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História O Vazio das Chamas - Walkink in the wire


Escrita por: MelindaInu

Capítulo 30 - Walkink in the wire


Fanfic / Fanfiction O Vazio das Chamas - Walkink in the wire

Deidara

 

As noites que tivemos que simplesmente sumiram

E há lágrimas que vamos chorar

 

É o preço que pagamos quando se trata do amor

 

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Por causa da minha saúde fraca eu fiquei vinte e um dias internado numa UTI no meu primeiro ano de vida, minha imunidade baixa e a falta de experiência dos meus pais resultaram em um quadro de pneumonia. Minha mãe me contou o quão ansiosa e preocupada ela ficou naqueles dias, sem comer e dormir. Ela ia em casa por poucas horas, apenas para tomar um banho e retornava apressada para ficar ao meu lado do hospital, não importasse o quanto meu pai garantisse que ligaria se algo mudasse.

 

Depois, minhas visitas ao hospital se tornaram mais frequentes na minha infância, e mesmo que na fase adulta tenham diminuído bem, eu ainda ia aos hospitais de tempos em tempos.

 

Acho que me acostumei com as paredes brancas ou cinzas, o ar gelado e o ambiente pesado. Eu não me incomodava com as enfermeiras mal humoradas ou com as crianças chorando, nem com as chegadas tempestuosas de casos de emergência.

 

Desde que me mudei para Konoha, eu fui ao hospital duas vezes - uma com uma intoxicação alimentar depois que Obito e eu comemos em um restaurante grego duvidoso. Esta é a segunda vez que venho a esse hospital.

 

Essa é a primeira vez que estou sentindo medo por estar em um hospital.

 

Quando Naruto e Itachi foram ao nosso apartamento, eu estava sujo de tinta, com o coração cheio de esperanças para mostrar o quadro finalizado para Obito, eu tinha esperanças que seu olhar perspicaz iria entender os sentimentos que eu queria lhe transmitir, mas não achava as palavras certas. Naruto precisou me convencer a tomar banho, foi ele quem escolheu as roupas que estou usando agora, por sorte o moletom que ele pegou pertence a Obito e é grande o bastante para esconder minhas mãos trêmulas.

 

-Aqui, Dei, por aqui.

 

Naruto me incentivou a segui-lo, usando o mesmo tom de voz que usamos ao falar com um filhote assustado e arredio. Talvez eu estivesse tão deplorável quanto, não me importava. Itachi ficou para conversar com o médico e eu segui Naruto pelo corredor movimentado e frio do hospital. Eu parei alguns passos antes da porta onde Naruto parou e ele olhou para mim com pena.

 

-Você deseja esperar um pouco? Está tudo bem, tome o seu tempo.

 

Obito nunca hesitou antes de correr para me ajudar, nunca deixou de estar ao meu lado, mesmo no começo quando eu tentei o afastar com meu mau humor. Ele sempre esteve comigo, não era justo que eu me acovardasse agora.

 

-Tudo bem - Naruto percebeu quando me decidi e deu dois tapinhas em meu ombro quando passei por ele - Estarei aqui fora caso precise de algo.

 

-Obrigado.

 

Meus passos estavam pesados, sentia que havia pesos em minhas pernas e eu tremi pelo frio da sala. Obito não estava acordado, tinha um tubo branco em sua boca ligado a um aparelho ao lado da sua cama, sua pele bronzeada estava pálida, doentia.

 

Isso não podia ser verdade, não tinha como ser. Sua mão, sempre tão gentil quando tocava em mim, estava fria. Eu apertei os olhos, o som das máquinas calmos e divergentes do quão dolorosamente meu coração estava batendo, e desejei com todas as forças que fosse apenas um pesadelo. Mas eu não estava sonhando dessa vez, era real. Obito estava lutando por sua vida e eu nada podia fazer para o ajudar.

 

Não sei quanto tempo fiquei zelando pelo seu sono, atento ao subir e descer do seu peito e esperando que ele abrisse os olhos e sorrisse para mim, como em todas as manhãs. Nem notei que haviam lágrimas correndo pelo meu rosto, não até Naruto me oferecer um pacotinho com lenços de papel e me tirar da inércia.

 

-Obrigado.

