parte II
Seu elefante, minha caverna
♕
A Baronesa, apesar de parecer muito convicta na noite anterior, amanheceu angustiada pela possibilidade de sua chantagem dar errado de alguma forma. Mas todo seu tormento desapareceu ao pisar na sala de estar naquela manhã.
Se sua vontade era mal conseguir caminhar pelo cômodo, como havia dito à Sua Alteza, não teve nada que impediu Hendery de acatar o pedido. Decerto, o medo falou mais alto e ele encomendou buquês de flores suficientes para encher completamente a sala da casa do Barão. Eram magnólias rosas, aquelas que a moça gostava porque tinham semelhança com as flores de cerejeira.
Um cartãozinho dourado, com o selo real no verso, destacava-se entre as flores. “As cerejeiras ainda não desabrocharam”, ela leu a mensagem num sussurro. Sorriu. Ah, Hen, se continuar assim, vai ser um prazer chantageá-lo.
— E essas flores? — Seus olhos pousaram no buquê de margaridas que jazia solitário sobre a mesinha de canto, perto do chaise esverdeado. — São para quem?
— Para a Senhorita, claro. — Sua dama de companhia aproximou-se, de cabeça baixa, para informá-la.
— Para mim? — A Baronesa caminhou com dificuldade entre as magnólias pelo chão para alcançar o cartão branco entre as margaridas.
“Provavelmente, margaridas não são suas preferidas. Sinto muito. Mas é que não sei muitas coisas sobre a Senhorita. Adoraria descobrir, se me permitir.
Com mais sinceros sentimentos,
Dejun”
Dejun, ela repetiu o nome mentalmente. Ele finalizou com "Dejun'', e não “Duque”. Aquilo significava muito, não é? Por que usar logo o próprio nome quando poderia ostentar o título? Evitou pensar muito sobre isso. Talvez fosse só um equívoco. No fundo, rezava para que fosse somente um equívoco.
Preferiu ocupar a mente com os volumes envelhecidos que tinha de Shakespeare nas prateleiras da biblioteca. Ao pôr do sol, pediu para sua dama de companhia enviar um bilhete ao Príncipe. “A Associação de Damas e Cavalheiros promoverá um piquenique neste domingo. Esteja lá”, escreveu com a pena, em letras largas. Abriu novamente o exemplar mais queridinho que tinha do autor inglês e terminou o dia com as palavras mágicas e burlescas de “Sonho de uma Noite de Verão”.
No domingo, na hora determinada pelo convite (lá pelas duas da tarde), a Baronesa partiu em sua carruagem até a sede da A.D.C. Bem ao lado do prédio de estrutura antiga, a grama verdinha e recentemente desbastada, foi palco da segunda ocasião da temporada social. Gazebos com cortinas brancas foram construídos para acomodarem as diversas famílias sob o sol escaldante. Era fácil de ver qualquer outro tipo de atividade sendo exercida — alguns pintavam, liam, fofocavam, pescavam ou simplesmente caminhavam ao redor do lago atrás do prédio.
A Baronesa não tinha um gazebo exclusivo, feito as outras famílias. Estar ali, naquele piquenique já era muito, visto que seu pai não contribuía mais para a Associação e estava, claramente, falido (além de nem mesmo dar mais as caras na rua, ou sequer sair do próprio quarto). A jovem teve que choramingar por um convite na carta que escreveu à esposa do presidente da A.D.C. Pelo bom Senhor, seu pedido foi deferido. Então, lá estava, encostada numa das árvores altas no gramado, acompanhada de sua fiel dama de companhia, enquanto aguardava pelo Príncipe.
Quando suas pernas começaram a ficar doce de tanto tempo que passou de pé, Hendery deu o ar da graça. Vestindo-se inadequadamente — sem o paletó; o colete azul marinho com alguns botões mal abotoados; o colarinho baixo e amassado; e as botas por amarrar —, ele se aproximou da moça para cumprimentá-la.
— Sua roupa parece que acabou de sair da boca do boi. — A Baronesa comentou, sem hesitar uma palavra.
