No dia seguinte, Nataniel, Chingachgook e Uncas deixaram seu esconderijo da caverna conduzindo Duncan, Alice e Cora até o Forte William Henry. Durante o trajeto, tiveram que atravessar por um córrego com fortes correntezas e pedras escorregadias. Alice ficou observando os outros atravessarem.... estava com muito medo de pisar naquelas pedras molhadas. Uncas notou que a menina estava com medo e aproximou-se dela.
-Está tudo bem...-disse ele.-Eu vou te ajudar a atravessar....Segure-se em mim.
Uncas então segurou Alice em seus braços e, por poucos segundos, os dois olharam-se um para o outro.... Alice baixou os olhos sentindo as bochechas esquentarem. Uncas desviou o olhar rapidamente e atravessou o córrego carregando Alice em seus braços. Nataniel havia feito o mesmo com Cora...a conduziu em seus braços para o outro lado do córrego.
-Obrigada...-Cora agradeceu gentilmente.
Nataniel sorriu para ela e continuou guiando os três na direção do Forte William Henry. Enquanto isso lá, o confronto estava piorando cada vez mais... Os franceses haviam aniquilado inúmeros soldados ingleses e recrutas americanos. As balas dos canhões provocavam danos de grandes proporções quando atingiam determinado ponto do Forte. O coronel Munro já estava com seus suprimentos e munições praticamente escassos.... Muitos feridos ocupavam a sala usada como enfermaria do Forte. Poucos metros de distância dali, Nataniel, Chingachgook e Uncas observavam o confronto atentamente. Duncan, Cora e Alice se mantiveram um pouco afastados dos três.
-Como entraremos no Forte, Duncan?-perguntou Cora.-Será impossível atravessar com todos esses tiros de canhões!
-Nataniel disse que é possível contornar o Forte sem sermos vistos...
-Eu não vou conseguir...-disse Alice amedrontada com os estrondos dos canhões.
-Precisamos chegar até o papai, Alice... Não temos outra alternativa.
Cora abraçou Alice. Em seguida, Nataniel se aproximou e disse:
-Teremos que contornar o Forte até chegar do outro lado...Os arbustos e o barranco nos darão uma chance de não sermos vistos pelos franceses. Mas precisamos caminhar em fila, um atrás do outro. Procurem fazer menos barulho possível... O barranco é escorregadio, mas não é perigoso.
-Você garante que chegaremos em segurança?-perguntou Duncan.
-Façam exatamente o que eu digo, que todos entrarão em segurança no Forte.
Cora encarou Nataniel com confiança e disse:
-Eu confio em você...
Nataniel olhou para Cora de uma forma afetuosa e disse:
-Vamos lá.
Os seis então embrenharam-se entre os arbustos que chegavam em direção ao Forte. O caminho era escuro e dificultoso... Os arbustos tinham espinhos e o chão coberto pela lama da chuva que havia caído a alguns dias atrás. Alice segurava na mão de Uncas com firmeza. De repente, Cora escorrega na lama do barranco e é segurada por Nataniel que a pega pela cintura, impedindo que ela caísse no lamaçal. Por alguns instantes, os olhares dos dois se encontraram provocando um choque de emoções. Duncan percebeu o olhar dos dois e ficou apreensivo...
Após cruzarem aquele vasto caminho repleto de lama e buracos, Nataniel e os outros conseguiram entrar no Forte segurança. Rapidamente o coronel Munro foi avisado da chegada de suas filhas juntamente com o major Duncan. Munro correu em direção às duas.
-Cora... Alice!!!...
-Papai!!!-exclamou Cora.
Munro abraçou as duas ao mesmo tempo e perguntou:
-Mas que diabos vocês duas vieram fazer aqui?! Eu enviei uma carta ao Forte Edward para o general Webb pedindo para que mantesse vocês duas lá até essa guerra acabar!
-Carta?-perguntou Cora.-Que carta? Não recebemos carta alguma.
-Como não? Eu a enviei por um de meus mensageiros.
-Com licença, coronel...-disse Duncan.-O general Webb não nos avisou sobre nenhuma carta.
-Senhor?..-disse Nataniel se aproximando.-Me chamo Nataniel Poe. Sou filho adotivo de Chingachgook, o último chefe moicano. Há quatro dias atrás, nós encontramos um homem morto na floresta... Ele estava carregando um papel dobrado dentro do casaco. Usava uniforme inglês.
-Senhor, este homem junto com esses dois índios moicanos, salvaram a minha vida e de suas filhas ontem na floresta. Fomos vítimas de um ataque surpresa dos hurons.
-Um ataque arquitetado por Mágua, coronel...-disse Nataniel.
