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História O Vestido, o Baile e a Seleção - Sapatinho de... gaze?


Escrita por: K_A_Costa

Notas do Autor


FELIZ ANO NOVO, GALERAAAAAA

Capítulo 29 - Sapatinho de... gaze?


Fanfic / Fanfiction O Vestido, o Baile e a Seleção - Sapatinho de... gaze?

POV LILLIAN (voltamos ao usual, galera)

 

Acordei sentindo que havia uma adaga enfiada em meu crânio.

Pisquei lentamente, deixando que meus olhos se habituassem às luzes fortes do teto. O cheiro pungente de desinfetante penetrava minhas narinas, fazendo com que eu entendesse, antes mesmo de realmente olhar para o lugar, onde eu estava.

Ala hospitalar.

Apoiei meus cotovelos na maca e tentei erguer meu corpo, me arrependendo disso no segundo seguinte, pois pontadas de dor em meu tórax e em meus braços fizeram com que eu gemesse e voltasse a me deitar. Meus antebraços estavam enfaixados. Todo o meu corpo estava dolorido. Até meu rosto ardia.

Foi então que eu lembrei: o baile, Arthur, a explosão.

“Arthur! O que houve com ele? Ele se machucou?”

“Senhorita! Por favor, continue deitada!”, disse uma enfermeira que se aproximou apressadamente ao ver que eu me mexia. “Seus ferimentos ainda não cicatrizaram. O príncipe está bem, não se preocupe.”

Quando ela chegou mais perto, pude ver que estava escrito JUDITH MCGOLAN em seu uniforme. Judith conferiu a agulha do soro, que estava no dorso da minha mão, e então veio para perto da minha cabeceira ajustar meu travesseiro sob mim.

“Há quanto tempo estou aqui?”, indaguei, observando a outra maca do quarto, que estava vazia.

“Algumas horas. Já é quase meio-dia, então logo seu almoço virá”, ela respondeu com um sorriso doce. “Devo avisar à Sua Alteza que você acordou. Por favor, não tente se levantar.”

A enfermeira fez uma reverência curta para mim e saiu por uma porta à minha direita. O quarto em que eu me encontrava era preenchido apenas por duas macas e uma série de equipamentos médicos que eu não sabia para que serviam. Enquanto Judith não voltava, encarei a parede branca com azulejos e tentei lembrar da noite anterior.

“Você...”Arthur engoliu em seco, fitando-me com seus olhos verdes em chamas. “Você está simplesmente maravilhosa hoje, Vidya.”

Limitei-me a sorrir. Estava cada vez mais difícil manter a compostura e não tropeçar em meus próprios pés a cada vez que ele me olhava como se eu fosse a coisa mais encantadora que ele já havia visto na vida.

“Vidya, eu... nós precisamos conversar. Eu não aguento mais esconder a verdade de você, mas ao mesmo tempo...” Arthur soava transtornado, embora mantivesse no rosto uma expressão tranquila e sorridente. Sempre mantendo as aparências para o público. “Venha comigo.”

Enquanto as outras selecionadas começavam a dançar com seus guardas – exceto Layla, que agora dançava com Thomas, o que me fez perceber que Viktor já estava pondo seu plano em ação –, segui o príncipe até uma porta ao lado dos tronos, perto das grandes janelas que davam para os jardins, sendo acompanhada pelo olhar curioso da rainha e por todas as câmeras que se encontravam no local. Viktor entraria em parafuso com as manchetes do dia seguinte.

Entramos em uma sala pequena – comparada às outras do castelo – e dois guardas fecharam a porta atrás de nós. Havia outra saída do recinto, que estava visivelmente trancada; supus que desse para os jardins, aonde estava proibido ir desde os ataques ao palácio. Nas paredes, havia inúmeras pinturas: paisagens montanhosas, lagos cintilantes, riachos cruzados por pontes simples de madeira e cercados por árvores coloridas, além de cenários de praia. Aproximei-me, maravilhada, de um quando com um cenário primaveril. A luz do sol nas flores, o traço leve das formas, os tons de cor utilizados, tudo estava tão perfeitamente desenhado que eu quase podia sentir o perfume floral no ar e o calor suave do sol em minha pele.

“Lindas, não são? Obras da tia May. Minha mãe as adora, e eu também. Elas fazem esse castelo parecer um pouco menos... sufocante.”

“Realmente, dividir o espaço com sua enorme canalhice deve ser muito difícil”, soltei antes que pudesse me conter. Agora que ele estava longe o suficiente, meus pensamentos estavam mais claros, e eu conseguia lembrar perfeitamente do quanto ele tinha me magoado. No entanto, eu quase me arrependi das minhas palavras. Não estávamos sozinhos naquela sala, e eu sabia que bastava um gesto de Arthur para que eu fosse trancada na masmorra do palácio pelo resto da minha existência.

Então Arthur fez a última coisa que eu esperava: riu.

Os guardas lançaram uma olhadela discreta para o príncipe, e eu senti minhas bochechas esquentarem. De alguma forma, a risada de Arthur tinha me enfurecido mais ainda. Fui em direção às portas, e os guardas abriram passagem para mim antes que Arthur – ainda rindo – pudesse impedi-los.

