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História O vazio dos seus olhos - CAPITULO VI - Pode confiar em mim


Escrita por: biagw

Capítulo 6 - CAPITULO VI - Pode confiar em mim


CAPÍTULO VI

Naruto POV 

– Sasuke? - Iruka encarou a carteira ao meu lado, vazia.  

Ele não veio outra vez? Depois de me dizer que viria ontem? Isso é estranho. E também é chato ficar sozinho nessa carteira. Eu mal cheguei e já estou me preocupando demais com o colega do lado.  

– Ele já não reprovou por falta? - um cara no fundo da sala perguntou num tom meio despreocupado, soltando uma risada abafada. Os outros riram um pouco também. Eles realmente não imaginam o que acontece.  

– Anda não, mas é um risco - o professor suspirou, respondendo, parecendo ser o único um pouco desconfiado - Alguém pode guardar o trabalho dele e entregar avisar sobre as faltas... 

– Eu posso! - me certifiquei de ser o primeiro a levantar a mão, antes mesmo que Iruka terminasse. Ele só assentiu e me entregou o papel pra que eu guardasse.  

Bom, eu obviamente não estava interessado no trabalho que eu nem sabia sobre o que era, aquela era mais uma desculpa minha pra dar um jeito na situação. Eu cheguei nas aulas hoje esperando que Sasuke viesse também e que pudéssemos recomeçar e dar início a uma amizade normal de colegas de classe. Nós tivemos boas conversas ontem, comemos a pizza que minha mãe arrumou e combinamos de começar do zero, ele quase me prometeu que viria pra escola no dia seguinte.  

O que isso me faz pensar? Que algo deu errado. E se nossa visita o encrencou de alguma forma? Ontem a preocupação dele sobre o pai foi bem clara. Quando me recebeu, ele foi claro que só poderíamos entrar porque seu pai não estava e que tínhamos que ir embora antes que ele chegasse. Depois de ver as marcas em seu braço e saber o que ele tentou fazer, eu só consigo pensar que talvez ele faça de novo – e aí eu vou me sentir culpado, mesmo que não seja culpa minha. Isso é irritante; esse meu senso de responsabilidade e preocupação excessiva que veio da minha mãe. Aliás, minha mãe só sabia falar do Sasuke depois que saímos da casa dele, ela parecia conhecê-lo há anos, apontando as várias qualidades que ele tinha, as coisas sobre sua casa, como ele era educado e não sei mais o que. Desconfio que era uma chantagem contra mim, mas enfim... 

Eu passei a manhã toda um pouco preocupado. Minha mãe tinha me dito pra ficar de olho nele e no curativo que ela fez, usando suas habilidades médicas pra traçar todo seu perfil psicológico - o que só me fez ter ainda mais medo e preocupação já que ela ficava dizendo que ele parecia alguém instável que precisava de ajuda. Minha mãe quase me encarregou de ser um psicólogo particular ou um salvador honorário. E eu também queria ajudá-lo, era óbvio, mesmo que talvez essa nossa visão seja um pouco intrometida. Talvez ele xingue em algum momento por ser assim, mas não tenho como me livrar dessas coisas que ficaram na minha cabeça.  

Sai da escola o mais rápido que pude e só passei em casa pra almoçar, aproveitando que poderia ter pressa já que meus pais não estavam. Eu nem sabia porque estava com tanta pressa, mas algo me dizia que deveria ir até ele, talvez um sexto sentido? Bom, não importava, eu usaria a desculpa do trabalho e iria até a casa dele descobrir o que tinha acontecido. E eu esperava que ele tivesse só ficado com preguiça de acordar de manhã e por isso de sua falta. Ou até se ele não quisesse ter ido pra não ver minha cara de novo porque tinha ficado com raiva de mim. Seria melhor que coisas piores. 

Quando cheguei em frente à sua casa, depois de ter pego um táxi e quase me perdido ao dar as coordenadas, fiquei uns minutos parado na frente do portão, me achando um belo idiota. O que eu estava fazendo ali afinal? Por que tinha ido até lá com tanta pressa? Por que tinha um coração tão mole que me fazia ficar assim preocupado? Independente das questões, eu já estava lá mesmo, não tinha como voltar atrás. Suspirei, encarando o que podia ver ainda do lado de fora. de dia a casa dele parece ainda mais bonita, dá pra ver os detalhes que estavam escondidos ontem a noite.  

Toquei a campainha ensaiando mentalmente o meu discurso caso fosse outra pessoa além de Sasuke a me atender – eu precisaria fingir que aquela era minha primeira vez por ali e que era um simples coleguinha simpático enviado pelo professor. Devo confessar que eu estava com medo de me encontrar com seu pai; mesmo sem conhecê-lo e sem ter a certeza sobre as dúvidas da minha mãe, eu sentia um calafrio só de lembrar da cara dele no hospital naquele outro dia. Sei lá, é um cara assustador que parece estar irritado com você o tempo todo.  

