História O Sabor da Paixão - Distintos Encontros

Hanabi se levantou devagar do lugar, a conversa com Hinata a deixou totalmente desnorteada. 

Sentia verdade nas palavras de sua irmã, no entanto, ainda não tinha coragem para viver ali. Pensava na possibilidade de encontrar seu pai, e aquilo a deixava sem ar.

Agora, enquanto caminhava pelas ruas de Konoha, o vento levemente gelado atingindo seu rosto, a mente se perdeu naquela noite... a noite em que sua vida ruiu.

Pensar em tal momento, fez com que seus olhos se lotassem de lágrimas. Parou, respirando fundo. Viu diante de si, ali do outro lado da calçada, o salão em que tantas vezes foi em festas.

Seu pai era um empresário renomado, sempre sendo convidado para eventos, e sempre levava suas filhas com ele. 

Aquela noite não era uma exceção, podia ver através das grandes janelas que as luzes estavam acesas, havia também certo som saindo de seu interior, sem contar os carros parados em frente ao local.

Viu a porta se abrir, e dois homens descerem a escadaria de apenas alguns degraus. Os observou, mas não os olhava exatamente, estava perdida em suas memórias.

Do outro lado da rua, os olhos escuros do rapaz fitaram a moça de cabelos longos e castanhos escuros. Ele estreitou a visão, buscando em sua mente a leve lembrança, tinha a sensação de conhecê-la.

— Ebisu... - ele disse, esperou que o outro o olhasse com atenção - Espere um pouco por mim, sim?!

— Onde vai?

— Ali...

O outro o olhou curioso, mas sorriu ao vê-lo atravessar a rua, e seguir até a moça de sobretudo escuro.

— Hanabi? - ela o encarou, totalmente assustada, como se tivesse visto um fantasma - Lembra de mim?

— Eu... - ela o olhou com atenção - Kono... hamaru?

— Sim - ele sorriu.

De alguma forma, algo ele estava totalmente diferente. Talvez fosse o smoking que usava, o deixava tão elegante, que com certeza também o deixava diferente. Sem contar que a roupa da outra vez parecia ser para lhe camuflar entre as pessoas. Bem provavelmente era aquilo, já que ele era neto do prefeito.

— Achei que não fosse se lembrar de mim - Konohamaru disse - Achei que fosse de Amegakure.

— Não, eu sou daqui... - Hanabi disse aquilo, e as palavras lhe soaram estranhas, era estranho admitir que seu lugar era Konoha.

— Acabei de escapar da festa... - Konohamaru parou ao lado dela - Estão homenageando meu avô, sabe... é aniversário dele. Quer entrar?

— Oh não! - ela imediatamente se negou, envergonhada, sorriu sem graça - Eu estava só passando... preciso dormir.

— Quer carona? Posso mandar que a levem.

Ele era tão atencioso, mas ela não podia pensar que aquilo vinha com segundas intenções. Afinal, o que ele queria com ela?

— Não precisa, é perto daqui... posso e vou andando.

— Certo, desculpe. - ele ergueu ambas as mãos como se pedisse trégua - Só quis ser gentil.

— Obrigada... - Hanabi olhou para ele, mas rapidamente disfarçou, voltou a olhá-lo apenas alguns segundos depois - É só que... bem, não sei o que quer comigo... tenho que te dizer que não estou aberta para relacionamentos... não posso...

— Amizade? - Konohamaru sorriu interrompendo-a - Só amizade, Hanabi. É só que no dia em que a vi no trem, você me despertou muita curiosidade.

— Esqueça a amizade também, não vou ficar em Konoha, não quero criar laços aqui.

Ela viu Konohamaru passar a mão pelo maxilar, e sorrir novamente antes de colocar ambas as mãos nos bolsos.

— Todo mundo precisa de laços - ele tirou um cartão de seu bolso, oferendo-o para ela - Me ligue quando quiser conversar... ah... e eu preciso do meu lenço, é de estimação.

Konohamaru piscou um dos olhos para ela, enquanto olhava para os dois lados e atravessava a rua.

A Hyuuga segurou o cartão e o olhou com atenção, haviam informações sociais, além de um número de celular escrito a caneta. Olhou para ele, de costas seguindo seu caminho, com quantos cartões ele tinha aquele cuidado? Para quantas moças ele os entregava?

~~X~~

Hinata estendeu sua mão, as mãos de Hiashi tocaram a sua, segurando-a levemente, olhando de perto seu anel.

