imaginação, mas como médica, já vi o brilho dos olhos se apagando mais vezes do que julgava necessário. 

Eu vi seus olhos tão lindos se apagando, sua cor indo embora e eles se fechando, como se me dissessem que aquele era o fim daquela jovem vida.

— Sakura-sama.. — Alguém me chamou, parecia estar logo atrás de mim. Eu ignorei, seguindo com a massagem cardíaca, até que seguraram meu pulso, me obrigando a parar. — Já chega, nós perdemos ela. 

Eu não podia acreditar, aquela era mais uma vida que minhas mãos não puderam segurar. Não! Não! Não!

— Hora do óbito, às 10h45min. — O tão temido anúncio saiu da minha boca, senti minhas lágrimas virem a tona sem permissão.

Precisei me afastar da imagem daquela pequena garota, junto ao sangue ao seu redor e seu corpo que ficou totalmente inerte. Mesmo com anos de experiência, mesmo tendo passado pelo inferno que foi a quarta guerra ninja, eu nunca poderia me acostumar a aquela sensação de vazio. 

Os rostos dos pacientes que perdi se mantinham vividos em minha mente, seus últimos olhares e últimas palavras. 

A dor se tornou terrivelmente insuportável quando vi o rosto dos seus pais, encarando toda a agonia de perder sua garotinha. Seja quem for que estivesse por trás daquilo, mesmo que não chegue ao seu objetivo, já tinha conseguido destruir uma família. Tinha conseguido destruir a alegria de um lar. 

Quando um criança vem a perder a vida tão cedo, é como se todo o mundo sentisse essa angústia, se tornasse mais tenebroso e solitário. 

Me apoiei numa maca vazia, assim que minha visão ficou turva e eu não conseguia ver além do vermelho em minhas mãos e minhas roupas. Minha mente precisava de um minuto para aceitar tudo que estava acontecendo a minha volta. 

— Sakura... — Sua voz calma chegou até a mim, como um anjo que chega para consolar aqueles que estão desolados. 

Me forcei a andar em sua direção, olhando em seus olhos, naquele momento ele era a luz que levou embora a minha cegueira. 

Ele não se importou com a minha aparência derrotada, nem com o sangue pelas minhas roupas, apenas me abraçou. Aquele gesto de carinho na frente de todos me dizia que ele não se importava com o mundo a nossa volta, estava mais preocupado com o que estava acontecendo no meu interior. Naquele momento eu não precisei que ele me dissesse, eu me senti verdadeiramente amada e sabia que ele me apoiaria em todas as situações em que eu visse a morte a minha frente. 

(...)

As horas que vieram a seguir foram preenchidas com gritos, dor e agonia. A garotinha pertencia a família de uma das enfermeiras, a mesma que me fez parar com a massagem cardíaca. 

Ela se manteve firme, ignorando tudo que passava dentro do seu ser para ser o pilar dos seus pais naquele momento. Aquele tipo de força, colocar as pessoas amadas acima de si, é algo que eu realmente admiro. 

Sasuke me deu a liberdade de ter um minuto no terraço, mesmo com um olhar preocupado. Achei que estivesse sozinha, e pude respirar por um momento, isso até ouvir o choro de alguém. 

Me aproximei lentamente, então seus olhos chegaram até a mim, assustados. 

Pobre Ayumi, buscava sofrer longe de todos, assim como eu. Mas as nossas dores eram incomparáveis, ela acabará de perder a irmã.

— Sakura-sama, perdão, não sabia que estava aqui. — Ela diz enxugando os olhos. 

— Desculpe por atrapalhar seu momento. — Ela me olhava de um jeito estranho, talvez estivesse pensando que eu não tinha dado o meu melhor para salvar sua pequena irmã. — Sinto muito pela sua perda.

— Sakura-sama.. — Ela engoliu em seco, analisando minha expressão. — Posso ver que também está passando por um mal momento, mesmo sendo uma médica tão incrível, ainda sofre pelos seus pacientes.

— É algo inevitável para mim. — Ela faz um pequena reverência, mantendo seu olhar direcionado ao chão antes de começar a falar novamente. 