No segundo em que saí pelas portas, as janelas ao meu lado explodiram.

“Senhorita Lillian?”, a enfermeira chamou, despertando-me de minhas memórias. Eu nem havia notado a volta dela. “O príncipe deseja vê-la. Permita-me ajudar.”

Judith inclinou um pouco o encosto da minha cama para que eu ficasse numa posição mais ou menos sentada e puxou meus lençóis para cobrir meu peito. Só então eu percebi que tudo que eu usava era uma camisola de hospital azul-clara. Apalpei minha barriga e percebi que ela estava praticamente toda enfaixada com gaze. Fiz uma careta ao imaginar que o príncipe me encontraria parecendo uma múmia.

Toc-toc. O príncipe bateu na porta aberta, chamando a atenção para si. Ele usava apenas uma camisa branca de mangas compridas e uma calça de tecido preta. Parecia à vontade, mas sua postura rígida revelava sua tensão. Imediatamente, Judith inclinou-se em uma mesura, murmurando um “Alteza”, e saiu do quarto, deixando-me à sós com o príncipe – o que fez com que meu peito acelerasse sem permissão.

“Vidya...”, começou o príncipe após pigarrear, dando um passo em direção à cama. “como você se sente? O médico disse que você são sentiria dor por um tempo, ainda, mas...”

“Bem... eu acho que estou bem para quem quase explodiu junto com as janelas.” Brinquei. Arthur parecia tão atormentado e preocupado que eu não tive coragem de dizer que sentia um pouco de dor, sim, mas que não era nada demais.

O príncipe soltou um riso leve, como se não acreditasse na minha capacidade de brincar com aquilo, e aproximou-se da cama. Havia uma cadeira metálica ao lado da cabeceira, e eu aguardei em silêncio enquanto o príncipe se sentava nela. Arthur pegou minha mão direita cuidadosamente entre as suas – que tinham alguns curativos pequenos –, tentando não tocar na agulha do soro, e a levou aos lábios, fazendo com que um arrepio bom percorresse meu braço e despertasse as borboletas do meu estômago.

“Vidya... eu... eu sinto muito”, Arthur recomeçou a falar depois de respirar fundo. Achei que ele estivesse se referindo ao mesmo assunto da noite anterior, mas então o príncipe começou a dizer coisas que não faziam sentido para mim. “Eu pedi para que fizessem de tudo, mas os médicos disseram que não havia como consertar. Disseram que a sua recuperação seria mais rápida e fácil do que se fossem instaladas próteses; e você vai ter o melhor dos tratamentos aqui no palácio. Quer dizer, se você quiser continuar aqui, é claro. Mas, mesmo que peça para voltar pra casa, o palácio irá financiar o seu tratamento até que você esteja completamente bem e...”

“Espere, Arthur, do que você está falando?”, interrompi o príncipe, que tagarelava nervosamente.

“Do seu pé, é claro”, ele disse. No entanto, ao ver que eu não entendera, seu rosto se suavizou. Hesitante, Arthur voltou a falar. “Vidya... você ainda não sabe o que houve?”

“Não! Mas você está me assustando! Fale logo!”, implorei.

“Vidya... quando... depois da explosão, você ficou caída perto dos tronos dos meus pais. Os guardas queriam me levar imediatamente para um esconderijo, mas eu os lembrei de que atrás dos tronos havia uma passagem secreta para a biblioteca, então consegui que me deixassem pegar você no colo e carregá-la comigo até lá. Eu sabia que você estava viva, sentia isso, mas havia tanto sangue, e...”Arthur fez uma careta e balançou a cabeça, afastando uma lembrança. “Eu levei você até a biblioteca, e lá dois guardas me ajudaram. Você tinha queimaduras e ferimentos nos braços, e seu vestido estava destruído; os estilhaços atingiram várias partes do seu corpo, mas seu pé direito... Os médicos disseram que foi um milagre o esquerdo ainda estar inteiro e o direito ter sofrido tão pouco dano. Eu realmente sinto muito, se eu não tivesse levado você para aquela sala...”

“Arthur, me mostre o meu pé”, pedi em tom urgente.

“Vidya...”

“Mostre!” Encarei-o, deixando claro que não aceitaria uma negativa.

Arthur levantou da cadeira e foi até os pés da cama. Ele fitou meus olhos com uma expressão dolorida e hesitante antes de baixar novamente os olhos e erguer o lençol, revelando-me o meu pé direito completamente enfaixado por gazes. Ou o que restara dele.

No lugar onde deveriam estar meus quatro dedos menores, havia apenas tecido.

_-*-_


Notas Finais


Genteeeee
A coitadinha da Lily foi mutilada, estou com dó.
E aí? O que vocês acham que vai acontecer agora?
Só digo uma coisa: esse 2019 promete, Lily que se cuide.

Beijooooos
Eu volto logo, gente! No máximo, até terça-feira que vem (eu vou me organizar pra ver qual é o melhor dia de postar hehehe)


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