Os boatos se espalham pela cidade, a pequena vila está se perguntando sobre o novo morador nobre. Fofocas se espalham rápido e nada se sabe ao certo, ele não falou com ninguém exceto um serviçal que passava pela rua. Sotaque do norte, perguntando aonde outra família nobre vivia. Um nível acima da família, isso só podia significar coisa ruim.
- Se seguir pela estrada ao sul chegará ao lago, de lá deve poder ver o casarão, devem estar descansando a essa hora. - O homem apenas agradeceu e continuou o caminho, levando a carruagem como se fosse o motorista, aonde já se viu tal ato vindo de um nobre.
Alguns dizem que talvez ele seja um farsante, fingindo ser nobre para pegar dinheiro dos mais ricos. Outros indicam que o jeito como ele falou apresenta sinais da nobreza como a gratidão por atos simples, talvez seja apenas alguém que está em maus bocados e veio passar alguns dias longe de problemas.
As pessoas observam o jovem através dos buracos no muro alto do casarão, ele é seriamente estranho. Pinta, observa, anota, fala sozinho. Coisas que um nobre nunca faria, pois seu único dever é aproveitar estes atos por outros corpos.
- Talvez tenha algum tipo de deficiência, deixado pela família para ser tratado. - Uma velha comenta, para as noviças que o olhavam com olhos de curiosidade.
- Ou seja um apreciador da arte como eu, pesquisando novos ares do sul para serem pintados por mãos experientes - Disse um escritor, com certo ar de orgulho.
- De qualquer forma a resposta vai vir amanhã - Um governante aparece - Ele irá para a escola com os filhos dos duques, sua inscrição foi feita hoje pela manhã, antes de sua chegada.
Todos estavam perplexos, um moço quieto como ele não sobreviveria uma semana naquela escola, então sua vinda estava programada? Por que motivo não foram informados previamente? Algo estava errado, mas ninguém sabe o que, afinal não sabiam de nenhuma notícia do norte.
Dentro da casa, havia uma grande confusão, empregadas corriam de um lado a lado com trouxas e travesseiros, algumas carregando colchões com 3 vezes o seu tamanho. A patroa estava com pressa por algum motivo, ansiosa com toda a situação. Todos sentiam muita pressão vindo da mulher que demorou 3 dias para fazer uma festa pelo nascimento de sua filha.
- Vamos, rápido, nosso convidado não pode se sentir desconfortável, temos sorte dele gostar do lado de fora. Mas temos pouco tempo para arrumar tudo. - Ela tinha uma expressão cansada, como se tivesse descoberto da notícia e não tivesse dormido desde então. - Onde está Laplace? Ele deveria estar conversando com o convidado.
Laplace aparece, um garoto de cabelos loiros, como toda a família, olhos azuis como os da mãe e uma pele branca com marcas de sol. Suas roupas claras de ginástica estavam encharcadas pela sua caminhada, ele fingia que não estava sem fôlego. Ao olhar a mãe nos olhos ele percebe que fez um terrível erro, saindo correndo até o jardim aonde o seu novo colega estava.
Ao chegar lá, já existia alguém conversando com ele, Eliza, sua irmã gêmea. Ela aparentava estar feliz, ria de todas as piadas dele, ele era realmente engraçado? Ou ela só estava sendo simpática? Mesmo que fosse o caso, ela não era assim normalmente. Ao se aproximar os dois rapidamente olham para ele, ela de forma arrogante e ele de forma instintiva, com um olhar penetrante analisando cada parte de Laplace.
- Boa tarde, bom clima para dar uma volta não é mesmo? - Laplace fala para tentar cortar o clima estranho.
- Sim, aqui é bem mais fresco que as montanhas do norte, com toda certeza - Ele parecia satisfeito com a situação, sem reação nenhuma no rosto - Eu me chamo Akarin, deve ser Laplace não é mesmo? Sua irmã me contou que você estava caminhando, não se preocupe com a demora - Akarin era alto, com pele clara que realçava seus olhos verde oliva e seu cabelo ruivo, com pontas escuras.
- Você tem sorte de eu estar por perto quando ele saiu da casa - Eliza mostra a língua para o irmão, uma cópia feminina de Laplace.
- Arakin, acho que eu tenho que te explicar algumas coisas sobre a escola não é mesmo? - Laplace parece nervoso sobre isso - Bom, é mais como algumas regras sociais, não tem nada haver com a escola em si. Mas você deve se lembrar delas. N.° 1 - Laplace começa a detalhar as regras e os motivos de você não poder descumprir elas. - A última regra, e a mais importante, não chegue perto de alguém com um risco no olho, se você fizer isso... nós não poderemos fazer nada para te ajudar.
- Entendi... - Arakin parece estar analisando tudo aquilo, não estava assustado pela forma como foi apresentado ou mesmo a expressão nos olhos de Laplace durante a última regra - Então, encontre seu grupo, fique nele e não mexa com ninguém.
- Se você quiser falar desta forma - Eliza não parecia ligar muito para as regras, pelo menos não tanto quanto o irmão.
Arakin olha para o muro - Tem muita gente aqui, posso ir para o meu quarto?
- Não sei do que você está falando, somos só nós 3 - Laplace olha para o muro e não vê ninguém.
- Eles estão atrás da parede... e fugiram - Arakin parece desapontado.
- Espera, os plebeus estavam no muro mais uma vez? Como você viu isso? - Eliza não conseguiu ouvir nenhum cochicho deles desta distância.
- Eu tenho bons ouvidos... - Arakin simplesmente se vira e começa a andar em direção a casa - Vocês vem? Quero comer algo.
Continua...
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