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História O Som da Música - INTERATIVA - Capítulo X - Algo Termina, Algo Começa - Parte 2


Escrita por: IamSpartacus

Notas do Autor


Salve pessoas, sei que não venho por aqui faz um bom tempo, mas relaxem. Não costumo abandonar projetos, acontece que vida profissional, acadêmica e pessoal me sugaram completamente e está difícil arrumar um tempinho para escrever.

Me esforcei bastante neste capítulo e espero que seja do agrado de todos. Como sempre disponibilizarei os links das músicas cantadas apenas nas notas finais, logo se querem ouvir enquanto estão lendo ou ouvir antes, olhem lá antes de ler o capítulo em si.

Não se esqueçam de comentar, só posso melhorar com o feedback de vocês.
Boa leitura!

Capítulo 11 - Capítulo X - Algo Termina, Algo Começa - Parte 2


Duas batidas e pausa. Novamente duas batidas. Uma breve indagação dita a fim de conferir se tudo estava dentro dos conformes. Estava. Um certo receio subiu-lhe na espinha na forma de um arrepio, ela não queria se arrepender daquela escolha, mas iria se arrepender mais ainda se não tivesse escolhido uma das opções. A mulher estava contra a parede, numa sinuca de bico, qualquer alternativa levaria a um caminho incerto e que ela sentia que poderia desapontar alguém, sabemos quem é esse alguém. Novamente ela tocou um par de vezes o microfone pousado sobre um tripé que estava milimetricamente bem ajustado para a sua altura. Poderia cantar tantas músicas, mas que performadas sem a presença dele não faziam sentido algum. Desde que saiu de casa naquela aventura na estrada, na dura e seca realidade de ser músico tocou e cantou com Kai. O garoto de cabelo ralo e físico magro sempre esteve ao seu lado, nas horas ruins e nas horas boas, agora estavam separados por uma discussão que ela preferia não ter tido, mas que entendia que precisou ter.

- Pode começar quando quiser Abigail. - Janne respondeu puxando a boca da saia um pouco mais para o joelho já que havia notado um tímido olhar de Craig para a região de suas coxas.

O aviso tinha sido dado, uma última olhada no visor do celular selou o momento. Ele não iria vir, disso ela já sabia, mas encarar o fato era um patamar a mais de onde ela se encontrava agora. Não havia Kai, não havia violão. Só havia o instrumento vocal latente pousado no suporte de três pernas e uma platéia minúscula, mas que ao mesmo tempo devia ser uma das mais importantes de toda a sua vida. Abigail engoliu a saliva, pensou em mil e uma coisas a fim de fazer daquilo mais fácil, adiantou. Quando fechou e abriu os olhos concluiu que tinha de fazê-lo, de um jeito ou de outro. Pousou uma das mãos sobre o microfone e a outra sobre a haste metálica que servia de suporte.

Atrás da janela de vidro os seis olhos atentos a encaravam fixamente, ela podia contar todas as piscadas que ocorreram. Relutou uma última vez imaginando que seria tão mais confortável se Kai estivesse ali, mas não estava e portanto ela deveria ser forte. Até aquele momento ela não tinha pensado em que música cantar, poderia fazer um cover da Band Perry a qual estava acostumada a fazer, mas sem ele ali aquilo não era uma opção. Trafegou de Carrie Underwood à Martina McBride e até Taylor Swift, mas encontrou numa canção original a confiança que precisava.

She had a dead-end job at the National Bank

And a deadbeat husband who always drank

So when he didn't come home

She had the gin to thank for the tears in her eyes

So Dixie packed up and said her goodbyes

A voz saía de forma tímida, mas agradava a narrativa, o famoso storytelling, característica intrínseca da música country. O contar uma história, normalmente dramática ou reflexiva.

