História O Uchiha e a Haruno. - Por que?

Após prestar seu depoimento, Kabuto sorriu vitorioso e espantou todo aquele medo que estava sentindo antes. Tudo porquê o rapaz ouvira uma conversa de um dos policiais dizendo que como ele não havia sido pego em flagrante ele poderia até pagar uma fiança e aguardar o inquérito em liberdade. Para Kabuto, ouvir aquilo era como encontrar uma agulha no palheiro, encontrar a solução perfeita para se livrar. E foi o que ele fez, pagou uma fiança nada barata e assinou alguns papeis sobre sua liberdade provisória e sua responsabilidade em comparecer ali novamente assim que seu inquérito ficasse pronto já que as únicas provas eram apenas fitas de vídeo.

-Meu amigo, você me salvou!- Kabuto comemorou, abraçando seu advogado.

-Vivemos em um mundo onde o que conta são os flagrantes.- O advogado sorriu satisfeito.

-O maldito Uchiha vai ficar louco quando descobrir que aquelas malditas fitas não são o suficiente para me prender.- Disse Kabuto, sorrindo ainda mais.

-Veja bem, você ainda precisa tomar cuidado, só conseguiu essa liberdade pois não tem nenhuma passagem pela policia.- O advogado alertou sério.

-Claro, eu nunca fui pego, você sabe.- Kabuto sorriu ajeitando as arestas de seus óculos. –Mas por enquanto vamos esquecer isso e comemorar. O que me diz, hm?–

-Eu adoraria, meu amigo. Mas não posso, tenho que trabalhar muito hoje.- O homem falou sincero.

-Tudo bem, de qualquer forma, obrigado por tudo. Depositarei o valor de seu serviço em sua conta hoje mesmo.- Kabuto tinha dinheiro, para ele isso não era problema. Por fim, o rapaz apertou a mão de seu amigo e rumou para onde havia estacionado seu automóvel. Ele estava feliz e pretendia comemorar por isso.

                                                                     * * *

-Mikoto, você tem certeza que quer fazer isso?- Sakura perguntou apreensiva, observando a Uchiha apertar o telefone em suas mãos.

-Sim, é exatamente isso que quero fazer. Só ... Só preciso de um segundo.- Mikoto disse respirando fundo. Já era possível para ela sentir o frio na barriga e o medo de ser rejeitada por seus familiares.

-Tem o tempo que quiser. Irei checar algumas coisas e já volto. Mei ficará aqui com você.- A Haruno avisou com um pequeno sorriso e foi até sua sala. Ela também estava precisando de um segundo, ou muito mais que isso.

Mikoto iria pedir para que sua família viesse até a clinica ao anoitecer, com isso, Sakura iria arrumar todos os diagnósticos e exames que Mikoto já havia feito, a rosada não iria deixar passar nada, nem os raios-x. Ela colocou todos os papeis em uma pasta e começou a pegar todos os que utilizaria para mostrar aos Uchiha. Sakura não queria admitir mas, estava com um pouco de medo, ainda mais por não ter falado com Sasuke na noite passada. Estava sendo tudo tão confuso para ela. Em um dia os dois estavam juntos, no outro Sasuke sumia sem dizer nada. Isso era horrível! A Haruno suspirou perdida em seus pensamentos e se assustou ao notar alguém entrar repentinamente em sua sala, ela se virou rapidamente e encarou a figura horrenda de Kabuto.

-O que faz aqui?- Perguntou séria, escondendo os papeis atrás de suas costas.

-Vim pedir para que mande um recado ao Uchiha, seu namoradinho.- Kabuto sorriu, e vendo Sakura se mostrar surpresa, ele sorriu ainda mais.

-Você não tem que me pedir nada, apenas saia daqui.- Sakura disse autoritária, apontando para a porta.

-Diga a ele que eu não ficarei enjaulado tão cedo.- E dito isso, o rapaz piscou para Sakura e saiu pela mesma porta que havia entrado, deixando a rosada totalmente sem entender.

-Sakura, está tudo bem?- A enfermeira de Mikoto perguntou seria, aparecendo na porta.

