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História O Som da Música - INTERATIVA - Capítulo VIII - Algo termina, algo começa - parte 1


Escrita por: IamSpartacus

Notas do Autor


Salve peregrinos!!
Capítulo novo chegando na área. Este aqui tá um pouquinho maior que o comum, mas quem conseguiu ler o último capítulo, ler esse aqui é tranquilo. Basicamente aqui, to preparando o solo para a introdução de novos personagens que devem chegar aos poucos nos próximos capítulos. Tem também algumas revelações e reviravoltas sobre alguns personagens.

Acabei não fazendo nenhum Aestethic neste capítulo, mas fiz algo que tenho certeza que vocês vão adorar! Fiz um trailer (extendido) da fanfic! Ele tá disponível no youtube. Quem quiser ver, só clicar no link aqui: https://youtu.be/6BmUq2KShiQ

Espero que gostem e boa leitura!

Capítulo 9 - Capítulo VIII - Algo termina, algo começa - parte 1


O sol ergueu-se no horizonte, um novo dia se iniciava para apagar toda lamúria e dor deixada pela data anterior. Trixie acabou por despertar antes mesmo do despertador tocar. A loira precisou de alguns segundos para se conectar aos fatos e tudo fazer sentido em sua mente. Tinha sido um dia pesado, mais pela carga emocional do que pelo esforço físico. Era tanta coisa saturada e tanta coisa que ocorreu do nada, ficava difícil achar um pingo de racionalidade e lógica em tudo aquilo. Felizmente a cantoria da noite passada, que se extendeu até parte da madrugada, tinha surtido um efeito positivo.

O quarto escuro onde apenas as proximidades da janela estavam razoavelmente iluminadas, encobria os prantos de quem havia trocado o choro pelos risos. Sentada na cama Trixie observou Cattleya, completamente apagada e dormindo feito um bebê. A ruiva, baixinha e com algumas sardas parecia completamente liberta do drama passado, dormia feito um bebê de barriga cheia.

Ela tentou se mover sem fazer barulho, uma missão quase impossível graças o ranger da cama, mesmo com a menor dos movimentos. No chão do quarto a parte dois da missão era não pisar Jason. Eles tinham decidido na noite anterior que os rapazes dormiriam no quarto de Jason, e as meninas mais o próprio Jason dormiriam no quarto de Cattley e Dave. Tendo conquistado a vitória de sair do quarto sem acordar ninguém, ou pisar em ninguém, Trixie tomou alguns minutos no banheiro. Lavou o rosto e ficou se encarando no espelho, provavelmente refletindo sobre tudo o que tinha vivido. Um cheiro apetitoso invadiu suas narinas, o som de algo fritando podia ser escutado vindo da cozinha.

Ela foi seduzinda pelo cheiro, caminhou tendo apenas o cuidado de abotoar a calça jeans que quase caía abaixo de sua cintura e de vestir o sutiã. Desceu os poucos degraus, passou brevemente por parte da sala até se deparar com a cozinha. A visão a fez abrir um sorriso e logo em seguida mordiscar o lábio. Seth Bullock preparava alguns omeletes numa frigideira enquanto fritava meia dúzia de tiras de bacon em outra panela. O café fortei cheirava deliciosamente bem. Na mesa da cozinha uma jarra de suco de laranja e uma travessa com algumas frutas encontravam-se dispostas bem ao centro. Aquilo era uma visão no mínimo angelical, poucos homens sabem o quanto mulheres apreciam homens que ajudam nas tarefas do lar, parecem ter dom para cozinhar e, acima de todo o resto, tomam a iniciativa.

- Parece que alguém já tá pronto para casar. - Comentou puxando uma cadeira e sentando-se. Observou os sacos plásticos colocados na bancada entre a pia e a geladeira, o que apenas mostrava que ele teria comprado tudo aquilo que preparava para o café da manhã.

- As vezes eu trabalhava na cozinha do exército, como todo bom recruta. - Ele realizou uma breve pausa para jogar algumas pitadas de sal e pimenta no omelete. - Nessa época tinha que cozinhar, literalmente, pra um batalhão inteiro. A gente acaba pegando gosto pela coisa e aprendendo algumas receitas. - Num exemplo de pura proeza, e falta de um talher apropriado, ele sacodiu a frigideira e jogou o omelete para o alto pegando-o no instante seguinte. - Tá servido madame. - Comentou colocando o prato com omeletes e as tiras de bacon no centro da mesa.

