História O Símbolo do Desespero - Interativa - O teste dos recomendados

Passos rápidos levantavam as gotículas de água no chão das pequenas poças que insistiam em existir, resquícios da chuva de ontem, todavia agora elas não passavam de uma perturbação para a menina que avançava às pressas para o seu local de exame que, diga-se de passagem, tomaria início às nove e horas. No momento seu relógio marcava oito e cinquenta e oito.

A jovem usava um simples terno com direito a todas as características, desde a gravata posta, até a camiseta social perfeitamente vestida, porém suas longas mangas possuíam um distinto tom que ia degradando do cinza gravite até a coloração branca em seus pulsos que combinavam com suas luvas. Ao invés de uma mini saia profissional, a adolescente optava por uma saia comum xadrez cinza e branca, meias calças de coloração degradê respeitando as mesmas regras de suas mangas e um par de tênis brancos para bater com a coloração da base de sua meia. Todavia, havia na menina características que iam além das humanas, além de seus olhos possuírem a distinta heterocromia entre as cores âmbar e azul, em seus olhos direito e esquerdo respectivamente, seu cabelo, apesar negro em sua maior parte, revelam mexas brancas em sua franja e, por fim, havia um par de orelhas lupinas com direito a uma cauda de coloração idêntica ao seu cabelo.

Quando alcançou o lugar do exame, ela foi forçada a desgastar a sola de seu tênis conforme deslizava no asfalto para diminuir sua velocidade de forma brusca, no entanto, tudo valeria a pena se não se atrasasse devido a mais uma das inúmeras crises de preocupação que seu pai a forçou suportar.

– Matsuda Mizuki! Matsuda Mizuki está aqui? – Questionou o avaliador gritando o nome da jovem.

– Sou eu! – Respondeu ela prontamente correndo para ver sobre o que se tratava.

– Chegou nos quarenta e cinco do segundo tempo, hein menina? – Falou o herói que ela mesma desconhecia. De roupas negras e vermelhas, o herói tinha consigo uma máscara avermelhada que escondia somente a parte inferior de seu rosto, uma saia digna de samurais de coloração vermelha também, botas e torço negros tão colados ao corpo quanto uma segunda pele, por fim, seu cabelo e olhos eram cinza, sendo que cada fio de seu cabelo parecia ter vida própria. – Vá para a sala de espera adiante e espere as demais instruções.

– Está bem. – Falara simplesmente para cumprir a obrigação de responder o responsável, para então tratar de caminhar para seu mais novo objetivo que por sorte não se atrasara.

A “sala de espera” como era descrita pelo herói, não passava de um hangar de três andares que foi adaptado para pode suportar o número de aspirantes a heróis. O local possuía sofás, tapetes, mesas que dispunham de comidas e bebidas, além de um aparelho televisivo para distração.

Assim que Mizuki situou-se devidamente no local, sua atenção foi direcionada diretamente para uma menina ordinária que usava um sofá inteiramente para si, enquanto gozava do privilégio de ser servida por algumas que pessoas que traziam a ela todas as opções que foram disponibilizadas na mesa. Em outras palavras, aquela deveria ser uma pessoa um tanto quanto importante para dispuser daquele número de puxas sacos.

Andando em direção da mesa, Mizuki apanhou um único pedaço de pão e foi se sentar em um canto mais afastado daquela multidão tendo como entretenimento o comportamento de cada um daqueles desconhecidos.

– Bom, lista já foi afunilada e nomes riscados. – Dizia o herói finalmente entrando na dita cuja sala de espera. – Vamos começar com a apresentação. Para aqueles que não me conhecem, me chamo Asas de Ferro.

Asas de Ferro

Individualidade: Manipulação Capilar

Capacidade de manipular os fios de seu cabelo de acordo com seu desejo, podendo alterar o material deles e esticá-los até certa extensão. Ele ganhou o título pela frequência que ele usa sua individualidade para voar pelos ares.

– Tirando isso da lista, vamos ao que interessa, o exame dos recomendados de hoje, senhores aspirantes a heróis. Tenho certeza que todos estão ansiosos por serem recomendados, assim como devem pensar que estão de algum modo em um nível superior aos demais, pois bem. Já quero avisá-los que essa linha de pensamento é completamente correta e se vocês possuem influência para chegar aqui ou qualquer outro meio, isso é mérito seu e azar dos outros, não se esqueçam disso. Sobre o teste, caso vocês não tenham percebido, esse hangar consta com mais dois andares, nesses andares vocês encontrarão insígnias da U.A. – Falava ele tirando um objeto metálico to tamanho de uma moeda de dentro de um bolso lateral. – Vocês precisam de dez dessas para passar e bem… Vocês estão no quê? Doze pessoas, temos cinquenta insígnias, sendo que podem nem encontrar todas, nem roubar dos colegas… É, é isso daí mesmo. Perguntas? – O silêncio foi expresso por todas as doze pessoas. – Muito bem, então vamos começar em três segundos, entrada serão aquele lance de escadas e esquerda, saída o lance de escadas à direita. Estarei no da direita esperando vocês, comecem!

