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História O Sol em meio à tempestade - Capítulo 6


Escrita por: nsbenzo

Notas do Autor


Boa leitura *-*

Capítulo 7 - Capítulo 6


Fanfic / Fanfiction O Sol em meio à tempestade - Capítulo 6

Eu sabia que devia estar lá, sentado ao seu lado, confortando-a.

Não que fosse minha obrigação, afinal eu era apenas o novo amigo idiota de Katniss. Porém cada vez que ela erguia seus olhos, para dar atenção a sua irmã ou ao Gale, que chegaram minutos depois que eu mesmo assinei a internação de Jared Everdeen, eu podia notar que, mesmo que Katniss não tenha derramado nenhuma lágrima, algo em suas íris cinzentas denunciava que ela estava muito mal.

Eu estava a alguns metros dos três. Meus braços cruzados sobre o peito, sem ter o que realmente fazer com eles, amassando minha gravata que estava frouxa em meu pescoço, com o paletó cinza em minha mão esquerda, o corpo encostado na parede branca do corredor hospitalar, e os olhos atentos caso fosse preciso agir.

Jared havia sofrido um início de ataque cardíaco por falta dos remédios de hipertensão arterial que ele precisava tomar de manhã e à noite.

Desde que seu pai foi colocado em um dos quartos, devidamente medicado e sedado para acalmar seu coração, Katniss não havia dirigido a palavra a mim, e eu, sinceramente, não a culpava por isso.

Apesar de me considerar amigo dela, eu sabia que eu a via mais próxima de mim do que realmente éramos. Ela tinha seu jeito tímido e fechado, que impedia que ela se soltasse de verdade, e me permitisse entrar em sua vida. Eu estar presente em um desses momentos tão particulares, talvez tenha passado a ideia de que eu estava invadindo seu espaço, coisa que Katniss evitava que eu fizesse, sempre que eu perguntava algo sobre ela.

Porém, mesmo enxergando tudo dessa forma, eu não conseguia ir embora. Meu peito criava esperanças de que Katniss precisaria de mim em algum momento, e eu estaria ali pra ela, caso isso acontecesse.

– Talvez fosse bom você ir descansar, Peeta. – a voz de Madge me fez virar a cabeça para o outro lado para enxerga-la.

Ela também tinha os braços cruzados, e seus olhos azuis estavam emoldurados com um vermelho claro, denunciando que Madge havia chorado.

– Eu não... – soltei o ar devagar, descruzando os braços. – Eu não posso ir embora.

– Por quê? – questionou franzindo a testa.

– Porque se a Katniss precisar, eu vou estar aqui pra ela. – falei convicto, afrouxando mais a minha gravata.

Madge abriu um pequeno sorriso.

– Tio Jared está bem, Peeta. Foi só um susto. – ela respirou devagar, deixando seus braços caírem ao lado do corpo. – Mas acho legal você se disponibilizar dessa forma para alguém que conhece há pouco tempo.

Virei o rosto para olhar Katniss, que mantinha a cabeça encostada no ombro de Gale.

– Ela é diferente de tudo o que eu já vi. – confessei voltando a olhar Madge. – Algo em Katniss me faz querer cuidar dela.

– Katniss nunca quer ser cuidada, mas sempre quer cuidar dos outros. Com o tempo você vai perceber isso. – ela encostou ao meu lado na parede. – Ela é forte, mas ao mesmo tempo é frágil. Mostra um olhar de seriedade que te diz que está tudo bem, mas por dentro ela está em pedaços. – Madge escondeu as mãos nos bolsos da jaqueta que ela usava, e que eu sabia ser de Gale por vê-lo usando mais cedo. – O problema é que raramente conseguimos fazer alguma coisa por ela. Annie e Gale só descobrem certas coisas por saberem ler seu olhar e sua forma de agir. Mas quando eles não conseguem, nada a faz dizer. Katniss só conta tudo ao tio Jared.

– Ela age dessa forma com qualquer coisa? – perguntei.

– Não. Apenas com as coisas que a machucam de verdade. Katniss se tranca no mundo dela, e é difícil tira-la dele. – Madge suspirou. – Mas ela é uma ótima pessoa. Eu me encantei por sua simpatia desde que a conheci com dezoito anos, e tentava bancar o cúpido para mim e Gale, já que ele era uma negação pra falar comigo. – ela deu um pequeno sorriso. – Katniss é a irmã que eu não tive, e sinceramente espero conseguir algum dia ser aos olhos dela uma amiga que ela pode contar.

Suas palavras invadiram minha cabeça, jogando uma boa dosagem de realidade em minha cara.

