História O Símbolo do Desespero - Interativa - Prólogo - Parte Final

A escuridão cobria toda cidade como um manto que esquentava cada vez mais a mente de criminosos, deixando as ruas mais perigosas do que realmente eram. Parecia que estavam aproveitando a última noite sem lua nem estrelas antes das aulas dos futuros heróis voltarem.

    Uma garota com uma aparência bem exótica andava tranquilamente na areia da praia aproveitando a inexistência de humanos e o barulho do mar batendo nas rochas de forma agressiva por causa da alta maré, enquanto suas orelhas felpudas ficavam se movendo em busca de uma melhor posição para captar qualquer som que desse indícios de alguém ou algo se aproximando. Era raro os momentos que Mizuki poderia ficar sozinha e em tamanho sossego, tendo em conta que a cidade ficava extremamente lotada em época de férias.

Enquanto contemplava as ondas a garota meio lupina não percebeu a água salgada chegando de forma mansa e ao mesmo tempo em grande volume em seus tênis. Um rosnado sofrido foi emitido de sua garganta enquanto pulava desajeitadamente em apenas um pé fazendo suas mãos trabalharem mais rápido mesmo sentindo o arranhar brusco das cordas que não se desfaziam do forte nó que a mesma tinha dado. Com um xingamento final ambos os pés do calçado estavam jogados bem longe da praia repousando em uma enorme pedra.

- Ótimo. Não tem como ficar pior. - Falava enquanto arrumava a saia para sentar na areia. Com um último suspiro seus joelhos se dobraram para repousar na areia. 

O dia tinha sido estressante nestas últimas semanas. A taxa de criminalidade tinha aumentado drasticamente com a chegada de turistas obcecados com os heróis, eram tantos que os mesmos nem conseguiam mais trabalhar direito.

- Meu celular… 

Sua testa encostou duramente em seus joelhos tentando esconder a vergonha de ter sido furtada no meio de uma multidão que se espalharam pelas ruas.

Mizuki realmente odiava um monte de pessoas amontoadas em um lugar só. Pareciam um monte de porcos em um chiqueiro. Com uma profunda recuperação de fôlego a garota de orelhas e rabo de lobo deu um pequeno soco na areia, já podendo imaginar a cara de seu pai ao saber que teria que comprar um novo aparelho telefônico para sua filha.

Mesmo tendo incríveis habilidades em percepção auditiva e olfativa, a garota não percebeu dois olhos vermelhos da cor mais viva e profunda que o sangue lhe analisando de longe.

__________@EuTeVejo___

    O céu começava a se fechar em uma pequena parte da cidade. Raios e trovões percorriam os céus fazendo uma bela dança para quem sabia aproveitar este tipo de clima. As luzes dos relâmpagos serpenteavam rapidamente entre as cortinas assustando cada vez mais a pequena garota escondida entre os lençóis, apertando firmemente o urso de pelucia em seus braços trêmulos.

- Por que. você teve que. viajar.. agora?

Seus soluços atrapalhavam qualquer forma de uma comunicação apropriada. Sua garganta doía por causa do choro constante, o travesseiro a qual sua cabeça repousava estava molhada a deixando um com frio desagradável na bochecha e pescoço causando calafrios.

A pequena luz fraca do abajur ao lado de sua cama era a única coisa que a deixava em paz no momento. Era uma luz rosinha, mas que impedia o seu quarto de cair na escuridão e levar a sua mente junto.

Uma intensa luz iluminou todo o seu quarto por menos de um segundo sendo acompanhado por um poderoso trovão que retumbou cada estrutura da casa o fazendo tremer, mas aquilo não foi a única coisa que a pequena Akiko ouviu. Um vento gelado e molhado entrou em sua fortaleza de cobertores a fazendo dar um grito de susto, seu corpo todo entrou em alerta a fazendo dar um pulo para fora da cama. Ao seus pés encontrarem o chão um pensamento rápido passou por sua cabeça.

“Merda!”

Yuna não podia acreditar em seu azar. Enquanto sentia seu pé quente se encontrar com a superfície molhada e fria o ar foi completamente sugado de seus pulmões quando percebeu que a gravidade de repente tinha desaparecido por um instante, e no outro seu corpo estava caindo violentamente no chão e sua cabeça batendo na madeira que compunha a cama. A dor aguda enviou um choque por todo o seu corpo o deixando completamente inerte por um minuto inteiro. 

