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História O teste - Quarto teste


Escrita por: Lehh-Ama-AlanWalker

Notas do Autor


Bom dia My babys😀😀

Capítulo 10 - Quarto teste


Fanfic / Fanfiction O teste - Quarto teste

ELES NÃO NOS desejaram sorte. Talvez tenha sido um pensamento estranho de ter nesse momento, mas minha mente parecia não focar nada mais quando me afastei da minha cela de candidata do Teste para uma área de grama marrom que crescia pelo concreto. Eu mal conseguia respirar vendo a decadente devastação ao meu redor. Aço e pedra. Vidro e madeira. Prédios quebrados e desabados. Carros completamente enferrujados e virados. Uma camada de fuligem cobria tudo. Aqui e ali há plantas saudáveis lutando para ir além dos destroços — ansiando pelo som. Vinhas cobriam destroços de carros quebrados e prédios. Árvores que foram contaminadas pela terra maculada, mas são determinadas a sobreviver entre os pedaços da cidade partida em busca do céu. Não muito longe de onde está minha caixa de metal há o que parece um arco de tijolos quebrado parcialmente coberto por vinhas espinhosas escuras. No Sol que nasce, acho que vejo palavras entalhadas na madeira, e cuidadosamente dou passos em direção a elas. Forço a vista para ver as letras: Bol... de Valo... de Chica... 

Mesmo com letras faltando, tenho certeza de onde estou. Seul. A terceira cidade destruída durante o Quarto Estágio da Guerra. As primeiras duas cidades tiveram certo aviso: anunciaram evacuação. Centenas de milhares de pessoas morreram, mas podia ter sido pior. Como foi aqui. Os livros disseram que o ataque foi rápido. Não foi detectado antes de a primeira bomba cair. Quem foi o inimigo que penetrou nas defesas do país e destruiu uma cidade despreparada nunca foi confirmado, apesar de o presidente e seus conselheiros acreditarem que soubessem. Eles atacaram de volta, e o mundo despencou.

 O vento assobia por ruas abandonadas. Entretanto, não estão abandonadas — não agora. Outros cinquenta e oito candidatos do Teste estão ali. Alguns são meus amigos, mas de acordo com Sehun, outros ficariam felizes em me cortar com armas oferecidas para nossa defesa só para garantir seu lugar na universidade. Como eu encontro um sem correr o risco de dar com os demais? Que armas escolheram? Serei forçada a usar a pistola?

 Taehyung disse que eu o encontraria no prédio mais alto, entretanto, de meu ponto de observação atual é difícil saber qual poderia ser. Caminho de volta para minha caixa e me ergo para cima dela para ter uma visão melhor. Mais concreto quebrado e aço retorcido. Montanhas de detritos que foram o túmulo de pessoas que costumavam chamar esta cidade de lar. A enormidade da destruição ataca meu coração, mas não tenho tempo para lamentar as pessoas que morreram aqui. Tenho de encontrar Taehyung. 

Quando me preparo para descer, avisto algo que reflete a luz acima do resto da destruição. Não parece com um prédio, mas é a coisa mais alta que posso ver do meu local. A distância é difícil de julgar, mas suponho que não está muito longe. Não sei se Taehyung  vai seguir para lá, mas tenho de dar uma olhada. 

A bússola do Comunicador de Trânsito está funcionando agora. O mesmo acontece com a ferramenta de mapeamento que determina latitude e longitude. Pelo menos eu sei minhas coordenadas, posso encontrar o caminho de volta se precisar.

 Saltando para baixo, sigo com minha bússola direcionando o Norte do meu destino. Reviro pilhas de rochas quebradas e evito grandes fendas no chão, parando a cada poucos metros para ouvir. Escuto passos? Há alguém por perto? Só escuto o vento farfalhando as folhas secas como garras numa árvore próxima. 

