Kyungsoo se rastejou ainda mais. Lançou uma olhadela para seus filhos. Por um instante, o pânico se instalou quando os olhos vermelhos e negros se prenderam de forma faminta em seu corpo.
Aquele perfume o chamava. Kai o farejava, lutando contra o atordoamento que dominava sua mente, fazendo que fosse quase impossível raciocinar. Ele conhecia a ira, selvageria, o monstro, a agonia... Sua visão se clareou enquanto ele combatia a escuridão que enevoava sua mente.
Tinha muita luz sobre os seus olhos sensíveis. Um homem humano estava deitado a alguns metros dele, e ele farejou de novo, lutando para raciocinar, batalhando contra o monstro que o forçava a voltar a violência irracional.
De repente, outras imagens preencheram sua mente.
Hans correndo de branco pelo corredor. Helene e sua risada gostosa.
Aquele humano sorrindo para ele, o som de sua risada e as mãos que acariciavam o rosto dele passaram rapidamente por suas lembranças confusas. Ele o conhecia bem, mesmo que não conseguisse pensar com clareza. Farejou novamente, aquele perfume encheu seu nariz.
Mais flashbacks passaram em suas lembranças.
Ele abaixou os olhos. Uma forte luxúria o consumiu. Queria agarrá-lo, jogá-lo, possuí-lo...
No entanto, hesitou.
Ele sabia que o machucaria e por algum motivo importava que não o fizesse. Ele era precioso para ele, valioso, importante...
Ele lutou contra o monstro para poder pensar com clareza.
Mais imagens vieram à tona, numa montagem confusa. Ele sorrindo enquanto comia à mesa com ele. Eles no banho. Aquele homem... Corando violentamente por alguma coisa que tinha falado...
Seu nome estava na ponta da língua dele, e então, enquanto lutava contra a dor escaldante de tão quente, seu cérebro explodiu com o conhecimento.
Kyungsoo se tornara seu mundo inteiro, o homem que o fazia feliz, e ele se ajoelhou na frente dele, contendo a ira que tentava consumi-lo e os dolorosos golpes de agonia em sua barriga.
Algo finalmente cintilou naqueles olhos inumanos, um sinal de reconhecimento e emoção real. Kyungsoo arfou, não sabendo como reagir.
-Pinguinzinho. - ele rosnou a palavra.
Kyungsoo endireitou a postura. Kai enfiou o rosto no espaço entre o ombro dele e seu pescoço para respirar em sua pele. Soo estremeceu, tomando fôlego.
Ele rosnou furioso e então, usando as coxas de Kyungsoo como travesseiro, um choramingo suave veio de sua garganta.
Kyungsoo o encarava perplexo. Vê-lo daquele jeito o destroçava, seus olhos se encheram de lágrimas. Hans e Helene correram até eles enquanto Kyungsoo tremia compulsivamente, esfregando as costas de Kai com a mão.
-Está tudo bem, grandão. Vamos para casa agora.
Hans e Helene abraçaram Soo.
E os helicópteros voavam sobre a arena.
O símbolo de origem anarquista desenhado nas latarias das aeronaves pretas. Um punho fechado segurando uma flecha ao redor de um semi-circulo.
A marca simbolizava a anarquia e a rebeldia perante os conservadores caçadores; A liberdade dos renegados; O orgulho de ser um desertor; A flecha, por muitos séculos usada como a única arma para combater os lobos, quebrada como estava, anunciava o fim da caça dos lobos. A igualdade.
o selo dos renegados.
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