Trixie não parecia muito interessada em esperar os outros acordarem para comer, era um pecado deixar a comida esfriar. Montou seu prato com um pouco de tudo, menos do bacon, e viu Seth servir o café. Forte e levemente adocicado, o jeito perfeito para as pessoas do sul, nada daquele café fraco de Washigton e Nova York que é praticamente um chá. Deu as primeiras garfadas sem cerimônias quase deixando uma lágrima escorrer de tão bom que aquilo tava. No entanto outro assunto lhe veio em mente e dispensou o entorpecente que aquela comida estava sendo.

- Seth, sobre ontem a noite… - Ela exitou um pouco em continuar. Seth havia dormido no sofá e não no quarto de Jason como os outros. - ...o que aconteceu? Quando eu levantei e vi você falando coisas sem sentido e tremendo pensei que estava tendo um ataque.

O homem desviou o olhar, conhecia bem seus traumas. Ninguém volta com a mente sã do campo de batalha. Você vê muita coisa, passa por muita coisa, perde muita coisa enquanto os únicos sons que ouve são os gritos de agonia dos baleados e as rajadas de bala cortando os céus. Não diferente de vários veteranos ele havia voltado um pouco sequelado. Eram raras as noites que ele tinha um sono tranquilo, normalmente a cada vez que fechava os olhos revivia cenas que preferia esquecer.

- Não conte isso para ninguém, tudo bem? - O tom temerário era facilmente notado em cada palavra da frase. - Quando a situação estiver um pouco melhor eu vou procurar um psicólogo ou um psiquiatra, mas não agora.

Trixie tomou um longo gole do café. A cena não lhe descia bem, mas apenas mostrava que ninguém é perfeito. No fim das contas todos tem seus próprios demônios para enfrentar, Seth era só um de muitos. Incontáveis documentários e reportagens mostravam o quão perturbada ficava a mente dos soldados que voltaram desses cenários de guerra. A cabeça deles ficavam uma verdadeira bagunça, no pior dos casos alternavam momentos de lucidez com a perturbação de reviver um evento específico. Ela não poderia imaginar todos os traumas que o homem, e bom cozinheiro, a sua frente tinha passado. A melhor decisão pareceu ser não insistir no assunto, mas apenas deixar uma pequena sugestão no ar. Podia até parecer, mas todos ali conheciam ele tão pouco, mas já tinham se identificado demais com ele. Seth já era uma parte da teia de amizades.

- Só não ignore isso, não é bobeira. Quando eu fui te acordar você despertou agitado e assustado. Eu não sei o que você pensou, mas você me jogou no chão e deu algum golpe de jiu jitsu, ou sei lá o que. - Apontou para ele com o garfo e, notando que o tom da conversa tinha ficado um pouco mais pesado do que deveria, ela resolveu colocar panos quentes na conversa. - Por mais que goste de uma violência no sexo, aquilo foi bem perturbador.

Com aquela frase Trixie conseguiu aliviar a conversa. Os dois caíram num mar de risadas que parecia não ter fim. Só pararam quando Jack, Billy, Cattleya e Jason apareceram na cozinha reclamando do som das risadas ou elogiando o cheiro da comida.

Num piscar de olhos todos estavam sentados à mesa, comendo, bebendo e conversando. Era quase como uma cena dessas produções de besteirol hollywoodiano, onde os alunos de alguma república sentam-se todos juntos e começam a falar de coisas que não tinham nada a ver com com nada. Foram de assuntos loucos tipo A Ovelha Dolly, a outros mais importantes e urgentes como a disputa eleitoral de Donald Trump contra Hillary Clinton. Particularmente foi um choque quando todos concordaram que a melhor escolha era eleger Hillary Clinton como a primeira mulher presidente dos Estados Unidos. A justificativa era a mesma, Trump tinha um política tão agressiva que parecia que, assim que eleito, ia iniciar uma guerra contra o Oriente, construir um muro entre os EUA e o México, e mandar marcar todos os imigrantes, filhos de imigrantes e qualquer um que não se encaixasse na sua definição de “americano”.

O relógio da cozinha apontou para as oito horas e trinta minutos. Jack notou a hora e rapidamente se lembrou que deveria ser, mais ou menos, nessa hora que Grace daria alguma entrevista para esclarecer todo o escândalo que tinha se criado em torno dela e de Seth.