O anúncio do profissional moveu os alunos, fazendo cada um avançar da melhor forma que podia, sendo pelo uso de sua individualidade para se propulsionar mais depressa, ou usando-a para atrasar os demais.

O primeiro fato colocado diante dos alunos para complicá-los foi o congelamento de todos os degraus da escada por um garoto albino que avançava diante dos demais, forçando assim Mizuki um caminho alternativo. Equilibrando-se no pequeno espaço que os corrimões disponibilizaram a ela para ficar de pé, ela avançou através daquele espaço para ultrapassar o garoto da individualidade de gelo, desse modo tomando a liderança.

Matsuda Mizuki

Individualidade: Licantropia

Seu físico e sentidos são aprimorados diversas vezes graças a suas características animais, permitindo ela poder fazer qualquer coisa que um lobo também poderia, dando-a pontos extras pelo estilo.

Finalmente colocando os pés no primeiro andar, a menina lobo logo olhou para trás ouvindo o som dos demais alunos ainda tentando subir, então se aquele era o caso, ela subiria direto para o último andar para não passar por dificuldade alguma.

Seu primeiro objetivo foi em uma das salas que continham apenas diversas mesas espalhadas pelo local, cada mesa parecia haver um compartimento próprio onde uma insígnia poderia se esconder, portanto o modo mais rápido seria se livrar do problema de checar todas. Movendo de modo a atirar cada um dos objetos ao chão, abrindo-os com o impacto, Mizuki aguardou que o som do pequeno objeto metálico recaísse para o chão, e na quinta mesa o som veio. Pegando sua primeira insígnia e abrindo um sorriso, só mais nove a caminho.

Aproveitando seu início precoce, a jovem logo avançou para a segunda sala atrás das insígnias mais óbvias para não permitir que aqueles que a alcançassem pudessem tê-las de modo tão fácil. Segunda, terceira e quarta, as salas foram sendo limpas até que os alunos finalmente começaram a adentrar em seu andar, contudo, a essa altura do campeonato, só faltavam mais duas insígnias para que a tarefa imposta pelo herói fosse cumprida.

Sorrindo, ela logo adentrou na quinta sala em busca de sua vitória tão próxima que já poderia sentir as emoções de vitória emergirem em seu peito. Vasculhando o local, não tardou mais do que alguns segundos para a mesma encontrar mais uma insígnia. Porém, ao entrar estender a mão para ter posse daquele objeto em específico, o mundo a sua volta começou a girar forçando-a ficar de joelhos e seu estômago embrulhar. Segurando a ânsia de vômito, Mizuki observou um único garoto de cabelos negros e olhos avermelhados adentrar na sala e apanhar uma insígnia que estava a meros centímetros de suas mãos, tudo isso para então esboçar um pequeno sorriso revelando que ele havia pego não dez, porém vinte e uma insígnias, para então se retirar.

Passando suas unhas pelo piso do local, Mizuki o arranhou conforme suas unhas estragavam tanto a propriedade que estava, quanto suas luvas. Todavia, a jovem não dispunha do tempo para manter aquelas emoções em sua mente. Respirando fundo e dando leves tapas em seu próprio rosto, ela desistiu das seguintes salas que já deveriam ter sido vasculhadas por aquele estranho garoto, então Mizuki optou por retornar e realizar uma procura mais atenta das salas que passara.

Agora, sem a luxúria de estar sozinha no cômodo para poder procurar em paz, a tarefa havia se tornado significativamente mais difícil, contudo, no final daquele andar ela realmente conseguiu ter em mãos todo o conjunto de dez moedas.

Correndo para a saída, ela finalmente se viu como vitoriosa quando entregou os objetos para o herói.

– Parabéns, considera-se como aprovada. – Parabenizou-a Asas de Ferro. – Agora você pode ir embora ou ficar aqui esperando o resultado de mais alguém, isso caso você conheça mais alguém. – Falou o herói com certo desdém em seus olhos.