Katniss não tinha proximidade que uma amiga costuma ter, nem mesmo com Madge, que a conhece há alguns anos. Sendo assim, quais eram as minhas chances verdadeiras de ser um amigo para Katniss, já que ela não procurava por isso?

– Mas acho que você não deve desistir. – ela voltou a falar chamando minha atenção. – Sinceramente chego a pensar que você será a pessoa que vai conseguir tira-la desse casulo.

– Por que acha isso? – questionei curioso.

– Porque vê-la rir em pleno dia sete de setembro foi algo milagroso, e você foi o causador disso. – Madge deu um pequeno sorriso. – Talvez Katniss nunca chegue a dizer, mas quando ela mais precisar, ela vai te querer por perto. Por exemplo, agora. – Madge indicou com a cabeça, me fazendo voltar a olhar em direção a Katniss.

Gale olhava em nossa direção, e fazia um movimento com os olhos indicando Katniss, que ainda estava na mesma posição.

– Por isso eu o amo tanto. Ele parece ler meus pensamentos. – Madge deu um sorriso bobo. Sorri com ela antes de voltar a olhar Gale e Katniss. – Vai lá, Peeta.

Respirei fundo, decidindo me aproximar.

– Catnip. – Gale a chamou, fazendo-a erguer a cabeça. Seus olhos pararam em mim, e algo diferente passou por eles, deixando-me apreensivo. – Eu vou ver se a Annie achou o médico. Peeta ficará com você.

Ela abriu a boca, mas desistiu de falar, enquanto seu melhor amigo levantava, e ia em direção a Madge, arrastando-a pela mão corredor à fora.

– Oi. – falei, sentando-me ao seu lado, colocando o paletó sobre minhas pernas.

Katniss me olhou rapidamente, desviando o olhar em seguida, encarando a parede a sua frente.

– Oi. – respondeu baixo.

– Quer que eu vá embora? – indaguei.

– Não. – falou movendo seus pés pra frente e pra trás, parecendo uma criança.

– Que bom, porque mesmo que quisesse eu não iria. – respondi, o que a fez me olhar, e depois de alguns segundos esboçar um sorriso.

– Insistente. – disse por fim. – Obrigada... Por ter me ajudado a traze-lo.

– Sempre que precisar. – respondi.

Ela passou os olhos mais uma vez por meu rosto, antes de voltar a encarar a parede.

– Meu pai já teve problemas assim antes. Ele toma vários comprimidos pra tentar controlar a pressão. – começou a explicar, o que me surpreendeu. – Mas da última vez o médico disse que se tivesse um pico, poderia ser o último. – sua voz falhou na última palavra, tornando-se embargada quando voltou a falar. – Quando o vi daquele jeito... Eu pensei que não teria volta. – Katniss voltou a mexer os pés. – Mas você foi rápido em traze-lo até aqui. – ela me olhou, fazendo-me notar que as lágrimas haviam se acumulado em seus olhos, porém Katniss parecia lutar contra elas, não as deixando cair.

Meu coração se contraiu, mas tentei manter a mesma feição.

– Eu só fiz o que era preciso, pequena. Mas fico feliz em ter ajudado. – dei um sorriso torto, estendendo a mão para acariciar sua bochecha.

Katniss deu um sorrisinho e fechou os olhos.

– Obrigada. – falou baixo.

Não a respondi, mas me aproximei, beijando sua testa demoradamente.

Ela abriu os olhos quando eu me afastava, por isso parei, ficando a poucos centímetros dela.

– Eu vou cuidar de você. – prometi olhando em seus olhos cinzentos. – Eu poderia dizer que duas semanas são suficientes para você se apegar a alguém, mas confesso que me apeguei a você assim que te vi naquele corredor, no seu primeiro dia. – Katniss estava atenta, enquanto eu ainda acariciava sua bochecha esquerda. Eu estava tão próximo que podia sentir seu hálito quente em meu rosto. – Por isso, eu não ligo se você não quer me envolver de verdade na sua vida. Eu cuidarei de você no que eu puder. Assim como fiz na sala do segundo ano. – dei um sorriso torto, me afastando dela, deixando minha mão cair ao meu lado.

– Você é uma figura. – ela deu um pequeno sorriso. – Não acho que seja fácil cuidar de mim, Peeta.

– Mas eu vou, mesmo que você não queira. – disse decidido. – Eu vou ser o amigo que você nunca teve.

– Ei. – ouvi Gale reclamar, e acabei rindo enquanto virava pra olha-lo. – Pode retirar o que disse. – falou parando ao nosso lado, de mãos dadas com Madge.