— Hmpf. — Grunhiu, cerrando os lábios. — E a sua parece a da minha avó.
Ela respirou fundo. Tinha certeza que Hendery estava dormindo até pouco tempo antes de chegar e foi acordado às pressas por algum criado e só teve tempo de colocar a roupa no corpo.
— Convide-me para dar uma volta. — Ela disse, sobre os ombros, fazendo pouco caso.
Ele franziu o cenho.
— Certo… — Resmungou afirmativo. — Quer… dar uma volta?
— Vejamos… — Pousou a ponta do indicador no queixo, fingindo estar pensativa.
Hendery colocou as mãos ao redor da cintura. Ela se achava um bobo da corte para ficar fazendo gracinhas?
— Ah, vamos sim. Seria um prazer, Vossa Alteza.
A dama de companhia da Baronesa ficou alguns passos atrás do casal de amigos enquanto eles caminhavam pelo gramado, em direção ao lago. Os olhares curiosos e espantados de todos ao redor ostentavam o quanto aquele singelo passeio tinha acabado de se tornar a nova fofoca quente da semana.
“Mas o Príncipe não estava com aquela moça exótica no baile de sexta?”
“A Baronesa?! O que ele viu nela?”
“Será que estão mesmo cortejando?”
“Ele sabe que ela nem mesmo um dote decente tem?”
A jovem sorriu ladino, deliciando-se com o ciúmes que borbulhava dentre os corpos esguios das três filhas da Senhora Jung, que a observavam. Julguem meus rubis agora, meretrizes.
— Não estou gostando disto — a voz de Hendery fez-se presente num determinado momento. —, estão todos olhando para mim.
— Para nós. — Ela corrigiu.
— Que seja.
— Vai ter que se acostumar. Vamos nos casar no final da temporada.
— Ainda bem que mencionou isso. — Ele sorriu. — Estava mesmo querendo discutir esse assunto contigo.
— Não há nada para se discutir, Hendery. Já esqueceu? Estou te chantageando, não negociando.
— E já parou para pensar sobre como nossa vida vai ser?
Ela desviou o olhar por um segundo. O quão ruim a vida luxuosa de uma princesa poderia ser?
— Não sei se sabe, mas — o Príncipe estalou a língua, cruzando os braços sobre a barriga, pronto para despejar seu contragolpe. — se vamos nos casar, teremos que consumar esse matrimônio. E tenho certeza que sabe exatamente o que digo com “consumar”, não sabe? — Seu sorriso tornou-se carregado de malícia.
A Baronesa engoliu em seco. Parou repentinamente a caminhada, em frente ao lago, e acenou com a cabeça para que sua dama de companhia se afastasse mais um pouco dos dois.
— É claro que sei. — Rebateu.
— Ah, é?
— Sim. Claro. Óbvio.
— Então, explique-me. — Hendery desafiou, arqueando uma das sobrancelhas.
— Ora, e Vossa Alteza já não sabe? Precisa que eu explique?
— Só estou querendo confirmar sua convicção.
Ela deu de ombros. Se ele pensava que ela era uma mera debutante sem instrução alguma, estava muito enganado.
— É um processo muito simples, na verdade. — Ajustou o xale sobre os ombros, tampando o colo, e começou.— O que você tem… — Abaixou o tom de voz. — Dentro das calças precisa se encontrar com o que eu tenho por baixo da saia.
Hendery mordeu os lábios, tentando conter uma gargalhada. Era esse o tipo de instrução que ela tinha? Ou era apenas tímida demais quanto ao assunto?
— Acho que precisa ser mais específica. Não compreendi.
A Baronesa suspirou, franziu o cenho. Não soube exatamente por que, mas continuou falando sobre aquele assunto tão… indecente.
— Tem uma metáfora. — Pausou. — Li num dos livros na biblioteca do meu pai. Diz que… Como é? Ah! Diz que o que os homens têm-, não, o que os homens carregam é como um elefante, tem duas orelhas e uma tromba; já o que as mulheres escondem sob o vestido, é como uma caverna, profundo.
— E a Senhorita acha que vai ser capaz de permitir que meu elefante encontre abrigo em sua caverna?
