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História Meu Delírio - O começo


Escrita por: lucerino e LayerCake

Capítulo 1 - O começo


Fanfic / Fanfiction Meu Delírio - O começo

          O verde da vegetação começou a tomar conta da vista que eu tinha da janela do ônibus. Montanhas cheias de vida eram cortadas delicadamente por rios que reluziam à luz do sol que já começava a se por. O céu azul não se importava em estar o mais tranquilo e limpo possível. O ônibus continuava seu caminho pela estrada que parecia interminável. Passamos por uma cidade pequena de interior onde tudo era tranquilo. Eu sempre estava de olho procurando algum garoto atraente. Mas, nada. Nenhum. Acho que o povo está tranquilo demais até para se dar ao trabalho de ter filhos atraentes. Uma pena. Garotos de cidadezinhas assim são sempre mais carentes e ferozes na cama.         

Estava parado nessa poltrona há mais de duas horas e minhas pernas já estavam um pouco dormentes. O interior do ônibus estava agradável, principalmente por causa do ar-condicionado. Não me lembro de ter notado esse tipo de regalo nas linhas para o interior. Acredito que o pessoal do litoral tem mais mordomia. Bom, eu não estava indo para qualquer lugar. Estava indo para o litoral norte paulista. Não estou acostumado a ir a esses lugares mais exclusivos mas as vezes creio que devo aproveitar mais o que a vida me proporciona.          

Fico inquieto a medida que me aproximava mais de meu destino final. Um fim de semana com o meu melhor amigo me deixaria mais animado. Fazia muito tempo que tentávamos fazer com que essa viagem acontecesse mas sempre havia algo para nos impedir. Ele se ofereceu para me levar de carro mas não queria incomodá-lo, portanto decidi vir de ônibus. Decisão que foi recebida por ele em meio a protestos e piadinhas sem graça. Ignorei-o.         

Encosto minha cabeça na poltrona e estico minhas pernas tentando ter um pouco mais de conforto. Percebo que o homem ao me lado não tira os olhos de meu pau. Eu não havia reparado mas o homem era de responsa. Moreno, aparentemente alto, olhos castanhos e músculos que saltavam das roupas. Seus lábios estavam contraídos e sendo mordidos ferozmente pelos seus dentes brancos. Vi a sua expressão de desejo. Assim como um animal faminto olhando sua presa. Conseguia sentir seu perfume masculino. Aposto que tem no máximo 25 anos apesar de seu semblante maduro. Eu o encaro e, sem nenhuma vergonha, ele me manda um beijinho no ar assim que percebe que eu o flagrei. Não estou acostumado a receber esse tipo de cantada direta portanto desvio o olhar. Meus amigos sempre notam outros homens me encarando e tirando um pedaço meu com os olhos mas eu prefiro ignorá-los. Percebo que o ônibus parou. Sem perder tempo, ele está a dois centímetros de minha orelha. Seu hálito fresco toma conta de minha respiração enquanto tento esconder minha expressão de espanto. Sua proximidade deixa meu corpo quente enquanto eu flexiono todos os músculos.         

- Se eu tivesse mais cinco quilômetros nesse ônibus com você ao meu lado, atacaria esse seu pau com toda força que Deus me deu. Lamberia essa sua pica como se não houvesse um amanhã até você soltar todo o seu leite quente guardado em minha boca. Colocaria minha mão por trás e enfiaria meu dedo grosso em seu cuzinho até você implorar para eu parar. - ele sussurrou em meu ouvido.         

Sinto um arrepio quando percebo que ele está lambendo meu pescoço com a língua molhada e quente. Sinto aquela língua de ferro provando o suor salgado de minha pele nua. Percebo que sua mão está apertando o interior de minha coxa com uma força incrível. Ela está deslizando lentamente e encostando na minha piroca ainda mole. Sua boca está dando beijos suaves em meu pescoço que já está arrepiado. Sem aviso, ele se afasta e levanta-se carregando sua mochila. Deslizo para a sua poltrona que está incrivelmente quente e estico o pescoço no corredor para dar uma última olhada naquele homem maravilhoso. Ele estava vestindo uma camiseta marrom colada com o corpo todo definido e uma bermuda branca que mostrava e beneficiava aquela bunda redonda, dura e empinada. Seu andar era de macho forte e o seu volume traseiro mexia-se conforme ele dava cada passo. Eu o encaro até que esteja fora do ônibus. Deslizo de volta para minha poltrona e percebo meu cacete duro feito pedra por baixo de minha calça. Fazia tempo que alguém não chegava tão perto assim de mim. Sinto o calor deixando o meu corpo conforme o tempo passa. Já estou a dez minutos da minha parada.         

