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História O Templo nas Sombras: A Rebelião das Três Irmãs - Pessoas Boas Demais Para Este Mundo


Escrita por: MarchHare

Notas do Autor


Duas coisas que a March sempre coloca nas histórias: cemitérios e flores.
Dessa vez não foi diferente.
Mimimi.

Capítulo 11 - Pessoas Boas Demais Para Este Mundo


- A boa notícia – ele disse, ignorando o olhar assustado das duas – é que não precisaremos matar você. A má notícia é que tudo seria bem mais fácil do meu jeito.

- Anjinho. – Serena disse entre dentes enquanto mandava-o entrar. – Onde esteve?

- Eu fui pedir um conselho.

- Obteve algum sucesso? – Ylua o estudava com seus grandes olhos azuis.

- Eu não diria isso. Aparentemente, a única solução é o combate. Passaremos todos os anos da vida de Serena fugindo e nos escondendo, ou destruiremos as Ninfas de uma vez por todas.

- Eu disse a mesma coisa, mas aí Ylua disse algo sobre não ser possível destruir o mal do coração dos homens, ou coisa assim. Pareceu um argumento válido.

- Eu vejo que vocês duas conversaram sobre muita coisa.

- Ah sim, ela me explicou quase tudo sobre as tais Ninfas, sobre vocês e tal. Ela também comentou que vocês estão conectados aos humanos, que já estiveram em duas guerras antes e que também... – Serena sentiu o peso dos olhos da anja sobre si e entendeu que não deveria tocar no assunto que acabaram de debater. – Enfim, sobre muita coisa, eu provavelmente já posso tirar meu diploma.

Drew permitiu-se rir, era como se estivesse conversando com uma criança.

- Bem, se você já sabe tanto sobre nós, diga-me o que faremos para impedir uma nova guerra.

Serena pensou por uns instantes e jogou-se na poltrona ao seu lado.

- Vocês demoraram pra caramba pra descobrirem que eu estava aqui, isso porque provavelmente existe muita coisa lá fora, coisa que nós nunca nem sonhamos que pode existir e, a menos que você demonstre essa simpatia com todo mundo, vocês provavelmente tem uns aliados poderosos, não tem? Tipo aquela menininha assustadora, Pandora, ela parece bem forte. E outra: elas antes estavam aprisionadas, certo? Basta aprisioná-las de novo e tudo se resolve.

- Eu gostaria que fosse assim tão simples. Por mais poderosa que Pandora seja, ela não tem interesse em nos ajudar. Ela é parte da Existência, assim como as Ninfas, e não se mete em assuntos pessoais de quem quer que seja. E nossos aliados nos são muito úteis em momentos de guerra, e até mesmo você sabe o que aconteceu da última vez que os anjos entraram em guerra.

- Ok, então a guerra de vocês pode refletir aqui. Garanto que não precisamos de mais uma dessas no momento. E para prendê-las de novo? Trancá-las numa caixa e jogar a chave fora?

- Para fazer a “caixa” seriam necessários materiais dos quais não dispomos e magias que nós não temos... Não mais.

- O que Mestre Drew quer dizer – Ylua havia se calado até então, tentando manter-se imparcial por mais que simpatizasse com a simplicidade do plano de Serena – é que precisaríamos de um material semelhante ao da Dama de Ferro que aprisionou as Ninfas por tantos anos, e este material foi forjado por elfos, enquanto a magia que o cercava era obra dos anjos Manipuladores – os de asas negras... E nenhum destes dois é, no momento, um aliado.

- Elfos, sério? Você quer dizer, com orelhas pontudas, arco e flecha, como nos filmes?

- De fato – Drew pigarreou – eles sempre foram mais simpatizantes dos humanos, por serem criaturas extremamente ligadas a terra, assim como vocês.

Serena riu livremente.

- Bom, eu não sei vocês, mas eu realmente quero encontrar um desses. Vocês sabem onde eles estão, os elfos e os anjos de asas negras? Se vocês se desentenderam, talvez esteja na hora de um dos lados pedir uma trégua, e eu ainda não vi nenhum elfo preocupado com as Irmãs, então creio que a atitude deva partir do senhor Mestre ranzinza aqui.