-Sim.- Sakura respondeu meia atordoada. -Onde está Mikoto?- Perguntou notando a ausência da mesma.

-Ela está no telefone, pediu para que eu a deixasse sozinha.- Explicou desconfiada. Sakura sabendo do perigo por Kabuto estar rondando a clinica, se apressou e foi rapidamente para onde Mikoto estava.

-A vovó também está com saudades de você, meu amor.-  A Uchiha sorria radiante por ouvir novamente a graciosa voz de Yukio. –Agora passe para seu papai.– Ela pediu delicada, sorrindo ao ouvir Yukio gritar por Sasuke, do outro lado da linha e dizer um “ele já vem, vovó”

-Mãe?- Sasuke perguntou surpreso ao pegar no telefone.

-Como você está, meu filho?- Os olhos de Mikoto se encheram de lagrimas ao ouvir a voz de Sasuke. Não cabia tanta saudade em seu peito.

-Estou bem, acho. E você, como você está de viagem?- No outro lado da linha, os olhos de Sasuke também se enchiam de felicidade. Mikoto de toda a família era a sua, a joia mais rara para ele.

-Não estou de viagem, filho. Mas não se preocupe, falaremos disso depois. Como está seu pai e seu irmão?-

-Como assim não está de vigem? Onde você está, mãe?- Sasuke perguntou levemente assustado. –Bom, eu sei lá. Não tenho noticias dos dois desde o dia que você avisou sua viagem.–

Mikoto murmurou um “entendo” e ficou em absoluto silencio, sentindo uma grande tristeza. Sakura, que até então estava do seu lado, apoiou uma de suas mãos sobre o ombro da Uchiha, na tentativa de confortá-la.

-Mãe, o que houve? Por que não atende o celular? Por que não nos mandou noticias?- As perguntas do moreno mais pareciam um interrogatório, mesmo assim, ele estava preocupado.

-Sasuke, eu explicarei tudo hoje a noite. Venha até a clinica Senju ao anoitecer e procure pela Sakura. Por agora, isso é tudo.- Mikoto falou baixo, segurando a mão de Sakura que ainda estava repousada em seu ombro.

-O que? Na clinica? Você está bem? Mãe, aconteceu alguma coisa?- Sasuke tropeçava nas próprias palavras, tamanho era seu desespero em saber de sua mãe.

Mikoto riu delicada e olhou para Sakura, voltando para o telefone em seguida. –Só venha até aqui, sim? Eu irei entrar em contato com seu pai e seu irmão. Eu amo você, meu filho.– E dito isso a Uchiha encerrou a ligação, tomando um pouco de coragem para ligar para Itachi, seu filho mais velho, e para seu marido, Fugaku.

-Fugaku e eu não temos o melhor casamento, uma vez ele me traiu, e por amor aos meus filhos continuei com esse casamento.- A morena desabafou, ela não sentia nada por Fugaku, apenas pena.

-Eu sinto muito.- Sakura sussurrou receosa. Não sabia o que dizer, tanto porque, não sabia nada sobre o casamento de Mikoto.

-Tudo bem. Ele não se importa comigo, e tenta induzir Itachi ao mesmo.- Ela explicava discando os números necessários para falar com seu marido.

Por algum tempo, Mikoto ficou ali, pendurada no telefone com seu filho mais velho. Diferente de Fugaku, Itachi ficou feliz por receber um telefonema de sua mãe, os dois estavam felizes e cheios de saudades. Por fim, depois de convocar seus familiares, Mikoto encerrou as ligações, e pediu para que Sakura a deixasse sozinha, ela queria pensar sobre algumas coisas. A rosada logo concordou e aproveitou para ir em sua casa e fazer seu horário de almoço.

-Tudo bem, eu volto a noite.- Sakura sorriu e deixou Mikoto nos cuidados de sua enfermeira.

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Quando chegou em seu condomínio, Sakura notou que haviam trocado o porteiro do local, substituindo o anterior por um mais jovem e alto. A rosada estranhou a mudança e não entendeu ao certo, afinal, aquele já estava a tanto tempo ali. Ela seguiu com esses pensamentos e passou pelo porteiro, sendo parada pelo mesmo.