Arigatou gozaimasu… — Ela sorriu mesmo com lágrimas nos olhos. — Você não desistiu dela mesmo depois de seu coração parar, você ainda insistiu em tentar salvá-la. Seu coração é incrivelmente bom, ninguém teria conseguido tratá-la melhor, por isso, te agradeço. 

Eu fiquei totalmente sem reação, dificilmente as pessoas tinham uma reação tão grata. 

— Mas se posso te pedir algo, preciso de um tempo para me recompor antes de encontrar meus pais novamente. Poderia me dar um minuto a sós com a minha dor?

— É claro! — Me dirigi até a saída, deixando-a sozinha, juntando os próprios cacos do coração.

Quando nos reunimos todos na sala do kazekage, eu estava mais avoada do que nunca. Meu mal é pensar no que não consegui fazer e esquecer-me quase que totalmente do que consegui.

Meu olhar direcionado a janela ficava desfocado vez ou outra, a carga emocional na qual eu estava submetida naquele momento estava acabando comigo. 

— Sakura? — Senti o toque de Sasuke no meu ombro antes de dar atenção ao chamado de Gaara. 

— Huh? — Olhei para o ruivo, que me encarava de um jeito preocupado. 

— Sei que o que está passando não é nada fácil, mas precisamos falar sobre o restante da situação. Você está livre das suas obrigações, pode voltar a Konoha quando desejar, não posso exigir de você mais do que já fez. — Sasuke deve ter falado com ele.

Quando eu e Akira entramos nesta sala uma meia hora atrás, seus olhos ônix já se encontravam aqui, encarando o Kazekage de um jeito sério. 

— Não. — Respondi sem dirigir meu olhar a eles. — Não vou largar uma missão pela metade, estou ótima, só vou descansar quando descobrir quem está por trás dessa atrocidade. 

— Mas você tem que se cuidar… — Eu o interrompi.

— Por favor, não tente me dizer o que tenho que fazer. Sou uma mulher adulta, não uma criança que precisa que alguém a proteja. Vim até aqui com a intenção de acabar com esse desastre e é o que irei fazer, não se preocupe comigo. — Respirei fundo, antes de continuar. — Ela não foi a primeira pessoa que vi partir diante dos meus olhos, é óbvio que algo assim me afeta por ser humana e ter empatia por aqueles que estão sofrendo. Nós, médicos, temos um sentimento de proteção com relação aos nossos pacientes. Mas estou bem o suficiente para seguir com meu trabalho, não vou permitir que outra familia passe por isso. 

Suas expressões me diziam que eles estavam aceitando o que eu disse, mesmo com receio. 

— Tudo bem, confio em você e no seu julgamento. — Gaara assentiu, prosseguindo com o resto do plano. — Akira se ofereceu para nos ajudar em agradecimento a Konoha, o que vocês tem em mente? 

— O homem que me procurou não parece ser grande coisa. — Akira finalmente se pronunciou. 

— Então ele precisa de tempo para planejar seus passos, contanto que não seja notada aqui, podemos pegá-lo desprevenido. — O kazekage colocou a mão no queixo, desenvolvendo seus pensamentos. — Quem quer que tenha feito isso, deve estar nos observando, principalmente depois da chegada de vocês dois. Duas figuras tão importantes em Suna de uma vez só, isso deve ter feito ele ficar mais atento.

— O que você tem em mente? — Sasuke perguntou, julgando pelos olhares, eles pareciam ter tido uma ideia semelhante. 

— Sasuke me informou que você ainda não tem tanta experiência já que não conseguiu frequentar uma academia ninja.. Diga-me, Akira, você tem algum conhecimento sobre o Henge no Jutsu?


Notas Finais


Para aqueles que não lembram mais, uma breve explicação:

Henge no Jutsu: também conhecido com técnica de transformação, é usado para se transformar em outras ou pessoas, copiando perfeitamente a aparência, se escondendo, enganando os outros.

De 0 a 10, o quão vocês estão me odiando por todo esse sofrimento da nossa rosada? Eu não queria trazer apenas uma historia bonitinha onde tudo são flores, estou nessa vibe dark e cruel 😂

Vamos lá, me contem tudo que está passando pela cabecinha de vocês depois desse episodio de tristeza. Temos apenas (possivelmente) mais um ou dois capitulo para o fim da parte II, como vocês se sentem sabendo disso?

Beijinho de luz, da sua autora desajustada ❤️


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