– Não posso. – ergui as mãos como se me rendesse. – Você vai ver como consigo ser incrível. – dei de ombros.

Ouvi o riso baixo de Katniss, e notei que Madge sorria pra mim.

– Niss. – Annie chamou a atenção de todos ao se aproximar com Finnick. – O doutor disse que o papai precisará passar a noite aqui, e como ele está sedado, é melhor irmos pra casa.

Katniss apenas afirmou com a cabeça levemente, levantando-se.

– Nos vemos amanhã? – perguntei a ela ao me levantar também.

– Pode ser na segunda? – Katniss questionou de volta sem me olhar. – Tenho algumas coisas pra fazer. – emendou sua fala, parecendo hesitante.

– Tudo bem. – dei um sorriso torto, passando a mão direita por meus cabelos. – Nos vemos no colégio. – falei, fazendo-a dar um pequeno sorriso.

– Então até lá. – Katniss se afastou, sendo seguida por Annie e Finnick.

– Não a leve a mal não. – Gale disse, e só então notei que ele e Madge estavam atentos em mim. – Ela só quer...

– Ficar sozinha. – completei sua frase. – Eu sei. Se precisarem de mim, Annie tem meu número. – falei direcionando-me para a saída.

 

~||~

 

Abri a porta silenciosamente, enquanto minha mente vagava entre milhares de pensamentos onde apenas uma pessoa era protagonista.

Me virei depois de girar a chave duas vezes, apenas para me assegurar que a porta estava trancada. Soltei um suspiro lento, virando-me devagar pronto para ir em direção ao não conforto que um sofá ofereceria no momento, até que um movimento brusco me fez voltar a realidade.

Um taco de baseball veio em minha direção, e parou a poucos centímetros do meu braço direito, que eu havia colocado em frente ao rosto para tentar me proteger.

– Que susto, Peeta. – a voz de Delly estava alterada.

– Que susto? – questionei incrédulo, apertando o interruptor e clareando a sala de estar. – Você quase me espanca, e você quem está assustada? – tomei o taco de suas mãos.

Minha irmã rolou os olhos e respirou fundo.

– São quase quatro horas da madrugada. O que mais você queria, Peeta? Que eu te recebesse com fogos de artificio e balões? – resmungou.

Foi minha vez de rolar os olhos, e colocar o taco ao lado da porta.

– Como você está? – perguntei me aproximando e repousando um beijo demorado em sua testa.

Delly sorrio brevemente.

– Eu estou morta. – suspirou quando me afastei. – Cheguei do serviço há quase uma hora, a babá não conseguiu fazer Pietro dormir, então precisei colocá-lo na cama eu mesma. Isso faz – ela olhou o relógio dourado em seu pulso. – Dez minutos. Quando pensei em tomar um banho e dormir escutei barulho na sala, o que me fez pensar que tinha um bêbado invadindo, de tão barulhento que você é. – resmungou. – E pensando nisso, começo a entrar em pânico agora, porque é bem capaz do Pietro ter acordado. – sua voz denunciava seu desespero.

Fiz uma careta para minha irmã.

– Esse garoto tá saindo pior que a encomenda. – fiz piada retirando o paletó e a gravata, deixando-os sobre o encosto da poltrona. – Sempre que venho aqui ele está te dando trabalho. – debochei, finalmente jogando-me no sofá.

– Não fale assim dele. – Delly sentou na poltrona me analisando. – Onde estava até essas horas? – questionou curiosa.

– Com Katniss. O pai dela passou mal e foi parar no hospital. – abri os primeiros dois botões da camisa.

– Nossa. – foi o que ela disse, parecendo sem saber o que realmente dizer.

– O senhor veio. – a voz infantil e sonolenta de Pietro Mellark me fez olhar em direção ao corredor.

– Devagar, campeão. – falei quando ele veio correndo em minha direção e se jogou em meu colo. – Pra um garoto de cinco anos você tá muito pesado. – reclamei.

– Mas afinal de contas o que você faz a essa hora aqui? – Delly perguntou, enquanto eu ajeitava Pietro em minhas pernas.

– Eu moro muito longe. Até chegar lá já seria de manhã.

– Exagerado. – ela fez uma careta.

Dei um sorriso, enquanto Delly colocava os pés sobre a poltrona.

– Como foi o trabalho? – questionei.

– Como sempre. – minha irmã ajeitou seus cabelos loiros. – Ser gerente de um bar é cansativo. – ela se encolheu. – Às vezes tenho vontade de vende-lo e manter apenas o restaurante. – Delly suspirou. – Mas ai me lembro do quanto David amava aquele bar, e ai desisto.