She went driving so far away nobody's gonna find her

Flying just fast enough, to leave it all behind her

But she didn't know till she hit the road, deep in her soul

She's got the fire and the fight of a gypsy

Ain't nothing stronger than the heart of Dixie

The heart of Dixie

Aos poucos ela foi se soltando, ao optar por não encará-los e tentar se distrair focando na canção Abigail conseguiu extrair um potencial inigualável. Coisa que jamais tinha feito com Kai ao seu lado. No último verso ela ousou, aumentando a nota em tom e grau, a reação dos avaliadores foi imediata. Todos se entreolharam com um sorrisinho estampado no rosto, o típico sorriso de um pirata ao encontrar um tesouro, o típico sorriso de um chef vendo os clientes apreciando seus pratos e a fila do restaurante dando volta no quarteirão.

It's a funny thing when your world falls down

It's got a way of showing you what you're all about

Now Dixie's got her wheels pointed south

And she ain't never looking back

Nobody knew she was brave like that

Com os olhos ainda fechados ela abraçou o microfone com ambas as mãos, trouxe-o para perto com intimidade como o abraço caloroso entre dois noivos. Seus lábios moviam-se em movimentos angulares e semi-circulares enquanto a voz soava de dentro do cubículo especial para captura de voz. Craig cruzou as pernas com um olhar cheio de malícia estampado no meio da face, ele parecia ter encontrado algo muito além de uma nova artista.

She went driving so far away nobody's gonna find her

Flying just fast enough, to leave it all behind her

But she didn't know till she hit the road, deep in her soul

She's got the fire and the fight of a gypsy

Ain't nothing stronger than the heart of Dixie

The heart of Dixie

Abigail se soltou completamente. Ela se desconectou do mundo de tal forma que parecia estar em órbita no espaço. Ela conhecia aquela música, conhecia aquela música de cabo à rabo, e o motivo? Era lógico, aquela música saiu dela, de dentro dela. De cada angústia e aventura transformados em artes. De cada tristeza e alegria dos momentos que só ela vivenciou e aprendeu a conviver. Dixie era Abigail tão como Abigail era Dixie, só o nome mudava e mais nada.

Yeah Dixie woke up to the truth one day

Grabbed her cheap sunglasses and her lipstick case

Semicerrou os olhos e fez um leve movimento com os ombros fazendo com que parte do seu decote ficasse à mostra em direção aos ombros. A cena completamente sexy fez os dois homens que a avaliavam se entre-olharem novamente como se dividissem sussurros e planos malignos. Janne estava muito entretida para perceber as segundas intenções ali presentes.

And she went driving so far away nobody's gonna find her

Flying just fast enough, to leave it all behind her

But she didn't know till she hit the road, deep in her soul

She's got the fire and the fight of a gypsy

Ain't nothing stronger than the heart of Dixie

The heart of Dixie

 

O-o-oh

The heart of Dixie

O-o-oh

A menina retomou o refrão com uma capacidade inigualável. Em seus olhos queimavam uma determinação muito pouco vista antes. Ela podia estar cantando a capella mas conseguia imaginar facilmente toda a banda atrás de si com bateria, banjo e violão compondo a melodia única que se formava em torno de sua voz, para a sorte dela todos os três ali também conseguiam.

A música terminou e assim que ela saiu da cabine de gravação Janne levantou-se com um pulo, mas sempre com muita classe. Ela correu para o engenheiro de som e ali conversaram por alguns momentos. Mike e Craig levantaram-se de seus lugares e a aplaudiram sem esmero. O sorriso tímido que brilhou no rosto de Abigail reviveu uma aparência jovial e pura, exatamente o que vende horrores na mídia e nas rádios. Ele poderia traçar um futuro belíssimo para ela, isto é claro, se ela sobrevivesse à fama e à perda de sua vida privada. A demanda por artistas assim era inegável, o country era apenas a porta de entrada de muitos, pouco a pouco ele podia se imaginar moldando-a para uma artista pop e lotando estádios em diversos países diferentes.

- Você foi simplesmente espetacular Abigail. - Mike lhe estendeu a mão em cumprimento.

- Eu diria que espetacular ainda foi pouco para definir. Você de fato tem o dom, e juntos podemos dividi-lo com um mundo inteiro que aguarda. Parabéns, nós certamente vamos querer você trabalhando na Monuments. - Craig diferente de Mike não se contentou com um aperto de mão, ele a abraçou com força, apertando-a contra o seu corpo e ficou extremamente satisfeito ao sentir os seios pequenos contra o seu peito.