Ao passo que meu objetivo não pareça estar lá tão longe do poleiro de metal, o Sol está muito mais alto no céu quando eu me aproximo do que agora vejo como uma torre acinzentada se projetando do que costumava ser um prédio. Como a torre sobreviveu à destruição é um mistério. Eu me pergunto se Taehyung pode vê-la de seu ponto de partida. 

Eu me sento num pedaço caído de pedra e dou vários golinhos na minha garrafa d’água. O Sol está quente. O suor escorre pelas minhas costas. Preciso ficar hidratada se quiser sobreviver ao Teste. Meu estômago ronca, e eu parto um pedacinho de bolo com uvas passas enquanto tento decidir quanto tempo eu espero aqui pelo Taehyung. Ele pode não ver a torre. Ele pode ter decidido que o plano do prédio alto não deu certo e estar seguindo para o Oeste pela linha da cerca que era nosso segundo ponto de encontro.

 Verificando a posição do Sol, decido que deve ser começo da tarde. Horas se passaram desde que eu saí nas ruas da cidade. Ainda que eu queira esperar quanto for preciso para encontrar Taehyung, eu também preciso me abrigar quando a noite vier. A ideia de dormir ao relento com candidatos do Teste e quais sejam os perigos desconhecidos à espreita me apavora. Uma hora. É o tempo que decido dar a Taehyung até sair daquele ponto. Daí, vou seguir em frente. 

Termino meu esparso almoço e decido explorar um pouco os arredores até ser hora de partir. Levando a sacola ao ombro, vasculho os detritos. Quase tropeço numa raiz de árvore e termino diretamente do outro lado da torre, dando para uma grande caixa de metal numa rua detonada.

 Uma caixa de um candidato do Teste. 

Meu coração acelera conforme sigo lentamente em direção à caixa, com cuidado para não fazer nenhum ruído enquanto caminho. É esperar muito que a caixa de Taehyung fosse a primeira a encontrar depois da minha ou que ele ainda estivesse nela depois de a prova ter começado. 

Mesmo assim, eu olho. 

O relógio dentro não está mais ligado. A cesta de comida contém apenas restos de uma maçã mordida e o pacote de onde vieram os biscoitos. Definitivamente aquela não é a caixa do Taehyung. Ele não seria tão incauto a ponto de comer alimentos que poderiam ser guardados para mais tarde. E ele teria tirado o lençol da cama como eu fiz. Estou considerando acrescentar o lençol ao meu inventário, quando escuto uma pedra raspar sobre o solo. 

Há alguém ou algo lá fora. 

Eu congelo e prendo a respiração, tentando decidir meu próximo movimento enquanto escuto fragmentos de cimento estalando sob os pés de alguém. Não é um animal. Definitivamente é uma pessoa. Meus batimentos contam os segundos enquanto escuto o som de avanço ou retirada. Os minutos passam. Não escuto nada. Eu aperto e solto a mão direita na pistola e conto até cem. Ainda nada.

 Ficar presa nesta caixa sem janelas me coloca numa distinta desvantagem. Não apenas não posso ver quem está lá fora, mas não tenho como escapar se alguém vier pela porta. É hora de sair. Agora.

 Espio pela entrada da caixa. Ela se abre de frente para uma área que outrora deve ter abrigado um prédio de que agora só restam paredes parcialmente de pé. Algumas delas só têm um metro, mais ou menos, mas uma ou duas são mais altas do que eu. A parede mais alta está provavelmente a quinze ou vinte metros. As paredes poderiam servir como uma forma de me esconder de quem pode estar perto. Pelo menos até eu determinar se essa pessoa significa perigo ou não. O solo entre a caixa e a parede está rachado, mas é quase todo plano. Se alguém está esperando lá fora, pegá-lo de surpresa é minha melhor opção. Eu coloco a alça da sacola na minha cabeça, para ficar mais segura, equilibro o peso, respiro fundo e corro. Minhas botas batem no chão duro de pedra. Em algum ponto à minha direita, creio eu, escuto alguém xingar. Minha corrida ou minha identidade o pegou de surpresa. Se for um amigo, vai me chamar. Se não for, eu correrei mais depressa. Estou a cerca de três metros do meu destino quando escuto um som agudo, quase musical. Então um som oco. Enfiada numa árvore retorcida à minha esquerda há uma flecha. A vibração soa novamente. Desta vez, eu salto ao chão. Segundos depois uma flecha de metal acerta a parede a um metro e meio de mim e vem ao chão. 