- Ei, a Grace não ia dar uma entrevista hoje? - Falou assim que terminou o segundo copo de suco.

Todos se entreolharam em silêncio. Tinham esquecido completamente daquilo. Se levantaram e se amontoaram desgovernadamente na sala. Obviamente nem todos couberam no sofá. Trixie recusou-se a sentar no colo de Jack e preferiu sentar no braço do sofá, onde quase escorregava para cima de Billy. Apesar de aquilo ser bem diferente, passou batido.

Cattleya ligou a TV de LCD com vinte e uma polegadas. Foi então que eles concluíram que não faziam ideia de em que canal iria passar a entrevista. Iniciaram uma verdadeira empreitada alternando entre os canais até finalmente acharem Grace entrando em cena numa versão do Good Morning America da ABC.

- Bom dia Grace, é uma verdadeira honra termos você conosco hoje! - Falou uma das apresentadores do programa oferecendo a poltrona azul marinho para que Grace se sentasse.

A ambientação era mais um desses cenários genéricos de programas de auditório. Sofá azul com almofadas brancas, à direita duas poltronas também azuis e em mesmo tom que o sofá. No centro uma pesa redonda de vidro e metal com um jarro de cerâmica, um cinzero e dois copos com água. No fundo vários chapéus de vaqueiro pendurados na parede de madeira muito bem envernizada.

Grace entrou em cena cumprimentando os três apresentadores do programa e distribuindo tantos sorriso que jamais duvidariam das habilidades artísticas dela. A jovem calçava um par de botas pretas, curtas e com salto de tamanho médio. Saia curta, acima dos joelhos, blusa de linho e uma jaqueta jeans. Era meio impossível descrever a variedade de jóias que ela usava, mas o visual inteiro harmonizava numa imagem de cowboy abusada, principalmente a maquiagem leve.

- Então Grace… - Falou o único homem entre os apresentadores. - ...nós sabemos que o seu trabalho está indo muito bem, seu CD é um dos mais vendidos pelo Itunes e sua música está entre as vinte primeiras posições da billboard, mas o assunto de hoje é outro.

Um painel atrás começou a alternar entre as fotos de Grace no hospital com a filmagem dela dançando no Cowboy Boots com Seth. Todos pararam para observar a tela que exibia as imagens até finalmente parecerem estarem prontos para prosseguir.

- O que ocorreu aqui? - Indagou a outra apresentadora. - Nossas fontes nos disseram que você tinham acabado de brigar com seu namorado Gared e aí você aparece nessas cenas com esse outro rapaz.

- Não que seja ruim, adorei a mudança na verdade, mas as pessoas estão se perguntando se você e esse… - Ela fez uma breve pausa para olhar para o tablet em suas mãos e conferir algumas informações. - ...esse tal de Seth Bullock, já vinham se relacionando antes do seu término com Gared Landers.

A câmera alterou o foco dos apresentadores e parou em Grace. Focaram no rosto imutável dela, o confiante sorriso de canto e os olhos brilhantes como a água do mar banhada apenas pela luz da lua. O programa pareceu atingir um pico de audiência naquele momento, liderava o índice de telespectadores em toda a região sul dos Estados Unidos. A resposta mais esperada da semana estava prestes a ser dita quando uma sirene tocou diretamente do estúdio.

- Opa, parece que temos uma informação especial. O que houve? - O apresentador olhou para o fundo do estúdio de onde um dos auxiliares de direção do programa vinha correndo e sussurrou algo no ouvido dele.

A tela atrás deles, que antes exibia imagens de Grace e seu possível novo affair, mudou para o site oficial da Billboard. Na imagem a principal faixa do álbum de Grace aparecia na primeira posição da lista country das músicas mais tocadas nas rádios. Aparentemente a ideia do novo affair de Grace tinha impactado tanto a sua imagem que isso refletiu na sua carreira. Pode até parecer besteira, mas resta analisar a situação como um todo. O álbum já estava muito bem colocado, a maior parte das faixas tinha sido amplamente aceita pelo público adolescente e adulto, mas o simples fato da cantora namorar um soldado veterano do exército do país deu uma injeção de ânimo sem precedentes nas vendas e reprodução do seu trabalho.