-Com licença, a senhora é Haruno Sakura?- Ele perguntou educadamente.

-Sim, sou eu.- Sakura respondeu o observando.

-O veiculo da senhora foi entregue hoje, pela própria agencia, eles o deixaram no estacionamento e pediram para que a senhora assinasse esses papeis.- O rapaz pegou os papeis e entregou um envelope para Sakura que continha as chaves e documentos do veiculo.

-Tudo bem.-  A rosada sorriu e assinou os papeis, pegando o envelope. –Obrigada.– Ela agradeceu gentilmente e seguiu para seu apartamento. Iria ver o veiculo depois, quando fosse usá-lo.

A Haruno preparou um almoço como nunca havia feito antes, a gravidez a deixava estranha e confusa. Dias ela sentia muita fome, em outros não comia quase nada, era uma experiência curiosa. Sem falar nas várias vezes que sentia vontade de comer doces e outras bobeiras. Depois do almoço ela tomou um banho quente e relaxante e em seguida se deitou para dormir um pouquinho antes de voltar para a clinica.

Algumas horas depois Sakura despertou assustada, notando que havia dormido muito, passado da hora, na verdade. Ela se levantou em um pulo, calçou os sapatos, vestiu seu jaleco e correu para fora de casa. Mas logo entrou de novo para pegar sua bolsa e as chaves de seu carro, já que até então ela havia esquecido. Feito isso, ela seguiu seu rumo.

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Mikoto se reconfortou no abraço apertado de Sasuke e logo em seguida abraçou Itachi também, sorrindo ao ver seus filhos novamente. A morena os beijou, apertou, declarou saudades e quando finalmente notou a presença de Fugaku, murmurou um “Olá” seco e se voltou para seus filhos.

-Mãe, eu sei que alguma coisa está acontecendo. É só olhar para você.- Sasuke disse sério, se afastando de uma forma assustada.

-Eu sei.- Ela concordou sorrindo, mas morrendo por dentro. –Explicarei tudo assim que Sakura chegar.– E foi só falar na rosada que a mesma apareceu na porta, sorrindo amarelo por estar atrasada.

Sasuke a olhou sem entender nada, de inicio, mas após pensar um pouco e ligar os pontos ele arregalou os olhos assustado, observando a que ponto seus pensamentos haviam chegado.

-Não me diga que ...- Ele não conseguiu terminar sua frase. As suspeitas estavam grandes demais, confundindo sua cabeça de uma forma tão intensa quanto uma dor.

-Eu vou explicar tudo.- Mikoto olhou para cada um de seus familiares. –Eu vou explicar tudo.–

-Explicar o que?- Sasuke se enfureceu, alterando a voz. –Explicar que você passou todo esse tempo aqui e Sakura não nos disse nada?- Ele apontou para Sakura, com raiva nos olhos.

-Não, Sasuke.- Mikoto se prontificou, indo até Sakura. –Não é nada disso.–

-Como não é nada disso, mãe?- O moreno a interrompeu, levantando as mãos. –Eu já entendi tudo, você esteve doente, não é?– Ele perguntou mais para Sakura do que para sua mãe.

-Sasuke, deixe Mikoto explicar.- Sakura sussurrou assustada. Itachi e Fugaku permaneciam em silencio, ainda confusos.

-A um tempo atrás eu descobri que estava com um grave tumor. Bem, perdi meu chão de imediato, tentei falar com Fugaku que por sinal me ignorou como sempre.- Mikoto o olhou com nojo. –Enfim, as coisas pioraram e eu tive que procurar ajuda sozinha, foi quando eu cheguei aqui e pedi para que Sakura tratasse do meu caso em absoluto sigilo.–

-Você enlouqueceu?- Fugaku esbravejou mudando totalmente sua expressão. -Devia ter nos dito, Mikoto.-

-Não seja cínico, Fugaku. Eu sempre tentei te falar, sempre tentei me aproximar de você, mas como sempre, você era ocupado demais para cuidar de sua esposa.- Mikoto retrucou confiante, notando seu esposo se doer com a verdade.

