1. Spirit Fanfics >
  2. O Silêncio Dos Lobos >
  3. Redenção

História O Silêncio Dos Lobos - Redenção


Escrita por: DoctorCase

Capítulo 4 - Redenção


Kai regurgitou todo o sangue que estava se acumulando dentro dele.

Chanyeol o chutou de novo.

Suspenso por correntes de prata, Kai revirava os olhos, prestes a perder a consciência.

-Me dê outro. - estendeu a palma. Tao, com luvas, entregou o bastão de prata. A mão de Chanyeol queimava, mas ele gostava da dor. Bateu com ele no rosto de Kai. - Agora... 

Respirou fundo.

-Agora, eu quero saber o que você veio fazer aqui. - Chanyeol fechou a mão e desferiu socos na barriga nua de Kai- QUEM TE MANDOU?

Kai tossiu. O rosto estava desfigurado, os olhos inchados, as bochechas cortadas, os lábios rachados de sangue.

-Ninguém.

Chanyeol se virou, rindo em ironia. Claro. Ele tinha ido em uma cidade repleta de lobos sem intenção alguma. Ele se virou, jogando o bastão,  que ardia sua mão, como se fosse uma bola de beisebol. O mastro bateu na testa de Kai e queimou sua pele. Ele não gritava mais, não tinha mais forças para pedir ajuda.

Kai apenas sabia que era de manhã, pelo cheiro de bacon e ovos, que vinha de algum lugar da casa. Também que estava em um porão, pelo intenso aroma de umidade. Não havia pó algum. Era o lugar constantemente limpo. Kai entendia que todo o sangue que estava no chão deveria ser limpo em algumas horas. 

A casa era de riquinhos. 

Tinha certeza. 

Haviam correntes em todos os lugares, pequenas alças de metais para prendê-las no chão. Ou alguém.

Kai não conseguia levantar o olhar.

Chanyeol se dirigiu até as escadas.

-O que faremos com ele, senhor?

Chanyeol o encarou duramente, sem expressão alguma, uma estátua, uma rocha.

-Soltem-no. Eu quero ele.

Baekhyun quase engasgou.

-O quê?

-Soltem ele. - Chanyeol encarou Tao, Baekhyun e Sehun. - Eu quero ele.

Todos os nove sabiam o que aquela ordem se tratava. Sehun engoliu a seco. Todos tinham passado por isso, mas compreendiam que com o forasteiro ia ser pior.

Ele tinha enfrentado o alfa.

E um dos crimes mais letais e graves daquela alcateia era enfrentar o líder.

Sehun se apressou em tirar as algemas de prata dos pulsos em carne viva de Kai. Ele também se queimava, cada vez que tocava na prata, mas mesmo assim, tinha que seguir ordens.

Kai caiu como um peso morto no chão, tentando respirar em meio ao cheiro macabro de sangue que saia dele.

-Escute. Oi. - Sehun estalou os dedos. 

Kai tentou focar os olhos nos pretos à sua frente.

Os reconhecia.

-Você...

-Sou eu. Eu disse para você não enfrentar - quebrou as correntes dos pés com a força das mãos. O cheiro de queimado invadia as narinas de Kai. - ele. Você é um merda por isso. Um merda! Agora vai sofrer as consequências.

-O-o... que... eu fiz?

Sehun o encarou fixamente. As queimaduras de segundo grau nas mãos se curavam.  Ele observava o rosto de Kai desinchar, os cortes se juntando, as feridas se curando. Era rápido demais. Cerrou os olhos e fitou Tao por um instante. Todos observavam a cena com perplexidade.

Kai estava prestes a morrer de tanto apanhar. A surra dada pelo alfa tinha sido assustadora. Pensavam que ele não ia resistir, simplesmente por ser novo demais.

Os novatos apresentavam um alto índice de descontrole emocional, da suas transformações e principalmente uma fraqueza pela cura, pois a fera ainda não estava totalmente dominada. 

Porém, Kai se levantou, respirando ofegante.

Seus olhos brilhavam em amarelo.

-Não. Kai. - Sehun se ergueu abruptamente, empurrando ele para a parede, o impedindo de acertar as contas com o alfa. - Kai, me escute. Me escute! 