De ontem pra hoje a cena na varanda do hospital em que ela abraçava o braço dele e repousava sua mão sobre a dele já tinha estampado a capa de pelo menos quinze revistas da região, passado em diversos jornais e programas, sem contar que a hashtag #Graceth já estava no trending tops de seis estados norte-americanos. A forma com que uma notícia corria hoje em dia era simplesmente assustadora. Tanto que fez Grace se questionar se valia, ou não, alimentar aquela mentira.

- Uau!! Você é a nova número da billboard country! - Falou uma das apresentadoras.

- Um sucesso assombroso para quem não tem nem vinte anos ainda. Quem foi a última pessoa a conseguir isso? - Completou a outra apresentadora.

- Britney Spears provavelmente, mas não é essa Spears que canta country. - Respondeu com a leve piadinha o apresentador se referindo as irmãs Britney Spears, que alcansou um sucesso astronômico ainda aos dezesseis anos, e a sua irmã mais nova Jamie Lynn Spears que parecia seguir o mesmo caminho tendo inclusive seu próprio programa infanto-juvenil na Nickelodeon no programa Zoey 101, até perder tudo por uma gravidez muito cedo.

A câmera principal voltou a focar em Grace que já não tinha mais o semblante confiante estampada no rosto. Ao mesmo tempo que aquilo era desastroso era também fantástico. Aquilo deveria ser um momento de felicidade único, porém não era, no fim das contas, tudo tinha ocorrido por uma especulação muito mal intencionada da mídia.

Ver como as coisas estavam agora obrigou Grace e imaginar que tipo de influência poderia passar para todos aqueles que influenciava. Não existe essa história de fazer o que quiser com sua vida privada quando se é uma figura pública, ou melhor uma estrela. Tem que se ter consciência da influência e o impacto que você causa nas crianças que te tem como ídolo. Com aquilo em mente, ela agradeceu silenciosamente que seu sucesso tinha chegado só agora, e não quando era mais nova e vivia fazendo merda. Era a hora de concertar tudo.

- Eu fico muito feliz que meu trabalho tenha dado tantos frutos, mas eu tenho que corrigir vocês referente a uma coisa. - Todos os olhares se voltaram para ela. - Eu e Seth somos apenas bons amigos. Eu o conheci no dia que briguei com Gared. Eu tinha furado o pneu do carro na rua, de madrugada. Ele me ajudou e eu retribuí convidando-o para beber algo. Tudo o que aconteceu não foi mais do que gentileza e solidariedade, eu só tenho a agradecer por ainda existir esse tipo de pessoa, porque todo mundo sabe que as chances disso acontecer no meio da noite são bem poucas.

A expressão de incredulidade estampada no rosto dos três apresentadores era impagável, eles simplesmente não acreditavam no que estavam ouvindo. Grace no entanto não parou.

- Eu ofereci um quarto no meu apoartamente para o Seth passar a noite, ele era recém chegado em Nashville e era uma forma de eu agradecer pela ajuda dele. No entanto, de manhã chegou a notícia de que um amigo dele tinha sido internado e calhou de eu ir junto pra tentar fugir da multidão de zumbis que tinha na minha porta. - Ela deu uma leve risadinha e precisaram cortar para os comerciais.

O programa voltou meio segundo depois. Já recuperados os apresentadores desenvolveram a conversa e conversaram sobre diversos outros temas, principalmente sobre Margaret Cameron, até finalmente Grace ser convidada a apresentar ao vivo a sua música. A garota o fez de forma magistral justificando que seu trabalho já era muito bom por si só e não precisava de nenhum incentivo a mais para isso.

Na sala de Cattleya todos também estavam impactados, alguns meio decepcionados. Jason deslizou a mão pelos ombros de Seth quase o abraçando.

- Só pra você saber, ela pode ter te negado, mas eu estou solteríssimo. - Piscou para ele, todos riram, Seth um pouco desconfortável com a piada, mas ainda assim cedeu as risadas.

O celular de Cattleya vibrou, mas pela confusão e clima de alegria ela não percebeu o visor piscando e a tremedeira acima da mesa da cozinha. Foi então que o telefone da casa tocou e agora, não dava para não ouvir. A jovem se levantou e foi até o telefone, o que foi dito ali alterou totalmente a sua expressão e todos ali perceberam. Eles pareciam ter voltado à aqueles estado de tensão e tristeza de onde tinham escapado ontem com ajuda da música. Cattleya desligou o telefone com o olhar baixo. Ela os encarou.