Tento pegar o meu celular no bolso de trás e reviso as minhas mensagens com o Sasuke. 

 Sasuke – Onde está? 

Eu – To no ônibus. 

Sasuke – Eu sei né babaca. Quero saber em que parte está no caminho. 

Eu – Não seja tão mal educado. Estou chegando. Por que está tao ansioso menino?

 Sasuke – Só quero meu amigo aqui logo. Posso?

 Eu – To chegando Bruno. Que saco. Espera cara. 

Sasuke – Me avisa quando estiver chegando. 

Sasuke – Tá? Sasuke – Naruto? 

Sasuke – Meuuu.... CARALHO HEIN... 

Sasuke - ….          

Não sei como eu consegui um amigo tão pegajoso. E para a surpresa de todos, hétero. Sempre achei ele um gato mas tenho respeito se alguém não quer aproveitar um pouco do que ofereço para o mundo. Ele que sai perdendo. Pelo menos ele era um anjo comigo. Às vezes. Digito o mais rápido possível.

 Eu – 10 minutos.         

Eu devo ter esquecido de respondê-lo depois que o gostoso misterioso apareceu e me atacou. Bom, é a vida. 

Sasuke – Tá.         

Já mencionei que é só às vezes que ele é um anjo? Levanto-me e caminho lentamente pelo corredor do ônibus carregando minha bolsa. Fico ao lado do motorista tentando reconhecer o lugar seguindo a descrição do Sasuke. Dois minutos e está lá o ponto de ônibus em que devo descer. Peço para o motorista parar e saio do ônibus.        

 Assim que desço, vejo que o sol ainda está presente e protejo meus olhos dos raios quentes. O vento está soprando levemente carregando o cheio característico do mar. Ao lado do ponto de ônibus percebo um vulto se aproximando conforme o ônibus se afasta. Espremo os olhos para ver quem é e reconheço os olhos negros e cativantes de Sasuke.        

 Ele não mudou nada. Mesmo Sasuke de sempre. Cabelo escuto arrepiado. Sobrancelhas escuras franzidas tentando me enxergar enquanto o sol quente ilumina sua pele branca e levemente molhada. Seu corpo bem definido cabe perfeitamente em sua roupa básica. A camisa vermelha balançava com o vento enquanto seu shorts com estampas tropicais grudava em suas coxas grossas enquanto ele caminhava. Ele é da minha altura mas um pouco mais malhado. Sua boca vermelha afastou-se e mostrou seu sorriso encantador assim que seus olhos se conectaram com os meus.         

- Até que fim hein! - ele gritou abrindo seus braços fortes sugerindo um abraço.         

- Para de palhaçada menino, a viagem foi mais curta do que o planejado. - eu tentei desviar do abraço de urso enquanto puxava minha bolsa para as costas.         

- Acho que sentimentos não serão trocados nessa viagem mesmo. Sua mãe não te amou na infância? - ele brincou, abaixando os braços e colocando a mão em meu ombro.        

 - Hum... - resmunguei enquanto começava a segui-lo pelo acostamento da estrada.         

- Bom, você terá que se acostumar comigo enchendo o saco. Meus pais tiveram que voltar para São Paulo hoje. Alguma coisa que aconteceu com o trabalho deles. Esse fim de semana será apenas eu e você.        

 - Uhuuuu.. - gritei ironicamente enquanto observava o ambiente.       

  O lugar era bem isolado. Além da pista e do ponto, só conseguia ver mato dos dois lados. Seguimos pela estrada até uma entrada com portões dourados. Sasuke empurrou o portão e eu percebi que sua aliança não estava mais em seu dedo. Pensei que tudo estava indo bem com a menina com quem ele estava namorando. Apesar de não conhecê-la ainda, tinha uma certa simpatia pois ouvi dizer que ela vive me elogiando pela minha aparência em fotos.          