E, como sou uma pessoa de azar, foi justamente ele quem abriu o portão.  

Lá estava o pai de Sasuke outra vez, me encarando como se fosse me dar uma facada a qualquer momento – talvez essa minha interpretação seja um pouco exagerada, mas dá pra dizer que a expressão dele não era nem um pouco convidativa, nada que pareça querer agradar uma visita. Respirei fundo e dei meu melhor sorriso, tentando convencê-lo de minha inocência na cena.  

– Oi! Bom, eu... Sou colega de classe do Sasuke. Como ele faltou da aula hoje um professor me mandou entregar... 

– Pode deixar comigo – ele me interrompeu, estendo a mão esperando pelo trabalho com a mesma cara irritada de antes, claramente querendo me mandar embora. O que isso me dizia? Que se ele não quer que eu entre, eu deveria entrar de qualquer jeito. 

– Ah, mas eu precisaria falar com ele, sabe... Explicar algumas coisas sobre a materia – usei de meu incrível poder de fingimento e continuei sorrindo enquanto coçava a nuca. Ele não movia um músculo sequer daquele rosto desagradável.  

– Olha, garoto, Sasuke não está bem pra te receber e eu estou com pressa, ok? Volte outro dia – as palavras que ele escolheu poderiam parecer simpáticas, mas seu tom era tão rude que ele parecia estar me xingando. E, sem nem me dar mais tempo, ele só trancou o portão atrás de si e saiu, passando por mim sem dizer nada, provavelmente a caminho do trabalho.  

Sasuke estava bem ontem e me disse que iria pra escola, eu não acreditaria tão facil na justificativa fajuta de seu pai sobre ‘não estar bem’. Deve existir algum real motivo pra que ele não me queira dentro de sua casa e eu duvido que esse motivo venha do próprio Sasuke, mais me parecia que era esse cara chato que estava tentando me impedir de vê-lo. Isso configura o que? Cárcere privado? Algo do tipo? Ou será que Sasuke se machucou outra vez e por isso não apareceu? De qualquer forma, eu não ficaria em paz sem descobrir.  

Sabe, eu puxei o gênio da minha mãe. Meu pai é um cara centrado que obedece regras e quer fazer tudo certinho, ele sequer se atrasa pra compromissos ou diz palavras feias no dia a dia. A ideia que se passa em minha cabeça claramente teria saído da cabeça minha mãe. Espero te orgulhar, dona Kushina.  

Felizmente o muro que cercava a casa era baixo e, embora fosse uma mansão enorme, não parecia ter uma coleção de empregados vagando pelo jardim. Sim, eu estudei o perímetro por alguns minutos depois que o dono saiu da minha vista. O portão de grades e adereços me dava uma boa opção, melhor que as paredes lisas do muro. Bom, eu tive medo de quebrar o portão, confesso, mas consegui pular pro lado de dentro sem causar nenhum dano. Seja lá o que aconteceu, eu vou descobrir, porque sou curioso, inquieto e preocupado demais. E porque eu disse pra alguém ontem que seria seu novo amigo e é isso que amigos fazem, mesmo numa amizade de um único dia.  

Como eu suspeitei antes, a casa não tinha nenhum empregado; eu achei que todo ricaço tivesse umas três empregadas, dois motoristas e um jardineiro, mas não parecia o caso. A porta da sala estava aberta e foi realmente tranquilo entrar naquele lugar – acho que devo dar a eles algumas dicas de como melhorar a segurança, ou acabarão com problemas no futuro - que aparentemente estava vazio. Tudo era tão silencioso que chegava a dar medo, como aquelas mansões abandonadas de filmes de terror.  

Eu não fazia ideia de onde Sasuke pudesse estar e ele talvez infartasse ao me ver aparecendo assim do nada. Eu nem sabia onde era seu quarto ou onde mais poderia procurar. Por minhas experiências sobre mansões em filmes, imaginei que os quartos deveriam ser no andar de cima da casa, então subi as escadas de mármore sentindo meus pés gelarem. Tudo nessa casa parece frio, eu não gostei.  

– Sasuke? Está por aí? - depois de revezar entre três portas fechadas num corredor enorme e um tanto luxuoso, eu desisti de ser discreto e resolvi chamar em voz alta. Se ele estivesse em um daqueles quartos, poderia me responder. 

– Naruto? 

– Sim, eu mesmo! - fui até a porta central, de onde sua voz parecia vir, mas não ousei abrir (seria falta de educação né), apenas esperei que ele saísse. Sasuke não saiu, mas eu pensei que talvez ele estivesse fazendo algo, se trocando, sei lá.  

