Kai era um estranho grande. E Kyungsoo tinha receio de se aproximar, nada mais do que estavam fazendo naquele momento.
Kai o levava no colo, com toda a delicadeza que conseguiu e quando chegou há dois quilômetros da casa de D.O,depois que ele lhe contou onde ficava, sentiu o cheiro conhecido.
De lobo na região.
Era esquisito como funcionava, como conseguia farejar algo tão surreal de longe.
-Você pode ficar na casa de outra pessoa esta noite?
Kyungsoo engoliu a seco, completamente envergonhado e encolhido. Ele tremia com a violência dele e de seu namorado rodando sua mente.
-Precisa cuidar de seu machucado.
-Só... Só me leve pra casa, por favor.
-Você não pode ir pra lá.
Kyungsoo estremeceu.
-Kai. Por favor.
Ele negou com a cabeça, parando no lugar com Kyungsoo no colo há horas.
-Escute, me dê outro lugar para ir.
-Eu posso andar agora, Kai. Você está comigo há muito tempo, seus braços devem estar doendo.
-Não estão.
Kyungsoo fechou os olhos, suspirando, desistindo de argumentar contra ele. Não sabia de onde ele tirava tanta força. E nem porque tinha se preocupado tanto com ele.
-Eu sou seu amigo, esqueceu? Posso fazer isso.
Kyungsoo achava que levar alguém no colo por muito tempo se chamava outra coisa. Ele olhou para o maxilar duro, travado, másculo. Kai fitou abaixo, percebendo o que ele fazia.
-Não faça isso.
-O quê?
-Olhar pra mim desse jeito. Não sabe o quanto eu tô tentando me controlar e ser gentil contigo.
-Mas...
Kai engoliu a seco, olhando para frente, não conseguindo dizer mais nada.
-Me fale onde posso levar você.
-Na casa do Tae.
-Tae?
-Meu amigo.
-Onde fica?
Kai voltou pela rua onde entrou, virando a direita. Kyungsoo olhou para o bíceps, enorme, veiudo, tenso. Algo estalou na sua mente. Pecador. Kai farejou o cheiro no ar, quase parando ali mesmo, à luz dos postes e das casas, entretanto, lutou contra a fera, apertando o passo.
Kyung engoliu a seco, olhando para cima, para o maxilar. Deus, o rosto dele era magnífico.
-É ali?
Kyung fitou a casa, depois voltou à olhar para o braço de Kai.
O forasteiro subiu os degraus e o colocou no chão.
-AH...
-Quer que eu cuide disso pra você? - apontou para sua bochecha.
Kyung tocou na ferida com as bordas vermelhas.
-Não, não, eu... eu limpo.
Os dois se encararam fixamente. Kai engoliu a seco.
-Ah... Você pode apertar a campainha agora.
-Ah, é.
Kyung se virou, apertando a campainha, com o coração batendo rápido.
Kai sentia o sangue correr pelas veias até o coração, os pêlos eriçarem o corpo de Kyung. Ele analisou a estatura baixa e franzina, a fragilidade que passava. Engoliu a seco. Seu membro pulsou.
Ele retrocedeu, dando dois passos para trás, pondo as mãos nos bolsos, tentando esconder a ereção que marcava sua calça suja de lama.
Tae abriu a porta e olhou para Kyungsoo, depois encarou Kai.
-Meu Deus, que homão.
Kyungsoo se encolheu de vergonha.
-Me deixe entrar logo.
Tae abriu espaço, ainda fitando Kai.
-Você quer entrar também?
Kai balançou a cabeça.
Tae olhou para os cabelos longos até os ombros, loiros, pintados; o maxilar marcante, possante; os olhos tinham um tom castanho claro. Ele olhou para seus ombros fortes.
-Tem certeza?
Kai negou com a cabeça.
-Só cuide do machucado dele.
-AH... Onde ele pode te encontrar?
-Eu vou procurar por ele. Eu sei onde encontrá-lo.
Tae desceu os olhos para o corpo musculoso, o abdômen rijo, com rolinhos, os braços enormes, firmes.
-Mas, caso você se perca...
-Eu encontro ele.
Kai deu passos para trás, descendo os degraus de costas.
-Você deu seu telefone pra ele?!
Kai pulou os últimos dois degraus.
Taehyung ainda o acompanhou com os olhos até ele virar a esquina. Fechou a porta.
-ME CONTA TUDO.
Kai voltou para a rua de D.O.
Haviam três homens na frente da casa dele.
Lobos.
Ele andou normalmente, com a fera uivando dentro dele. Seus olhos brilharam em amarelo, cintilando como lasers na noite.
Sehun se ajeitou.
Tao acendeu o isqueiro.
Suho respirou fundo.
-Aqui não, Kai.
-O que vocês querem?
-Viemos te levar pra casa.
-Que casa?
-A nossa. - Suho respondeu.
-Não vou.
-Você não têm escolhas.
Sehun olhou para a casa de dois andares de Kyungsoo. Kai não gostou do olhar.
-Se você quer realmente proteger o D.O, é melhor se juntar à nós. Se não ficar conosco, dificultará sua aproximação com ele.
-O quê?
Sehun encarou o forasteiro.
-Sentimos o cheiro de vinculação do lado de dentro. Era seu.
Kai engoliu a seco.
-Como eu controlo isso?
Tao riu, acendendo o cigarro, balançando a cabeça. Ele também queria saber.
-Não controlamos. Somos animais acima de tudo. Temos coisas incontroláveis. Você tem muito o que aprender. Podemos ensinar tudo o que sabemos à você.
Kai negou com a cabeça.
-Eu recuso.
Suho pendeu a cabeça para trás.
-Saiba que viemos aqui de boa vontade, sem que ninguém nos obrigasse, porque Chanyeol está puto e quer arrancar sua cabeça. Ele vai fazê-lo se você não ir conosco. E acredite, vai sobrar para Kyungsoo apenas por ele ter encarado você daquela forma. - disse Suho.
Daquela forma.
-Você não pode proteger ninguém se estiver sem cabeça, Kai.
Kai suspirou, fitando ao lado, a casa dos D.O.
-Eu não quero fazer parte dessa merda.
Suho engoliu a seco e se aproximou:
-Você nunca deixará de ser o ômega. Você só fará parte por fazer, se desejar. É só um título.
Kai olhou para Tao, alheio a conversa, fumando seu cigarro sem interrupções.
-Você gosta de Kyungsoo, não é?
Kai negou com a cabeça. Mentiu. Sentia algo estranho quando estava com ele. Não queria soltá-lo nunca mais.
-Não importa.
Sehun sorriu morno, aquilo era um sim para ele.
-Escute, você pode proteger ele agora. Ele esteve sozinho todos esses anos e encontrou refúgio no Chanyeol. Mas, você sabe, ele não o ama.
Kai balançou a cabeça, afirmando, ainda encarando a janela do segundo andar.
-Está bem. - suspirou.
Ele havia ponderado sobre todas as suas possibilidades e a que mais lhe agradou foi proteger Kyungsoo, mesmo fazendo algo que não queria.
Se anexar à matilha da cidade.
Onde Chanyeol era o alfa.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.