Kai levantou os pesos mais uma vez.
-Põe mais cinquenta.
-Que?
-Sehun, bota mais cinquenta nesse porra.
-Você vai quebrar seus braços.
-Eu aguento.
Sehun respirou fundo pegando os pesos e adicionando nas barras.
-Se essa merda cair na sua cara, eu não me responsabilizo por pagar o veterinário.
Kai sorriu em ironia, respirando fundo, levantando a barra.
-Cara, eu sou o veterinário.
-Uuu.
Kai era incansável. Levantar cento e quarenta quilos não era fácil. Sehun se afastou de olhos arregalados, observando a sequência de vinte sem parar.
-CARALHO, velho. Porra, Jongdae, vem ver isso aqui.
Jongdae continuou tomando seu suco de frutas e colocou a cabeça para dentro da sala de musculação. Franziu a testa.
-Ô, Kris!
Em segundos, todos os nove estavam na sala. Inclusive o alfa, que tinha sido tirado do quarto pela curiosidade.
Kai pensava na faculdade que teve que abandonar. O sonho de ser veterinário. Sua mãe. Relembrava a cena da madrugada. Seu peito doía, seus braços estavam ardendo pela força descomunal que depositava. Não havia uma parte de seu corpo que não doesse, mas a sequência estava muito longe de deixá-lo cansado.
Queria sentir o esgotamento físico até nos ossos, na alma,tampar o rombo que Do tinha feito em seu peito.
Aquilo não curava a dor de seu coração partido.
Kai colocou a barra de volta, levantando, sacudindo seus braços ardentes. Eram nove horas da manhã e estava na sala desde às sete. Ele pulou sobre no lugar, se aquecendo, provocando mais dor nas panturrilhas.
- O que é? - resmungou para eles que o observavam.
Deram de ombros.
-Sehun, coloque mais vinte.
Ele negou com a cabeça.
Chanyeol se aproximou, pegando os pesos com facilidade, anexando as barras.
-Deixe que ele se mate.
O alfa saiu do recinto, da casa, entrando ainda como humano na floresta. Baekhyun foi atrás. E todos sabiam o que iria acontecer.
-Meu Deus, cara, você quer se suicidar? Diz logo, eu tenho uma arma lá no meu armário. - Tao disse.
Todos olharam para ele.
-Por que você tem uma maldita arma, seu desgraçado? - Chen perguntou.
Ele deu de ombros, escondendo o verdadeiro motivo. Bem, realmente não importava.
Sehun apertou as amarras, assobiando pela quantidade de pesos.
-Bom, pode começar. - jogou as mãos no ar, não querendo se responsabilizar se alguma coisa desse errado.
Kai se deitou, respirou fundo e levantou os pesos do suporte e o deixou descansar sobre o peito. Esquematizou sua respiração antes de levantar a barra.
Inspirar. Expirar. Inspirar. Expirar. Inspirar. Expirar.
Controlou a carga até as duas últimas, quando Sehun teve que intervir e ajudá-lo.
-Chega? - indagou, ajudando-o a colocar a barra sobre o suporte.
-Mais duas de vinte.
Sehun colocou as mãos na barra, negando com a cabeça.
-Chega.
Kai se sentou ofegante, descansado seus braços sobre seus joelhos.
-Eu vou fazer alguma coisa pra você comer. - proferiu Suho.
Chen sentou-se no chão, cruzando as pernas.
-O que aconteceu pra você levantar todo esse peso de manhã?
Tao lhe trouxe uma toalha e pôs na nuca de Kai.
-Tó essa merda. Vai tomar um banho, não aguento esse fedor. - resmungou, saindo da sala.
Chen observou quando seus outros irmãos também se dissiparam, ficando ele, Kai, Sehun e Xiumin, também preocupado com Kai na academia.
-O que aconteceu? Pode me contar.
Kai fitava o chão. Negou com a cabeça.
-É sobre Kyungsoo?
Kai queria bater em Sehun e a boca aberta dele.
Xiumin olhou para Chen que retribuiu o olhar.
Isso não era nada bom.
-Kyungsoo? Do Kyungsoo?
Kai assentiu.
-O que tem ele? - Chen olhou para Sehun, depois para Kai. - O que houve entre vocês?
-Ele me comparou com um cachorro abandonado. - Kai fitou os olhos amendoados de Jongdae.
-Autchy.
Xiumin se aproximou.
-Você se sente atraído por ele?
Kai não poderia negar aquilo. Não poderia dizer que não sentia nada por Do. Ao contrário. Sentia tudo e mais um pouco.
-Ele me deixa doido, cara.
Xiumin balançou a cabeça, compreendendo. Chen fez o movimento contrário.
-Justo pelo Kyungsoo.
-Eu me viro com o Chanyeol.
-O Chanyeol é coisa fácil perto da outra coisa que tem que enfrentar.
Xiumin se ajoelhou perto dele.
-Do é herdeiro de uma das famílias caçadoras de lobos. Também é o motivo para que Chanyeol o queira por perto.
Kai engoliu a seco.
-Existe essa bosta?
Jongdae afirmou.
-Existe.
-Os Do nos caçaram por anos. Até que... aconteceu uma batalha há dez anos. Muitos de nós foram mortos. Mas também matamos os deles.
Kai o encarou, querendo saber mais.
Xiumin pôs a mão sobre o ombro do novato.
-Do parece ser frágil, mas se soubesse o poder que tem, aquele que pode exterminar não só a nossa matilha, como outras, ele ficaria mais perigoso do que qualquer um aqui poderia ser.
Kai engoliu a seco.
-Gostar dele não é uma boa ideia. Mas, não cuidamos dos assuntos do coração, não é mesmo? Apenas tenho um conselho. Só você tem liberdade para saber o que sente realmente por ele, se for apenas atração, se afaste o máximo que conseguir.
-Eu não quero me afastar. Quero proteger ele.
-Os Do não são o modelo frágil para se proteger, Kai. Eles matam. Nós. Temos um acordo com o patriarca da família, o xerife. Não invadimos a propriedade dele e não matamos pessoas da cidade. Ele não invade nossa propriedade e nem a floresta para nos caçar. Apenas para servir como um civil, não como caçador.
Kai compreendia.
-Se for se relacionar com DO, fique ciente que Chanyeol também quer o controle da família de caçadores. Além do obstáculo do alfa, você deve tomar cuidado com o pai dele.
Balançou a cabeça, afirmando.
-Kyungsoo é mais perigoso do que você imagina, Kai. Só queremos te proteger. Somos sua família agora e pode contar conosco para tudo. Mas se puder esquecer Kyungsoo, faça. É melhor não só para você, como para todos nós.
Kai respirou fundo, entendendo perfeitamente cada palavra de Xiumin, mas mesmo assim, não conseguia achar uma resposta para a pergunta que vagava em sua cabeça.
Será que conseguia ficar sem ver Do?
Ele respirou fundo mais uma vez e parou.
Xiumin se ergueu.
-Bosta.
Kai se ergueu abruptamente, andando rapidamente até a entrada, deixando seus irmãos seguí-lo, para observar a cena de longe.
-Oi Kai.
-Kyung.
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