Um estrondo fez com que eu acordasse do mundo em que estava. Isso ainda por cima derrubou meu mundo.
Queria ser como os passáros para pegar a sua família e partir, para longe dos problemas e da confusão. Mas acho que não seria uma boa idéia, do jeito que eu sou seria o patinho feio ao lado dos gansos.
Segundos antes do meu mundo cair, pude ver meu irmão sorridente no carro, dando leves batidas na lataria da porta do motorista. Ele está a chamar minha mãe, outra sorridente caminhando até lá.
Agora tudo isso parece um sonho, distante e feliz.
Acordo com um leve zunido no meu ouvido esquerdo. Seria melhor checar e é isso que faço, levo a mão até o ponto da minha dor e tons vermelhos fortes preenchem minha mão. Estou sangrando. Estou machucada.
Tudo bem! Tenho que ficar calma, tenho que encontra os outros.
-Hei! Tem alguém aí?- não consigo ouvir nada, pode ser porque não tem ninguém ou simplesmente porque não escuto nada, metade da minha audição está danificada.
Tem poeira e telhas para todo lado. Elas não deveriam estar no chão.
Gritos abafados e pessoas que não estão machucadas correm por todo lado.
Quero chorar, quero gritar pelo meu irmão, mas não posso! Não posso ser uma garotinha assustada. Tenho que agir.
-Mãe!Mãe!- chamo seu nome várias vezes e ela responde por gritos de dor.
-Mãe! O que aconteceu?- Tusso ao tentar sacudir a poeira e os escombros para enxergar ao meu redor.
Sangue. É isso que está acontecendo. Sangue jorrando da perna da minha mãe.
Sinto enjoo ao ver aquela poça vermelha escorregando para onde deveria ser a calçada.
A porta da garagem está em cima da sua perna, a única coisa que ainda a mantém viva.
-Por favor querida...Me ajude…!- ela suplica com todas as suas forças.
-Eu..Não consigo..a porta…- balbucio procurando as palavras certas. As que dizem que eu não posso salvar a minha própria mãe.
Pontos pretos borram minha visão. Não, não posso desmaiar. Ao menos não agora.
Pequenos caminhos molados se formam no rosto da minha mãe, as lágrimas estão limpando a sujeira dos destroços que a fazem parecer mais velha.
Preciso encontrar um jeito.
-Vou procurar outros…- me afasto e sinto como se estivesse me despedindo.
Ando apenas alguns passos e me deparo coom um corpo debaixo de um pedaço de uma parede. Morto, ele está morto.
Minha mãe vai ficar bem e não vou ter que ver alguém morto novamente tão cedo.
O sangue das ruas suja meu sapato e se torna uma gosma mórbida.
A casa está destruída e não sei qual ajuda estou procurando. Um médico talvez?
Só um milagre nos salvaria agora.
Meu irmão saberia o que fazer, mas não o encontro em lugar algum. Na verdade nem tenho certeza se quero o encontrar.
Volto para onde minha mãe está de mão abanando, me sinto culpada, mas quando me vê ela sorri.
-Não tem problema…- ela parece saber que me sinto ruim.- Pelo menos não estou sozinha.
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