- Janne foi conversar com o engenheiro de som, esperamos que ela tenha gravado sua audição, porque se tiver vou questionar a função dele aqui. - as palavras saíram em tom de brincadeira, mas Mike fez pouca questão de esconder a possível indignação caso aquilo não tivesse sido gravado.

Janne chegou logo em seguida. Fechou com delicadeza a porta que separava a sala da cabine de controle e sorriu.

Algumas horas depois, com o anoitecer o pub estava lotado, não num nível em que era impossível de se locomover, mas de forma que todas as mesas e até os cantos mais ermos do balcão estavam ocupados. Numa dessas mesas, precisamente terceira fileira de distância pro palco estavam Billy, Jack e Seth. O loiro permanecia com a coluna ereta e queixo erguido como se buscasse alguém na multidão. Seth e Jack encaravam fixamente as garrafas de cerveja até por fim brindarem e entornaram quase todo o líquido goela abaixo.

- Pare de assustar as pessoas Billy, ou qualquer coisa que vocês esteja fazendo! - Jack retrucou enquanto encarava a garrafa vazia junta de mais outra meia dúzia que se encontravam acima da mesa.

A resposta não veio de imediato, Billy continuava calado como se procurasse algo ou alguém. Ele franziu o cenho e depois de alguns instantes de silêncio redirecionou sua atenção aos amigos.

- Desde que chegamos não vejo Cattleya, ela não é do tipo que costuma se atrasar. - ajeitou a camisa justa para que partes do corpo não ficassem amostra, mas a gola lhe apertava tanto no pescoço que ele quase rasgou a roupa ao puxá-la.

- Com o namorado naquele estado não é de se espantar que ela falte alguns dias de trabalho. - Seth comentou pouco tempo depois.

Billy virou-se para ele, olhando diretamente em seus olhos como se estivesse para dizer a coisa mais séria que poderia. O clima chegou até a assustar um pouco Jack que olhava de soslaio enquanto caçava uma certa loira.

- Acredite em mim Seth, a Cattleya é extremamente responsável. Ela é daquele tipo de garota que não se atrasa nem um minuto e sempre chega impecável onde quer que vai. Não consigo imaginar ela deixando de trabalhar mesmo que um desastre natural ocorra, ela sempre cumpre seus horários e honrar seus compromisso. É como um cão muito bem adestrado. Tem algo de errado nisso, pode apostar nisso. - ele coçou a barba loira, curta e rala, não do jeito que gostaria, mas era do jeito que tinha.

- Ei, você tão vendo aquele cara de chapéu ali no balcão? - interrompeu Jack com a expressão certa de quem não estava gostando do que via.

Os olhares do trio se voltaram para o balcão, entre as várias pessoas ali havia o tal indivíduo. Calça justa, camisa xadrez, chapéu no modelo texano. Os traços do rosto eram muito pouco delineados devido à luminosidade e ao ângulo que os curiosos observadores estavam. A princípio não era ninguém para se suspeitar, ele parecia um cara normal de algum cantão desses que só procurava cerveja e boa companhia, o que chamou a atenção de Jack e que o fez respirar fundo e socar disfarçadamente a mesa foi o somatório da ação do cowboy e de uma certa atendente.

Trixie trouxe uma cerveja para o homem, as mãos se esbarram intencionalmente, olhos se encontraram por um bom tempo. Ele pareceu ter dito algo que criou um amplo sorriso nos lábios rosados da texana. Ficaram mais algum tempo daquela forma e pareciam bastante interessados na conversa ou no mínimo um no outro. As linhas de tensão já ocupavam e delinearam-se bem na testa de Jack, mas aquilo piorou quando o cowboy puxou Trixie para perto e esta não apresentou resistência alguma. Pelo contrário, ela pousou ambas as mãos sobre os ombros dele. Tamanha era a prosa entre os dois que, assim que Trixie ensaiou um movimento para aumentar a distância entre os dois, ele respondeu em maior agilidade aplicando mais força no puxão e fazendo-a praticamente sentar em seu colo.