– O que está fazendo aqui? 

– Ahn, eu... Professor Iruka me pediu pra entregar umas coisas e repassar uns recados, então... - eu não sabia exatamente se deveria ser sincero sobre minhas preocupações ou não, mas estava mais aliviado ouvindo que ele aparentemente estava bem – Seu pai me deixou entrar... 

– Eu duvido que meu pai tenha te deixado entrar – me cortou, com uma risada levemente ácida.  

– Tá, eu pulei seu muro – esconder pra que, né? Acho que já está bem óbvio, afinal.  

– Por que? 

– Por que estamos conversando com uma porta no meio? Não dá pra me receber, não? Sei lá, me convidar pra entrar ou sair e olhar pra minha cara? 

– Está trancada 

– Trancada? A porta? 

– Hm 

– Então destranca, oras – eu juro que pude ouvi-lo rindo de mim outra vez e não era uma risada alegre, era como se ele dissesse que eu era um idiota 

– Eu não tenho a chave, isso não é óbvio? 

– Ahn? Como você não tem a chave do seu... Espera... Seu pai te deixou... 

– Seja lá o que for que você veio me entregar, pode deixar na mesinha da sala - pela forma como ele me interrompia e fugia do assunto, eu podia entender que também não queria falar sobre sua família - Obrigado.  

 

Não, a conversa não pode terminar aqui, eu nem descobri nada e eu acabei de ficar mais chocado com o que sei. Isso tudo é muito bizarro. 

 

– Por que não foi pra aula? - me decidi a ficar ali e arrancar alguma coisa de Sasuke, mesmo que ele claramente não quisesse me contar. Ele estava sozinho em casa e trancado no quarto, não era uma situação em que eu poderia deixar alguém. Me sentei na frente da porta, disposto a não sair tão cedo e com medo do que mais poderia descobrir. Que tipo de pai deixa um filho trancado desse jeito? O que mais esse cara estranho é capaz de fazer? - Me disseram que você pode acabar reprovando por falta desse jeito 

– Não importa 

– Você me disse ontem que iria 

– Mas eu não pude, ok? Agora, Naruto, vá embora antes que... 

– Seu pai te fez alguma coisa? Foi culpa nossa? A gente te encrencou de alguma forma? 

– Só vai embora – sua voz tinha se tornado mais trêmula e próxima, eu podia chutar que estava sentado do outro lado e também podia ver que a verdade era justamente a que esperávamos. Algo que seu pai tinha feito, mas eu não sabia exatamente o que (além de trancá-lo no quarto, claro) 

– Realmente quer que eu vá embora? Eu disse que seria seu amigo, então, se estiver sozinho aí dentro... 

 

– Não! - depois de um silêncio que fez meu coração tremer um pouco, sua resposta veio ainda mais emotiva que a de antes. Ele estava chorando? E o que aquilo significava? Eu estava um pouco assustado e confuso – Eu não quero que vá embora - ele com certeza estava chorando. O que eu deveria fazer? Eu falei algo de errado? Isso também é culpa minha? Como faço pra consolá-lo? Além de seu choro abafado que provavelmente estava sendo forçadamente guardado, eu podia ouvir algum outro barulho do lado de dentro, um barulho estranho que não conseguia definir. Algo como um... Ah, meu Deus, não. 

– Sasuke! Passe isso pra mim, certo? Por debaixo da porta! Eu não vou embora, então não se preocupe, eu posso te ajudar, só não... Não use isso! 

Pra minha surpresa e alívio, logo o estilete fechado vazou por debaixo da porta, batendo contra minha perna. Eu sentia tanta adrenalina correndo por meu corpo que quase cai morto ali mesmo. O que teria acontecido se eu não tivesse aparecido agora? O que ele faria? E por que ele confia tanto em mim e me escuta assim? Realmente precisava tanto de alguém que pode se apoiar sobre a primeira pessoa que aparecer? 

Do lado de dentro, o choro se intensificou, eu podia ouvi-lo com clareza e era mesmo dolorido, mesmo sem saber exatamente seus motivos. Acho que talvez eu seja a primeira pessoa a entrar assim em seu universo, basicamente arrebentando sua porta. E agora ele parece confiar em mim, como um real salvador, estando tão desesperado que não precisou de muitas provas pra confiar em minhas palavras. É minha obrigação ajudá-lo como disse que ajudaria; seria desumano abandoná-lo e eu não sou capaz de fazer isso. 

– Vai ficar tudo bem, Sasuke... Eu ainda estou aqui, ok? Você pode falar comigo se quiser – eu me achava terrível por só saber repetir frases clichês que não ajudavam de verdade em muita coisa. Mas meu coração estava batendo rápido e eu estava mais nervoso do que imaginaria ficar - Você pode confiar em mim... 



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