- Primeiramente, eu abdiquei temporariamente da condição de Mestre do Templo, e depois que o motivo do nosso “desentendimento” foi traição. Os Manipuladores, como você já deve imaginar, não são criaturas amigáveis. Eles são o perfeito oposto dos anjos da Cura, como Ylua. Eles lidam com magia negra, retiram seu poder de pecados cometidos sem remorso, e os ferimentos que eles infligem é um desafio até mesmo para os anjos da Cura. Não há nada imune ao poder deles, nem ninguém. Eles podem brincar com sua cabeça, com suas emoções e convicções, podem fazer o que bem desejarem com seu corpo, com sua matéria, e não há nada que você possa fazer para impedi-los. Eles não merecem confiança.

- Desde que eles se voltaram contra o restante de nós, apenas o paradeiro de um pequeno grupo é conhecido. A maioria foi condenada, mas conseguiu escapar e, desde então, eles cortaram qualquer vínculo com o Templo. Alguns de nós nunca nem viram um anjo de asas negras, eles viraram lendas, histórias para contar aos outros quando se quer assustá-los. – Ylua tratava do assunto muito mais friamente do que Drew, que obviamente havia se afetado pelo assunto. – Enquanto a Primeira Guerra foi contra as Ninfas, a Segunda foi uma guerra interna, foi quando os Manipuladores se voltaram contra o resto do Templo. Há quem acredite que a influência das Ninfas os afetou mais do que aos outros anjos, por isso acho difícil eles quererem nos ajudar a voltar a aprisioná-las. Enquanto isso, entre uma guerra e outra, os elfos, que até então eram grandes aliados, decidiram que não valia mais a pena nos apoiar. Eles se fecharam em seus domínios e vem se dedicando a aumentar o poder da própria raça desde então, preocupando-se apenas com eles mesmos.

- Eles parecem mais simpáticos do que os anjos... Quero dizer, do que esses anjos em específico, nada contra vocês.  Eles decidiram romper a aliança de uma hora para outra?

- Houve muito derramamento de sangue na Primeira Guerra, muitos elfos morreram por nossa causa e isso desestabilizou um pouco a relação. Quando se espalhou a notícia de uma guerra entre Anjos, eles decidiram que não queriam mais envolvimento conosco. Depois da Segunda Guerra nós estávamos acabados, Drew reconstruiu praticamente o Templo inteiro, ele nos colocou de volta nos trilhos e fez isso sozinho, mas não foi algo rápido. Enquanto nos estabilizávamos, não havia um dia em que não temêssemos um ataque, foi então que rompemos todos os meios que eles tinham de chegar até nós. – Cada palavra de Ylua saía controlada e clara, mas Drew não parecia nem mesmo se lembrar da presença das duas, ele olhava pela janela e havia se perdido em seus próprios pensamentos. Serena levantou-se e foi até ele, tocando-lhe o ombro.

- Drew, olha, a Ylua não parava de falar sobre as coisas que você fez e eu tenho certeza que você ajudou muito todos eles, e eu sei que eu acabei de chegar na história e ainda tem muito o que eu não sei, mas a menos que vocês estejam me escondendo algo que realmente fará diferença nisso tudo, eu não vejo outra opção. Isso me diz respeito também, sabe? Se quando acabarmos com isso a minha vida vai começar a dar certo, então eu quero encontrar uma solução o mais rápido possível e, até agora, esse parece ser o único caminho por onde dá pra andar.

- Talvez... Talvez valha a pena tentar. Mestre?

- Ylua, por favor, eu não sou mais mestre de coisa alguma.

- Bem... Drew, o que você acha?

- Eu disse que havia pedido um conselho. A criatura que me aconselhou disse que a mortal envolvida já sabia o que fazer. Por experiência, eu sei que tentar escapar dos conselhos de um oráculo é um esforço inútil. Muito bem Serena, nós faremos do seu jeito.

Serena apenas assentiu, não comemorou e tampouco sorriu. Ainda que estivesse satisfeita por sua ideia ser boa o suficiente para Drew, o violento arrepio em sua nuca a lembrava o tempo todo que aquilo não era mais sobre suas delinquências e irresponsabilidades, aquilo era algo grande, muito maior do que ela e seu egoísmo juvenil, muito maior do que ela era capaz de imaginar. Ela o deixou voltar a se perder em pensamentos quando Ylua a chamou e a puxou para a cozinha:

- Lembra que eu lhe disse que talvez houvesse alguém oculto envolvido na fuga das Três Ninfas? Pois então, eu creio que algum dos Manipuladores que escapou tenha participação nisso tudo.