Kai era pura selvageria.

Sehun fez cintilar seus olhos em escuridão, para se igualar a Kai.

-Me escute!

Kai o encarou.

-Você precisa se acalmar agora. Entendeu? Você vai morrer se não o fizer. - Sehun queria dizer o que estava engasgado em sua garganta- As paredes tem ouvidos. Mas... eu tenho uma maneira...

-... de te ajudar...

Kai parou de respirar por um segundo.

-Você pode se render.

Kai negou com a cabeça. Sua fera gritava por sangue enquanto lutava com a parte sensata, humana e fraca de Kai, o lado que queria paz.

-Ou pode dormir com ele.

Ele rosnou.

-Eu sei, eu sei. Muitos de nós tivemos que fazer isso também. Eu tive.

Engoliu a seco.

-Escuta, você é novo. Pelo seu bem,  não bata de frente com ele de novo. Você tem um ótimo poder de cura, mas não pode se curar se ele arrancar sua cabeça.

Chanyeol era assustadoramente violento. Sehun já tinha presenciado inúmeras brutalidades contra alguns membros. Ele olhou para Tao, Kris e Luhan. Os três tentaram sair uma vez, desafiaram o alfa e quase morreram.

Kris levava consigo a marca das garras em sua face, cortando a sua bochecha até o lábio.

Ele encarou Luhan.

-Temos que servir ele. Não importa o que aconteça, ele é mais forte que nós. Se você veio para cá, não tem como escapar, terá que ficar aqui e se juntar à nossa matilha.

Kai respondeu com a voz distorcida, grossa. Com a voz da fera.

-E se eu não quiser?

Sehun fechou os olhos imaginando como seria a decapitação de Kai.

-Você morre.

Kai respirava ofegante, nu, no meio de homens que nunca tinha visto na vida. Conhecia o cheiro de cada um deles, a cor dos pêlos de suas feras, de suas íris, tinha guardado na mente o tom de seus uivos.

Mas como humanos, ele não conhecia nada.

Encarou Sehun por mais um instante, ponderando sobre o que ia fazer. Compreendia que não poderia lutar contra o poder elevado do alfa. Era novo, não sabia que existiam mais aberrações iguais à ele.

Kai fechou os olhos, respirando fundo. Seus olhos voltaram a cor normal.

Sehun se afastou, perplexo.

Tao descruzou os braços. Kris encarou Luhan.

-Desde quando você sabe se controlar?

Kai limpou o suor da testa com a palma da mão.

-Eu não sei.

Sehun fitou seus irmãos de matilha, pasmo. Nunca havia encontrado um lobo que conseguisse controlar as primeiras transformações tanto quanto Kai naquele momento, prestes a perder o controle por ter sido torturado pelo alfa.

-Onde eu tenho que ir para me redimir com o alfa?

Sehun respirou fundo e apontou para as escadas, para o andar de cima.

-Ele provavelmente está na sala.

Kai não demorou para pedir algumas roupas para vestir, envergonhado de se encontrar naquela situação com tantos caras ao redor. Chen jogou uma calça e apenas isso.

Baekhyun olhou para seus irmãos quando Kai subiu.

-O que ele é?

Xiumin balançou a cabeça, o mais velho se aproximou, saindo da escuridão do canto do porão.

- Vocês também sentiram?

-O quê?

-A energia estranha que sai dele.

-Não.

-Que energia, Xiumin?

-Ele bebeu?

Xiumin encarou todos com os olhos claros.

-Uma energia oposta à de Chanyeol.

A obscuridade e a perversidade eram as sombras que seguiam Chanyeol. Seu olhar escuro era tão maligno que ninguém o conseguia enfrentar por muito tempo. Encarar ele era como fitar o próprio pesadelo, o demônio, o fogo queimando almas no inferno. Era como se todos os seus pecados e medos estivessem naquele olhar. Era arrepiante.

-Eu não sei. - Sehun cruzou os braços. Todos olharam para ele, sabendo que ele que tinha encontrado o forasteiro na clareira. - Ele parece normal para mim.

Xiumin respirou fundo, abrindo caminho  entre eles, indo até as escadas.

-Vocês vão perceber. Espero que não seja tarde demais quando isso acontecer.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...