A pergunta fez a moça pigarrear alguns instantes. Se tivesse que ser honesta, “Não”, é o que diria. Estava tão preocupada em salvar a família da pobreza que nem se deu conta que, além do dinheiro real, outras coisinhas também viriam com o matrimônio. Encontrou-se, então, extremamente assustada com a possibilidade de ter que ser a mãe dos filhos de Hendery.
— Acho que deveríamos mudar de assunto. — Deu de ombros, voltando a caminhar pela orla do lago.
Ele apertou o passo para acompanhá-la.
— Mas temos que conversar sobre isso, ora. — Insistiu. — Se for um fardo para a Senhorita, talvez seja melhor não nos casar-
— Vossa Alteza, entenda uma coisa de uma vez por todas — o cortou, falando sobre os ombros, sem olhá-lo. — Não há nada neste mundo que me impedirá de casar com o Senhor. Nada. Absolutamente, nada. — E voltou a passear.
Hendery cerrou os punhos. Um sentimento de intensa cólera borbulhou em suas veias. Se não havia nada que a impedisse de se casar, também não haveria nada que o impedisse de evitar aquele casamento. Nada. Absolutamente, nada.
[...]
— Senhorita? — A dama de companhia começou a retirar o lençol claro que cobria o corpo da Baronesa, ainda adormecida sobre a cama.
— Ãn? O quê? — Murmurou de volta. Não sabia ao certo que horas eram, que dia, que semana. Quem tinha inventado essa coisa de acordar cedo mesmo?
— É melhor levantar logo — o tom da criada era de cautela. —, o cocheiro do Príncipe está lhe aguardando lá embaixo.
— O cocheiro? Do Príncipe?
— Sim, sim. Ele lhe enviou este bilhete. — Tirou o papel dourado, com o selo real carimbado no verso, para fora do bolso do vestido, entregando à Baronesa.
“Venha me encontrar para o desjejum,
como amiga.
Com amor,
Hen”
Não recusou o convite, claro. Ninguém em sã consciência recusaria um convite de Sua Alteza. Trocou-se com a ajuda da criada, colocando o vestido de cintura alta e tecido fino azul pastel, e o chemisette claro para cobrir o colo. Entrou na carruagem e partiu ao encontro do amigo.
No corredor, a caminho da biblioteca, porém, uma figura conhecida chamou sua atenção. Era o Duque. Ele caminhava em sua direção, embora não estivesse ali para vê-la. Impecavelmente bem vestido, escondeu as mãos para trás do corpo ao se aproximar da moça. Um sorriso de genuína felicidade tomou conta de seus lábios finos. Após cumprimentarem-se, não evitou questionar:
— Recebeu minhas flores?
— Sim. Lindas. Linda margaridas eram.
— Pensei em enviá-la outros tipos de flores até acertar suas preferidas, mas acabei descartando a ideia. — Abaixou o olhar. — Me ocupei demais com os assuntos do ducado esses dias, sinto muito.
— Não há por que se desculpar. — Ela foi rápida ao retrucar.
Dejun sorriu ainda mais.
— Mas se me disser de qual tipo mais gosta, poderei enviar-lhe um buquê todos os dias daqui para frente.
A Baronesa comprimiu os lábios. Deveria dizer para ele? Dar a ele a oportunidade? E aquele “Dejun” com o que finalizou o bilhete nas margaridas? Não seria pessoal demais? É claro que era pessoal demais — e não deveria ser assim.
— É sua primeira temporada, Vossa Graça? — Ela mudou o tópico assim que um assunto surgiu em sua cabeça.
— Sim, é.
— E já está cortejando alguma dama?
Dejun umedeceu os lábios em meio ao sorriso.
— Sim, estou. Uma bela dama, diga-se de passagem.
Ó Deus, por aquele riso no rosto, era óbvio que ele estava falando dela.
A Baronesa calou-se novamente. Tentou ao máximo arranjar um outro tópico para a conversa, mas parecia uma missão impossível. Graças aos céus, Hendery abriu a porta da biblioteca, com cara de poucos amigos, acenando para que a moça entrasse logo.