Billy e até mesmo Seth, que tinha a amizade deles a pouco tempo, sabiam que Jack ficaria irado com a cena. Eles até torciam para nada ocorrer, mas era impossível, parecia que Jack estava sobre o efeito de um feitiço que jamais poderia tirar Trixie da cabeça ou do coração. Seth balbuciou um palavrão e Billy respondeu com outro, Jack socou com força o móvel de madeira, as garrafas balançaram e uma quase caiu no chão. Ele se levantou quase soltando fogo das narinas e ensaiou seus passos na direção do casal.

Ainda de longe e sem tomar o conhecimento daquilo o cowboy pareceu sussurrar algo no ouvido da loira e logo depois foi em direção a saída de trás. Trixie retirou o avental colocando-o abaixo do galpão e seguiu os passos do homem. Nesse meio tempo Cattleya entrou no bar, mas só Seth pareceu ter notado que a garota baixinha adentrou esbaforida e esbarrando em todos no seu caminho. Ela foi direto na direção de Seth.

- Toca comigo no palco? - falou com a voz branda, porém decidida. Os olhos marejados e avermelhados denunciavam as lágrimas que secaram nas bochechas.

Ele não entendeu nada e só concordou com um breve aceno. Cattleya foi em direção ao palco sem pensar duas vezes, Seth procurou Billy talvez para pedir ajuda, mas ele já tinha ido atrás de Jack, Trixie e do cowboy. No meio daquela confusão que se armou do nada tudo o que ele fez foi acompanhar Cattleya, que já ajeitava o tripé para o microfone ficar na sua altura.

O bar ficou em silêncio, tanto porque todos conheciam a doce voz da atendente que cantava em todas as noites de microfone aberto. Eles esperavam com os olhos brilhando para que show ela daria hoje. No silêncio tudo que se ouviu foi a porta de metal batendo ao fundo, mas ninguém nem desviou o olhar do palco. Cattleya por sua vez ficou estática. Ela estava paralisada, como se estivesse congelada. Aquilo continuou, e continuou.

Seth estava sentado à direita dela, uns 4 passos de distância num pequeno banquinho de madeira com o violão devidamente afinado sem saber como agir ou mesmo pensar. Algo não estava sendo dito e era visível que Catt não estava bem. Sem muito mais demora a expressão de choro tomou seu rosto e as primeiras lágrimas começaram a escorrer. Ninguém poderia julgá-la e ninguém o fez, como poderiam sem saber o que ela passava? Ela era conhecida ali, de tal forma que as pessoas, até os mais bêbados, permaneceram em silêncio como se tentassem respeitar o momento, mas ainda curiosos do que poderia vir. A luz do holofote principal diminui sua intensidade deixando o palco à meia sombra. Aquilo parecia funeral.

Do lado de fora, encostada na parede Trixi mordia os lábios como se tentasse conter toda a tesão que sentia. O chapéu do sujeito caiu sob a tampa de uma lixeira, mas nenhum deles se incomodou. Estavam longe do sexo, mas aquelas preliminares a faziam querer mais e mais a todo momento. A barba roçou em seu pescoço e logo em seguida os lábios masculinos mordiscavam seu pescoço, sugando sua pele e mordendo sua carne quase como um vampiro faria. A voz estridente soou em seguida.

- Seu filha da puta!! - Jack estava completamente histérico e não mediu esforços para puxar o homem pela camisa e jogá-lo no chão.

- Jack? - gritou Trixie sem entender nada do que acontecia, ela só teve tempo de puxar a camisa pra baixo e esconder a barriga cujas mãos do homem passeavam anteriormente.

- Nunca aprendeu a não mexer com a mulher dos outros, otário? - gritou ele.