 

Como já estava aberto, eu não precisei soltar a mão dele para enxugar meu rosto. Itachi tinha entrado também em algum momento e colocou uma cadeira de plástico ao meu lado.

 

-Sente-se um pouco, a noite será longa.

 

Naruto falou gentilmente outra vez comigo e eu o obedeci, mas neguei a garrafa com água que ele me ofereceu. Ficamos em silêncio, várias coisas passando em minha cabeça sem que eu pudesse focar em nenhuma delas. Demorou um bom tempo para que eu conseguisse falar com eles.

 

-Isso não faz sentido. Ele estava tão bem ontem… como pode… como isso aconteceu?

 

Naruto se ajeitou melhor no abraço de Itachi quando ele começou a falar.

 

-Não sabemos. Ele chegou no prédio bem, só estava um pouco mau humorado e reclamou de dor de cabeça na hora do almoço. Fora isso, não aconteceu nada diferente. Foi só quando estávamos encerrando alguns relatórios que ele começou a hiperventilar. Levei no máximo dez minutos para chegar aqui com ele e…

 

Itachi deixou a voz morrer, nem ele parecia acreditar nessa mudança drástica. Obito é um tanto negligente quando a sua saúde, desde que começamos a morar juntos eu venho reclamando sobre seus hábitos alimentares, insistindo para ele diminuir a quantidade de doces. Ele não gosta de usar blusas mesmo em dias frios e parece ter pavor de médico. A única coisa que ele faz para sua saúde é ir à academia do nosso prédio duas vezes por semana.

 

Mesmo que ele seja descuidado, isso não explica como ele acabou tendo um quadro de insuficiência respiratória em poucas horas.

 

-O médico sabe o que está causando isso?

 

-Ainda não, os primeiros exames não apontaram nada além do colesterol um pouco alto e sinais de estafa. Eles estão refazendo os exames, quem sabe eles deixaram algo passar.

 

-Demora muito para sair o resultado? 

 

-Algumas horas. Só podemos esperar.

 

Sem outra opção, nós esperamos a noite toda, até o amanhecer. Eu não me mexi, não falei mais nada, esperei pacientemente até perto do amanhecer a visita do médico responsável por ele, um homem de certa idade e olhar gentil que checou os aparelhos dele, falando sobre níveis de oxigenação e outras coisas que eu não entendia, anotando cada detalhe na brancheta em suas mãos. Eu me esforcei para aguardar ele nos dar atenção, mas não aguentei por muito tempo e perguntei impaciente.

 

-Alguma novidade? O senhor já sabe o que ele tem?

 

Minha voz saiu rouca, arranhando minha garganta seca. Ele deu um breve sorriso para enfim me responder.

 

-Você é o namorado dele?

 

-Sim.

 

-Então eu serei bem sincero com você, assim como fui com o primo dele. O que ele tem é um mistério para nós. Já refizemos os exames dele duas vezes e não achamos nada. Eu estou pensando se é uma doença genética. Você sabe se a família dele tem histórico de doenças hereditária?

 

-Eu nao sei, acho que não… nunca conversamos sobre isso antes…

 

Itachi resolveu intervir e me salvar do embaraço, respondendo por mim.

 

-Não, o único problemas que temos histórico é a diabetes, nada mais grave.

 

-Certo - Ele anotou novamente em sua prancheta e virou para mim - Ele fez alguma viagem recente para fora do país? Algum lugar tropical?

 

-Não sei… nós estamos juntos a poucos meses, eu…

 

-Não, ele não fez nenhuma viagem internacional - Itachi respondeu outra vez - Nós viajamos muito pelo pais, mas não para fora dele. A única viagem internacional que ele fez foi para os EUA junto com nossa equipe para um simpósio, mas isso foi há três anos.

 

O médico não me fez mais perguntas depois que percebeu o quão inútil eu era. Ele garantiu que iria fazer mais exames, segundo ele se não fosse uma doença genética, poucos vírus poderiam causar una reação tão forte e eles já haviam testados todos, então a causa só poderia ser genética agravada pelo estresse.

 

Eu não prestei a atenção depois que ele saiu, eu fiquei olhando para as mãos deles seguras nas minhas.