Seus olhos começaram a arder pelas lágrimas que começaram a se formar novamente em seus olhos, gotas começaram a escorrer por suas bochechas até caírem juntos aos outros pingos a qual entravam pela janela quebrada. Os estilhaços de vidro jaziam pelo chão a cortando e roubando o seu sangue, a chuva que entrava agressivamente pelo espaço aberto pareciam mais com pedras do que com água tamanho que estava a tempestade do lado de fora.

- Yuna! Eu ouvi um barulho vindo do seu quarto, está tudo bem? 

Sua voz era linda e sedosa trazendo uma tranquilidade enorme para a garota que se encontrava no chão machucada. A mulher de 22 anos se ajoelhou do seu lado e começou a limpar os pedaços cortantes com a maior delicadeza possível. 

- Vai ficar tudo bem~. Não precisa chorar ou se desesperar. Hoje você irá dormir comigo e amanhã irei arrumar isso enquanto você relaxa e se prepara para o teste da academia ok?

Mitsuki a levantou no colo apesar da dificuldade e começou a sair dali, dando uma última olhada no quarto já encharcado por causa da tempestade que forçou seu caminho adentro quebrando a janela no percurso. “Coitada, bem quando a irmã e a amiga tinham viajado no mesmo tempo. Que coincidência infeliz.”

__________@EuTeVejo___

- Não que eu esteja reclamando. A pera. Eu estou. Eu odeio quando me chamam nas férias, pensei que tínhamos um acordo.

O céu estava limpo na praia, tinha muitas estrelas, mas nenhuma lua. Que pena. Ahmya amava a lua, principalmente quando cheia, lhe dava uma melhor sensação. Do que ela estava reclamando afinal? O cheiro do mar salgado, o barulho das ondas, a areia em seus pés se infiltrando por entre os seus dedos e ainda por cima os barulhos estrondosos do trovão que podiam se ouvir ao longe. Parecia uma sonata feita justamente para ela.

- Eu não lembro de ter feito algo do tipo. - Nezu torceu o nariz dando um claro sinal de que estava mentindo.

A garota ao seu lado o olhou pelo canto do olho antes de virar a página da pasta extremamente arrumada de forma delicada. A pasta começou a se mover sozinha e flutuar, parando na frente dos dois que se encontravam lado a lado, as fotos que se encontravam na pasta começaram a sair dela mostrando a foto do começo e voltando para o final.

- Apesar da peculiaridade e de quem a recomendou, não a acho tão interessante ao ponto de você me acordar na madrugada para… Isso…

Ahmya fez uma careta rápida antes de voltar ao seu normal fingindo que não estava desgostosa com a situação.

- Pare de encenação. Até agorinha você estava tomando banho na praia, e ainda está com o biquíni. - Nezu olhou de cima a baixo observando o seu biquíni preto cheio de fitas. Na época em que ele estava parecia que os adolescentes estavam ficando cada vez mais complicados, até mesmo as roupas estavam refletindo isso. Não poderia ser apenas um biquíni preto clássico? Afinal, o que ela estava pensando em fazer com um uma vestimenta provocadora? Seduzir os peixes e tubarões? - E olha só que legal! - O rato apontou um dedo para a garota de um longo e intenso cabelo negro que poderia facilmente lhe lembrar de seus pesadelos, se esse tipo de trauma ou sonho tivesse uma cor. - Você me deve uns favores enormes hihihihi! Portando. - Nezu virou em direção a garota que se encontrava ao longe sentada na areia frustrada com um tênis faltando em seus pés. - Eu quero que você fique de olho nela. - Suas patas se esticaram para pegar a pasta que estava sendo entregue. - E em talvez em Harumi.

- Por que diabos eu tenho que ficar de olho na filha de Bakugou? 

    - Porque esse é um pedido do pai dela. A garota tem uma peculiaridade que pode trazer umas horríveis confusões. Os pais dela estão preocupados caso aconteça algo com aquele pingente.

    - Ou seja. Virei babá. - O clara insolência em sua voz mostrava o quanto estava odiando cada vez mais. 

    O rato olhou para ela com uma clara diversão em seu rosto enquanto se controlava para não rir.

    - Parece que temos algo em comum então!

    Nezu olhou novamente para a mulher ao seu lado, e por fim se distanciou indo embora com suas coisas já guardadas na bolsa ao seu lado.