História O rio nunca sobe - Visualizar.

- Pode trazer mais uma, por favor? 

Eu sempre amei beber destilados, mas demorei pra conseguir apreciar uma cerveja. Apreciar é uma palavra forte, mas eu bebo e acho bom. Que seja, tanto faz. Enfim, eu estava no quinto round com meus amigos em uma mesinha da nossa lanchonete favorita quando vi, de longe, uma mulher chegar no bar. Fiquei no mínimo 3 minutos observando o jeito que ela falava, se mexia, tudo parecia tão bonito. Sim, eu tava claramente alterada porque o jeito q ela ajeitava a coluna estava me deixando admirada. Mas o fato que mais me impressiona dessa noite é que quando vi já estava no balcão pedindo "O mesmo dessa moça  bonita, por favor.". O olhar semi serrado e o sorriso de canto que ela me lançou juntamente com uma franzida de testa já me diziam que mesmo com muito esforço eu ainda parecia patética e bêbada. Então aproveitei que já estava estava me expondo ao ridículo pra pedir o número dela. Afinal, o que é um peido pra quem já tá cagado, não é mesmo? 

- Desculpa estar sendo muito invasiva, mas qual o seu número?

- Oi?

- De celular, pode me passar?

- Ah, claro! Anota aí.

E eu anotei. Agradeci e voltei pra mesa com meu drink de algo com morango. Não consegui beber dois goles e senti uma enorme necessidade de ir pra minha casa, me despedi e paguei minha parte.

Finalmente em casa. Porta. Chave. Gira. Luz. Porta. Chave. Gira. Anda, anda, anda. Deita. Dorme.