Olhei além dos portões e vi um mar de casas e mansões que fazia companhia ao mar. As árvores cheias de flores davam ainda mais cor para a visão cheia de telhados novos, janelas limpas, lustres reluzentes e gramados cortados. O mar reluzia a luz do pôr do sol que insistia a acontecer. Só encontraria essa visão em algum comercial de luxo. Tudo era perfeitamente arrumado e delicado. Tinha medo de pisar no lugar errado e ser preso por desordem pública. Sempre soube que o Sasuke tinha dinheiro, mas não sabia que era tão rico.         

- Então, esse trabalho dos seus pais não é com drogas não né? - perguntei com a boca aberta.         

- Eles são acionista de uma empresa ou sei lá o que. Eu sei que aqui tem muito para absorver, mas tente ignorar as pessoas de nariz empinado. - ele disse tentando esconder a vergonha.        

 - Ah, que bom. Agora tenho motivo para te ignorar. - falei provocando ainda mais sua vergonha absurda da riqueza.         

Caminhamos algumas ruas e passamos por algumas mansões extravagantes até chegarmos a 'casa” de vidro de praia do Sasuke. A casa era tão grande por fora que fazia sombra no mar que ficava a dez metros da entrada. Era a única “casa” que ocupava um quarteirão inteiro. As janelas eram alongadas e iam do meio da casa até o chão revelando o interior do palacete. Conseguíamos ver a escada no meio da sala que provavelmente levava para os quartos no piso superior. Televisões de plasma, sofás de metro, uma mesa de vidro com no mínimo vinte lugares e um lustre no hall de entrada que deveria ser feito de cristais. O jardim estava impecavelmente verde e a porta impecavelmente grande demais.        

 - Deixe suas coisas ai no sofá e vamos para a cozinha comer alguma coisa. - ele disse descontraído enquanto entrava em sua “casa”.       

  - Ok. - eu disse ainda incrédulo com o tanto de dinheiro que esse menino vem escondendo de mim por tantos anos.         

Joguei minha bolsa no sofá ainda tentando receber tanta informação de uma casa só. Segui o Sasuke até a cozinha que não deixava a desejar no conjunto. Sentei a mesa já pronta ao lado do meu ingrato amigo.        

 - Então “colega”, se você é tão rico, por que não compartilha com os amiguinhos necessitados?        

 - Para com isso seu palhaço. Eu nem sou rico. Meus pais são. - ele falou enquanto colocava suco em sua taça de cristal.         

- Ironia. - falei enquanto via o sorriso nascer novamente naquele rosto angelical. - Então, vai me contar o que aconteceu com a Sakura?         

- Nossa meu, como você é bisbilhoteiro né! - ele gritou com o tom de desafio. - Eu terminei o namoro.         

- Hum, foi mal. - percebi que havia algo a mais na história mas deixei passar.        

 - Eu gostava dela, mas ela queria mais do que eu podia oferecer. - ele falou olhando diretamente em meus olhos. Seus olhos negros desviaram-se tentando esconder algo.        

 Comemos um lanche normal. Queria cavear mas acho que é pedir de mais. Mas comer um misto quente com suco natural já é demais né. Quando terminamos, ele levantou-se da cadeira e passou por trás de mim deslizando a mão em minhas costas. O toque dele era surpreendentemente confortante. Deixei esse pensamento de lado e perguntei:         

- Quais são os planos para hoje? Estou a fim de animar seu humor. Solteirão. - disse brincando.         

- Você sempre anima meu dia, Naruto. Não importa o que você faz ou como eu estou me sentindo. É você quem eu procuro todos os dias. - ele disse com a voz um pouco mais baixa que o normal.         

- Obrigado Sasuke. Você também é assim pra mim. - tinha uma piada pronta, mas não achei apropriado. Ele parece um pouco chateado com esse fim de namoro.        

 - Qual filme você quer assistir? - ele perguntou.         