– Bom. Se um dia precisar de ajuda, você sabe que pode contar comigo, Dell.

– Sim. Eu sei. – ela deu um pequeno sorriso. – Como foi na casa de Katniss antes de tudo acontecer? – perguntou.

– Foi bom. – abri um sorriso torto. – Gosto de estar com ela.

– Você sabe que não é apropriado, certo? – Delly perguntou de cenho franzido. – Você precisa encontrar Johanna antes de pensar em se envolver com alguém.

Fiz uma careta de desgosto ao ouvir o nome sendo citado por minha irmã.

Eu odiava Johanna Mason e tudo o que ela significava em minha vida, porém o sumiço dela, que deveria ser algo maravilhoso pra mim, apenas servia para me trazer mais problemas.

Exatamente da mesma forma que ela vinha fazendo há alguns anos.

– Não estou me envolvendo com ninguém. – rebati por fim, decidido a não entrar em discussão sobre Johanna. – Eu só quero ser um bom amigo, e sei que é disso que ela precisa.

– Bom amigo. – disse com desdém. – Com esse seu jeito brincalhão e cara de pau, ela vai se apaixonar rapidinho. E ai, meu caro irmão, vai dar uma grande confusão, onde você desejaria ter me ouvido antes. – alertou. – Sem contar que você corre o risco de magoa-la.

Neguei com a cabeça, ajeitando-me no sofá.

– Katniss não se apaixonaria por mim, Dell. E eu posso cuidar dela sendo apenas um amigo.

– Claro que pode. – minha irmã respirou devagar. – Só tenha cuidado. Pelo que você fala, Katniss parece ser uma ótima pessoa. Eu sei o quanto você se odiaria, caso fizesse ela sofrer.

– Isso não vai acontecer, Delly. – falei convicto. – Seremos apenas amigos. – insisti.

– Tudo bem. Eu não vou discutir com você. – ela se colocou de pé. – Vou tomar banho e dormir. Fique à vontade. – minha irmã disse se aproximando de mim e de Pietro que tinha a cabeça encostada em meu peito parecendo sonolento. – Coloque-o na cama, por favor. – ela beijou o alto da cabeça dele, e fez o mesmo comigo em seguida.

Delly andou pelo corredor, mas parou antes de alcançar a porta de seu quarto. Ela se virou em minha direção.

– Só me responda uma coisa. – Dell cruzou os braços. – Por que decidiu usar terno para uma reunião na casa dela?

Franzi o cenho levemente confuso. Algo em minha cabeça me dizia que sua pergunta era uma armadilha, mas mesmo assim decidi responde-la.

– Por que eu gosto? – falei em tom de pergunta. – Por que mais seria, Delly? – questionei.

– Porque é isso que você sempre faz. – ela descruzou os braços. – Se veste de maneira elegante pra impressionar alguém que você gosta.

– Você está errada. – retruquei.

Delly negou com a cabeça e bufou impaciente.

– Tudo bem. Boa noite. – ela me deu as costas e voltou a andar.

– Boa noite. – falei baixo sentindo minha cabeça doer.

“Eu não estava tentando impressionar ninguém.”, pensei comigo mesmo. Não era algo fora do comum pra mim. Eu gostava de uma boa gravata e um bom paletó. Qual era o problema em usar um terno em um festa caseira?

A família de Katniss havia elogiado, ela também. Não via mal algum nisso.

Delly estava enlouquecendo. Mais ainda pelo fato de dizer que Katniss se apaixonaria por mim. Ela mal me queria como amigo. Por que haveria de existir outros sentimentos?

Se bem que antes de seu pai surgir no corredor, cheguei a nota-la um pouco tensa quando parei os olhos em sua linda boca, que eu andava prestando atenção demais há algum tempo.

Neguei com a cabeça.

Eu não podia estar pensando em Katniss dessa forma. Isso apenas serviria para deixar tudo mais complicado, e a última coisa que eu queria era complicar algo que devia ser tão simples.

Respirei devagar antes de levantar com meu sobrinho em meus braços.

Eu só precisava de uma boa noite de sono. Era apenas disso o que eu precisava.

E eu contava que isso fosse o suficiente para acalmar o mar de pensamentos que minha irmã havia causado com seu pequeno interrogatório, deixando-me completamente confuso.


Notas Finais


Sim gente.
Nossa Delly é a ahazadora Ashley Benson, só porque ela é uma diva kkk
Espero que gostem.
Beijos ♥


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