 

Obito sabe muito sobre mim, meus gostos e meus defeitos, ele se adaptou a eles com maestria nos primeiros meses. Ele sempre traz donuts de chocolate branco com morango porque sabe que esse é o meu favorito, embora eu diga que prefiro os de chocolate amargo. Obito sabe meus gostos para filmes e até para roupas, ele sabe que eu prefiro bebidas quentes ao invés das frias.

 

Ele até mesmo sabia que eu queria sua ajuda, antes mesmo que eu percebesse isso.

 

E eu? O que eu sei sobre ele?

 

-Dei?

 

Quando Naruto me chamou, eu dei um pulo na cadeira, uma sensação gelada correndo pelos meus braços até os meus dedos.

 

-Perdão, não queria lhe assustar.

 

-Eu que me distrai, está tudo bem.

 

-Bem, estou indo com o Itachi comprar lanches, deseja alguma coisa?

 

-Eu estou bem, obrigado.

 

Meu estômago estava embrulhado e minha boca amarga, nem se eu quisesse conseguiria comer alguma coisa agora. Naruto suspirou e coçou o braço escondido nas camadas de tecido exta que ele.

 

-Nós já perdemos o desjejum e o almoço. Posso ver em seu rosto o quão angustiado estas, mas eu terei que insistir para que coma alguma coisa.

 

-Eu agradeço, Naruto, mas acho que não consigo.

 

Ele suspirou e me entregou a garrafa plástica - Beba a água, ao menos, eu lhe imploro, não é hora de fraquejar também.

 

Antes de sair, Naruto disse uma frase que me fez voltar aos pensamentos irracionais.

 

-Seja forte, Obito precisa de ti.

 

Eu não disse em vi a alta, mas me perguntei se ele precisa mesmo de mim.

 

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Obito não melhorou mesmo depois de três dias, pelo contrário, seu quadro estava piorando cada vez mais e por consequência, eu também. Era de madrugada quando o mesmo médico gentil de antes veio fazer uma visita a ele, dessa vez Itachi e Yahiko estavam comigo, Naruto foi arrastado pela Shizune para descansar um pouco. O médico fez a mesma rotina de checar os aparelhos e fazer perguntas que ele já sabia a resposta.

 

-Bom, vamos fazer mais exames e…

 

Minha paciência se esgotou. Eu soltei a mão de Obito e parei na entrada do quarto, impedindo a sua saída.

 

-Até quando você vai ficar fazendo exames? Até que ele morra e não tenha mais nada pra fazer?

 

-Senhor, eu entendo sua frustração, mas…

 

-Entende porra nenhuma! Se entendesse, você tentaria ser útil!

 

Itachi parou ao meu lado ebtemtou me acalmar - Aqui não, Deidara. Tenha calma.

 

-Como você quer que eu tenha calma? 

 

Eu gritei, fosse para Itachi ou para o médico, não importava, eu só precisava gritar um pouco, mesmo que eunnao fizesse nenhum sentido.

 

-Ele está morrendo e você quer que eu tenha calma? Que merda de médico inútil não consegue diagnosticar um paciente? Que porcaria de hospital é esse que não serve para merda nenhuma? Toda vez que eu saio desse quarto eu vejo gente brincando no celular ou conversando, vocês têm que parar de agir como fodidos preguiçosos e ajudar ele!

 

Itachi conseguiu me puxar para fora do quarto enquanto eu gritava com ele e tentava me soltar. Ele me levou até um corredor mais vazio e segurou meus braços.

 

-Pare com isso, Deidara! Você está cansado, eu também estou, estamos sem dormir há três dias, mas você não pode descontar no médico!

 

-Eu desconto naquele inútil sim! Velho burro fodido, como assim ele não sabe o que o Obito tem? Ele está aqui há três dias!

 

-Eu sei disso…

 

-Três fodidos dias!

 

Eu senti as lágrimas queimarem em meus olhos e parei para respirar um pouco, não queria chorar na frente dele. Eu queria manter a raiva, assim eu não teria que mostrar a minha dor, mas ela queimou muito rápido e me deixou vazio, resmungando baixo na frente de Itachi.

 

-Três dias… Por que ele não acorda? Eu preciso mostrar meu quadro para ele, preciso pedir desculpas… 

 

Itachi soltou meus braços para dar tapinhas em meus ombros, permitindo que eu desmoronasse na sua frente antes de falar racionalmente comigo.