- Bom, é melhor não deixar eu escolher. Ultimamente tenho assistido muitos filmes de romance “alternativo”. Você sabe, pra minha turma. - eu disse.         

- Beleza. Então escolhe um. Não tenho preconceito. - ele disse ficando vermelho.        

 - Tá bom. - eu disse com um sorriso no rosto enquanto íamos para a sala de televisão.        

 Depois de alguns minutos vasculhando o site de filmes, encontrei uns dos meus filmes preferidos. “De repente, Califórnia”. Achei apropriado. O Sasuke estava extremante confortável no sofá sem deixar espaço para mais ninguém. Ele sabe que esse tipo de coisa não me deixa feliz.        

 - Então, qual o filme. - ele disse com um sorriso malicioso no rosto.         

- De repente, Califórnia. Você, por obséquio, poderia deixar um espaço no sofá para os menos afortunados? - falei irritado.        

 - Olha as palavras dele! Você fica tão bonitinho irritado. Pode sentar aqui do meu lado. - ele disse brincalhão batendo a mão no sofá.         

Sentei-me ao seu lado com a expressão de desgosto. Não estava acreditando nas coisas que estavam acontecendo. Tentava não pensar muito pois sabia que eu poderia me enganar. Nós eramos amigos. Apenas amigos. Nada mais. Porém algo poderia acontecer. Mas, não. Ou sim? Amigos. Certo?       

  O filme passou e em alguns momentos vi o Sasuke mexendo a perna demonstrando nervosismo. Sei que ele tinha algo para me falar mas não queria confrontá-lo. Durante o filme, não trocamos palavras. A atenção estava totalmente presa na história. Fui ao banheiro duas vezes e quando voltava, percebia os olhos escuros de Sasuke seguindo meus passos lentamente. Quando o filme acabou eu levantei do sofá e desliguei a televisão. Vi que ele estava ainda mais inquieto com a perna e as mãos. Se esse menino matou a namorada, eu já teria um plano de fuga, que envolvia um Toddynho e uma caixa de fósforos.         

- Sasuke, me fala o que foi. - eu disse.       

  - Falar o que? - ele disse visivelmente nervoso.         

Eu olhei para ele com um ar sério. Seus olhos brilhavam quando olhava de volta para mim. Consegui por um minuto ver um garoto com quem eu poderia realmente confiar, respeitar e amar. Meu coração se aqueceu e ficou inquieto em meu peito. Eu não poderia alimentar esses sentimentos. Já sofri com isso antes e sei que amar alguém que não te ama é … foda. Sua boca estava ainda mais vermelha do que o habitual. Talvez estava mordendo-a com força. Percebi como sua camiseta balançava rapidamente com o seu respirar forte. Seus olhos gritavam.        

 - Eu sou gay. - ele disse.         

- Oi? - eu disse incrédulo.         

- Desculpa por não ter te falado cara. Mas eu sou gay. - ele disse.         

- … - isso não poderia ser verdade.       

  - Eu estava namorando com um menino, Fernando. Por isso você e nem ninguém nunca o conheceu. E foi exatamente por isso que nós terminamos, pois eu não conseguia assumir para ninguém.         

- Por que você nunca me contou? - eu disse.        

 - Porque eu tinha vergonha. Na verdade ainda tenho. Quando você me contou sobre você, lembro que morri de vontade de contar mas sempre pensei nos outros e o que eles falariam. Meus pais estão sempre tão orgulhosos do meu irmão. Eu não posso dar motivo para eles me odiarem.         

- Mas seus pais me amam e sabem sobre mim. - eu disse.       

  - E foi isso que me deu coragem para me assumir para eles. Falei hoje à tarde. Eles foram embora pois queriam deixar a gente a sós. Acharam que você derrubaria a casa se soubesse que eu menti para você por tanto tempo.         

- Calma, você ainda não me deu tempo. - eu disse brincando.         

- Você não está bravo comigo? - ele perguntou olhando para mim com os olhos brilhando com o alívio.        

 - Claro que não. Na verdade fiquei aliviado. Agora sei que você realmente gostou do filme. Mas acredito que você deve estar chateado por não ter feito isso antes. Principalmente para continuar com o seu namorado.


Notas Finais


Continua...


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