Jack ergueu a mão acertando um soco forte diretamente no rosto do homem que ainda estava no chão. Ele se preparava para o segundo mas o sujeito se recuperou com muita agilidade. Ele puxou Jack pelo pulso e girou em torno do próprio eixo ficando por cima. Ele não pensou duas vezes até começar a desferir socos sequenciais no rosto de Jack Cooper, um após o outro, iam maltratando e martelando o rosto do jovem. Sangue escorria e cada vez menos Jack parecia tentar resistir à enxurrada de golpes que atingiram seu rosto.

Dentro do bar Cattleya ainda soluçava, já fazia quase 1 minuto que ela chorava na frente de todos e quase três em que ela estava ali de frente para o microfone sem dizer nada. Algumas pessoas já começavam a revirar os olhos e estalar os lábios perdendo a paciência e consideração que tinham pela jovem garçonete, afinal estavam ali para se divertir e relaxar, não assistir uma garota chorar no palco.

- Desce daí menina! - gritou uma voz da platéia.

Como era de se esperar as palavras não ajudaram, mas o dedilhado suave subsequente tirou as atenções de Cattleya e as levou para Seth. Ele estava com a cabeça abaixada, bastante concentrado nas notas. Repetiu aquele pequeno trecho duas vezes, até que, finalmente tento todas as atenções para si e expectativas renovadas, ficou de pé e aproximou-se do microfone. Tinha de se curvar um pouco, mas não fazia mal, ele sabia o que estava fazendo.

I know I should let it go

Take a different road

When I'm driving home

But I don't want to

Delete your number from my phone

Instead of calling

Asking if you're all alone

But I don't want to

Todos reconheceram a música de imediato, tratava-se do novo single de Thomas Rhett. Seth fazia jus à canção apenas de seu tom de voz ser mais rouco e áspero e, seu timbre, mais grave que o de Rhett. Ele cantou os primeiros versos deixando um pequeno sorriso brotar no rosto na tentativa de animá-la e, ao mesmo tempo, torcendo para ela conhecer a letra.

Stay away

From your side of town

But it's too late

I'm in your drive right now

Do lado de fora Billy chegou como salvador da pátria. Jack beirava o inconsciente quando seu amigo chegou desferindo uma joelhada no rosto do cowboy. Ele caiu para trás gritando de dor, mas Billy não parou, ergueu o homem jogando-o violentamente contra uma caçamba de lixo. Trixie tentou se aproximar para apartar a briga, mas enquanto Billy e o cowboy se embrenharam entre lixo e poças d'água, ela acabou ganhando uma cotovelada do loiro que a fez cambalear para trás e ver estrelas.

Seth Bullock prosseguia com a canção.

I don't know, why I don't

Put it out baby

We kiss and the flames

Just get higher

But yeah I know

When I hold onto you baby

I'm all tangled up in barbed wire

I get burned, I don't learn

I'll be back, give it time

Yeah, I know it sounds crazy

But guess I like playing with fire

Ele movia-se muito pouco e cada passo dado para longe ele dava outro para se aproximar dela. Seus olhos se cruzaram e dali em diante não se separaram mais. A cor escura encontrou-se com a clara, Bullock terminou sua estrofe, algumas pessoas erguiam as mãos pro alto e as balançavam ritmicamente de um lado para o outro acompanhando a melodia.

Ele sentiu o coração palpitar e isso se deu muito além do pequeno receio dela não conhecer a letra, afinal ela realmente parecia melhor.

Ooh

I could find a spot to

Go hang out on Friday night

Where you are gonna be

But I don't want to, no

Yeah, I could let it end

Call it quits, call off

All this on and off again

But I just don't want to

 

Cattleya cantou, fechou os olhos, respirou fundo e cantou enquanto Seth voltava-se apenas para o violão. Ela sacudiu a cabeça fazendo um movimento de negação e então abriu os olhos, as orbes tinham um brilho diferente, de quem recuperou a vida. Assim como ele, ela sentiu a conexão instantânea que se formou entre eles.

Trixie recuperou-se da pancada, bem a tempo de ver Billy esquivar de um soco desesperado e acertar um upper (soco de baixo para cima) bem no queixo do cowboy. Ele caiu completamente apagado no chão. Ambos sujos e um pouco ensanguentados. Vendo a cena ela gritou e colocou-se no meio dos dois antes que Billy pudesse agir novamente.