- “Algum” deles ou...

- A líder da rebelião era alguém muito querida por Drew, mas também era alguém... Difícil de lidar. Acho difícil imaginar algo feito por eles sem o envolvimento dela. Mas eu não quero especular, é apenas uma teoria e falar disso não o faria feliz.

- Apenas alguns dias na companhia dessa garota – a voz de Drew surpreendeu as duas, que se viraram bruscamente. Nos lábios do anjo havia um sorriso triste, porém bondoso, e seus olhos dourados brilhavam quentes e acolhedores. De fato, Serena registrou aquela cena como a primeira vez em que ele não parecia exausto ou aborrecido por carregar o mundo inteiro nos ombros – e você já adquiriu o péssimo hábito de fofocar.

- Mestre Drew! Eu... Eu sinto muito. – Ylua corou, o que fez o anjo rir e pausar a mão em sua cabeça de cabelos azuis que, outrora curtos, agora caíam-lhe pelos ombros até as costas, quase tão longos quanto os de Serena.

- Vocês não precisam se esconder de mim para falar livremente. Por obra do destino, nós estamos nisso juntos e, por mais que eu prefira não discutir minha vida pessoal com vocês duas, discutirei abertamente tudo o que tiver alguma importância para a nossa causa, e se descobrirmos que Harmonia tem qualquer participação nisso tudo, eu serei o primeiro a dizer tudo o que sei sobre ela.

- Você sabe onde ela está agora? – A pergunta fez o anjo rir.

- Ela jamais me deixaria saber. Harmonia me odeia Serena, e este é um sentimento que os Manipuladores dominam bem. Ainda que eu não tenha ideia de onde ela está, algo me faz crer que ela sabe exatamente onde nós estamos e o que pretendemos, ela sempre gostou de exercer este tipo de controle.

- Parece que vocês dois foram bastante íntimos no passado.

Novamente aquele sorriso inocente, ainda que a voz de Drew tenha ficado consideravelmente mais fria:

- Eu disse que não vou discutir minha vida pessoal com vocês. Agora, se vocês realmente quiserem colocar em prática o plano de ir até o domínio dos elfos, creio que precisamos nos movimentar. Serena, você tem questões mortais para resolver, não?

- Eu preciso falar com o Jeffrey e inventar alguma desculpa, também preciso pedir demissão para o Carl. Droga, eu realmente gostava daquele emprego.

- Tenho certeza de que ele estará te esperando quando voltar, não se preocupe. Bem, acha que consegue fazer tudo isso amanhã? Não podemos abrir mão de um dia a mais. – Serena assentiu, parando pela primeira vez para pensar que realmente estava prestes a abrir mão de toda a sua vida.

 O que restava daquele dia passou arrastado, deixando Serena numa guerra pessoal contra o relógio e contra os próprios pensamentos, tão barulhentos que ela não conseguia prestar atenção nem mesmo no que Ylua tinha a dizer.

Quando o sol finalmente se pôs, Serena sentiu uma necessidade urgente de sair e respirar o ar esfumaçado da cidade, como se aquele apartamento fosse pequeno demais para os três. Foi trabalhoso convencer Drew a deixá-la sair sozinha, ela jurou que não iria demorar e, se demorasse, ela sabia que não seria difícil para ele localizá-la, agora que ele finalmente sabia quem ela era. Ela anotou o número do próprio celular e o ensinou a usar o telefone, também ensinou Ylua a mexer na televisão para que ela tivesse o que fazer.

- Eu juro que só vou comprar cigarros e alguma coisa para comer, volto em uma hora. – E apontou para os ponteiros do relógio, indicando quanto tempo levaria. – Eu vou trancar a porta, tem chaves reserva na gaveta do criado-mudo... Esquece, vocês não vão precisar disso. – Ela enfiou as botas nos pés e pegou o casaco abandonado em cima de uma cadeira, despedindo-se deles com um aceno e um meio sorriso.