— É muito bonito, mas querida - Hiashi olhou para ela - você é uma Hyuuga, vocês têm que ter uma festa de noivado.

— Não papai, eu não quero - Hinata sacudiu negativamente sua cabeça, sentou-se direito no sofá - Da outra vez eu fiz um conto de fadas e me ferrei no final... desculpe.

Ela imediatamente pediu desculpas pelo "palavrão". Hiashi lhe fez um sinal, mostrando que estava tudo bem, ele soltou a mão dela.

— Mas, o casamento terá festa?

— Sim, papai, o casamento sim... Sei que o senhor gosta de bolo.

— Não conte para ninguém.

Hiashi sorriu, e de repente, ela se sentiu mal, lembrou-se de Hanabi e do segredo que estavam escondendo, o que ele faria se ela contasse naquele instante?

— Vai fazer mesmo a festa de Natal?

Ele disse, e rapidamente Hinata acordou do devaneio, sorriu como uma forma de disfarce.

— Sim, se o senhor liberar sua casa... Na verdade vai ser só a família... e o Naruto.

— Quer fazer uma família com ele, então sim, ele é da família. Resolva tudo, já que é invenção sua... vá lá em casa e escolha o cardápio, não tenho mais um pingo de paciência para esse tipo de coisa.

— Acha que é uma boa ideia?

Ela perguntou e imediatamente viu a expressão de curiosidade no rosto de seu pai, ele a olhou e passou a mão de forma lenta pelo maxilar.

— Claro que é... aconteceu alguma coisa?

— Por quê? - ela arregalou os olhos.

— Está me escondendo algo, o que é? Eu te conheço, Hinata.

A Hyuuga tentou disfarçar, tamborilou os dedos sobre a mesa, e mudou as pernas de posição, tinha de pensar em algo, e bem rápido.

— Estou escondendo o fato de já ter uma casa...

— Uma casa?

— Sim - aquilo pareceu dar certo - Naruto comprou de volta a casa em que morou com seus pais, ele me perguntou se eu por acaso teria algum problema em morar lá, e eu lhe disse que não. Gostei dela, é grande, arejada, bonita, e trás tantas memórias boas para ele - ela acabou sorrindo.

— E pensar que resolveram se casar, e tem até uma casa, e ele ainda não veio se apresentar formalmente... esse mundo anda moderno de mais...

— Pai... - Hinata sorriu - ele virá no natal. O senhor confia em mim, certo? Eu juro que dessa vez, escolhi o melhor cara para mim.

— Eu confio em você... - ele disse aquilo, mas a olhou de forma estranha - só não quero te ver da mesma forma novamente.

— Não vai - ela estendeu a mão e segurou carinhosamente a dele - não deixarei que nada e nem ninguém me atrapalhe dessa vez... ninguém.

~~X~~

Hanabi estacionou o carro alugado em frente ao hotel barato em que estava hospedada, havia juntado certo dinheiro depois de fugir de Kiba, e com ele, retornou para Konoha. Desceu do automóvel, e olhou o próprio reflexo na janela bem limpa. Ajeitou os longos cabelos castanhos, e se preparou para entrar.

Foi quando o celular começou a tocar. Ela parou, e abrindo a bolsa, procurou pelo aparelho, ao encontrá-lo, imediatamente o atendeu, ainda que fosse um número desconhecido.

— Alô? - falou enquanto andava.

— Você é muito burra de continuar com o mesmo número.

Ela congelou no mesmo instante em que ouviu, só podia estar louca, apertou o celular, e ficou muda... Só podia estar ouvindo coisas.

— Está em Konoha não é?

— Q-Quem é? - sussurrou.

— Ah, como assim que é? Não reconhece a voz do seu amor? Um ano, e já se esqueceu de mim?

— Não sei quem está falando... - fez menção de desligar.

— Não ouse desligar esse telefone, Hyuuga Hanabi! Eu sei que você está em Konoha, e sei onde você está morando. Agora me diga, já falou com a sua irmã?

Hanabi ouviu a risada irritante do outro lado da linha, a risada que lhe trouxe um milhão de lembranças ruins, sarcástica e impertinente... definitivamente era ele.

— Você está me confundindo com...

— Ora, se poupe, eu sei que é você. Não faça um papel tão ridículo.

Ela ficou em silêncio, negar adiantaria? Hanabi fechou os olhos, enquanto tentava pensar em alguma saída.