 

-Você não foi para casa né huma vez. Eu vou te levar para tomar um banho, você vai comer alguma coisa e descansar pelo menos algumas horas.

 

-Eu não quero ir.

 

-Eu sei que não,  mas você precisa. Tobi vai me matar se acordar e te vir desse jeito, então vamos lá?

 

Itachi estendeu a mão para mim, mas eu parei antes de aceitar.

 

-Eu não quero deixar ele sozinho…

 

-Ele não vai ficar, Yahiko está aqui e logo a Shizune vai voltar com o Naru.

 

Nessa hora eu olhei bem o seu rosto e vi meu reflexo em seus olhos, eu nem parecia mais uma pessoa sã, meu cabelo estava uma bagunça e minha roupa toda amassada. Ver como eu estava me assustou ligeiramente.

 

-Fique com ele, eu vou pegar um táxi para casa. Vou ficar mais tranquilo se você ficar aqui.

 

-Tudo bem. Você quer que eu peça para o Yahiko ir com você?

 

-Não precisa, eu não vou demorar muito.

 

Eu voltei para o quarto com o coração apertado, eu não queria me afastar dele, mas Itachi tinha razão, ele não ficaria nada feliz de ver assim. 

 

Tirei o cabelo da sua testa e o beijei ali, depois sua bochecha. Yahiko ainda estava no quarto, por isso eu falei baixinho para ele.

 

-Eu prometo voltar logo, eu tenho tanta coisa que eu quero te dizer… você vai acordar para me ouvir, não é?

 

Seu rosto estava tão em paz, uma bela ilusão que estava tudo bem. Eu ainda não tinha dito para ninguém aquilo, exceto os meus pais, porém, por um motivo que eu não entendia ao certo, achei que era o momento certo para dizer. Eu beijei seu rosto e contei o meu maior segredo - Eu te amo.

 

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O nosso apartamento nunca me pareceu tão vazio, tão grande, não aguentei ficar muito tempo sozinho ali. Eu chamei um carro pelo aplicativo para poder ficar ao lado de Obito.

 

-Para o hospital, certo?

 

-Certo.

 

O motorista acenou, seu rosto estava escondido pelo boné enquanto dirigia e conversava comigo casualmente.

 

-Você não parece bem, é um parente seu que está internado?

 

-Meu namorado.

 

-Oh sim, sim. O que ele tem?

 

-Os médicos não sabem ainda.

 

-Vocês estão juntos a muito tempo?

 

-Fazem cinco meses.

 

-E você está feliz com ele?

 

Eu não gosto de conversar, mas neste momento desabafar com um estranho pareceu dar um certo alívio, por isso ignorei o meu incômodo e respondi suas respostas de boa vontade.

 

-Como eu nunca me senti antes.

 

-Bom, isso é bom.

 

O caminho até o hospital não era longo quando feito pela avenida, o carro chegou em pouco mais de cinco minutos. Eu estava separando o dinheiro quando ouvi o motorista falando comigo.

 

-Seu namorado deveria parar de comer tanto donuts de creme daquele food truck, nunca se sabe o que as pessoas podem colocar no recheio.

 

Eu derrubei o dinheiro e o celular no assoalho do carro. O motorista tirou o boné e o cabelo ruivo balançou com o vento entrando pela janela.

 

-Você tem que tomar mais cuidado, Dei. Não é seguro entrar em um carro sem olhar a placa. E se um maluco tivesse pegado você?

 

Eu tentei abrir a porta, mas ela estava travada e não consegui me soltar. Sasori virou para mim com uma expressão sorridente, quase contente.

 

-Por que a pressa? Não nos vemos a tanto tempo, senti saudades de você.

 

Esse louco tentou tocar o meu rosto e me olhou assustado quando eu afastei sua não com um tapa e forcei a porta outra vez.

 

-Se eu fosse você, não faria isso. Eu só quero conversar com você um pouco, mas se você não parar com esse barulho irritante eu vou ligar o carro e você nunca mais vai ver seu namorado.

 

Justo nessa hora, não havia ninguém na calçada do hospital, mesmo se eu gritasse, ninguém ouviria, eu estava sem opção.

 

-O que você quer?

 

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