– Obrigada. – Respondeu ao herói por mera educação, para então dar uma última olhada na sala de espera observando apenas a jovem que avistara no início da partida sentada no mesmo sofá, porém dessa vez com seu celular em mãos conversando com alguém. Enquanto que nem sinal do outro que roubara dela uma insígnia, realmente, o mundo era mais vasto do que a jovem esperava e aquilo apenas a excitava. Puxando seu celular, ela logo fez a ligação para o único número que importava no momento.

– Pai? Advinha…

[…]

– Comecem! – Gritou Asas de Ferro.

O grito do herói fez com que todos os presentes no hangar avançassem para os andares superiores, todos com exceção de Bakugou Harumi que caminhava para as escadas a espera dos maiores golpes serem disparados e ela pudessem avançar após a poeira baixar. E foi exatamente como ela previu, gelo, ondas de som, tremores e gritos, todos saíam daquele fino espaço conhecido como escada, todos essas coisas que ela pôde evitar por ser paciente.

Subindo cada degrau com seu devido cuidado, a jovem já tomava a liberdade para retirar seu colar para quando alcançar o andar número um ela avistar os diversos jovens parecendo se recuperar de algo, todavia, o que for que tivesse os atingido, não a atingiu, portanto, não a importa.

Suspirando levemente, para em seguida estralar seu pescoço e preparar sua melhor expressão de tristeza, Harumi passava a mão nos cabelos de todos os jovens que a serviram no térreo.

– Você é alguém especial de verdade por ter conseguido chegar até aqui, na verdade, todos você são. Mas eu não tenho essas individualidades incríveis como vocês… Eu não sei se vou conseguir passar… – Falou ela exibindo um rosto repleto de vergonha por ser “forçada” a pedir ajuda e tristeza. – Até meu irmãozinho e minha melhor amiga devem terem passado, sabe? Eu queria que todos nós passássemos juntos, vocês poderiam me ajudar?

– SIM!

– O que precisar…

– Só dizer que já faço.

– Por você, tudo.

– JÁ COMIGO!

Cada um dos jovens formulou a melhor pose que tinham na mente deles para tentar parecerem mais atraentes a jovem, enquanto que o sentimento de amor os preenchiam por dentro, aquela menina, aquela doce menina, deveria ser protegida e atendida custe o que custar aos olhos deles.

– Muito, muito obrigada mesmo! Eu não sei o que faria sem vocês! – Respondeu Harumi sorrindo de orelha a orelha.

Bakugou Harumi

Individualidade: Eros

Capacidade de manipular todos aqueles que possuam interesse sexual em meninas, fazendo com que seus alvos de apaixonem perdidamente pela usuária imediatamente, sendo que seu maior problema são pessoas já apaixonadas.

– Agora… Vão atrás daquelas insígnias! – Pediu ela torcendo para eles em um pulo, realizando a cena mais fofa que ela pôde produzir. O pedido moveu a alma e coração dos presentes que avançaram nas salas seguintes, fazendo-os vasculhas cada milímetro de cada sala.

Enquanto a busca ao tesouro estava sendo executada por seus lacaios, Harumi pôde suspirar e desfazer seu sorriso momentaneamente. Finalmente tendo um tempo sozinha para caminhar em direção à saída à espera de sua recompensa, afinal, não é roubar dos colegas quando eles estão lhe dando as insígnias por livre e espontânea vontade.

– AQUI SENHORITA! – Diziam os cinco servos dela ao mesmo tempo entregando as dez insígnias necessárias para sua aprovação.

– Nossa gente, não sei o que dizer, além de agradecer vocês do fundo do meu coração e espero que todos possamos nos encontrar na escola, devo tudo isso a vocês! – Dizia ela abaixando sua cabeça para agradecer a todos, fazendo o grupo comemorar pela missão cumprida de todos em conjunto. Então, a jovem Bakugou se retirou no local descendo as escadas que já estavam ao seu lado.

– Primeira aprovada, parabéns! – Falava o herói parabenizando-a. – Não podia esperar menos da herdeira do herói número dois. – O comentário daquele profissional fez Harumi fechar os olhos para manter a calma por ter alguém puxando seu saco por sua individualidade e por causa de seus pais, a situação era realmente algo desconfortável. – Você pode ficar aqui e esperar, daqui a pouco sairá o resultado.

– Obrigada. – Falou ela de maneira seca e caminhando para seu sofá sem perceber que o herói havia mentido para ela somente para poder ficar observando-a por mais tempo… Realmente, algumas coisas nunca mudavam.