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História O som da sua voz - Capítulo 8


Escrita por: missferraz

Capítulo 8 - Capítulo 8


As sensações do beijo ainda habitava no corpo da mulher. Julieta queria o afastar para longe de si, mas também o queria bem perto do seu corpo. Ainda de olhos fechados balança levemente a cabeça negando que aquela mulher não era ela. Que a rainha do café não cederia a esse erro imperdoável e não poderia ter permitido se levar pelo momento.

Não sabia o que acontecia com os seus sentidos, Aurélio tinha um efeito único que alertava sua consciência, assim como a tirava.

Não confie em homem nenhum, nunca mais confie Julieta, não deixe que aconteça.

Sua mente repetia incansavelmente, incontável vezes mas ela não sabia dizer o porque, por mais que sua intuição que nunca se enganava não estava ali persistindo para que não entrasse em uma armadilha. Seu racional gritava lá no fundo:

Afaste-se, enquanto a tempo.

Abriu os olhos devagar com a respiração ainda embargada encarando a tonalidade azul das íris do homem. Sentia a breve carícia que ele fazia na maçã do seu rosto, a observava em um análise silencioso que despia-se a sua alma, deixando a mercê dos abutres responsável por sucumbi-la, mas Aurélio... ele era o principal responsável de uma forma em deixá-la vulnerável, deixando sua máscara cair sem esforços.

E tudo caiu por terra a baixo.

Onde estava a poderosa Julieta Bitencourt?

Ela resolveria a situação, o insultando ou até o desferido uma bofetada por esse atrevimento. E declarando que ele se arrependeria amargamente.

Por outro a mulher ali presente desfrutava desse carinho incomum que nunca sentiu por quase toda a sua vida e vindo de um “devedor.”

Mas era tão sincero que o pensamento que passou por sua cabeça foi minimizado, porém presente:

Ele vai te ludibriar. O seu falso carinho, delicado demais, atencioso demais, não passa de um truque para se aproveitar de você.

– Eu fico muito grato por sua oferta, mas não posso aceitar.

Julieta observou uma inquietude de suas mãos que hora esfregava os pescoço e outra bagunçava os fios dourados. Tudo isso sem olhar para ela e quando o fez, soltou os braços ao lado do corpo.

– Por favor não me olhe assim._ solta uma respiração mais pesada diante o olhar da mulher. – Não precisa se sensibiliza e me dá um trabalho porque está sentindo esse sentimento mesquinho de pena_ solta um sorrisinho soberba.

Julieta revirou os olhos, bufa por esse pensamento imbecil e um tanto tolo. Não estava fazendo isso por pena, porém não o culpava dele pensar dessa forma, ela mesmo chegaria a essa constatação.

A rainha se aproximou fazendo o olhar dele sair do rio para seus olhos castanhos.

– Me desculpe._ ela não entendia por que ele estava se desculpando. – Eu acho que cometi outro erro, né?_ esticou o braço para mais uma vez fazer um carinho no rosto dela.

No entanto ela deitou a face na palma da mão do botânico e suspirou fechando os olhos: onde está você senhora Bitencourt? _Resista_

– Perdão pelo beijo.

Julieta abriu os olhos, foi como ter jogado uma água fria em sua cabeça. Era isso mesmo, ele estava se desculpando pelo ato? Bom pelo menos alguém com juízo.

Não... Não.

Pegou o bloco e a caneta com uma impaciência descreveu:

“Você está sendo um tonto. Não estou te oferecendo que venha trabalhar para mim porque estou sentindo pena de você.”

Aurélio leu sentindo nas palavras da mulher um aborrecimento mesmo que por escrito.

“E outra, não me peça perdão como se ter me beijado fosse um erro. Não faça me sentir uma estúpida.”

Ao terminar, ele imediatamente se aproximou em passos ligeiros. Segurou o rosto de Julieta entre as mãos, a fazendo encara-lo sem desviar.

– Acho que sempre vou acabar cometendo uma falha em relação a você, e como sempre ou acabar me desculpando por alguma tolice que eu disser.

Julieta curvou a linha dos lábios em um pequeno sorriso sem mostrar os dentes. Pôs as mãos por cima das mãos do homem. Aurélio se afastou em uma distância mínima para ela lhe falar.

“Então aceite! Nada de orgulho besta. Aceite trabalhar comigo até conseguir tudo que é seu de volta.”