A demora do elevador a fez optar pelos doze lances de escadas que a deixaram quente e ofegando quando atingiu o térreo. Acenou sem olhar para o porteiro e, uma vez fora do prédio, digitou mecanicamente um número em seu celular. Cada toque da ligação fazia seu coração apertar mais.

- Alô? Jeffrey? É Serena. Sim, sim, tá tudo bem. Escuta, será que você poderia me encontrar por aqui? Eu queria conversar...

Vinte minutos depois, o carro de Jeffrey estacionava no café perto do prédio de Serena. Ela sorriu, era engraçado vê-lo em sem o uniforme e a viatura, dava a sensação de estarem tendo um encontro de verdade. Apesar de tudo, a feição de policial em serviço já havia se perpetuado em seu rosto, e ele estava preocupado.

- Coma alguma coisa – Serena disse, enquanto lhe indicava uma cadeira – dessa vez eu pago.

Aquilo fez o policial sorrir.

- Ora, ora, o que estamos celebrando?

- Eu... Acho que vou sair da cidade por uns tempos. Viajar, sabe? Eu conheci umas pessoas novas, pessoas realmente legais dessa vez, eu posso até apresentar vocês, se você quiser. E eu acho que eles podem me ajudar a resolver minha vida, a me resolver.

- E você pretende embarcar numa viagem de autoconhecimento com pessoas que você acabou de conhecer?

- Jeff, é sério. Eu realmente sinto que preciso fazer isso, sinto que as coisas vão melhorar pra mim quando eu voltar.

- E pra onde você vai? Por quanto tempo?

- Eu não sei, ainda não tenho ideia.

- Vai ligar, mandar um e-mail, um postal?

- Provavelmente não.

- E quanto ao Carl e ao seu emprego na cafeteria?

- Eu vou falar com ele amanhã, antes de ir.

- Você vai amanhã? Serena, seja racional, pare e pense. Você sempre foi uma garota impulsiva e veja só todas as coisas que isso te acarretou.

- Eu sei, Jeffrey. Mas, por favor, entenda que isso é importante pra mim, é algo que eu preciso fazer. E eu vou voltar, é sério. Não sei pra onde vou ou por quanto tempo vou ficar, mas eu vou voltar e você e o Carl vão ser os primeiros a ficar sabendo.

- E por que você me chamou até aqui, por que não esperou até amanhã?

- Eu não sei, acho que eu só queria me despedir direito.

- Serena – Jeffrey tomou-lhe a mão que estava abandonada em cima da mesa e a segurou com firmeza, o calor de sua palma entrando em choque com a mão fria de Serena – eu acho que você me chamou até aqui porque na verdade queria que eu a convencesse a ficar. Você está indo bem, Serena, depois de muito tempo você finalmente está bem! Você tem uma casa, um emprego, tem pessoas que se preocupam com você e tem se mantido longe de problemas. Não jogue tudo isso fora por causa de um impulso.

Serena sorriu e, por um instante, Jeffrey pensou que ela estivesse a ponto de chorar. Ela deixou dinheiro na mesa e levantou-se, de forma que ele soltou sua mão. Ela beijou-lhe o rosto demoradamente e disse:

- Eu vou sentir sua falta, sabia? Muito obrigada, Jeff.

E, antes de sair, ela voltou-se para ele, e Jeffrey teve certeza de que ela chorava.

- Ah, e outra coisa. – Ela tirou o maço de cigarros recém-comprado do bolso e jogou para ele. – Fique com esses, eu estou parando de fumar. E não diga que eu nunca te dei nada. – E assim, com um sorriso largo e um aceno, ela deixou a cafeteria, ainda que não tenha tomado o caminho de volta para casa.

Era um caminho longo para o cemitério e tomaria muito mais tempo do que ela havia prometido a Drew, mas ela achou que, se iria se despedir, então deveria se despedir de todo mundo. Entrou no primeiro ônibus para a direção certa que apareceu em seu caminho e sentou no fundo, a cabeça encostada na janela até quase adormecer.

O vigia do cemitério a olhou de cima a baixo quando ela apareceu. Obviamente jovens visitantes noturnos não eram vistos com bons olhos, mas ela não se importou. Andou demoradamente pelas lápides até encontrar a que procurava, e só então percebeu que, desde o velório de seus pais, nunca mais havia pisado naquele lugar.