Yeah that key

Is right under the mat

Come on in, baby

Let's strike that match

 

Cattleya enfim soltou a voz, atingindo notas altas e deixando alguns dos que assistiam de boca aberta. Ela abraçou o microfone correspondendo aos tentos de Seth com outra aproximação entre eles. Ela retirou o microfone da base e o posicionou de forma que ambos pudessem seguir cantando.

- O que vocês estão fazendo? Estão loucos? - gritava Trixie histérica enquanto um filete de sangue escorria de seu supercílio e a área ao redor de seu rosto ia aos poucos tomando o tom roxo e ficando inchado.
- Ele estava em cima do Jack quando eu cheguei. - defendeu-se Billy.
- Jack chegou do nada atacando!! - justificou ela.
 

I don't know, why I don't

Put it out baby

We kiss and the flames

Just get higher

But yeah I know

When I hold onto you baby

I'm all tangled up in barbed wire

I get burned, I don't learn

I'll be back, give it time

Yeah, I know it sounds crazy

But guess I like playing with fire

Playing with fire

Cattleya e Seth cantaram juntos, ele se preocupava em seguir seu papel, fazendo feijão com arroz básico e dando a ela a base para que mostrasse todo o seu potencial, e foi assim mesmo. Na última nota a voz dela se destacou, e muito, quase como um canto angelical. Metade do bar ficou boquiaberta, a outra dançava animadamente. Cattleya pareceu nem perceber o que tinha conseguido, era algo realmente fantástico.

A porta de metal se abriu novamente, dessa vez eram três homens. Assim como qualquer um que chegasse ali eles não entenderam absolutamente nada. A reação instintiva foi ajudar Jack e o cowboy abatido, além de um atacar afrontosamente Billy, imaginando que ele tivesse sido o causador de tudo aquilo. Entre soluços e histeria Trixie explicou rapidamente lançando mão de um apelo para que chamassem a ambulância. Longe de ligarem para o socorro eles fizeram melhor, um partiu em disparada até o fim da ruela, ele havia estacionado o carro na esquina e tudo o que precisou fazer foi puxá-lo à frente para que Trixie e os outros dois viessem trazendo o cowboy. Jack recusou-se à ir para o hospital, mesmo com várias marcas de inchaço no rosto e um pequeno sangramento no nariz. Foram deixamos para trás, Jack e Billy.

- O que foi aquilo Jack? - indagou o loiro com poucos ferimentos e hematomas, a constituição física forte e robusta de Billy sempre o ajudava a esse tipo de situação.

- Eu não sei Billy. Que droga. - murmurou torcendo os lábios e se segurando para uma lágrima não escorrer. - Eu vi as mãos dele nela, eles se beijando e saí de mim. Quer merda cara, puta merda!! Eu amo ela, de todo o meu coração, não suporto a ideia de outro homem ter ela, beijá-la, estar dentro dela, mas sabe qual o pior? Ela não me ama Billy, porque a Trixie é assim. Ela é livre e sabe voar. Ela não depende, ela não se prende. E eu nunca vou deixar de ser só um amigo, se é que depois dessa eu ainda posso ser considerado um amigo. Eu fodi com tudo, Billy. - talvez nunca em sua vida Jack tivesse sido tão verdadeiro e se deixado expressar tanto, era difícil imaginar perder a mulher que ama, mas agora com a adrenalina passando, ele tinha noção de todas as merdas que fez.

- Jack, eu preciso te contar algo. - Billy não se moveu, a voz estava trêmula, ele não queria dizer aquilo, mas sabia que tinha que dizer e já havia passado a hora de dizer.

So let's fire it up one more time

(Fire it up one more time)

Baby just put your lips on mine

(Lips on mine)

 

Seth imediatamente deu continuidade na canção, foi totalmente tomado por aquela sensação. Forçou umas notas mais rápidas num dedilhado quase agressivo no violão. Cattleya se contentou em fazer a segunda vez, e mesmo quando eles faziam esse jogo de troca de protagonismo pareciam combinar tão bem. O ritmo da canção abrandou rapidamente, um clima inteiro formou-se, como o mar calmo depois do maremoto dando lugar à um arco-íris.