Mais xingamentos. Definitivamente à minha direita. Quem quer que esteja disparando ou tem uma sorte impressionante com a arma ou já teve aulas disso. Preciso arrumar um lugar seguro — e rápido. Ficando em pé, com a sacola batendo na minha cintura, avanço para a frente e me abaixo atrás de uma parede quando outra flecha acerta uma pedra.

 Não há dúvida. Alguém está tentando me matar.

 Outro candidato do Teste? Preciso acreditar que sim. Arco  Arco e flecha era uma das armas do quarto de seleção. E ainda que eu entenda que se sinta medo e solidão nesta cidade destroçada, não acredito que sejam esses os sentimentos que incitam o ataque. Como a sabotagem de Jungkook sobre o nosso grupo no terceiro teste, aquele ataque é calculado. É frio. É uma tentativa de melhorar chances de chegar à universidade. Raiva e indignação se sobrepõem ao meu medo. Quem quer que seja essa pessoa, ela não está confiando na própria inteligência para passar no teste. Sehun disse que matar alguém não é contra as regras, mas na minha mente é uma forma de trapacear. Deus me livre de ser uma vencedora trapaceando.

 Eu me lembro da arma na minha mão, me abaixo e me movo lentamente para a direta, com cuidado para me manter embaixo de um monte de pedras. Quando chego à parede, calculo o melhor palpite de onde as flechas foram disparadas, espio pela parede e atiro. O disparo da arma sacode meu corpo todo com o som rasgando o silêncio da cidade. Alguém xinga — uma voz masculina. Acho difícil de acreditar que meu ataque cego o tenha atingido. Não era esse meu objetivo. Não planejo sobreviver a esse teste matando os outros. Contudo, isso não significa que vou cair sem lutar. Dou mais três tiros na cidade e me abaixo atrás da parede, escutando sons do meu agressor. O som de pés sobre rochas me faz segurar o fôlego. 

Rochas se espalham pela calçada.

 O tinir de algo metálico. 

Silêncio.

 Então o som de passos pesados correndo. Não em minha direção, mas para longe. Estou segura. Por enquanto.

 Meu corpo treme com a raiva se esvaindo, deixando para trás apenas um medo vazio. Acabei de atirar em alguém. Não, eu não estava tentando matar quem me atacava; mas eu poderia. Eu poderia ter matado alguém. O fato de a pessoa tentar me matar justifica meu comportamento, mas a vergonha e o horror ainda me encontram. 

Percebo que estou agachada contra a parede, não mais ouvindo os sons da cidade, e digo a mim mesma para sair dessa. Haverá tempo suficiente para me preocupar depois sobre o que eu acabei de aprender. Primeiro, preciso me distanciar daquele lugar. Os tiros vão atrair atenção de qualquer um por perto. Se há outros candidatos do Teste interessados em eliminar a concorrência, eles podem vir buscar a fonte dos disparos. Não quero estar aqui quando chegarem. 

Escutando atentamente por sinais de vida, espio no muro e vasculho os destroços da cidade. Não vejo ninguém. Nem perto da caixa do candidato. Nem na pilha de prédios destruídos ou escondido entre os galhos de árvores mortas. Até onde posso ver, neste momento estou sozinha. Enquanto não quero nada além de Taehyung saindo da cidade comigo, vou ter de sair daqui sozinha. 