-Aquele selvagem do inferno...-murmurou Munro com indignação.-Eu devia ter matado aquele infeliz quando tive chance!
-Esses três homens salvaram nossas vidas, papai...-disse Cora.
-Como posso retribuir por sua ajuda, Sr. Poe?
-Não é necessário, coronel...-respondeu Nataniel.-Basta nos permitir ficar aqui para ajudar no que for possível.
-É claro... Estamos precisando muito. Entrem e comam alguma coisa. Fiquem a vontade.
Munro então levou suas filhas para um dos alojamentos. Os momentos passavam de uma forma lenta e preocupante... O número de feridos ainda permanecia o mesmo, mas eram vários. Para amenizar um pouco aquele inferno, os tiros de canhões haviam cessado... Munro estava reunido com Duncan e seus homens em uma sala.
-Eu tomei uma decisão muito séria, senhores...-disse Munro.-Vamos nos render...
-Mas, senhor, o Forte....
-O Forte está decaindo, major.... Não temos mais forças e munição para continuar com esse confronto infernal! estamos com inúmeros homens feridos, agonizando em cima de camas improvisadas! Já basta dessa situação.
Duncan olhava seriamente para cada um naquela sala e depois para o coronel....
Nesse momento, Cora deixou o pequeno quarto aonde Alice descansava em uma das camas e começou a andar pelo Forte... Alguns homens e mulheres estavam reunidos ao redor de uma fogueira, enquanto comiam e dialogavam para tentar esquecer um pouco aquela situação na qual se encontravam. Assim que viu Nataniel sentado próximo da estrebaria, Cora aproximou-se dele e disse:
-Eu não tive chance de agradecê-lo pelo que fez por nós...
-Não precisa agradecer, senhorita... Todos nós estamos no meio dessa guerra.
-Eu sei... Mas senão fosse por você, Duncan, minha irmã e eu teríamos morrido nas mãos daqueles selvagens.
Nataniel levantou e pegou na mão dela carinhosamente e disse:
-Talvez eu tivesse um motivo para salvá-la, srta. Munro...
-E qual seria?
Nataniel acariciou o rosto dela e respondeu:
-Ter me apaixonado assim que coloquei os olhos em você...
Cora sentiu seu peito vibrar quando Nataniel cobriu seus lábios com os dele. Cora não recuou e retribuiu aquele beijo que se tornou intenso, aumentando o desejo entre eles.
Enquanto isso, Alice despertou e olhou ao redor do quarto.
-Cora?..Cora?
Alice saiu para fora do quarto e viu Uncas sentado em frente a uma janela... Uncas estava carregando seu mosquete. Alice parou para observá-lo... Assim que notou a presença da garota, Uncas olhou para ela.
-Desculpe...-disse Alice.-Eu não quis te interromper.
-Não... está tudo bem. Você não consegue dormir?
-Estou procurando a minha irmã... Você não a viu?
-Eu a vi indo lá para fora.
-Obrigada....
Uncas voltou a carregar o mosquete. Alice respirou fundo e se aproximou dele, sentando de frente para ele.
-Obrigada por salvar nossas vidas....-disse Alice.
Uncas olhou para ela e percebeu que os olhos dela estavam úmidos...as lágrimas começaram a escorrer pelo lindo rosto daquela menina loira. Uncas tocou no rosto dela com os dedos para limpar a lágrimas que escorria lentamente.
-Por que está chorando?
-Estou com muito medo de tudo isso... Temo pela vida do meu pai... Minha irmã...
Uncas colocou o mosquete no chão e inclinou-se para mais perto dela.
-Não precisa ter medo, Alice...Eu nunca vou deixar você sozinha. Eu vou ficar aqui com meu pai e meu irmão até essa guerra acabar.
-E o seu povo?
-Meu povo foi massacrado pelo homem branco há muitas luas passadas...Uma nação inteira foi exterminada da América. Meu pai e eu somos os últimos dos moicanos que restam nesta região.... Não há mais outros.
-Então você odeia os homens brancos...
-Não...-Uncas aproximou seu rosto do rosto de Alice.-Eu não odeio ninguém. Meu coração não tem espaço para o ódio depois que conheci você.
-Eu? Porque?
-Você é como a lua que ilumina o céu negro durante a noite... Você entrou no meu coração e o iluminou de uma forma que eu jamais pensei que um dia fosse acontecer.
Alice sentiu seu coração palpitar na garganta... Uncas umedeceu os lábios com a língua e beijou os lábios de Alice de uma forma doce e profunda. Nenhum dos dois sabiam como era beijar alguém, mas foram conduzidos pelo desejo que os arrebatou naquele momento, ensinando-os de uma maneira tão ardente quanto a de Cora com Nataniel que acabaram se entregando um para o outro....
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