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História O Silêncio Dos Lobos - Calma


Escrita por: DoctorCase

Capítulo 9 - Calma


Kai respirou fundo, não conseguindo mover os ombros direito, pela camisa apertada. Ele olhou para todos os lados, com a visão aguçada, os ouvidos bem abertos. Pessoas conversavam, crianças brincavam, uma velhinha alimentava os pombos sentada em um banco.

Ele farejou o ar, respirando fundo, tentando discernir um aroma específico. O de Kyung.

Fechou os olhos, colocando concentração total em suas narinas.

Bingo.

Ele continuou andando, rápido, desesperado, fixando o olhar em apenas uma árvore em meio de muitas.

-Kai? Oi.

Ele parou de respirar, ao encontrar o olhar de Kyung. Coçou os cabelos grandes, sorrindo morno, tímido. Não tinha desculpa alguma para explicar o que fazia ali.

-O que faz aqui?

-Eu tava... - olhou para o lado. - Passando por aqui.

Kyung tirou os fones. Kai ouviu o que ele escutava.

-Lady Gaga?

Kyung esbugalhou os olhos.

-Como você sabe?

-A... Sei... lá. Sei lá, sei não. Ah eu... adivinhei.

Kai se sentou ao seu lado, em uma distância considerável.

Kyungsoo sorriu.

-Você veio aqui para me ver?

Kai não conseguia encará-lo, brincou com a grama, tirando os fiapos e jogando de lado. Deu de ombros.

-Queria ver como você estava.

Kyungsoo mordeu o lábio inferior, querendo rir.

-Eu estou bem.

-Ah.

-Pode ir agora.

Kai parou, o encarando fixo.

-Por que?

-Não sei.

-Não quer que eu fique?

Kyungsoo queria. E isso era errado.

-Quero.

O vento assoprou as árvores, as copas se movimentaram freneticamente, balançando de um lado para o outro com a fúria da ventania. As folhas caíram sobre eles. Kai encarava Kyung. D.O olhava para cima.

Kyung fitou Kai, percebendo os olhares. Kai olhou para a grama novamente.

-Por que você veio pra cá? Por que escolheu aqui?

-Porque... não sei... Eu só vim.

Kyung balançou a cabeça. Aquilo era o bastante para perceber que ele não queria falar do assunto.

-Onde você está morando?

Kai respirou fundo, umidecendo os lábios secos.

D.O acompanhou o movimento da língua rosada e olhou para cima, engolindo a seco.

-Com Chanyeol.

Kyung fez uma careta.

-Vocês se conhecem de onde? Ele nunca falou sobre você.

Bem, Chanyeol não falava sobre muita coisa, entretanto, mesmo assim queria saber o que tinha acontecido no dia anterior. O porque Kai estava surrando Chanyeol daquela forma.

Kai olhou para o machucado de Kyung, deslizando para perto, para o lado, colando os ombros. Ele estendeu a mão até a bochecha dele, roçando o polegar abaixo do vermelhidão da ferida.

O coração de Kyung bateu rápido. Ele encarava os olhos castanhos dele, fixos no machucado em sua maçã do rosto.

-Ele não deveria ter feito isso.

Kyungsoo fechou os olhos, não permitindo que Kai visse seus olhos cheios d'água.

-Ele perdeu a cabeça.

O coração de Kai rebatia contra o peito. Ele abaixou a mão.

-Não me importa. Chanyeol não vai mais fazer isso com você.

Kyung abriu as pálpebras.

-O que você vai fazer?

-Eu estou aqui agora. Não deixarei ninguém encostar em você de novo.

-Chanyeol é meu namorado.

Kai ficou furioso. Ser namorado dele não justificava nada. Ele não poderia bater em Kyung. Ninguém podia. Travou a mandíbula e olhou para os lábios rosados de D.O. Mordeu a língua entre os dentes.

-Por que você gosta dele?

Kyung queria saber responder isso também. Olhou para a frente, para seus tênis. Respirou fundo. Fazia tanto tempo que estavam juntos que tinha se esquecido do motivo.

Ele balançou a cabeça, negando. Não poderia responder. Porque nem ele sabia.

-Por que está com ele então?

Kyung olhou para Kai.

-Não tem pessoa melhor do que ele.

Kai assentiu, olhando para a grama que sua mão arrancava. Seu peito doía como se tivesse levado uma pancada. Por algum motivo, queria que Kyungsoo dissesse outra coisa.

-Não tem como me proteger dele. - disse, de repente, abraçando as próprias pernas. - Ele é assim. Às vezes perde a razão. Mas ele pede desculpas depois, eu entendo.