Mantendo-me abaixada, verifico a bússola e sigo lentamente para o Mantendo-me abaixada, verifico a bússola e sigo lentamente para o Oeste, com cuidado para parar a cada dez ou quinze passos para examinar a área ao meu redor. Por enquanto não vejo ninguém, mas sei que quem atirou com arco e flecha está por aí em algum lugar. Subir em rochas e pedaços de aço torna a viagem lenta. Finalmente encontro uma rua que está basicamente livre de detritos e sigo meu ritmo.

 A rua leva para um rio amplo de água escura e serpenteante. Não há necessidade de testes. Aquela água não é potável. Nenhuma quantidade de química básica irá purificá-la.

 A rua que eu sigo arqueia sobre o rio. Há rachaduras e fendas na ponte. Tento cruzar ali ou encontro outro caminho para o outro lado? Guardo a arma no bolso lateral da minha sacola e subo numa árvore na margem para ter uma visão melhor. O rio se curva para o Noroeste. É difícil ver o que há naquela direção. Ao Sul há outra ponte, contudo, ela também parece em mau estado. E quem sabe quanto tempo vai levar para eu chegar lá ou o que vou encontrar ao chegar. 

Voltando ao chão, decido cruzar por ali. Preciso colocar o máximo de distância possível entre mim e meus candidatos inimigos. Se começar a cruzar e descobrir que a ponte é muito insegura, sigo para o Sul e tento a sorte lá. 

Enquanto cruzo, vejo evidências de uma leve tentativa de reparar a ponte. Talvez antigos candidatos do Teste tenham colocado grandes placas de madeira e pedaços de rocha sobre buracos quando eles também tentaram cruzar para o outro lado. Pedaços de rocha esmigalham-se sob minhas botas quando sigo para o centro da ponte. Deste ponto de observação, posso dizer que o ponto mais distante da ponte está em condições ainda piores. Partes inteiras do asfalto se foram, deixando apenas pequenas faixas aqui e ali que podem ser percorridas. Quem quer que tenha tentado remendar a ponte antes de mim não deve ter querido voltar em busca de materiais para esse lado. 

Contemplo minhas opções. Voltar para onde eu vim para tentar a ponte sul ou continuar na esperança do melhor. Minha atual posição na ponte me deixou exposta. Sem dúvida estou à vista de qualquer candidato próximo. Se algum me avistou, voltar vai me deixar aberta ao ataque. As duas opções trazem riscos.

 O medo de quem atira com arco e flecha me mantém em frente. Acerto a sacola no meu ombro enquanto a área em que caminho se estreita para menos de meio metro de largura. A água escura corre abaixo de mim, esperando um passo em falso para me levar embora. Estou a sete metros da segurança quando escuto o já familiar som de vibração que assinala perigo.

 Não há escolha a não ser correr do que eu só posso supor ser uma flecha zumbindo perto. Há um barulho na água abaixo, com a flecha engolida pela correnteza.

 A um metro e meio da segurança, o caminho pelo qual estou andando desaparece. Ouço a vibração novamente. Não tenho tempo de pensar enquanto salto o buraco, torcendo para chegar ao outro lado. Mas só a parte superior do meu corpo chega à terra. O restante fica pendurado no vazio entre mim e o rio. Entre o meu peso e o da sacola, eu me vejo escorregando para trás. 

Eu me agarro ao concreto e enfio meus dedos numa fissura na rocha, fazendo meu movimento para trás parar. Os músculos dos meus braços começam a tremer enquanto tento me forçar de volta à terra. Após várias tentativas eu mal me movi uma fração de centímetro e meus dedos começam a perder a força. Não há nada que eu possa fazer para impedir. Num minuto, eu vou mergulhar no rio. Estou me preparando para a queda e torcendo para que a margem seja escalável quando algo pega meu braço e solta meus dedos de sua tênue salvação. Com todos os perigos ao meu redor eu sei que devo ficar quieta, mas não consigo evitar. Eu grito


Notas Finais


Espero que tenham gostado 😄😆😋


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