História O Sacrifício Haruno - De Volta a Konoha

Isto não é nada

Nada além de uma cidade do adeus

Estas ruas só estão me deixando para baixo

Preciso encontrar um jeito de sair

Desta cidade do adeus

(Goodbye Town-Lady Antebellum)

- Adivinha uma coisa verde? - Mamãe perguntou quebrando o silêncio.

Meu pai fingiu pensar.

- Hummm... Árvore? 

- Nossa como você é esperto Kizashi! - Ela riu e ficou séria de novo - Adivinha uma coisa... Com tronco?

- Querida essa é difícil! - Ele olhou pelo retrovisor - Sakura ajuda o papai.

- Kami me leva - Resmunguei baixinho.

De baixo de uma grande camada de folhas e escondida entre árvores gigantescas como pinheiros, existe um lugar chamado Konoha. Estou me mudando pra lá junto com meus pais Kizashi e Mebuki Haruno. Eles são escritores, então precisam de "novos ares" para ter inspiração e escrever seu novo livro chamado "caminho das árvores-parte 2".Que criativo.

Nome ridículo. Eu sei. Mas por incrível que pareça tem gente que compra, tanto que foi eleito um dos dez melhores livros lançados em 2015 pela revista People do Japão.

Essa é a nossa vida; um livro de ficção científica terminado, mais um capítulo novo na nossa vida real; Brasil, Estados Unidos, Inglaterra... Alguns lugares nos quais tinha morado durante 16 anos.Éramos como ciganos, não me incomodava de viver assim, mas eu tinha feito bons amigos na Austrália e até tinha conhecido um cara bonito que estava super afim de mim, então dessa vez eu tô muito chateada com a mudança.

- Chegamos - Kizashi anunciou parando o carro - Lar doce lar.

A razão pela qual meus pais tinham resolvido vir pra Konoha era por causa vovó Haruno(porque eles podiam achar planta em qualquer lugar do mudo né?). Ela tinha se mudado para o centro da cidade e resolveu nos dar a casa da floresta enquanto meus pais estivessem escrevendo.Era um lugar isolado pra caramba! Mas bem conservado por sinal, cercado por uma campina havia o lugar feito de pedras claras e maciças, as janelas eram bem grandes de vidro e iam até o teto nos deixando ver o que tinha lá fora e aqui dentro.

- Verde,muito verde - Reclamei olhando a sala com lareira e várias cabeças de animal dependuradas na parede do canto -Mórbido.

De repente a luz invadiu o espaço me deixando brevemente cega.Alguém tinha aberto as cortinas de veludo.

- Tenho boas lembranças daqui - Mamãe colocou as mãos na cintura como se sentisse orgulhosa - Sabe, eu costumava a brincar por essa floresta todos os dias com o seu pai.

- Mãe você não acha que já eram meio grandinhos pra ficar brincando de pique esconde?

- Mas não era esse tipo de brincadeira se você me intende.

- Eca!Me poupe dos detalhes.

Ela me olhou e eu retribui com um dar de ombros e meio sorriso.Eu fazia o favor de demonstrar minha insatisfação com essa mudança desnecessária.

- Por que não vai ver o seu quarto? - Ela sugeriu vindo até a mim e me dando um beijo na testa - Talvez melhore essa sua cara feia.

- Cuidado que sua testa fica realmente  marquise quando fica brava - Meu pai surgiu imitando minha expressão irritada - Também ouvi que isso dá rugas.

- Tentar me animar é inútil, to bem triste com vocês - Falei saindo de lá e subindo as escadas.

Normalmente não era assim tão rude com eles,mas é tudo culpa deles.

Eu já conhecia o lugar com a palma das minhas mãos,vinha aqui todo verão quando era pequena e me escondia nesses cômodos imensos enquanto brincava com avô Haruno.

Meu quarto era o último do corredor.Entrei nele vendo que pintaram com minha cor predileta; rosa claro e uma parede de vermelho, minha cama era de casal e meus bichinhos de pelúcia estavam nas prateleiras junto com meus cd's e prêmios de primeiros socorros da minha antiga escola.Na parede tinha fotos da minha infância e dos colegas que acumulei pelos lugares onde vivi.Me joguei na cama bufando. Poxa, quando eu ia encontrar o meu lugar?! Quando ia poder finalmente criar raízes e me instalar de vez em um canto só?!Precisava fazer dezoito anos logo!

Senti o celular vibrar no bolso da minha calça e peguei sem me dar ao trabalho de verificar a tela.

- Alô? - Atendi limpando algumas lágrimas com a manga da blusa de frio.

- Florzinha?

- Oi vovó - Consegui sorrir - Sou eu.

- Oh meu bem você está chorando? - Ela parecia aflita. 

- Não eu só... - Fechei os olhos com força - Tentando me restabelecer.

- Espera um minutinho querida - A voz da vó Haruno sumiu da linha por alguns instantes, parecia abafada e conversando com alguém do outro lado da linha - Voltei ham... Meu bem você pode vir até a casa da vovó? Tem alguém aqui que quero que você conheça. 

- Mas vovó eu acabei de chegar.

- Sakura, obedeça os mais velhos! - Ela disse como se tivesse me pegado roubando os biscoitos do forno antes da hora - Estou esperando.Beijinho.

 Mas que merda? Jura que ela desligou na minha cara?Quem ensinou ela a usar tecnologia?

Encarei a tela do telefone por alguns minutos e refleti sobre o que deveria fazer.Bem,chorar não ia me levar a nada,ficar trancada aqui dentro também não;fazer uma visita a vovó talvez melhorasse meu humor.Resolvi acatar as ordens dela, meus pais iam querer que eu ajudasse na mudança que e Sakura não estaria lá pra ajudar.Ia pirraçar eles. 

Desci as escadas com pressa colocando o casaco de frio antes de procurar as chaves do carro na mesa de centro.

- Sakura aonde você vai? - Mamãe perguntou enquanto passava carregando algumas caixas.

Olhei pra ela com um sorriso inocente.

- Vou a casa da vovó.

Então coloquei o capuz vermelho e me dirigi ao coração de Konoha.