- Trixie, você pode me dar uma carona para o hospital? - Perguntou.

- O que houve Catt? - Trixie imediatamente se levantou do sofá e foi até a amiga.

Os outros se sensibilizaram com a causa, mas ficaram quietos. Billy e Seth apenas se levantaram, mas ficaram ali perto do sofá. Jason levou a mão ao rosto e cobriu parte do mesmo para esconder seu descontentamento ao voltarem para aquele drama que ele mal tinha entendido ontem a noite. Jack precisou respirar fundo e decidiu que era melhor fazer algo do que ficar ali esperando as más notícias. Ele foi até a cozinha e começou a lavar a louça, mas ainda atento para o que seria dito.

- Era o doutor Stevens, saíram os resultados do exame do Dave e ele acordou hoje. Não falou nem quer comer nada. Eu não sei o que fazer Trixie… - Desabafou ela abraçando a loira.

- Eu te levo lá. - Respondeu Trixie, mas sem acrescentar mais nada. Ninguém sabia o que dizer ao certo e ficar repetindo que “tudo vai dar certo” e variantes, não é a melhor forma de se acalmar alguém.

- Você quer que a gente vá com você? - Perguntou Seth pousando a mão sobre o ombro de Cattleya.

A resposta dela veio imediatamente com um sorriso forçado tentando esconder, ou apenas amenizar, os olhos levemente mareados. Ela sacudiu a cabeça negativamente e mesmo que só aquilo já desse para entender, ela ainda completou.

- Não posso pedir mais de vocês, muito obrigado por ontem. Eu tenho que fazer isso sozinha com o Dave. - Respondeu ela.

Do outro lado da cidade o clima não era aquele, era algo um pouco mais acalorado. Abigail e Malekai dividiam o quarto num hotel bastante confortável, mas o olhar de insatisfação e preocupação de Malekai parecia não condizer com o estabelecimento três estrelas em que eles estavam. Por outro lado Abigail também não parecia muito contente. Eles tinham perdido uma grande oportunidade ontem, e só agora a ficha havia caído.

Não era por mal, mas na visão de Kai tinha sido um verdadeiro erro de cálculo. Ele tinha deixado claro que preferia não ter passado por ali, para não se deparar com Dave quase morto e assim conseguir se encontrar com o agente que os aguardava na feira do Centro de Convensões de Nashville. Para Abigail era irrelevante, outra oportunidade ia aparecer eventualmente e o mais importante foi ter ajudado alguém. Aquela visão dela tirar Kai completamente do sério, ele não conseguia aguentar com a inocência e ingenuidade desse altruísmo por parte dela. Talvez ele o fizesse por estar lutando por um contrato a mais tempo que ela, e assim julgar saber mais como funcionava aquele mundo. Oportunidades não caem magicamente do céu, da mesma forma que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Só Deus sabe quando eles teriam aquela chance de novo.

- Abi, me escuta, a gente não vai conseguir outra chance igual a essa nem tão cedo. Essa é a verdade, sinto muito, mas eu preferiria não ter passado por ali. - O egoísmo daquelas palavras feriam diretamente Abigail.

- Como assim Malekai Oswald? - Ela o chamou pelo nome e sobrenome, era sinal de que estava muito puta. - Você preferia que ele tivesse morrido naquela lixeira? Sério que você é tão mesquinho assim? Eu não to acreditando, não é o Malekai que eu conheço.

- Nós não tínhamos nada a ver com aquilo, eu nem sei porque fomos juntos coma ambulância. Para de ser inocente, é por isso que sempre tentam te passar a perna e eu tenho que ficar te alertando sempre. - Ele bufou revirando os olhos e sacudindo a cabeça negativamente. - Essa foi a melhor chance que tivemos desde que começamos a rodar por aí, e nós a despediçamos.

- Desperdiçamos? Você compreende que alguém poderia ter morrido? - Respondeu ela.

- Me pouce Abigail, você quer continuar rodando metade do país tocando por uma merreca pelo resto da sua vida? Você sabe muito bem como é difícil entrar nessa ramo. - Parado ao lado da porta ele tentava argumentar, mas era claro que nada de bom viria daquela discussão. - Pensa direito, quantos artistas tiveram uma segunda chance?

- Ele ia morrer!! Morrer!! - Falou ela em alto e bom tom. - Eu prefiro continuar ganhando gorjetas e dormir com a consciência limpa do que saber que poderia ter ajudado uma pessoa e não ajudei!!