Ele balançou a cabeça negando sobre o olhar insistente da mulher. Julieta apertou um braço dele diminuindo a pouca distância.

“Aceita?”

Aurélio suspirou puxando Julieta para cessar os centímetros que os corpos tinham. Em uma decisão de prede-la em seus braços afundando o rosto nos cabelos presos em um coque alto, imponente.

Tudo naquela mulher inspirava superioridade, presença forte para alguns, mas para ele, só via apenas a mulher que mexeu com seus sentidos de um jeito inexplicável desde o primeiro dia.

.....

Aurélio depois da conversa complicada em fazer com que a insistência da Julieta para que aceite sua oferta “irrecusável” fosse esquecida, só que fazer aquela mulher tirar algo da cabeça era mais difícil que imaginou. Porém conseguiu com que ela deixasse de lado pelo menos naquele momento.

O trajeto de volta a sua casa foi pensando e repensando na proposta. Não tinha encontrado nada, ninguém queria ser patrão do filho de um barão. As vezes carregar essa posição era cansativa.

Arrumaria uma maneira de pagar a parcela da dívida sem abusar da generosidade da rainha do café.

Atravessando a sala ele iria subir para o quarto e se trancar, mas ouviu vozes do outro cômodo e seguiu para lá. Quando chegou era a filha e o pai jantando.

Jantando! Nossa ele nem viu que as horas simplesmente voaram e já era noite.

– Papai eu achei que não chegaria hoje_ Ema exclama com o seu exagero.

– Onde esteve a tarde toda?_ questiona Afrânio.

Aurélio soltou uma respiração barulhenta, afastando a cadeira e soltando-se nela.

– Eu estava andando por aí.

– Me parece abatido pai, o que foi?

– Nada meu bem, nada. Volte a sua refeição_ Ema volta a comer deixando de lado sem presta atenção no pai.

Porém o barão sabia que o filho estava se desdobrando para a resolver a situação que ele os colocou, tendo que passar por uma humilhação.

Sim

Humilhação em se sujeita para conseguir a bondade de uma “mulher" – Assim pensava Afrânio. Que se for perder tudo que construiu durante toda a sua vida, e entregasse de mão beijada para ela; dizendo assim que Dom Pedro já podia o levar.

– Filha?

– Sim?_ disse sem o olhar para o pai. Entregando o prato vazio para Dolores e experimentando a sobremesa.

– Lembra quando você passou um tempo na Europa e voltou para ensinar algumas pessoas como se comunicar em São Paulo.

A atenção da filha ficou voltada toda para ele, até o avô da menina parou de quando ia levar uma garfada de comida a boca.

– Se refere as pessoas que não consegue escutar ou falar?

– Sim, é isso aí. Você costumava ensiná-las de alguma forma, mas a minha curiosidade é como você aprendeu a entender elas.

Ema abriu um leve sorriso com um interesse. Fazia muito tempo que ela deixou de ser voluntária em uma ONG na capital.

– É uma linguagem de sinais, “Libras” é assim a que se chama. É um tipo de comunicação e expressão que fazemos para entender essas pessoas que têm uma condição de não poder falar ou não escutar, assim como para elas nós entender.

– Você disse sinais? São como significados com a mão e dedos?_ ele já tinha visto a Julieta fazer em algumas ocasiões, por exemplo no dia da reunião em sua casa ou até mesmo quando ela tentou se comunicar com ele.

– Sim é exatamente desse jeito.

– É tão difícil de aprender? Você pode ensinar pra mim?

– Não é tão difícil, mais porque está tão interessado em saber?_ questionou curiosa.

– É a mesma pergunta que me faço_ diz Afrânio estranhando.

– Bom, um “amigo" ele... não pode falar e eu fiquei interessado em aprender.

– Hum... estranho primeiro que você não tem muitos amigos e segundo nenhum deles é surdo ou mudo_ o senhor de idade solta, levando a comida a boca para depois encarar o filho e as expressões.

– O senhor não conhece, “ele” mora em São Paulo e.. está passando alguns dias no vale_ mente. Se volta para a filha. – Então pode me ensinar?

– Claro, quando quiser papai.

Aurélio sorriu para a jovem se levantou dando um beijo na testa da filha e se retirando para o quarto.


Notas Finais


❤️


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