- Eu transei com a Trixie, Jack… - finalmente as palavras saíram.

O silêncio reinou entre os dois do lado de fora, tudo o que se ouviam eram os sons do interior. Jack estava impressionado, mas em instantes ele trocou a surpresa pela raiva e pelo ódio. Ergueu-se sob a fúria e avançou para cima de Billy numa ofensiva descontrolada comandada pela facada que foi aquela traição.

Eles trocaram golpes. Rolaram no chão. Billy sabia que estava errado, mas sentia-se mais leve, apesar disso não diminuir o que ele fizera.

I don't know, why I don't

Put it out baby

We kiss and the flames

Just get higher

(We kiss and the flames

Just get higher)

But yeah I know

When I hold onto you baby

(Onto you baby)

I'm all tangled up in barbed wire

(All tangled up)

(I'm all tangled up)

I get burned, I don't learn

I'll be back, give it time

(Give it time)

Yeah, I know it sounds crazy

(Sounds crazy)

But guess I like playing with fire

(Playing with fire)

Playing with fire

(Playing with fire)

 

As vozes encontraram-se novamente, mas no sexto verso Cattleya esticou o braço segurando a mão dele. Seth parou de tocar o violão, as vozes se encontraram num canto a capella com nada além de algumas vozes tímidas e palmas que acompanhavam o canto da dupla.

A música se encerrou, a briga também. Jack estava novamente estirado no chão, Billy com as costas apoiadas na parede. Os golpes não doíam mais tanto, talvez tendo finalmente extravasado eles notaram que nada mais fazia sentido- Me desculpa, Jack.

- Me desculpa, Jack. 
- Tudo bem, não devia ter deixado ela ficar entre nós dois.
- Não devia ter deixado ela me seduzir tanto.
- Não é culpa sua, Billy. Não é culpa sua.

No interior do pub a plateia ovacionou os cantores, o mais espetacular no entanto, foi o breve momento em que eles se encararam e, após as palmas, Cattleya deu um passo na direção de Seth, ficou na ponta dos pés e o beijou. Ele sabiamente correspondeu, deixando de negar todo o sentimento guardado, aquilo não era amor, eles sabiam, era paixão, era um desejo ardente de ter com o outro naquele exato momento. Não podiam prever o que aquilo se tornaria, tudo o que sabiam era que o calor do outro e o abraço era tão aconchegante que perdurou por mais e mais minutos acima do palco.


Notas Finais


Espero que tenham gostado do capítulo, infelizmente não posso dar um prazo e quando sairá o outro, mas certeza que será antes de junho!

A música cantada por Abigail se chama The Heart of Dixie, ela é cantanda originalmente pela Danielle Bradberry, essa jovenzinha ganhou uma temporada do The Voice Americano e desde então vem abrindo shows para o Blake Shelton e se preparando. Ela lançou um primeiro CD também. Danielle Bradberry foi quem escolhi para ser a "voz" de Abigail, espero que gostem:
- The Heart of Dixie (https://youtu.be/BylRObFjmaE)

A música performada por Seth e Cattleya é do Thomas Rhett, um brilhantíssimo cantor country, jovem e pra alguns, o futuro da música country. Ele tem uma boa influência do rock apesar de suas canções se aproximarem mais de baladas românticas, ele também é filho de um renomado cantor country chamado Rhett Akins. Curiosamente a canção Playing With Fire que eles performaram é um dueto do Thomas Rhett com a Danielle Bradberry. Fica a recomendação dele para quem quer começar a ouvir country.
- Playing With Fire: https://www.youtube.com/watch?v=QzeGbVUtCTM (infelizmente essa foi a melhor versão que achei no youtube, no spotify tem uma bem melhor).

Espero que gostem.
Deixem seus comentários aí, só assim posso saber o que pensam e melhorar.
Até a próxima.


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