Kai elevou as sobrancelhas. Balançou a cabeça. Queria xingar Kyungsoo de todos os xingamentos que conhecia. Fechou os olhos, tentando acalmar a respiração.

Kyung percebeu o que Kai estava fazendo.

-O que foi?

Virou o rosto, balançando a cabeça, encarando os lábios macios de Kyung. De repente, ele estendeu a mão para a boca dele, roçando o dedo na carne quente, nos lábios, na bochecha.

Kyungsoo ficou imóvel, com a respiração tocando no dedo de Kai.

-Me deixe protegê-lo.

Kyung queria. Queria deixar que ele fizesse muito além do que proteger. E isso era errado, muito errado. Ele fechou os olhos, afastando a mão de Kai.

-Não posso, Chanyeol... Ele...

-Foda-se ele, D.O Eu sinto que você quer também.

Kyung franziu a testa.

-Eu sinto o cheiro.

Ele engoliu a seco.

Kai se aproximou, colocando o nariz no pescoço dele, respirando fundo, enchendo sua cabeça com aquele aroma que o perturbava. Que o intrigava.

-E eu adoro ele.

Não resistindo, Kai abriu a boca, umidecendo os lábios e beijando o pescoço de Kyung, como se estivesse beijando seus lábios.

Kyungsoo gemeu, apertando os olhos. Seu membro ficou rijo. Ele apertou os joelhos com as mãos. Queria não sentir aquilo. Não desejar Kai.

Ele estava prestes à entrar em êxtase apenas com aquele cheiro, o aroma doce que saia de DO. Que fez sua calça do moletom ficar menor ainda. Levou sua mão até o queixo de Kyung, sugou a carne do pescoço, a mordeu e lambeu em seguida.

Kyung o empurrou. Respirando ofegante, com a mão na área dolorida do pescoço.

-Não, Kai. Não podemos.

Kai sentia calafrios por todo o seu corpo quente. Ele revirou os olhos, batendo a cabeça contra o tronco. Seu pênis pulsava, liberando o líquido e formando uma macha em sua calça.

DO encarou a cena, se afastando, sujando a calça de grama e terra.

A fera rugiu. Kai rosnou no fundo da garganta, escutando a respiração ofegante de Kyung, o pulsar rápido de seu coração, a adrenalina sendo injetada em suas veias. Fogos de artifícios explodiam dentro dele, seus olhos se coloriram de amarelo.

Kyung prendeu a respiração, encarando a transformação dos olhos, a metamorfose estranha. 

Kai se aproximou como um animal, em quatro apoios, rosnando como um selvagem.

Kyung engoliu a seco.

A voz de Kai estava mais grossa, rouca, conturbada, apertada.

-Fique onde está. - ordenou.

Kyung engoliu a seco mais uma vez, respirando forte, rápido. Ele se deitou conforme Kai se aproximava, subindo em cima dele, ficando sobre seu corpo.

Kai afundou as narinas no pescoço dele, revirando os olhos, em meio à mistura de medo e tesão que saia de todos os poros Kyung. 

Kyung encarava as orelhas pontudas. Ele queria correr, se esconder da ferocidade e brutalidade que Kai tinha naquele momento.

A língua molhada dele passou em seu pescoço mais uma vez.

Kyung choramingou.

Kai ficou estático, olhou para Kyung e os olhos apertados.

Ele piscou.

Em algum lugar, a fera gritava para continuar.

Kai não queria.

Não sem o consentimento total dele. 

-Kyun... Se você não correr agora... Pode se machucar.

Seus braços tremiam. Ele respirava forte, contra o pescoço de Kyung.

-Corra enquanto eu tenho um pouco de controle. Se eu... - apertou os olhos ardentes. - Se eu... aparecer na sua casa, não me deixe entrar. Me bata se for preciso.

Kyung olhava para a copa das árvores, fixamente, em choque.

-Você escutou?

Kyun engoliu a seco, com o hálito quente tocando seu pescoço, eriçando seus pêlos.

-Sim.

-Agora corra.

Kai se jogou de lado, de olhos fechados, com o membro apontado para cima, as mãos trêmulas. Ele rosnou, prestes a se levantar e correr atrás de Kyung. Mas lutou bravamente para não acontecer.

Kyung se levantou e andou rápido.

Kai se sentou abruptamente, com os olhos fixos nas costas de Kyung que se afastava rápido.

-Calma Kai... Calma.

Ele engoliu a seco, com as unhas rasgando as pontas de seus dedos. Encarou as costas de DO mais uma vez, antes de se levantar e virar um borrão até a mata. 

Um lobo uivou. 

Kyung virou o rosto para o parque, procurando por Kai. 



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