— De qualquer forma, só queria te avisar que vamos nos ver em breve. Espero que fique empolgada com isso, e que minha carteira esteja bem guardada... você merece levar umas palmadas, sua danadinha. Vou definitivamente gostar de fazer isso quando voltarmos a nos encontrar...

Ele simplesmente desligou. Hanabi olhou para a tela do aparelho, e não acreditou naquilo... como ele podia tê-la encontrado? Ela não veio para Konoha diretamente, antes ela passou por várias cidades... Aliás, ela não pretendia ficar em Konoha, já tinha falado com Hinata, e apesar de querer pedir perdão para Hiashi, ela teve certeza que ali, não era mais seguro... Tinha que ir embora de Konoha.

~~X~~

— Espera... me deixe ver se entendi... - Naruto a olhou, curioso - você viu sua irmã, e terá uma festa de Natal?

— Basicamente... - Hinata respirou fundo - Uma coisa de cada vez. Eu vi Hanabi, e fiquei um pouco chocada com isso... ela não está mais com ele.

— E por que não?

— Ele... - ela olhou para as próprias, mãos, as apertou - ele bateu nela, mais de uma vez.

— Quê? Te traiu, levou sua irmã, te deixou no fundo do poço e ainda bateu na garota?!

Hinata o viu franzir o cenho enquanto ditava as ações infelizes de Kiba. Naruto lhe pareceu realmente revoltado.

— Ao que parece, ele realmente não presta...

— Parece? Hinata, esse cara é um verdadeiro filho da mãe! Você poderia ter virado o saco de pancadas dele.

— Eu sei, e estou realmente preocupada com a minha irmã... não sei se está segura aqui.

— Estou preocupado com você, isso sim! Se ela está aqui, ele também está!

— Você acha?

— Não duvido... - ele se aproximou, segurando a mão da Hyuuga - Sua irmã o denunciou?

— Não - Hinata balançou a cabeça - Naruto, Hana está com muito medo dele, ainda... não acho que tenha coragem de fazê-lo. Sem contar que quando fugiu, ela o roubou...

— Roubou o quê?

— A carteira... dinheiro, cartões, documentos... levou tudo - Hinata sorriu - Hanabi sempre foi corajosa, e isso é realmente pouco, em vista do que ele a fez passar.

— Também não entendo porque esse alarde todo, se você ficar muito perto dela, vai eventualmente encontrá-lo...

Hinata o olhou, o analisou naquele instante, viu o rosto do loiro com um semblante irritadiço.

— Você está com ciúmes?

— Não... - ele disfarçou, mas olhou para ela - Não exatamente...

— Naruto, mesmo se ele se rastejar, Kiba não tem nenhuma chance comigo. Aliás, duvido muito que ele faça isso... - ela respirou fundo - estou mesmo preocupada com Hanabi, ela está sozinha...

— Me desculpe se fui idiota - ele segurou a mão dela - vamos arrumar um jeito de ajudar sua irmã... isso, se ela aparecer novamente, é claro.

— Eu espero que apareça, e que aceite ajuda... quero muito contar para o meu pai.

Hinata se perdeu pensando naquilo, tentou imaginar qual seria reação de Hiashi quando soubesse que Hanabi estava em Konoha.

Naruto imediatamente a puxou com leveza, abraçando-a. Ela se aconchegou em seus braços, observando a vista de Konoha pela janela de seu pequeno apartamento. Ao menos, estar com ele a acalmava, Naruto parecia ter o jeito certo, a fórmula mágica para fazer seu coração bater no ritmo normal.

— Não se preocupe, Hina. Deixe que sua irmã resolva o momento de contar para ele, deixe que ela seja adulta, e arque com as consequências de seus atos.

Ela se afastou apenas o suficiente para olhá-lo com atenção, os olhos azuis de Naruto cruzaram com os dela, e ele lhe sorriu.

— Você tem razão - ela lhe retribuiu o sorriso - Você sempre tem razão.

— Isso é bom - Naruto levou sua mão carinhosamente até o rosto dela, os dedos acariciaram sua pele - É muito bom saber que você acha isso de mim.

— E por que não acharia? - se aproximou dele, encarando-o de perto - Você pode me beijar agora?

— E por que não beijaria?

Naruto aproximou seus lábios dos dela, ainda sorrindo. E quando os tomou para si, teve uma Hinata totalmente entregue. Provou de seu beijo enquanto a abraçava, os sentidos respondendo à ela.

Amava Hinata, e odiava o fato dela estar em constante montanha russa de sentimentos.