— O que ele queria? — A pergunta do Príncipe, assim que eles adentraram a biblioteca, representava perfeitamente seu incômodo com a cena que tinha acabado de presenciar.
— Falar sobre o ducado. — Ela mentiu. — Olá, Ten. — Cumprimentou brevemente o rapaz jogado sobre o chaise dourado enquanto lia um livro com seus óculos pince-nez.
— Baronesa. — Chittaphon acenou com a cabeça, em resposta.
A mesa para o desjejum já estava posta, cheia, com variados quitutes para uma fortificada refeição matinal, embora já estivesse mexida. Dois pratos e duas xícaras de porcelana estavam sujas, empilhadas no canto da mesa. Ele não estava me esperando para o café?
— Você me enviou o bilhete, e eu vim. — Sorriu, sentando-se à mesa. — O que deseja, Alteza?
— Uma partida de xadrez? — Apontou para o tabuleiro com as peças, sobre o aparador de madeira escura.
A jovem franziu o cenho.
— Muito improvável.
Hendery cruzou os braços sobre a barriga, sentando-se na poltrona, de frente para Chittaphon.
— Olha, não vai dar. — Resmungou. — Não vai dar certo esse negócio de casamento. Eu não sou seu partido ideal. Não fui feito para isso. Sou só um pobre príncipe. Pobrezinho. Nem sei valsar.
Ela desviou o olhar para as torradas na mesa. Era melhor desfrutar da comida abundante do palácio em vez de se preocupar com Hendery e sua incrível habilidade de fazer drama — tal competência que ele sempre teve aptidão, desde pequeno. De fato, parecia não ter mudado nada com aqueles quinze anos no mediterrâneo. Pobrezinho? Uma ova!
— Por que está tão relutante com esse assunto do casamento? — Deu de ombros. — Não pareceu muito contra a ideia quando me enviou todas aquelas magnólias rosas no sábado.
O Príncipe arregalou os olhos.
— Magnólias?! — O tom de voz estava elevado. — Mas eu não enviei flor nenhuma para sua casa.
Ela riu, provando um pouco da torrada.
— Vamos, Alteza, não precisa teimar. Não está tendo muitas opções mesmo.
— Mas eu não enviei nada. Eu juro. Não enviei. Nunquinha que haveria de enviar. De jeito nenhum. Não enviei. — Disse, de pé junto, articulando com as mãos.
— Se não foi o senhor… — Estreitou os olhos, que, involuntariamente, foram parar em Ten.
— Chittaphon… — O tom do Príncipe era uma mistura de fúria, desapontamento e surpresa.
Ten sorriu brevemente, sem mostrar os dentes. Fechou o livro e ajeitou o corpo sobre o chaise.
— De nada. — Foi tudo o que disse (o suficiente para que Hendery levantasse da poltrona com o punhos elevados, pronto para uma briga que, se tivesse acontecido de verdade, não ganharia nem se Jesus voltasse à Terra).
— Deveria ter deixado você com os otomanos.
— Ah, pare Hendery! — Ten revirou os olhos. — Eu te fiz um favor.
— Favor?! Não consigo entender como isso foi um favor, desculpe.
— Não tem outra opção, de qualquer jeito. Vai ter que se casar com ela, Alteza.
A Baronesa sorriu de orelha a orelha, erguendo a xícara com chá, num cumprimento ao rapaz, antes de tomar um gole da bebida. Tinha, ali, acabado de encontrar um aliado?
— Olha aqui — o Príncipe reduziu seu tom para murmurar somente aos ouvidos do amigo. —, a gente tinha um acordo.
— E agora — Ten devolveu na mesma altura. —, temos uma chantagem, Alteza.
Hendery chacoalhou o corpo numa crise de frustração. Deu três pulinhos, infantilmente, sem sair do lugar e deixou a biblioteca, feito agia quando criança.
As risadas que tomaram conta do ambiente demonstravam o quão “preocupados” Chittaphon e a Baronesa ficaram com o estado de Sua Alteza. Era só birra, nada de mais.