- Santa inocência, você não tá entendendo. Eu não vou discutir com você, cresce um pouco Abigail.

Aquilo feriu a garota de uma maneira que fez o sangue lhe subir a cabeça. Malekai já parecia se direcionar para a porta quando ela decidiu simplesmente ajudá-lo. Ela foi empurrando-o até que ele sair do quarto. Ele, sem entender nada, a encarou buscando alguma resposta. Ela estava furiosa, ele irredutível.

- É bom você procurar outro quarto, ou quem sabe ouro hotel. Não quero mais ser a criança que você precisar cuidar e ensinar. Além do mais, não tem espaço suficiente aqui para mim e o seu ego. - Ela bateu a porta do quarto com tanta força que outras pessoas até surgiram para espiar o que estava acontecendo.

Malekai retrucou algum palavrão. Em todo esse tempo juntos eles nunca tinham tido uma discussão tão, problemática. E agora que ela vinha ele não sabia como lidar com aquilo. Não ia ceder ao pensamento solidário dela. Não era inocente ao ponto de não querer ter conseguido aquele contrato e toda a estabilidade que vinha com ele, mas também não era tão mal a ponto de desejar que o rapaz que encotraram tivesse morrido. Ele apenas acreditava que, se não fossem eles, alguma outra pessoa iria ter passado por ali e encontrado o garoto.

- Mas que merda!! - Esbravejou saindo do hotel em direção ao parque mais próximo. Precisava de uma dose de whisky, talvez várias até, acompanhadas de um cigarro. Precisava esfriar a cabeça, não queria jogar tudo que conquistaram no lixo, mas não iria admitir que estava errado, até porque não acreditava que estava errado.

Kai sumiu cidade à dentro. Até pensou em pegar um ônibus para qualquer lugar, mas o transporte público de Nashville era tão raro quanto encontrar uma pérola negra dentro do mar. Optou por andar, talvez o exercício ajudasse ele a se acalmar.

Dentro do quarta Abigail se jogou na cama tentando não pensar naquilo. Kai parecia seus pais quando diziam que ela era muito inocente, muito isso, muito aquilo. O celular tocou, mas ela não atendeu. O simples pensamento de que poderia ser o senhor Oswald querendo impor suas verdades lhe dava ânsia de vomito. Deixou tocar uma, duas, três, quatro vezes até não tocar mais. Caiu no sono sem nem perceber.


Notas Finais


E ae pessoas, curtiram?
Algumas coisas foram ditas nesse capítulo que mostraram que nada é fácil né?! Seth sofrendo com os traumas do campo de batalha, aliás muitos ex combatentes acabam ficando loucos ou se suicidando por causa disso. Doenças mentais nunca são bobeiras e precisam ser tratadas decentemente, o problema é que muita gente pensa que isso é besteira! =/

As coisas não tão fáceis pra Cattleya tadinha, nem imagino o que pode acontecer chegando no hospital. Outra coisa importante mostrar é como nossas ações podem repercutir e influenciar as pessoas, como por exemplo a situação da Grace. Falando nisso o que vocês acharam? Ela fez certo em desmentir tudo ou ela deveria ter aproveitado a situação para se auto-promover?

E essa discussão entre Kai e Abigail? Quem esperava né?! De certa forma eu entendo o lado do Kai e acho que eu ia ficar igual a ele. Depois que a adrenalina baixa tu pensa um pouco vê a oportunidade que perdeu. Acho que não sou tão altruísta. hahaha

E o trailer, o que vocês acharam? Sejam sinceros, minhas habilidades de edição de imagem e vídeo são limitadas, mas achei que ficou bem legal pra fic! hahaha
Outra coisa, não sei se vocês perceberam, mas mudei a capa da fic também. O que acharam?

Bom, por enquanto é tudo. Nos vemos no próximo capítulo. E por favor, quem não me enviou ainda o nome de um cantor/cantora (de preferência não muito conhecido) pra ser a voz do seu personagem, faça o quanto antes. Tenho a voz do Billy já ok, a do Seth e a da Trixie também. Pensei em 2 cantoras country pra voz da Abigail e da Grace, mas vou esperar as donas delas se pronunciarem. Alias, essa música do trailer será a voz de um dos personagens, quem vocês acham que é? Conseguem adivinhar?

Bom, agora eu me vou mesmo. Até.


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