Já Sasuke, este estava confuso, tão confuso que sentia um desespero dentro de seu peito. Rapidamente, ele puxou Sakura pelo braço e a levou para fora do quarto, arrastando-a para um corredor vazio, onde eles pudessem conversar.

-Como você pôde me esconder isso?- Ele perguntou atordoado, levando as mãos até a cabeça. –Deus ... Como você pôde? Um câncer, Sakura. Um câncer! Minha mãe poderia ter morrido e nós não saberíamos. Você teria coragem de nos contar? Teria?-

-Sasuke, eu não podia ... Mikoto me pediu sigilo absoluto. É o meu trabalho.- Lágrimas teimosas rolaram pelo rosto de Sakura. A rosada se sentia completamente mal.

-Ficamos juntos esse tempo todo e nem assim você me contou. Céus, você é pior que a Karin.- Sasuke disse sem pensar, seus pensamentos estavam a milhões e ele mal conseguia raciocinar direto. Mas era tarde demais, suas palavras já haviam machucado Sakura que, rapidamente acertou a palma de sua mão no rosto pálido do moreno, estapeando-o ali.

-Você não sabe de nada.- Sakura engoliu o choro, na tentativa de parecer forte, mas ainda assim era possível ver a mágoa em seus olhos verdes marejados. –Pelo menos ouça sua mãe e o que ela tem a dizer.– E dito isso, a rosada deu de costas, entrando na sala onde Mikoto conversava com Itachi e Fugaku.  Os três a olharam no mesmo momento, Mikoto já começava a entender o que havia acontecido lá fora.

-Eu vou concertar tudo.- Ela sussurrou, abraçando Sakura que chorava tudo de novo.

-Obrigada.- Sakura sussurrou com a voz chorosa. Pegou as pastas de exames e colocou sobre a mesa de centro, limpando seu rosto com a palma da mão. –Aqui contém todos os exames que foram feitos, inclusive os relatórios sobre a cirurgia que foi feita para retirar o tumor.- Sakura explicou colocando vários papeis sobre a mesa. –Mikoto está se recuperando muito bem, se tudo correr bem logo ela poderá se estabilizar novamente.–

-Você sabe que eu posso te processar, não sabe?- Fugaku falou sério, olhando Sakura com inferioridade.

-Sim, eu sei que pode.- Sakura murmurou sem olhá-lo, apenas continuou a mexer nos papeis.

-Ninguém aqui vai processar a Sakura! Eu sou testemunha que eu mesma vim procurá-la e mais, que eu mesma pedi para ser tratada em segredo. Tenho provas concretas.- Mikoto falou decidida, ela não permitiria que ninguém prejudicasse Sakura por sua causa. –Ela se arriscou para me ver bem, uma pessoa que ela havia acabado de conhecer.–

-Como quiser, Mikoto.- Fugaku murmurou friamente. –Só espero que não se arrependa depois. E você.- Ele apontou para Sakura. –Nos deixe sozinhos, por favor.-

A Haruno concordou sem dizer nada, apenas fez um grande esforço para sorrir para Mikoto e em seguida se retirou, ignorando Sasuke que entrava na sala a olhando como se quisesse dizer algo. Mas ele não disse, apenas entrou e deixou Sakura sair.

-Mãe, por que fez isso?- Ssuke perguntou com a voz rouca, ele havia chorado.

-Porque eu tive medo de ser rejeitada. Eu tive medo de ter toda a mídia em cima de mim, tive medo de morrer, tive medo de ver vocês sofrerem!- Mikoto explicava entre lágrimas, se confortando no inesperado abraço de Itachi.

-Nós nunca iríamos te abandonar, mãe. E eu não te culpo por ter achado essa decisão certa, eu só peço que permita que Sasuke e eu cuide de você.- Itachi beijou o alto da cabeça de sua mãe e a abraçou apertado.

-Vocês são tudo pra mim, meus filhos.- Ela sorriu entre lágrimas e chamou Sasuke para um abraço. Se abraçando aos dois assim como sempre quis estar.

-Não vamos te deixar.- Sasuke falou baixinho, com seus pensamentos ainda perturbados.