— Ele vai se acalmar. — Ela disse, após cessar-se o riso.
— Vai, sim. — Ten sentou-se à mesa junto da moça. — Acho que vai ser uma boa ideia. Digo, esse casamento.
— Acha?
— Sim. Hendery precisa de um pouco de responsabilidade. Ele não te contou?
— Contou o quê?
— Sobre a reunião que teve com a Rainha. — Tirou os óculos do rosto, repousando-os sobre o livro em suas mãos. — Ela quer que ele assuma o trono. Imediatamente. Inclusive, ele voltou de viagem só para isso. Precisava ver — riu. —, quando a tropa real aportou no cais de Constantinopla, Hendery saiu correndo. Fui eu quem buscou ele.
Ah, então o Príncipe estava sendo obrigado a assumir o trono? De certa forma, já era de se esperar tal pressão por parte da Coroa, visto que o Rei estava morto há um tempo e o Parlamento recusava as três princesas, irmãs legítimas de Hendery, como governantes. Seu amigo era o único filho homem, não bastardo, na linhagem, e todos sabiam o quanto a Rainha queria se livrar daquele período de regência, sob as ordens do ganancioso General Bridgerton. Mas o Príncipe, obviamente, não estava nada contente com a ideia de ser o novo monarca.
Hendery sempre foi um espírito livre. Nunca gostou das aulas de etiqueta, das lições sobre dança ou de qualquer assunto ligado à política. Entretanto, era só colocar um mapa ou um navio de papel na frente dele que seus olhos brilhavam como dois diamantes recém polidos. E, pelo visto, naqueles quinze anos fora de casa, sua paixão pelas aventuras e seu ódio pela monarquia aumentaram proporcionalmente.
Decerto, casar-se seria um tiro no pé. Afinal, assumir uma família era uma grande responsabilidade, especialmente perante ao reino, e tudo que menos desejava era ser reconhecido como a opção mais adequada para governar.
Hm, talvez a Baronesa estivesse sendo egoísta demais quanto àquela situação.
Não. Claro que não. Hendery era só um bobo imaturo, enquanto ela estava tentando salvar a família da miséria (se não quitasse as dívidas do pai, perderia tudo).
Ficou um tempo a mais jogando conversa fora com Chittaphon na biblioteca. O rapaz era extremamente simpático e cortês, sabia se comportar melhor à mesa do que o próprio Príncipe. Descobriu que ele era um aventureiro sem igual, que já foi monge budista e comandante de uma casa de meretrício. Tinha sido preso pelos otomanos nos limites de Bagdá por furto quando conheceu Hendery, na masmorra do castelo. Escaparam da prisão e fugiram para Constantinopla.
Quando a tarde começou a esquentar, a Baronesa despediu-se do rapaz. Se tinha uma coisa que precisava fazer, antes de retornar para casa, era passar no mercado central. O centro da província era o palco principal das maiores fofocas, o local indispensável para quem queria comprar verduras e falar sobre a vida alheia.
— Vá dar uma volta pelo mercado — a jovem pediu à criada. — e aproveite para dizer para todas as suas amigas que o Príncipe me enviou uma porção de magnólias e disse a palavra “casamento” cinco vezes enquanto passeávamos pelo lago.
Sorriu. Pronto, estava feito. Tudo armado. Agora seria o maior assunto da temporada. Tudo o que difamaram sobre a reputação de sua família cairia por terra. Já até podia imaginar os comentários.
“Já soube? O Príncipe vai se casar com a Baronesa”.
“Ele disse que morre de amores por ela”.
“Ouvi dizer que Vossa Alteza mandou duas mil rosas vermelhas para a casa do Barão”.
“Ela nem mesmo tem um dote, então, por que o Príncipe se apaixonou?”.
Fechou a porta da carruagem e inclinou a cabeça sobre o estofado. Sorriu. Sua vida parecia tão doce. Arriscaria dizer que nunca viveu momento mais nectarino.
O dia seguinte, caro leitor, seria ainda mais adocicado: a Baronesa amanheceria com uma fila de carruagens com rapazes de todo canto da província dispostos a duelarem por sua mão.
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