Com exceção das flores deixadas pelos visitantes, aquele cemitério era inteiro de concreto, com uma variedade interessante de túmulos. Uns tinham estátuas e grandes inscrições, outros haviam sido esquecidos pelo mundo e açoitados pelo tempo, de forma que nem mesmo os nomes nas lápides eram legíveis. O túmulo de seus pais nem de longe era o mais bonito ou o mais bem conservado, mas ela ainda podia ver os nomes, as datas e a inscrição de “amados pais” logo abaixo. Serena detestava aquela inscrição. Sim, eles eram “amados pais”, mas também eram muito mais do que isso, eram pessoas maravilhosas que o mundo perdeu cedo demais por um motivo estúpido, eram pessoas que não foram vingadas, que não viram a justiça de ter o assassino encontrado e levado a julgamento, pessoas que sofreram a indiferença dos homens vivos. Se ela, naquele momento, pudesse escolher, a inscrição naquela lápide seria “Pessoas boas demais para esse mundo, que morreram por culpa de anjos, de monstros e da própria filha”.

Estranhamente, Serena não sentiu vontade de chorar. Há muitos anos que não tinha vontade de chorar quando pensava nos próprios pais, talvez por sempre ter a impressão de que eles estavam numa situação muito melhor que a dela. Talvez eles chorassem por ela.

Ela procurou ao redor até encontrar um túmulo com flores bonitas. Eram muitas flores, então quem quer que estivesse enterrado ali, estava há pouco tempo. Ela achou que a tal pessoa não se incomodaria de ceder algumas, mas não quis pegar muitas, pois achou que aquela pessoa também merecia algumas flores. Ela fez isso com três túmulos diferentes e, ao final, o túmulo de seus pais estava tão florido quanto os de mortes recentes.

- Todas essas pessoas eram boas demais para esse mundo. – Ela murmurou, enquanto procurava inutilmente pelo maço de cigarros. Rindo aborrecida enquanto se lembrava da estúpida decisão de parar de fumar.

Sem mais o que fazer, ela apoiou as costas numa cruz de pedra e sentou no chão, aproveitando do silêncio que só os cemitérios podem fornecer, sendo cortado eventualmente apenas pelo som do sino da igreja que ficava ao lado.

- Drew – ela disse em voz alta, após o sino da igreja badalar as suas três horas de atraso – você está aí parado há pelo menos meia hora, não pense que não te ouvi chegar. – Após tanto tempo parada, voltar o corpo para trás exigiu um esforço maior do que ela gostaria, mas ela se permitiu um meio sorriso ao encontrar o jovem de cabelos brancos sentado em uma das lápides, os cotovelos apoiados nos joelhos e os dedos entrelaçados à frente dos lábios, seus olhos dourados quase parecendo velas naquele lugar mal iluminado, estudando-a com curiosidade.

- Eu comecei a seguir você desde quando você saiu daquele estabelecimento, mas parabéns por eventualmente ter notado.

- Você não teria um cigarro e um isqueiro, não é?

- Sinto muito. – Ele saltou da lápide onde estava para sentar no chão ao lado dela. – Você fez um bonito trabalho aqui.

- É, tá colorido agora, mas daqui uma semana vai estar tudo podre, vão limpar e ninguém mais vai cuidar disso aqui. Cadê a Ylua? 

- Ela queria saber como termina o filme. Vamos? Já está tarde, acho que logo vão querer te expulsar daqui. – Ele se levantou e estendeu a mão para Serena, ajudando-a a levantar também. Eles seguiram em silêncio, lado a lado para fora do cemitério. Drew despediu-se do vigia e desejou-lhe boa noite. Por qualquer motivo, Serena sentiu vontade de fazer o mesmo. Eles andaram até o ponto de ônibus e Serena pagou a passagem do anjo, mesmo sabendo que ele poderia muito bem chegar ao apartamento num piscar de olhos. Drew, por outro lado, não contestou.

A partir daquele dia, por mais que os vigias do cemitério evitassem tocar no assunto, uma vez por semana, novas e coloridas flores surgiam em um determinado túmulo, ainda que nenhum deles conseguisse ver quem as colocava lá. 


Notas Finais


THE ELVES ARE COMING~~ yaaaay!!
Voltarei a escrever sobre um dos personagens mais simpáticos dessa história <3 nhaawn


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